tag:blogger.com,1999:blog-80262631452419843642024-02-20T13:06:30.445-03:00muitos em umContos de Luciano Freitas . Ano VAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.comBlogger303125tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-85689207955311276702013-05-23T11:14:00.002-03:002013-05-23T11:14:43.863-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Final<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfy8a4EJ2po3dLAhY5IrPXm5TsnqK_NTN94fk0AIy1TMiOkWcVi032kxRAhzk96oIadej_UDoOJ8Z8_bvwkRfuRKpGItW9y7PafFHHkX6hDAfTBlVRtRahJh91IeVfe412wufq2V64vgx/s1600/OVER+ACTION+13-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfy8a4EJ2po3dLAhY5IrPXm5TsnqK_NTN94fk0AIy1TMiOkWcVi032kxRAhzk96oIadej_UDoOJ8Z8_bvwkRfuRKpGItW9y7PafFHHkX6hDAfTBlVRtRahJh91IeVfe412wufq2V64vgx/s320/OVER+ACTION+13-01.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
busca por um novo rumo para a Over Action parecia incansável, no estúdio e nas
reuniões de guitarras entre Rodrigo e eu. Das então novas canções eu me lembro
bem de “Crucified In Vain”, composição de Rodrigo e Wagner. Talvez a música mais
complexa da banda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
complexidade, aliás, tinha se tornado uma espécie de obsessão por parte de
Rodrigo em seus arranjos. Isso se deu, talvez, por conta de sua facilidade em
pensar a música harmonicamente, ou seja, compor já pensando em todas as linhas,
de baixo, guitarra, bateria e vocal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
fato de Rodrigo já chegar, na maioria das vezes, com a música pronta no estúdio
nunca nos incomodou, mas havia ali uma nova integrante, acostumada a outro tipo
de processo criativo, creio eu. Andrea parecia, cada vez mais, não concordar
com a “tirania” (como ela mesma classificou) de Rodrigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Rodrigo,
um tirano? Longe disso. Eu sempre o encarei como o mais talentoso entre nós. E
por isso mesmo que sempre aceitei o seu modo de produção. O que ele poderia
fazer? Ele compunha em mais quantidade qualidade que nós, não havia do que
reclamar. Mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
fundo, eu sentia que Andrea, mesmo sendo uma excelente cantora, não possuía a
capacidade vocal suficiente para suprir a necessidade das piruetas imaginadas
por Rodrigo em suas canções. Não era extensão vocal que faltava em Andrea, mas
noção de divisão mesmo, métrica, ritmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Durante
as semanas que Andrea assumiu os vocais da Over Action, sabe qual foi a
evolução? Nenhuma. Nada parecia funcionar. Conclusão: saímos do caminho certo
para um caminho errado, não por falta de qualidade, mas por pura incompatibilidade.
Definitivamente, e agora sem sombra de dúvida, a banda éramos nós quatro. Rodrigo,
Renato, Leo e eu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
saída de Andrea não foi nada amigável. Todo o trabalho rendeu apenas um imenso
e malcriado e-mail na caixa do Rodrigo. Faz parte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Imagine
um vaso barroco. Cheio dos rococós em sua pintura. Tudo o que se vê são
detalhes e mais detalhes. Detalhes estes que o classificam como barroco! Daí
vem um artista contemporâneo e cisma de reinventá-lo, adicionando novos
elementos àquela pintura. Digamos então que tal intervenção fique uma merda! Os
traços “modernos” do novo artista não têm nada a ver com os barrocos de antes.
O que fazer? A merda já foi feita e remover os traços equivocados dará um
trabalho enorme ao restaurador. Foi assim que enxerguei a Over Action depois de
Andrea. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nós
poderíamos recomeçar de onde paramos. Retomar às (antigas) novas composições,
mas como eu disse, a merda já tinha sido feita. O desgaste, o tempo perdido,
parece que tudo pesou. Minha “depressão pós-ensaio” se chegava ainda mais
forte. Faltaram-me forças, confesso. Meu sonho de viver da música se
distanciava cada vez mais da Over Action. Àquela altura, o projeto de disco
conceitual eu já tinha deixado de lado e passava a ouvir mais João Gilberto e
Los Hermanos que qualquer outra coisa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
não me lembro de como saí da banda, mas me recordo bem do meu último show com
ela. Foi em Olaria, numa casa horrorosa com uma pá de bandas toscas. Um show em
que mais uma vez fomos os últimos a tocar. Seríamos os primeiros, como sempre,
mas não fomos. Rolou um sorteio, o clássico sorteio, mas uma banda chamada
Neandertal – dona de praticamente 70% do público presente –, que alegava estar
com hora marcada para outro show, longe dali, e que precisavam tocar
imediatamente. Renato estava colocando o contrabaixo em seu suporte, quando um
deles chegou e:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Somos nós quem vamos tocar!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Mas rolou um sorteio – disse Renato ao cidadão mal encarado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Foda-se o sorteio! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Procuramos
o organizador do “evento”, que disse apenas:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
– Os
deixem tocar, na boa. Acho que eles estão até armados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Tocamos
para umas vinte pessoas, mais ou menos e é só isso que tenho a dizer sobre. Ah!
Esse show nós temos gravado até hoje.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nesse
dia, me lembro, eu olhei para Fabiana, na época minha namorada, e disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Chega.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Larguei
o Heavy Metal, mas a música não, nunca. Depois disso ingressei em outros
projetos, mas algo me dizia que uma hora o sonho acabaria. Logo que a paixão
dava lugar às obrigações, as bandas passavam a me estressar mais que qualquer
outra coisa. Hoje minha relação com a música é como a de quem visita um primo
distante. Prazerosa e rara.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[FIM]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-91535412992167178002013-05-22T11:33:00.003-03:002013-05-22T12:35:24.184-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte XII<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMNxa5sffhQeIqHh5EMQnaomUSM2wjk5tj3NP8yXj2U4VoUUzbG5MLQz4EQvmZxRhgamp59W5H-oB5hf5uN_-Mwp0wppskEDoMDnHrVZfwXGLfILw4ux3_Z2bco_RNXv-aGTUwTH8zb47V/s1600/OVER+ACTION+12-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMNxa5sffhQeIqHh5EMQnaomUSM2wjk5tj3NP8yXj2U4VoUUzbG5MLQz4EQvmZxRhgamp59W5H-oB5hf5uN_-Mwp0wppskEDoMDnHrVZfwXGLfILw4ux3_Z2bco_RNXv-aGTUwTH8zb47V/s320/OVER+ACTION+12-01.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Como
adiantei no capítulo anterior, a gente já vinha compondo material para um
próximo EP, e nesse lance a banda contava com duas frentes de ação: uma era eu,
com a ideia fixa de compor um disco inteiro tratando do mesmo tema – influência
clara dos discos do King Diamond –, e a outra era Rodrigo e seu primo Wagner.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Durante
esse período a banda passou a ensaiar com menos frequência e as discussões
sobre o futuro da Over Action estavam sempre na pauta das conversas que eu
tinha com Rodrigo ao telefone – Rodrigo e eu costumávamos passar horas ao
telefone conversando sobre diversos assuntos, mas quase sempre era sobre a
banda mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
gente vinha recebendo algumas críticas sobre o vocal de Rodrigo, mas também, no
fundo, achava que tal estranhamento por parte das críticas era bobagem; que
Rodrigo tinha, sim, o que melhorar, mas que estava no caminho certo, assim como
todo o restante da Over Action. Mas, com esse assunto de “um novo vocalista”
nos rondando tanto, creio que chegou um momento em que o próprio Rodrigo
começou a questionar-se como vocalista. É aquela velha história: água mole em
pedra dura...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nesse
mesmo tempo, sabe-se lá o porquê – na verdade eu sei, mas deixa pra lá –,
Andrea deixava os vocais da Awake. A notícia chegou até nós pelo Flávio, dono
do estúdio onde a Over Action e a Awake ensaiavam. Acho que todos nós pensamos
a mesma coisa: e se a Andrea viesse para a nossa banda?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Sinceramente,
eu não me recordo de quem chegou em quem, ou seja, se nós fizemos o convite, se
ela se ofereceu para o cargo ou se o próprio Flávio tratou de nos unir. Só sei
que num belo dia a Andrea apareceu em um de nossos ensaios para conhecer melhor
a nossa proposta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Tocamos
nossas músicas, batemos um papo e parece que a vocalista de pele alva e cabelos
artificialmente ruivos curtiu bastante. Até que um trato se fez presente:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
OK! Façamos o seguinte – disse-nos Andrea –, no próximo ensaio, vocês tocam <a href="http://www.youtube.com/watch?v=6PO6AGhFWBA">“On Must Surfaces”</a>, do The Gathering, e eu canto uma do repertório de vocês.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ótimo!
Mas que diabo era The Gathering? Acho que ali no estúdio só o Leo conhecia,
porque curtia esse lance de Doom Metal. Enfim, tivemos que conhecer a banda
holandesa, afinar a sexta corda de nossas guitarras em ré e tirar, nota por
nota, todo o arranjo de “On Must Surfaces” – ótima música, diga-se de passagem!
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Fizemos
então um ensaio anterior ao que faríamos com Andrea SÓ para essa música. Lembro
que curtimos muito executá-la, pois tinha uma levada diferente do que
costumávamos compor e tocar. Serviu-nos como um desafio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
dia marcado, lá estava Andrea para o nosso teste. Nosso, sim, porque também
estávamos sendo testados. Afinal, Andrea queria saber se estávamos à altura da
Awake – e dela também, talvez.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Primeiro
resolvemos tocar a música do The Gathering. A gente estava muito afiado.
Lembro-me do semblante surpreso de Andrea ao executarmos de forma idêntica os
primeiros acordes de “On Must Surfaces”. Bastante empolgada com a situação, a
ruiva soltou seu vozeirão e, claro, se saiu muito bem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
OK!
Missão cumprida! Mas faltava a parte dela no trato. Era chegada a hora de
Andrea cantar uma música nossa. Se não me engano, a escolhida fora “The Winner”
ou “The Last Dance”. E adivinha só o que aconteceu! Um fiasco... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
gente não ouvia a voz dela e ela esquecia a letra com facilidade. Acho que
alguém ali não fizera o dever de casa. Na certa Andrea nem esperava que
cumpríssemos o trato com tanto afinco e acabou relaxando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
balanço final, acabamos achando que era um problema de tonalidade; afinal, a
música havia sido composta para uma voz grave, masculina, e não o oposto.
Perdoamos a falha e Andrea fazia agora, oficialmente, parte da Over Action. Não
sei como a Awake encarou tal notícia, mas não recebemos nenhum tipo de
comunicado por parte deles.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
isso, as composições de Rodrigo e Wagner começavam a rumar para algo que ia de
encontro ao estilo vocal de Andrea. <i>Riffs</i>
mais pesados e cadências mais lentas eram o foco dos dois primos. Eu continuava
na minha obsessão em dar continuidade à história contada em “Spiritual Hole”,
mas sem muito sucesso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Confesso
que, mesmo diante de uma mudança bacana na estrutura da banda, o cansaço e a
urgência de tomar um rumo mais sério para a minha vida me pegavam de jeito. Eu
sofria – e sofri até meus últimos ensaios com bandas, em 2008 – de um mal que
apelidei de “depressão pós-ensaio”. Logo após os encontros semanais, a minha
vontade era sempre a de sair, largar tudo. O que me manteve nessas bandas foi mesmo
o meu autocontrole.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nesse
período de incertezas, acabei me aproximando mais de uma paixão antiga: o
violão clássico. Paralelamente à Over Action, eu compunha algumas peças para
uma suíte chamada “Vale das Flores”, uma espécie de trilha sonora para um
pequeno texto que havia escrito. Eu também já tocava em algumas bandas de Pop e
meus ouvidos já entravam num processo de enjoo de distorções muito pesadas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Dos
ensaios com Andrea me recordo muito pouco – talvez, por eu já não estar mais
tão presente. Mas me lembro das situações embaraçosas, como quando Andrea não
conseguia assimilar as (complexas) linhas vocais das novas canções compostas
por Rodrigo. Era o início de uma pequena guerra entre os dois.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-78095284876129722192012-11-04T07:49:00.002-02:002013-05-22T11:31:36.214-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte XI<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Após
aquele (engraçado) episódio em Nilópolis, com a banda Akael, naquele mesmo mês
de agosto ainda teríamos mais um compromisso na agenda: no dia 31, o I Festival
Nikity Rock, marcado para ser realizado em um antigo sobrado ao lado do DCE da
Universidade Federal Fluminense.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ficamos
sabendo que o <i>line up </i>do festival
contava também com uma banda muito interessante chamada Awake, que ensaiava no
mesmo estúdio que nós, o do Flávio. Eles faziam um som muito pesado, baseado em
Black Sabbath e <i>Doom Metal</i>. Com
músicos muito bons, a Awake ainda tinha a “cereja do bolo”: Andrea PA. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Andrea
era uma vocalista que trazia consigo tudo o que uma banda precisava ter no <i>front</i>: visual – a menina era tinha
influências góticas quando se produzia, fazendo com que sua pele alva, coberta
de tatuagens, se contrastasse de forma muito interessante com o negro que
vestia –, boa extensão vocal – que alcançava bons agudos sem deixar de lado um
grave poderosíssimo! – e presença de palco!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
Flávio me falara muito bem da Andrea e da Awake e nossas bandas já haviam se
cruzado no estúdio dele. Enquanto esperávamos o nosso horário, por vezes pudemos
ouvir as marteladas que vinham de dentro do estúdio; eram eles.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
dia do “show do sobrado, como de costume, chovia muito. Aliás, a chuva era algo
que parecia perseguir a Alone In The Tour. O tal sobrado fedia a mofo e era
coberto de estrelas do PT, o que denunciava ter sido ali um antigo comitê
político, ou algo do gênero. Os shows aconteceriam no andar de cima, mas
primeiro teríamos que realizar o clássico sorteio, que definiria a ordem das
bandas naquela noite.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Além
de nós e da Awake ainda deviam fazer parte do <i>line up</i> umas três bandas, ou seja, quem se apresentasse por último
pegaria o final da festa... Os eventos <i>underground</i> sempre – repito: sempre! –
foram muito desorganizados e os horários nunca – repito: nunca! – eram
respeitados. O sorteio foi feito e, veja você!, ficamos em primeiro!
Entraríamos no palco, tocaríamos, tomaríamos umas cervejas, assistiríamos a
Awake e rua! Mas, eu não me lembro bem o porquê, acho que a Awake possuía um
público pagante maior e esse público iria embora caso eles fossem os últimos a
tocar, então, refizemos o sorteio. E, para a nossa tristeza, ficamos de fechar
a noite. Do céu ao inferno em apenas dois sorteios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Das
outras bandas eu não me lembro o que assisti, mas a Awake eu posso dizer que,
como sempre, arrebentou! Não sei, mas acho que eles usavam as últimas cordas
afinadas em ré ao invés de mi (para o leigo em música, basta saber que isso
significa gerar <i>riffs</i> mais graves e
pesados). Agora some <i>riffs</i> pesados a
uma voz feminina poderosa! Isso era a Awake!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Escalados
para fechar a noite – não confunda com as bandas que fecham as noites dos
grandes festivais de rock, pois no <i>underground</i>
fechar sempre foi uma derrota! –, lutávamos contra o tédio e a ansiedade ao
mesmo tempo! Curiosamente, fizemos, talvez, o show mais empolgante da noite e
também da Alone In The Tour! Aqueles que ficaram até o final do evento curtiram
muito o nosso som e a empolgação deles com as nossas músicas era a mesma com as
do Iron Maiden, por exemplo. Ao final do show vendemos algumas cópias de <i>Alone In The Dark</i> e as autografamos
também!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Enfim...
Era uma casa ruim abrigando um evento ruim sob um tempo ruim, mas saímos de lá
bastante satisfeitos com a recepção da galera. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Teríamos
pela frente pouco mais de um mês e meio sem shows. A próxima apresentação seria
no dia 18 de outubro, no festival Rock no Engenho II, com as bandas Awake
(novamente), Red Label, Supernova, Holy Profecy e Digitus Infamis, no Clube
Italiano, em Niterói mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
Rock no Engenho II foi mais um daqueles eventos organizados por pessoas que não
estão nem aí para o <i>underground</i> e
estão mais interessadas em encher seus cofres! Em reunião, ficou estabelecido
que cada banda ficaria responsável por vender uma quantidade X de ingressos.
Caso não os conseguisse vender, a banda deveria pagar do próprio bolso o valor
das entradas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ora,
queríamos tocar! Não me lembro se conseguimos vender ingressos e nem de onde
tiramos dinheiro para “pagar o show”, mas estávamos lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Era
a segunda vez que a Over Action era escalada para dividir o palco com a Awake.
Logicamente, nós integrantes de ambas as bandas já trocávamos algumas ideias;
acabou rolando uma amizade ali. E em uma dessas “ideias”, soubemos de algo que
jamais imaginamos: Andrea não estava muito satisfeita com o som que vinha
fazendo na Awake. Impossível imaginar! Eles eram muito “redondinhos” naquilo
que faziam. Para mim, era um exemplo de banda! Mas é como eu sempre digo: quer
saber de verdade como está o clima em uma banda? Faça parte dessa banda! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Quem
nos assistia também não fazia ideia das discussões, das dificuldades, de
nada... Quando estávamos no palco, assim como a Awake, fazíamos o nosso
trabalho e ponto. Podíamos mostrar a todos que sabíamos tocar “Phantom Of The
Opera” (Iron Maiden) de forma perfeita, mas ninguém ali no público sabia, por
exemplo, o quão difícil era trocar os pratos já rachados do Leonardo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
OK,
mas sobre a Andrea e a Awake eu tenho muito a dizer um pouco mais para frente. Voltemos
ao Rock no Engenho II. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Para
começar, ficamos novamente escalados para fechar a noite... Sabe, acho que a
banda pagou caro por ter colocado aquela foto da menina chorando na capa de <i>Alone In The Dark</i>, porque ô azar!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
casa estava lotada, o que pode ser conferido numa pequena (e estranha) <a href="http://www.feiramodernazine.com/2002/10/awake-bleach-red-label-supernova-holy.html">resenha</a>
da época, feita pela lendária Feira Moderna Zine. Assistimos a todas as bandas
daquela noite, mas não lembro do show de nenhuma delas, com exceção da Awake,
claro. Preciso dizer que ao subirmos no palco, para lá das 3h da madrugada,
apenas 0,1% daquele grande público, incluindo alguns integrantes da Awake,
permanecia no local? Ah! Também estava lá o Dr. Christian, que trabalhava com o
Rodrigo! Ele filmou o show! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mesmo
assim, fizemos a nossa apresentação e com direito a novidades! É que durante o
jejum de shows no mês de setembro, aproveitamos para compor material inédito,
já para um futuro novo EP. Tocamos “Spiritual Hole” e “I Like You Dead”, se não
me engano. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
E é também
sobre esses novos sons que falarei no próximo capítulo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua] <o:p></o:p></div>
<!--EndFragment-->Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-38752999974171599852012-08-09T13:46:00.001-03:002013-05-22T11:32:13.257-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte X<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHA0MDb3tlm6wxMZhOQH2aQdURogCHCQuU4SP2pJkgJmWUePQc3fes1PDKiWy3n4-E6ciRlYUHnx9VG9uKo1YhjY_J_NWRLA_N5FtdRLbjzg7GOI7mf3KjFzBiRvBUCN1qS26TFagsqtlJ/s1600/OVER+ACTION+10-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHA0MDb3tlm6wxMZhOQH2aQdURogCHCQuU4SP2pJkgJmWUePQc3fes1PDKiWy3n4-E6ciRlYUHnx9VG9uKo1YhjY_J_NWRLA_N5FtdRLbjzg7GOI7mf3KjFzBiRvBUCN1qS26TFagsqtlJ/s320/OVER+ACTION+10-01.jpg" width="240" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Como
havia dito, antes mesmo das resenhas da Road Crew e da Rock Brigade, alguns
shows começaram a “pingar” na agenda da Over Action. No dia 4 de julho daquele
frutífero 2002, tocamos no Sobradão do Rock, na Lapa, Rio de Janeiro. Nossa
primeira experiência fora do eixo Niterói-São Gonçalo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Uma
péssima experiência.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Acho
que tocamos para Fabiana – minha namorada na época, com quem hoje sou casado –
e mais alguém que não me recordo, talvez a Mariana, então namorada do Leonardo.
Foi bem estranho tocar para menos de cinco pessoas, mas fizemos bem o nosso
papel. Não há muito o que dizer sobre esse show, sinceramente. Chovia muito e
não éramos ninguém para atrair um público sob aquele pé d’água.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Em
agosto tínhamos um show marcado para o dia 9, em Nilópolis, RJ. Esse show
estava sendo negociado por mim já havia algum tempo com Deiverson Baracho, vocalista
da banda de <i>death metal </i>Akael. E
sobre esse show eu tenho muito, mas muito a dizer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não
me lembro de como o Deiverson conheceu a Over Action, mas provavelmente foi por
meio de alguma resenha na internet ou fanzine. Ele estava organizando uma noite
de <i>metal </i>no Clube Ideal de Olinda, em
Nilópolis, e gostaria da presença de nossa banda no <i>line up</i>. Bacana! Mas o <i>underground
</i>também é cheio de interesses e o que a Akael queria de verdade era
conseguir, através de um esquema conhecido como intercâmbio, uma apresentação
em Niterói (ou São Gonçalo). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
intercâmbio era uma negociação de praxe entre as bandas do <i>underground</i>. Funcionava da seguinte forma: Eu tinha uma banda no
RJ, mas queria tocar em SP. Então eu convidava uma banda de SP para tocar com a
gente aqui no RJ e, em troca, esta banda de SP nos arrumava um show por lá
também. Simples assim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Deiverson
soube por mim do “nosso” Bar do Blues e queria porque queria um show da Akael
lá. Ótimo! Pedi que me enviasse o material e veria o que conseguia. De qualquer
forma, nosso show em Nilópolis já estava confirmado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
Akael lançara, um ano antes, um CD com nove faixas, o tenebroso <i>Beyond The Mortal Clouds</i>, e foi esse o
material que recebi pelos Correios para dar uma conferida. Meu Deus, o que era
aquilo? Mostrei ao restante da Over Action e tudo o que conseguimos fazer foi
rir. A gravação era ruim demais e as músicas, palavra!, eram as coisas mais
esquisitas que já ouvira!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Como
conseguir um show com aquele material? “Depois do nosso show em Nilópolis eu
resolvo isso”, pensei. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
dia do show, mais uma vez o Santana prata do pai de Rodrigo estaria a nossa
disposição. Renato disse que sabia o caminho, então seguimos suas instruções
como se ele fosse o nosso GPS. Erramos o caminho algumas vezes e chegamos a
parar na entrada de um lugar muito sinistro, onde todos os olhares se voltaram contra
nós. “Dá ré, Rodrigo!”, dissemos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Chegando
ao local, não pude deixar de reparar na faixa que anunciava a noite, com duas
bandas de <i>death metal </i>(a Akael e uma
outra vinda de SP, mostrando que os interesses de intercâmbio de Deiverson eram
mais pretenciosos do que eu imaginava) e a Over Action.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Rodrigo
parou o carro e logo avistamos um sujeito com uma camisa da Akael. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Ei! Onde fica o Clube Ideal de Olinda? – perguntamos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Vieram para o show da Akael?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Sim, na verdade somos a Over Action.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
– A
banda de <i>heavy metal </i>de Niterói? –
respondeu o rapaz meio espantado – Pessoal – disse ele agora à multidão de esquisitos
parada em frente ao clube –, é o pessoal da Over Action!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Aquelas
pessoas começaram a gritar e não dava para entender se queriam dizer “yeah!,
nós adoramos o som de vocês!” ou “bandas de <i>heavy
metal </i>não são bem vindas aqui!” Eu fiquei com a segunda impressão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Chegando
ao clube, Deiverson nos recebeu e nos instruiu sobre a passagem de som e toda
aquela chatice de sempre. Notei que o palco era totalmente revestido em ardósia,
o que me fez pensar: “vamos escorregar feito pinguins e o som refletirá como
numa casa espelhada”. Logicamente, a bateria de Leonardo deslizava sobre o
palco, conforme ele atacava o bumbo. Conversávamos com a organização do evento
sobre o problema, mas a solução nos veio da plateia. Um louco arremessou um
pedregulho, quase nos atingindo, dizendo: “coloque isso na frente do bumbo,
porra!” Se o bumbo apenas deslizasse, tudo bem, mas também estava desafinado,
com a pele frouxa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Porque o bumbo está tão desafinado? – perguntou Leonardo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
– É
para tocar “defão” – respondeu um débil qualquer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
tempo: “Defão” seria o aumentativo de <i>death
metal</i>. Tenso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Depois
da caótica passagem de som, fomos dar uma volta pelo clube. Tinha uma banca que
vendia LPs antigos, uma lanchonete podre – como em todo evento <i>underground</i> que se preze – e um banheiro
fétido, onde tive o desprazer de flagrar um idiota berrando sozinho, como se
estivesse evocando o Diabo. Quando o sujeito me viu, não soube onde enfiar
aquela cara cheia de pó de arroz e sombra. Mijei às gargalhadas, logicamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
show foi o mesmo que vínhamos apresentando na (entre nós) chamada Alone In The
Tour 2002. A galera curtiu, mas não deixou de pedir músicas de <i>death </i>a cada silêncio de nossas
guitarras. Um clima bem hostil, mas a gente estava lá, no ninho deles, e, como
sempre, fizemos o nosso trabalho. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Fomos
embora com a promessa de levar a Akael para um show em nossa área. Coisa que
nunca ocorreu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua] <o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-31942321288858509802012-08-07T21:51:00.001-03:002013-05-22T11:21:52.895-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte IX<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLSxkLX8HcuOhWiBuG-ug3Knv78Ncl4ulRk7kE4eweoBLeyjn4jskb9P_hPlybqedjFXcTmwkEBU9d9NJ9MIOFrFRvIihvQ3zWRReTT5B9LvvDrsKY9rTDV0Ahj-CfjSsH2Vzka4UFWItl/s1600/OVER+ACTION+9-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLSxkLX8HcuOhWiBuG-ug3Knv78Ncl4ulRk7kE4eweoBLeyjn4jskb9P_hPlybqedjFXcTmwkEBU9d9NJ9MIOFrFRvIihvQ3zWRReTT5B9LvvDrsKY9rTDV0Ahj-CfjSsH2Vzka4UFWItl/s320/OVER+ACTION+9-01.jpg" width="240" /></a>O
show de lançamento de <i>Alone In The Dark</i>,
no Bar do Blues,<i> </i>foi bem bacana. Não
possuo registros do <i>set list </i>daquela
noite, mas acho que tocamos as cinco músicas do EP e algumas <i>covers</i>, como “Breaking The Law” (Judas
Priest), “Powerslave”, “Phantom Of The Opera”, “The Prisoner” (Iron Maiden),
“Seek And Destroy” (Metallica), entre outras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
banda estava “redondinha”, pois havíamos ensaiado bastante para aquele show.
Não me lembro bem quantos EPs nós vendemos após a apresentação, mas sei que
vendemos alguns, sim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
o EP oficialmente lançado, chegava a hora de divulgá-lo para a imprensa
especializada. Mas ainda precisávamos consertar a arte do EP, por conta daquela
estúpida coincidência com o CD da Restless. Fui bem rápido nesse processo.
Precisava ser.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Lembrei
então de uma história muito louca que é a de um pintor italiano chamado Bruno
Amadio, que, com o pseudônimo de Giovanni Bragolin, ficou famoso entre as
décadas de 1970 e 1980 com uma série de quadros de crianças chorando. Diz a
lenda que Bruno fizera um pacto com o Diabo para conseguir vender suas obras;
em troca do sucesso, Bruno somente pintaria crianças tristes, em imagens cheias
de mensagens subliminares – dizem até que muitas dessas crianças eram
retratadas mortas, por conta das pupilas dilatadas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Minha
mãe possuía dois quadros dessa coleção em casa, isso quando eu ainda era muito
pequeno. Quando ela ficou sabendo de tal história, os quadros foram parar no
lixo. Mas o fato é que esse lance nunca saíra da minha cabeça. Era estranho,
perturbador e ao mesmo tempo muito interessante para o <i>marketing</i> de <i>Alone In The
Dark</i>, cuja faixa título contava uma história que envolvia uma criança e um
pacto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Então
tive a ideia de ilustrar a capa de <i>Alone
In The Dark</i> com um quadro de Bruno, ou melhor, de Giovanni Bragolin. O
quadro escolhido retrata uma menina (conforme a letra de Renato e Rodrigo) com
olhar vazio, para cima, e chorando. Mas se notarmos bem a imagem, será possível
identificar um braço a enforcar a menina. Cruel, não? Mas não tínhamos tempo
para uma ideia melhor, então, com a aprovação do restante da banda, mandamos
Renato rodar as novas capas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
capa de <i>Alone In The Dark </i>causou
certo rebuliço entre os mais chegados à Over Action. Nossas famílias nem tanto,
até porque não tivemos nem o trabalho de explicar a elas tal conceito, pois
seria um verdadeiro inferno em nossas casas – até onde sei, nossas mães eram
católicas fervorosas, com exceção da mãe de Leonardo, eu acho. O rebuliço se dava mesmo quando resolvíamos
explicar o significado da capa aos amigos. Houve até casos de pessoas que
compraram o EP e se recusaram a levar a capa para casa. Dá para acreditar?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
uma quantidade boa de cópias do EP nas mãos, fiquei encarregado de fazer o
envio para as revistas e <i>websites</i>,
com <i>release </i>e foto de divulgação (uma
foto horrenda, diga-se, tirada no lado de fora do estúdio do Flávio). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Enviei
o material para as revistas Road Crew, Rock Brigade (as mais importantes na
época) e mais algumas outras que não me recordo. Enviei também para alguns
fanzines, seguindo o conselho de Marcelo Fernandes, o vocalista da lendária
Solstício (banda de <i>hard core</i> de Cabo
Frio, Rio de Janeiro), que morou um tempo lá em casa, dividindo um quarto com
meu irmão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Passadas
algumas semanas do envio – não preciso dizer que todos nós vigiávamos as bancas
de jornal atrás de algum retorno, né? –, nossa primeira crítica nos vinha pela
conceituada Road Crew, em sua edição de setembro de 2002. Ricardo Batalha discorreu
assim sobre a Over Action:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i>As construções das músicas (...) são muito
legais, um Metal bem tradicional e trabalhado. Rodrigo Santos (vocal e
guitarra), Luciano Freitas (guitarra), Renato Ferraz (baixo) e Leonardo de
Andrade (bateria) formam esta banda que é mais uma prova de que o estilo mais
clássico do Metal está ressurgindo com tudo no Brasil. As pontes e refrãos,
especialmente na faixa </i>The Winner<i>,
são bem interessantes. Sabe o que falta? Correção na pronúncia do inglês,
melhor impostação da voz e uma produção com mais nível. Corrigidas as falhas, o
Over Action vai ser um grande nome do Metal nacional. Pode apostar!<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Apesar
das críticas construtivas, ficamos muito felizes com a resenha! E como no EP
era o endereço de minha casa que aparecia na aba de contatos, não demorou muito
para eu começar a receber uma boa quantidade de cartas sociais (daquelas que
saem a R$ 0,01 cada), vindas de todo o Brasil, pedindo uma cópia de <i>Alone in The Dark</i>, que a gente vendia
por R$ 5,00. Algumas cartas vinham com uma nota de R$ 5,00 enroladinha dentro.
O <i>underground </i>era uma coisa hilária
mesmo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
As
cartas não paravam de chegar e novas críticas também surgiam na internet.
Lembro de um <i>website </i>dar nota 10 para
<i>Alone In The Dark </i>em sua resenha. Os
fanzines também falaram bem de nosso EP e tudo isso só nos animava a continuar
trabalhando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
a crítica mais esperada mesmo era a da revista Rock Brigade. Uma grande
besteira, analiso hoje, mas ganhar uma boa resenha da RB, para nós, naquele
momento, era como receber uma benção! E se a Road Crew já nos gerara certo
reconhecimento na cena, o que esperar como resultado de um elogio da parte da
grandiosa RB? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Sabíamos
que não seria fácil – uma (excelente) banda chamada Allegro, da qual gostávamos
muito, recebera, pouco antes, péssima resenha da RB. E de fato não foi. Em sua
edição de novembro de 2002, a RB, por meio de jornalista cujas iniciais são
ACM, disse:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i>(...) Se todos os grandes artistas dizem que
“criar é 10% de inspiração e 90% de transpiração”, é porque algum fundo de
verdade ela deve ter. Tudo isso para dizer que estamos diante de uma banda
esforçada, mas que ainda deve ralar muito em alguns quesitos básicos. A
timbragem das guitarras está errada, a execução é primária e a gravação deixa
muito a desejar. Mas o principal é que o pessoal não tem a manha de compor
músicas legais. Assim, o metal tradicional do quarteto repete todos os clichês
possíveis e imagináveis, sem acrescentar nada que tenha a identidade da própria
banda. Ou seja, não passa de um grupo bem-intencionado. O que, todos sabemos, é
muito, mas muito pouco mesmo. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ou
seja, um balde de água fria! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Muito,
até os dias de hoje, já se foi discutido, entre nós da Over Action, sobre essa
resenha da RB. Mas o que fazer naquele momento? Desistir da banda por conta de
uma opinião “jornalística”? Ficamos frustrados, sim, qualquer banda ficaria,
até porque não concordamos com pelo menos metade daquela resenha. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Alguns
dias se passaram e, quando me perguntavam sobre a Rock Brigade, eu dizia: “Foda-se
a Rock Brigade! Ainda vejo a galera bater muito a cabeça em nossos shows! Isso
sim é um termômetro!”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Antes
das citadas resenhas, mais três shows da Over Action tinham ocorrido, mas
falarei delas no próximo capítulo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua] <o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-20044237509747002642012-08-06T21:48:00.001-03:002013-05-22T11:22:57.272-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte VIII<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNsrcxKApdEbbvfw8SjHFi_U1aHsLivWzW6MQsKW_7bEx96hSBDKx4GD_wG6tEYtK4B8acpipuyv9JqoIxvUCwANwCCVCtMfY_bak7Dml-kRDeH6GiBr9bzl3N-fK5KqTDBGdy22thQwnp/s1600/OVER+ACTION+8-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNsrcxKApdEbbvfw8SjHFi_U1aHsLivWzW6MQsKW_7bEx96hSBDKx4GD_wG6tEYtK4B8acpipuyv9JqoIxvUCwANwCCVCtMfY_bak7Dml-kRDeH6GiBr9bzl3N-fK5KqTDBGdy22thQwnp/s320/OVER+ACTION+8-01.jpg" width="240" /></a>Já
tínhamos esquematizado tudo. Para não gastarmos muitas horas com a gravação do
EP, a base (bateria, baixo e guitarras de acompanhamento) seria gravada com todos
nós tocando juntos. E para que isso fosse gravado de forma decente,
precisávamos estar muito bem ensaiados, até porque os <i>riffs</i> e andamentos arranjados por Rodrigo eram encrenca pura!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
primeiro dia de gravação, chegamos ao FD Studio e explicamos como seria todo o
procedimento ao Felipe, dono do estúdio, que prontamente microfonou nossos
instrumentos e nos posicionou da melhor forma na sala de gravação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
tudo pronto e o “OK” dado por Felipe na sala técnica, decidimos começar pelas
fáceis “Nightlife” e “Flying To The Sky”, as quais já tocávamos tanto que erros
estavam praticamente fora de cogitação. A cada <i>take </i>gravado Felipe nos deixava ouvir. Pela primeira vez
escutávamos o nosso som de forma nítida. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
medo maior estava na quebrada “The Last Dance”. Ficávamos nas mãos de Leonardo,
que nos ensaios nunca acertara a introdução de primeira. Mas ali, na gravação,
valendo, vai entender, o cara a executou sem erros, no primeiro <i>take</i>! “Não acredito que ele conseguiu!”,
eu pensava – e todos deviam ter pensado isso também –, enquanto levávamos o
restante da música.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Depois
foi a vez de “The Winner”, que se não me engano nos custou alguns <i>takes</i> extras, e da longuíssima “Alone In
The Dark”, que precisava ser gravada em duas partes – o interlúdio e a
introdução foram gravados após o <i>take </i>base,
separadamente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
cada <i>take </i>finalizado, um misto de euforia
e alívio. Saímos do primeiro dia de gravação com as bases todas finalizadas,
restando apenas as vozes e os solos de guitarra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
segundo e último dia de gravação, hora de Rodrigo colocar as vozes. Um grande
desafio, porque a voz era justamente o elemento que, apesar da confiança que
tínhamos em Rodrigo, gerava mais dúvida. Não sabíamos como nosso “novo”
vocalista seria aceito, essa era a verdade. Rodrigo nunca foi dono de grandes
agudos e por isso algumas linhas de voz sofreram mudanças se comparadas as
antigas execuções de Paulo. Sabíamos do desafio. E Rodrigo também. Apesar de se
tratar de uma estreia, sentíamos que já tínhamos uma pequena história para
trás.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Foi
Rodrigo quem arranjou as vozes; as primeiras, segundas e até terceiras, quando
necessárias. Arranjou também as vozes de “Alone In The Dark”, cuja história era
contada ora por ele, ora pelo Capeta! Sim, a voz do Capeta que se ouve na
música nada mais é do que a voz de Rodrigo modificada por um processador de
efeitos. Gargalhamos muito durante o processo, mas ficamos muito felizes com o
resultado também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Rodrigo
gravou também os teclados presentes em “Alone In The Dark”. Sem ele a coisa
seria muito, mas muito tensa na Over Asction. Eu sempre me senti muito seguro
com Rodrigo no estúdio, porque sabia que nada passaria por seu ouvido quase
absoluto. Incansável, explicava cada nota da bateria para suas criações. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Contratempo aberto! – dizia Rodrigo a Leonardo – Condução! Ataque! Agora
contratempo fechado! Nãããão, Leonardo! Não! Fechado!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Era
nesse <i>level</i>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
última coisa a ser gravada para o EP foram os solos das guitarras. Com nítida influência
de Judas Priest e Iron Maiden, nossas músicas sempre possuíam dois ou mais
solos. Eu utilizava quase sempre poucas notas, mas adorava abusar no <i>hammer on</i>, <i>pull off, slide</i>,<i> </i>alavanca
e <i>tapping</i>, enquanto Rodrigo optava
muito por palhetadas alternadas e rápidas, mas executava bons <i>sweeps </i>também. Éramos guitarristas bem
diferentes na hora de compor e a gente adorava isso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Enfim,
tudo estava gravado. As coordenadas de mixagem já tinham sido passadas para o
Felipe e agora só nos restava esperar. O trabalho agora era com ele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ansiedade!
Muita ansiedade! Mas precisávamos adiantar a outra parte do processo, que era a
parte física do EP, como capa, mídia, estojo etc.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
já me arriscava no CorelDRAW 7 – ainda sem saber que meu futuro estava no
Design e na Publicidade – e fiquei responsável pela parte gráfica do EP. Mas o
que esperar de um moleque inexperiente como eu? Nossa logo era a coisa mais
simples que um ser humano pôde criar. Mas eu gostava muito dela, mesmo assim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Havia
um CD lá em casa com uma enxurrada de fotos, dessas que você compra para peças
publicitárias, enfim, um banco de imagens. Esse CD possuía, entre tantas
outras, uma foto que parecia ter sido feita para o nosso EP! Não pensei duas
vezes em incluí-la no projeto gráfico. Os caras se amarraram! Estava perfeita! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Alguns
dias depois, quando o EP ficou pronto, Renato foi até o FD Studio e pegou a
nossa tão sonhada <i>master</i>. Renato me
ligou de onde trabalhava e disse: “Peguei o nosso EP, Luciano! Dá um pulo aqui!
Você precisa escutar!” Eu trabalhava próximo a ele, então dei uma desculpa no
escritório e fui voando até lá. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Chegando
na antiga Telemar, fui até a sala de Renato e ouvi o resultado de nosso EP. Que
sensação! Indescritível! Para nós aquilo era perfeito! Nossas mentes ainda tão
jovens devem ter pensado algo como “fudeu, vamos ganhar o mundo com esse EP”.
Rodrigo e Leonardo logo ouviriam também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
empolgação só aumentava, já que, naquele mesmo mês de março, teríamos o nosso
primeiro show de lançamento de <i>Alone In
The Dark</i>. Seria no Bar de Blues, em São Gonçalo, num evento chamado Metal
Invaders (que depois fez muito sucesso no local, com várias edições
posteriores), organizado por Henrique (ex-Dark Side) e Alain Tramont, guitarrista
de uma banda cover do Helloween, a Revelation, que contava com Rodrigo no
teclado e Henrique, agora, no contrabaixo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Apressamos
então a confecção de algumas cópias do nosso EP para termos o que vender no
show. Renato imprimiu as capas e as etiquetas – às custas da Telemar –, eu
imprimi os encartes – às custas da Geomap Consultoria e Projetos (onde eu
trabalhava) –, e Rodrigo ficou encarregado de montar e fazer as cópias do EP,
em casa mesmo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Tudo
parecia muito perfeito. Mas certa noite, Rodrigo me telefonava dizendo que
precisava me mostrar uma coisa que eu não iria acreditar quando visse! Já era
tarde e Rodrigo então apareceu lá em casa portando uma edição da revista Rock
Brigade. O que ele tinha para me mostrar era de fato inacreditável! Era um
anúncio de um selo especializado em <i>heavy
metal</i>, como a Roadrunner Records e a Hellion Records, algo do tipo. Neste
anúncio, em meio àquele monte de títulos, lá estava a capa de um CD de uma
banda chamada Restless, intitulado <i>Alone
In The Dark</i> e – pasme! – utilizando a mesma foto que eu havia escolhido
para a capa do nosso EP.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Diante
de tamanha coincidência, deveríamos cancelar a produção gráfica do EP, mas,
infelizmente, tudo já estava pronto. Pelo menos uma pequenina tiragem de vinte
cópias para o show do Bar do Blues. Quem comprou aquele EP, naquela noite,
possui em casa uma edição limitadíssima de <i>Alone In
The Dark</i>!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-38632038719316481722012-08-04T20:33:00.003-03:002013-05-22T11:26:44.166-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte VII<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiymqTGiZgeUFVQh_VOtyLqGZnlO78uI6SJScKu09omGFIioBsOzu6Kuiw5CSQ0OUDiQwFRlKhmCMVHiJqr73FVkuZjnfzlcwjGMNTROpMnuPYTqHQBiyGYzyVOftwHiHUlWjH19UoajC9n/s1600/OVER+ACTION+7-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiymqTGiZgeUFVQh_VOtyLqGZnlO78uI6SJScKu09omGFIioBsOzu6Kuiw5CSQ0OUDiQwFRlKhmCMVHiJqr73FVkuZjnfzlcwjGMNTROpMnuPYTqHQBiyGYzyVOftwHiHUlWjH19UoajC9n/s320/OVER+ACTION+7-01.jpg" width="240" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
a meta de gravar um EP em mente, começamos então a levantar o que tínhamos e o
que não tínhamos para o repertório do disco.
Com o passar do tempo acabamos compondo algumas coisas, mas nem tudo
seria aproveitado, claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
que eu tinha era “Nightlife” (parceria com Paulo), “Flying To The Sky”, (com
Renato), “Killer Shark”, alguns <i>riffs</i>
bem coesos, como o já citado “o guaraná”, e uma (importantíssima) fita K7 com
mais de meia hora de <i>jam session</i>,
gravada por mim e Leonardo, quando meu quarto ainda era o QG da banda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Gravamos
essa K7 em um fim de semana à noite em que ele apareceu lá em casa sem saber
que o ensaio fora desmarcado. Para que Leonardo não perdesse a viagem, sugeri
que fizéssemos um som, apenas guitarra e bateria. E ele topou! Liguei um dos
microfones em meu aparelho 3 em 1 e resolvi gravar aquilo. A regra era uma só:
não tocaríamos nada do repertório da banda, apenas coisas inéditas, que nos
viesse ali, naquele momento, puro sentimento <i>jazz</i>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Após
levarmos aquele som, resolvemos escutar aquilo que havíamos feito. Rimos
bastante, mas também nos impressionamos com a quantidade de <i>riffs </i>e levadas bacanas que produzimos
ali.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
coisa mais “pronta” que Renato possuía era uma música chamada “Dying Day”, que,
há um bom tempo, vínhamos executando durante os ensaios. Lembro de ser uma
música com um <i>riff </i>bastante rápido e
com algumas mudanças de cadência que necessitavam ainda serem lapidadas se
quisesse entrar no disco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Leonardo
não compunha. Se compunha não nos mostrava. Para falar a verdade, ele era um
cara muito estranho. Tocava uma bateria violenta! Era bom, muito bom! Mas se
ele estivesse chateado com alguma coisa lá fora, puta que pariu!, o estúdio
virava uma chateação também e nada fluía. Agora, quando o cara estava de bom
humor também, meu amigo, era uma coisa de louco!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Leonardo
e Renato se estranhavam com frequência, principalmente no recomeço da banda,
logo assim que eu entrei, em 1999. Lembro de uma vez em que Leonardo se atrasara
(e muito) para o ensaio e Renato não deixou passar. Os dois discutiram feio,
assim que terminou o ensaio. Eu fiquei assustado com o tom de voz de Renato e
fiquei atento para não deixar que os dois saíssem na porrada. Notei que
Rodrigo, calmamente, enrolava seus cabos e guardava sua guitarra, como se nada
estivesse acontecendo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Rodrigo – eu disse –, esses caras vão se matar aqui no meu quarto!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Cara – disse-me Rodrigo de forma bem calma –, isso sempre acontece. Relaxa.
Eles vão se entender.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Minha
mãe quase suspendeu os nossos ensaios por conta daquela briga. Mas o mais
engraçado era constatar que Rodrigo tinha razão. Nos ensaios seguintes eles
estavam de bem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Bem,
e o que falar do Rodrigo? O cara, junto com o seu primo Wagner Santos, era O
compositor da Over Action. A melhor música do EP, na minha opinião, “The Last
Dance”, conta com letra de Wagner e música de Rodrigo. Ele não era só um bom
compositor, mas um arranjador de primeira também! Quando Rodrigo compunha algo
ele sempre me telefonava:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
– <i>Cara, preciso te mostrar uma coisa</i> –
dizia Rodrigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
– Lá
vem você! – eu dizia – Mostra aí!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Rodrigo
então ligava sua guitarra, posicionava o telefone próximo ao amplificador e
atacava <i>riffs </i>tão complexos que eu
pensava: “Fudeu! Como vamos executar isso!” E, depois de mostrar tudo aquilo,
ele dizia:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i>– Preciso ir aí para te passar a linha da
sua guitarra, para você ver como que o </i>riff <i>funciona com nós dois tocando.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Filho
da mãe! Rodrigo quando compunha não vinha apenas com a melodia e o
acompanhamento. O cara compunha as linhas de guitarra, baixo, bateria, teclado,
vozes, tudo! A única coisa que eu tinha trabalho de criar era o meu solo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Claro
que ele deixava a composição aberta a sugestões, mas na maioria das vezes a
coisa vinha tão perfeita que... pra quê, né? “The Winner”, por exemplo, tem
letra de Wagner e música de Rodrigo, mas vários elementos foram adicionados à
composição – inclusive o lendário <i>riff </i>“o guaraná”, logo na introdução.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
Wagner era um excelente letrista. Gente fina toda vida. Não sabia tocar nada,
mas era um observador nato e amante do <i>heavy
metal</i>. Como compositor foi muito importante para a Over Action, mas quando
a figura resolveu nos visitar em um ensaio, meu Deus do céu... Não teve ensaio.
Ele perturbou tanto, mais tanto, que não conseguimos render nada. Wagner chegou
ao ponto de sentar-se à bateria – instrumento que ele não sabia conduzir,
diga-se – e ficar, ele e Rodrigo, lembrando os dez melhores <i>riffs </i>do Judas Priest, por exemplo. Após
aquele ensaio, todos dissemos o mesmo: “Rodrigo, nunca mais traga o Wagner, por
favor!”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Aos
poucos, nos ensaios, íamos testando música por música, a fim de decidirmos o
que iria de fato para o disco. Dessa forma fecharíamos as cinco músicas a serem
ensaiadas à exaustão. O objetivo era chegar ao estúdio de gravação sem o risco
de erros, o que nos resultaria em mais horas de estúdio, ou seja, mais
dinheiro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Decidimos
então por “The Winner”, “Nightlife”, “The Last Dance”, “Flying To The Sky” e
alguma coisa feita a partir do <i>riff </i>que
Leonardo e eu mostramos em um dos ensaios – <i>riff
</i>oriundo daquela K7 que me referi no início deste capítulo. O resultado foi
uma faixa de nove minutos que intitularia o EP: “Alone In The Dark”. “Dying
Day” e outras faixas ficariam de fora do projeto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
“Alone
In The Dark” foi a última música a ser composta para o disco e é, até hoje, a
música que mais representa aquilo que sentíamos naquele momento. A música foi
composta, praticamente, em uma sessão de três horas, no estúdio do Flávio. Fomos
opinando, compondo, costurando e arranjando cada minuto daquela faixa, os
quatro, juntos! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Quase
uma suíte, “Alone In The Dark” contava com uma cacetada de <i>riffs </i>e levadas diferentes, solos, introdução de teclado,
interlúdio de violão clássico (algo que compus ainda nas aulas da Sueli, em
1997)... Nos dias seguintes foi que Rodrigo e Renato compuseram a letra, que
conta a história de uma menina cujo pai a perdera por conta de um pacto com o
Diabo. Algo do tipo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
o repertório do disco decidido, era chegada a hora de ensaiar como se só
existissem essas cinco músicas no planeta. Enquanto nos preparávamos no estúdio
do Flávio, agendávamos algumas horas de gravação para o mês de março, no FD
Studio, que fica no Barro Vermelho, São Gonçalo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Estávamos
bastante ansiosos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-90355322836297532322012-08-03T23:02:00.001-03:002013-05-22T11:26:32.847-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte VI<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhffOkjuE4GagSCSWVkXEf2UVROPskI3osaJuIPwhFL6BCF8FxXbjNw_adE8xvnEvAlS3WnbbyE2tZL29OjEBGBzJXhRYRu1b1b9Psz149jJdrjzcHW9fGFps9OHokkz5U5H4LzkwmugHME/s1600/OVER+ACTION+6-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhffOkjuE4GagSCSWVkXEf2UVROPskI3osaJuIPwhFL6BCF8FxXbjNw_adE8xvnEvAlS3WnbbyE2tZL29OjEBGBzJXhRYRu1b1b9Psz149jJdrjzcHW9fGFps9OHokkz5U5H4LzkwmugHME/s320/OVER+ACTION+6-01.jpg" width="240" /></a></div>
Em
2000 eu já tinha outros compromissos musicais além da Evil Darkness. Eu me
iniciava nos bailes com uma banda <i>pop </i>chamada
Sigma. Aprendi muito naquele momento, tocando outras coisas e me tornando cada
vez mais eclético. Mas o meu amor ainda estava no <i>heavy metal</i>. Encarava a Sigma como um trabalho, e aquilo me fazia
sentir mais perto da profissão “músico”, e encarava a Evil Darkness como um
sonho.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
Paulo fora da banda, a palavra <i>improviso</i>
voltou a fazer parte de nosso vocabulário. As fitas K7 contendo as gravações
dos ensaios sem Paulo não me deixam mentir: eram horríveis! O que se saía
melhor ali era o Rodrigo, que, sabe-se lá como, conseguia executar os <i>riffs</i> sem se embolar nas letras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Chegamos
a chamar um outro vocalista, um cara muito bom até, que não me recordo do nome
agora. Ele fez alguns ensaios, mas não rolou. Enquanto a gente fazia papel de
empregador, procurando o cara certo para a nossa vaga, eu fazia alguns
telefonemas para Paulo. Eu queria que ele voltasse.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
maior problema para Paulo avançar com suas ideias inovadoras sempre foi Renato,
talvez o mais firme de nós quatro em relação ao caminho a ser seguido pela Evil
Darkness. Algumas discussões aconteciam entre os dois e, logo após, Paulo me
dizia algo como “não dá, não dá... vou sair fora”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nos
telefonemas que fazia para Paulo, eu tentava o convencer de que seria diferente
– mesmo sem ter combinado nada com o restante da banda. “Você quer fazer um som
na linha do Cathedral, do Black Sabbath, Paulo? Nós faremos! Quer que usemos as
sextas cordas das guitarras em ré? Usaremos! Mas volte, cara!”, eu dizia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Até
que ele voltou! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ele
havia se mudado com a família para uma casa em Manilha, São Gonçalo, um pouco
longe de todos nós. Havia lá um cômodo sem utilidade e adivinha no que ele se
transformou? Nosso novo QG! Acho que era uma das condições para Paulo voltar à
banda. Consegui convencer o pessoal e lá fomos nós para Manilha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
isso tudo não durou muito tempo. O local, como disse, era longe e o único
veículo que tínhamos era Santana prata do pai de Rodrigo, que carregava toda a
parafernália. Se ficara fácil para o Paulo, tornara-se difícil para o restante
da banda. Houve até uma vez em que o carro atolou. Chovia muito nesse dia e as
ruas ao redor da casa de Paulo não eram pavimentadas. Foi um sufoco! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
não foi exatamente a distância que causou nossa segunda separação com Paulo; a
verdade é que nada mudara. Tentamos, me lembro, seguir as ideias do nosso <i>frontman</i>, mas parecia que não havia um
consenso ali. Nossa veia de <i>heavy metal </i>tradicional
não parecia ser aceita por Paulo, e então entendemos que era ele ou nós.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Optamos
por nós.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Cansados
de chover no molhado, Renato, Leonardo e eu começamos então a incentivar
Rodrigo a assumir o microfone oficialmente. Já estávamos em 2001 e a coisa
parecia não andar. Acho que era o que precisávamos; ter o controle da situação
e entender de uma vez por todas que ou éramos nós quatro, ou não éramos nada! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
decisão foi tão séria que decidimos mudar o nome da banda novamente. Over
Action! Até hoje não sei bem o significado disso, mas acho que gira entorno de
uma “super ação”, uma “ação acima do normal”, algo do tipo. Mas o fato é que
todos nós gostamos do nome e foi com ele que ficamos!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Foi
engraçado constatar, mas aos poucos o nosso gás foi voltando e a vontade de
fazer um trabalho sério tomou novamente nossos corações. Eu já havia deixado o
Exército e estava estagiando como técnico em edificações em uma pequena empresa
de construção civil. Ganhava tão pouco que mal via diferença na hora de pagar
os ensaios no estúdio do Flávio. Mas quem precisava de dinheiro? Eu tinha uma
banda de volta à atividade! E isso era o que importava! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Os
ventos estavam tão a nosso favor que, em 24 de novembro de 2001 – dois anos
após a minha entrada na banda –, enfim, estreamos! Foi em um evento chamado
Caldeirão do Rock, em uma casa de shows em Mutondo, São Gonçalo. Dividiríamos o
palco com uma outra banda local, a Metal Wings.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Apesar
de um show especial, tão aguardado, não tenho muito o que dizer sobre. Sei que
havia um clima estranho naquela noite, como se estivéssemos ali simplesmente
para abrir o show da Metal Wings. Tivemos que tocar com o pano de fundo deles a
nossas costas e ainda fomos interrompidos antes do final de nosso <i>set list</i>. A gente levantou a galera e
acho que isso não agradou a um dos organizadores do evento, um sujeito coberto
de <i>piercings</i> que dizia: “Se não
acabar o show agora eu vou desligar o som!” Foi assim que saímos do palco pela
primeira vez. Lamentável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
quer saber? Foda-se! Éramos um carro possante novamente e estávamos com o
tanque cheio! Aquele fim de ano trazia a brisa dos novos tempos para a Over
Action. Eu sentia!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
E eu
estava certo! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Certa
noite, logo no início de 2002, após nossos respectivos expedientes de merda,
tivemos uma reunião que considero a divisora de águas em nossa pequena e
humilde carreira. Paramos em uma mesa na praça de alimentação do Bay Market,
pedimos alguns <i>chopps</i> e traçamos as metas
daquele ano para a Over Action. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Decidíamos
naquela mesa o que seria o nosso último esforço pela banda: gravar um EP com
cinco músicas, a fim de tentar de forma mais séria e profissional um espaço na
cena <i>heavy metal underground</i>. Fizemos
as contas de quanto aquilo ia nos custar, da gravação à produção manual dos
disquinhos, e vimos que não sairia tão caro, desde que fizéssemos exatamente o
planejado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Em
janeiro mesmo, creio eu, começamos a ensaiar com exaustão as músicas que já
tínhamos e a compor o que faltava. Foram os ensaios mais bacanas da Over
Action! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Os
detalhes de como foi a construção de nosso EP eu vou deixar para o próximo
capítulo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-23179194453193253832012-08-02T22:57:00.000-03:002013-05-22T11:26:05.053-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte V<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg673Qrk1DVXPhy2_2yn4-MiRTU8n9s5wDhfxMGgAvObNcJ7N-2Oj3s6AJhvs16qoR6KL8DV2_2bR8MWN7LPa-QWUyW8T5INpGRmNa2LkgAjupJmS3MYVaGnu5cSS3VdxJfnxgvHRVrCECE/s1600/OVER+ACTION+5-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg673Qrk1DVXPhy2_2yn4-MiRTU8n9s5wDhfxMGgAvObNcJ7N-2Oj3s6AJhvs16qoR6KL8DV2_2bR8MWN7LPa-QWUyW8T5INpGRmNa2LkgAjupJmS3MYVaGnu5cSS3VdxJfnxgvHRVrCECE/s320/OVER+ACTION+5-01.jpg" width="240" /></a></div>
1999
caminhava sem muitas novidades. A Evil Darkness continuava ensaiando, compondo
uma coisa ou outra, mas sempre na espera da tão sonhada “estreia”. Chegamos a
gravar algumas demos, mas nada apresentável, apenas para nos ouvirmos mesmo,
corrigir alguns erros.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Uma
dessas gravações foi bem curiosa. Renato havia conhecido um músico que possuía
um <i>home studio </i>em algum lugar de São
Gonçalo. Segundo nosso contrabaixista, estava tudo certo para gravarmos, sem
ônus, uma K7 no estúdio desse tal músico. Era estranho existir um cara tão bacana
a ponto de ceder, por algumas horas, em pleno fim de semana, a sua sala de
estar para uma banda barulhenta gravar uma demo. Mas, mesmo desconfiando,
seguimos para o local.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ainda
me lembro da cara de “puta que pariu, eles vieram mesmo!” daquele sujeito que
nos recebeu da janela. Ele estava com a namorada – ou noiva, sei lá – no maior <i>love</i>, assistindo a um filme (ou seja lá
o que mais estava rolando ali) e se viu obrigado a passar o seu programinha
para o quarto, porque na sala estaríamos nós e nossos muitos <i>watts</i> de puro <i>metal</i>. Ele acionou o gravador e disse “fiquem à vontade”. Foi
desconcertante, mas engraçado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Naquele
mesmo ano (ou foi em 1998?, não sei) nosso QG sofreu um golpe fatal. A minha
vizinha de frente, a Luciane, deu a luz à pequena Livya. Com isso, certo dia,
voltando da escola, me deparo com uma plaquinha pendurada na porta de sua casa,
que dizia: “Silêncio! Bebê dormindo!” Senti que aquela placa era para a Evil
Darkness. O Flávio Rios, dono de um estúdio na minha rua, me dera uma
sugestão...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Por que você não coloca uma placa na frente da sua casa dizendo “Foda-se! Banda
ensaiando!”? – disse-me Flávio em tom de brincadeira, logicamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
ri, mas achei melhor não seguir o conselho, claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Convoquei
o pessoal e dei a notícia de que não daria mais para ensaiarmos no meu quarto.
O pessoal entendeu o problema numa boa. O mais difícil era encarar o outro
problema: Onde diabos ensaiaríamos então?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Éramos
todos uns duros – com exceção do Paulo, que trabalhava. Alugar um estúdio era
dar adeus à liberdade de horário e ainda ter de pagar por isso. O que esperar?
Estávamos chegando à fase adulta e um dia teríamos que começar a pagar as
nossas despesas, não é mesmo? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Acho
que chegamos a ensaiar algumas vezes nos fundos da casa do irmão do Leonardo,
mas isso foi provisório. Tão provisório que não vingou. Sendo assim, fomos
parar no estúdio do Flávio mesmo, na minha rua. A R$ 20,00 o período de três
horas, ficava R$ 4,00 para cada um. Parece pouco, né? Mas era uma merda ter que
pedir “pai, me empresta um dinheiro para o ensaio?”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ensaiar
em um estúdio com devido tratamento acústico foi bom para a banda. Conseguíamos
agora escutar cada errinho mais facilmente. Era como se as paredes nos
apontassem um dedo e dissessem “ei, você errou essa parte!” E por um adicional
de R$ 10,00 o Flávio ainda gravava o ensaio em K7. Um luxo! Gravamos muitas
fitas por lá!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
início a gente ficava muito nervoso com o passar dos minutos pagos – qualquer
papo furado e alguém de nós já lembrava o custo de cada segundo –, mas com o
tempo fomos aprendendo a administrar as horas no estúdio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
ano 2000 não foi muito bacana conosco. Precisávamos trabalhar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Paulo,
como já disse, já trabalhava; atuava num laboratório do Rio de Janeiro. Rodrigo
e Renato, se não me engano, já trabalhavam com manutenção de informática, ou
algo do tipo. Leonardo passava o dia fazendo cópias em um cartório, também no
Rio. Eu havia sido convocado para – pasme – o Exército Brasileiro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
afazeres de pessoas normais, administrar a banda ficava cada vez mais difícil
para nós. E o <i>stress</i> de nossos
respectivos serviços refletiam, pouco a pouco, em nosso rendimento como banda.
O estúdio do Flávio nos recebia agora, sempre nos fins de semana, com
semblantes cansados – isso quando eu não estava de plantão no quartel. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não
sei quanto aos outros, mas sentia que em mim e em Leonardo pairava uma certa
falta de perspectiva profissional. Leonardo não queria morrer com o umbigo
encostado em uma copiadora, assim como eu sabia que não morreria soldado, mas,
pior, não sabia o que seria depois daquilo. A verdade é que queríamos ser
músicos! Chegamos a ingressar a Escola de Música Villa-Lobos, no Rio, mas
desistimos meses depois. Eu porque já tinha estudado toda aquela chatice do
curso básico; ele... Bem, eu sei lá por que ele largou aquilo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Leonardo
e eu em poucos momentos conversávamos, mas nesses poucos momentos conversávamos
muito! Lembro de em alguns ensaios ele chegar bem mais cedo lá em casa – às
vezes até almoçava comigo –, antes dos caras chegarem e partirmos para o
Flávio. Ouvíamos alguns discos, falávamos um monte de merda, criávamos projetos
impossíveis (como a guitarra cuja única corda seria um cabo de aço de excessiva
bitola, para tirar os sons mais graves e pesados do mundo) e no final, sempre
no final, refletíamos sobre o que seria da banda, de nossas carreiras e de que
carreiras estávamos de fato refletindo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Renato
e Rodrigo me pareceram sempre muito focados naquilo que queriam para suas vidas
fora da banda. Não é à toa que ambos só cresceram em suas carreiras, até hoje.
O Paulo já estava num estágio em que precisava mesmo trabalhar, estava inserido
nesse sistema, já tinha esposa, um filho pequeno e tudo o mais. Mas Leonardo e
eu, não sei dizer, mas ainda não tínhamos nos encontrado como pessoas normais
fora da banda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nessa
mesma época, me lembro, houveram alguns conflitos entre o que os quatro mais
antigos e o Paulo queriam para a Evil Darkness. Os meses se passavam e, por
algum motivo qualquer, cada momento um diferente, a nossa “estreia” não acontecia.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Desânimo.
Essa é a palavra que nos definia. O gás estava acabando, enfim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Até
que Paulo – não sei bem se em 2000 ou 2001 – decide deixar a banda, por conta
dessas divergências mesmo. Sua contribuição foi excelente para a Evil Darkness,
mas ele estava ali não como uma peça do quebra-cabeça, mas como a mão que ajuda
a montá-lo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-17857752344791106812012-08-01T21:16:00.000-03:002013-05-22T11:25:34.342-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte IV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfobt5_ehY7CQbO14Yb4frCZ9M0mhbVPAETKlbD2hBDvOpmqc6Ju9EyXkxKQORVyVLkkBoqrjQWSu7M-TANr2DfOhSRLrlF2i4jBh5RynR9TczXtVLyxR3V4iShq3YvUmuqutg3pVFajzs/s1600/OVER+ACTION+4-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfobt5_ehY7CQbO14Yb4frCZ9M0mhbVPAETKlbD2hBDvOpmqc6Ju9EyXkxKQORVyVLkkBoqrjQWSu7M-TANr2DfOhSRLrlF2i4jBh5RynR9TczXtVLyxR3V4iShq3YvUmuqutg3pVFajzs/s320/OVER+ACTION+4-01.jpg" width="240" /></a></div>
Já
estávamos em 1999, se não me engano. Por algum motivo, o qual não me recordo, a
casa onde a Dark Side ensaiava não estaria mais disponível. Aliás, o meu
primeiro ensaio na banda fora em minha casa por conta disso. Acho que tinha
algo a ver com o fato do Henrique não fazer mais parte da banda, já que a casa
pertencia à família do guitarrista. Precisávamos de um novo QG.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Meu
quarto possuía uns 12m<sup>2</sup>, e meu irmão e eu dormíamos em uma cama beliche.
Sendo assim, vislumbrei naquele espaço um estúdio improvisado e sugeri que
fizéssemos os ensaios ali. Eu tinha a real noção de que incomodaríamos muito (mas
muito mesmo) os vizinhos, mas tal fato não possui peso algum quando você tem
dezessete anos e uma banda de <i>heavy metal</i>.
Além do mais, minha mãe – talvez a mais afetada com todos aqueles <i>watts</i> de potência – era a favor! E
quando nossa mãe está por nós, quem pode contra nós?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Para
evitar as horas antes perdidas com montagem e desmontagem de equipamentos,
sugeri que deixássemos toda a parafernália armada em meu quarto, <i>full time</i>. Isso ajudou muito na
logística da banda, porque podíamos, Renato e eu, em plena semana de provas,
por exemplo, sair da escola e irmos direto para a minha casa tirar um som.
Estava tudo lá: a bateria de Leonardo, os amplificadores, pedestais,
microfones... Não era muito fácil para minha mãe arrumar aquele quarto – as baquetas
de Leonardo soltavam serragens por todo o chão enquanto ele tocava, diga-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Os
ensaios em meu quarto eram bacanas. Tínhamos bastante liberdade e um espaço bem
razoável. Isso sem falar do telefone, que mesmo sendo inútil durante o som, –
não ouvíamos nada naquele ambiente infernal! –, servia para localizar os
atrasados (na maioria das vezes o Leonardo) e até fechar alguns shows, logo
após o ensaio. Não, não, o acesso a internet não era assim tão popular ainda.
Eu não tinha nem PC.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
ensaios semanais e uma estrutura mais disciplinada, naturalmente a banda
evoluiu bastante. Mas tínhamos um problema: Quem vai cantar?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Sem
um vocalista oficial, nos ensaios cada um cantava um pouco. Mesmo sabendo da
importância de um <i>frontman</i>,
tentávamos não nos preocupar com o desempenho vocal da banda; sabíamos que
precisávamos de um vocalista, estávamos improvisando. Nosso foco ali estava na
parte instrumental da coisa, que caminhava, lentamente, para o impecável. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Foi
quando resolvemos anunciar (não lembro como nem onde) a procura de um vocalista
para uma banda de <i>heavy metal</i>. E
achamos (não me pergunte como também) o Paulo Mello. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
Paulo era um cara apaixonado por música, uma verdadeira enciclopédia do <i>rock </i>e um buscador incansável por novos
sons. Ele era um pouco mais velho que nós, era o nosso Bon Scott. Ele nos
apresentou muitas bandas e discos! Paulo já era casado e morava próximo à
escola onde Renato e eu estudávamos, ou seja, próximo também ao nosso QG. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Paulo
tinha muita influência de Bruce Dickinson e, quando pegou o microfone, acho que
pensamos “em uníssono”: “Esse é o cara!”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
E
realmente era! Gente boa, cantava bem, gostava mais ou menos das mesmas bandas
que nós. Mas havia um probleminha com cara de problemão a longo prazo. Paulo,
hoje reconheço, estava muito à frente do nosso entendimento de banda. Enquanto
a gente se preocupava em tocar “The Prisoner” (Iron Maiden) de forma idêntica,
por exemplo, Paulo pensava em composições próprias, afinações alternativas e <i>grooves </i>diferentes – provavelmente
influenciado pelo som do Cathedral, banda da qual ele era fã incondicional. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A primeira
composição autoral da então Evil Darkness (sim, nós resolvemos mudar o nome da banda, por estarmos a fim de começar meio que do zero, uma "nova banda") foi a balada “Flying To The Sky”, com
música minha e letra em parceria com Renato; nasceu numa dessas fugas da escola
para minha casa. Mas foi com Paulo que compus nosso primeiro <i>rock </i>de verdade: “Nightlife”, com letra
minha (depois adaptada por Rodrigo) e música em parceria com Paulo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Como
Paulo não tocava nenhum instrumento, tudo era “de boca”. Lembro que ele chegava
lá em casa e cantava o <i>riff </i>que havia
criado e sempre o intitulava de maneira estranha. Por exemplo, o <i>riff </i>principal de “Nightlife” ele
chamava de “aranha”, por este exigir que a mão esquerda trabalhe sempre aberta,
como uma aranha mesmo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Um
dos <i>riffs </i>de “The Winner” (música
composta por toda a banda com letra de Wagner Santos, primo de Rodrigo) que
fora inspirado por uma peça clássica mas que não lembrávamos o nome, Paulo
chamava de “o guaraná”, porque, na dúvida, achávamos que fosse “O Guarani”, de
Antônio Carlos Gomes, a fonte inspiradora. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu ria
demais com Paulo, este que, apesar de contribuir muito para o crescimento da
banda, nunca chegou a fazer um único show conosco. Ele se mostrava sempre muito
inseguro, como se não estivéssemos prontos para subir num palco com o novo <i>frontman</i>. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Houve
até um a vez em que abriríamos uma apresentação da – novamente eles – Eternal
Flame. Seria a estreia dessa nova formação, enfim, a estreia da Evil Darkness.
Estava tudo certo, nos preparamos para esse show, mesmo com a nítida
insegurança de Paulo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
não rolou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não
lembro dos detalhes, mas apenas de ver Renato pegar o telefone (sim, aquele
mesmo do meu quarto), após uma longa tarde de ensaio, e ligar para Nelson
Hortz, a fim de acertar os detalhes do evento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Como assim não vai rolar? – perguntava Renato.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Alguma
merda eu sei que deu, mas não me recordo qual exatamente. Sei que quem conhece
Renato pessoalmente pode bem imaginar qual foi sua reação ao telefone. Notei
que Paulo respirou aliviado, mas foi a frustração que tomou conta do restante
da banda. Ainda não seria daquela vez...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]
<o:p></o:p></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-58740941318786583782012-07-31T22:45:00.005-03:002013-05-22T11:25:06.035-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte III<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsRDr7zg7hLp9lv8JcWAS2OHfCSz5Rwt6fJD-E_On4ZeQzggx2nucKRW925I6WYII_joQtMRlIVYAAtPC9KbaRJF3InjTX8E1eWN0t-GvmxfYj5kEhS8nFmmJhuKZRaj7JUYtHb0-KvoAh/s1600/OVER+ACTION+3-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsRDr7zg7hLp9lv8JcWAS2OHfCSz5Rwt6fJD-E_On4ZeQzggx2nucKRW925I6WYII_joQtMRlIVYAAtPC9KbaRJF3InjTX8E1eWN0t-GvmxfYj5kEhS8nFmmJhuKZRaj7JUYtHb0-KvoAh/s320/OVER+ACTION+3-01.jpg" width="240" /></a></div>
O
ano de 1998 dava o ar da graça e junto com ele meu primeiro violão, um Malaga
de R$ 70,00 – que possuo até hoje, diga-se. E, enfim, fiz minha inscrição no
curso profissionalizante de violão clássico, com duração de 2 anos, num
instituto próximo à minha casa. Lá, nós, futuros músicos, já aprendíamos a ser
tratados como “diferentes”, já que dividíamos o prédio com alunos de mecânica,
eletricidade, entre outros cursos “normais”.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
As
aulas não eram bem aquilo que eu esperava; havia muita teoria musical e na hora
da prática, ao invés dos <i>riffs</i> do
Johnny Ramone (que faziam a minha cabeça naquela época), peças e estudos de
Tárrega, Villa-Lobos, entre outros clássicos. Mas entre um exercício e outro,
lá estava eu, usando apenas dois dedos da mão esquerda, treinando <i>power chords</i>. A palheta, extremamente
desaprovada pela Professora Sueli, claro, estava sempre por perto. É que na
escola o Renato me passava algumas dicas, e o meu aprendizado ficava dividido
entre as posturas clássica e popular. A grosso modo, era como se a Sueli
trabalhasse duro para manter a minha postura erudita, mas Renato, naturalmente,
estragava tudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Durante
o primeiro semestre de curso eu “comi” violão. Estudava seis, sete, até oito
horas diárias! Meus dedos eram verdes – por conta da essência das cordas – e
possuíam uma fenda em cada um da mão esquerda. No primeiro recital do curso,
enquanto todos apresentavam peças clássicas, resolvi executar uma peça de minha
autoria: Prelúdio em Mi Menor. Era a minha vontade de “fazer” se mostrando
presente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
final daquele ano, de tanto aporrinhar meus pais, ganhei uma guitarra Golden,
um pedal Zoom 505 e um amplificador Staner de 120W. Uma combinação tosca, mas
ideal para iniciantes como eu. Com as “aulas” de guitarra <i>rock </i>que recebia de Renato eu estava pronto para me aventurar nos
sons distorcidos das seis cordas! Empolgado, começava a aprender os primeiros <i>riffs</i>.<i> <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
não me recordo bem da agenda da Dark Side durante aquele ano, mas acho que tudo
continuava seguindo o fluxo da evolução. Henrique tocando cada vez mais rápido,
Rodrigo cada vez mais cuidadoso na execução dos solos, Renato dominando as
“cavalgadas” de Steve Harris e Leonardo... Bem, Leonardo evoluía também, mas se
mostrava cada vez mais depressivo, acredito. Volto a falar melhor sobre a
personalidade de Leonardo mais adiante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
E eu
evoluía também. Já pensava em montar a minha própria banda – provavelmente de <i>punk rock</i> –, mas faltava a galera certa
para isso. Àquela altura eu já adquirira conhecimento teórico o bastante para
saber distinguir um músico bom de um músico ruim. Os critérios haviam mudado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Foi
quando certo dia, na escola...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Cara – disse-me Renato –, Henrique saiu da Dark Side!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Putz! Sério? – eu disse.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Sério. Foi tocar na Eternal Flame.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ora,
era certo que já havia gente de olho no Henrique! O cara estava numa fase
ótima, e com a saída do Alessandro Marlon (sim, esse tinha o nome artístico
normal), Nelson Hortz não pensara duas vezes em convocar o jovem guitarrista da
Dark Side. Eu não sei bem o que rolou. Pode ser que a banda de Renato e Cia.
andasse meio parada e a agenda cheia da Eternal Flame tenha conquistado o Henrique,
não sei. Com certeza teve seus motivos. Só sei que agora o Henrique estava numa
das bandas mais amadas e odiadas de São Gonçalo e a Dark Side desfalcada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Mas e agora? O que vão fazer? Parar a banda? – eu perguntei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Não – disse-me Renato –, já temos um cara em vista. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Quem?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Você, porra!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não
lembro qual foi a minha reação na hora. Mas eu devo ter aceitado o convite no
ato, eu me conheço. Mas como substituir Henrique com menos de um ano de
guitarra? E aqueles <i>riffs</i>? Como eu
seria capaz de reproduzi-los? Agora a porra tinha ficado séria!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Durante
aquela semana rolou um “intensivão” na escola. Renato e eu, cada um com um
violão, tocávamos em todo e qualquer intervalo e em toda e qualquer aula vaga!
Renato me passava, do jeito dele, uma <i>caralhada</i>
de <i>riffs</i>. Praticamente todo o
repertório da Dark Side! Eu as memorizava, na medida do possível. Algumas eram até
bem complexas para o meu nível, mas quando eu chegava em casa repassava tudo na
guitarra, durante horas e horas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Enfim,
marcamos o nosso primeiro ensaio. Um teste, na verdade. Foi num domingo, na
garagem da minha casa. Até então eu nunca havia tocado em conjunto, mas como já
conhecia os caras me senti bem à vontade. Tropeçamos nas primeiras execuções,
normal, mas depois pegamos o jeito e rolou, entre tantas outras, “Seek And
Destroy” (Metallica), “Iron Maiden” (Iron Maiden), “Paranoid” e “Iron Man”
(Black Sabbath).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
som (alto, como sempre) dava para ser ouvido num raio enorme, o que fez com que
atraíssemos para a garagem uma visita, digamos, “especial”: o baterista da
Eternal Flame (não me recordo do nome dele agora).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
esperava qualquer um, menos ele! Logicamente que o clima não ficou dos mais
agradáveis. Afinal, a banda daquele que atrapalhava o nosso ensaio havia
contribuído para o desfalque da Dark Side. Mas ele notou que não era bem-vindo
e logo nos deixou. Olhamos um para a cara do outro e voltamos a tocar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ao
final daquele “ensaio-teste”, ouvi dos caras que eu estava oficialmente na
banda! Foi bem bacana! Mas ou menos como ouvir nos dias de hoje a frase “o
emprego é seu”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]
<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-13772476889113466212012-07-30T22:47:00.004-03:002013-05-22T11:24:39.495-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte II<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Enquanto
eu fosse um zero à esquerda com os instrumentos musicais, o mais próximo que eu
poderia chegar daquilo tudo que eu sonhava fazer um dia era assistir aos
ensaios da Dark Side e, junto com os caras, curtir os shows das outras bandas
locais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Da
Dark Side apenas o Rodrigo era de Niterói, o restante era de São Gonçalo. Eu
não sei dizer exatamente o porquê, mas na cidade deles sempre rolou mais espaço
para as bandas de <i>rock</i> que na nossa
Niterói. Sendo assim, era para lá que eu ia nos fins de semana, enquanto todos
os amigos da minha rua rumavam para o famoso Pagode da Telerj. Era final dos
anos 90, e coisas terríveis tomavam conta das rádios e dos eventos de música ao
vivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Havia
uma banda muito conhecida, tanto em Niterói quanto em São Gonçalo. A Eternal
Flame. Era engraçado ler os “nomes artísticos” de seus integrantes na K7 demo
deles, algo como Alan Hortz, Leonardo Packness, Douglas Mitchell... Mas o fato
é que eles eram bons! O Alan Hortz se virava no “embromation”? Sim, mas eles
eram bons! Eles se preocupavam mais com o visual do que com as músicas que
executavam? Sim, mas eles eram bons! Sabe por que eles eram tão bons? Porque
eles lotavam os espaços com gente que gritava “Flame! Flame! Flame!”. Entende?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Certa
vez, embarcamos eu, os caras da Dark Side e mais alguns amigos em um ônibus
lotado dessas pessoas que gritavam “Flame! Flame! Flame!” e seguimos até a uma
extinta casa de shows em Piratininga, Niterói, chamada Por do Sol, se não me
engano. A Eternal Flame estava entre os dez finalistas de um concurso de
bandas. Nelson Hortz (pai de Alan Hortz e empresário da banda) tratou, então,
de levar todo e qualquer ser que vestisse preto e fosse capaz de gritar “Flame!
Flame! Flame!” para uma espécie de torcida organizada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Foi
bacana. Gritamos “Flame! Flame! Flame!” até não ouvirmos mais a nossa própria
voz, apesar de entre nós haver um outro favorito a levar o prêmio: a banda Out
Of Reality. Esses caras eram bons! Muito bons! Tocavam perfeitamente a complexa
“Holy Wars... The Punishment Due”, do Megadeth.<i> </i>E eles nem traziam pessoas gritando “Reality! Reality! Reality!”,
o que fazia deles, apenas por isso, muito melhores que a Eternal Flame.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não
lembro quem venceu o concurso, mas lembro de sairmos de lá com o dia
amanhecendo, com fome (sim, porque éramos uns duros!) e com sono, muito sono. A
volta para casa mais parecia um velório. Nelson Hortz não aceitava ter perdido
aquele prêmio. Azar dele, mas sorte nossa, que tivemos a oportunidade de ver
que havia muito mais que a Eternal Flame por aí. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nunca
mais soube da Out Of Reality. Exceto quando eles, meses depois, tocaram num
festival que rolou em uma rua fechada de São Gonçalo, próximo à lendária loja
de instrumentos Melody, junto com mais uma pá de bandas bacanas. A Eternal
Flame também estava no <i>line up </i>desse
festival, só que dessa vez com o Henrique em uma das guitarras! Bem, mas isso é
uma outra história, que contarei mais adiante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
Dark Side seguia com seus ensaios e, de acordo com os comentário de Renato na
escola, percebia que a coisa ia tomando mais forma, ficando mais séria. Os
caras evoluíam a cada semana e a inclusão de músicas como “Future World”, do
Helloween, no repertório era a prova disso. Os primos guitarristas Rodrigo e
Henrique estavam cada vez mais entrosados. Cada nota, cada <i>bend</i>, tudo era muito bem ensaiado e supervisionado pelo
perfeccionismo – e ouvido quase absoluto – de Rodrigo. Leonardo e Renato, a
cozinha da banda, ou seja, a bateria e o contrabaixo respectivamente, apesar
das frequentes divergências e discussões, também demonstravam evolução.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
Dark Side chegou a ter um vocalista, mas este eu não cheguei a conhecer. Sendo
assim, Henrique improvisava nos vocais. Chegaram, inclusive, a se apresentar no
extinto Conexão do Chopp, no Barreto, Niterói, com essa formação. No início
desse show:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Boa noite, galera – dizia Henrique –, nós somos a Dark Side (...) E gostaria de
dizer que <i>não </i>sou o vocalista da
banda...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Lembro
de estar em uma mesa com amigos da banda, e um deles, não me lembro bem quem,
soltou entre nós: “Henrique tirando o dele da reta!”, para riso de todos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Henrique
até que se saiu bem. E ele possui a gravação desse show histórico! Gravação
esta que se destaca pela famosa “pose estática” de Rodrigo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
– Se
contornarmos o Rodrigo com uma caneta na tela da TV, veremos que ele não saiu
do lugar! – dizia Renato às gargalhadas, todas as vezes em que assistíamos
aquela filmagem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
também não era para menos. O palco do Conexão do Chopp era tão minúsculo, mas
tão minúsculo, que quando a Sigma (uma das melhores bandas cover do Metallica
que já assisti) tocou por lá, só coube a bateria – um kit de dois bumbos, uma
réplica da Mapex usada por Lars Urich na época. Os outros músicos tocaram no
chão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ah!
E nessa gravação este que vos escreve também aparece, fechando o show cantando
“Breed”, do Nirvana. Com a cabeça raspada e dono de um “embromation” capaz de
colocar o mestre Alan Hortz no chinelo, eu mais parecia uma mistura bizarra de
punk com skin head. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Bons
tempos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Bons
porque foi no Conexão do Chopp que eu pude conhecer um monte de banda legal,
como a já citada Sigma. Também conheci bandas divertidíssimas, como a Power
Guido (e seu hit “I Don’t Know”), e até bandas muito “inspiradoras”, como a
Yolk, formada por quatro meninas gatíssimas da Zona Sul de Niterói.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
continuava sem saber fazer sequer um dó maior em instrumento algum. Mas a cada
dia mais envolvido com aquela coisa toda de bandas e shows, a vida de zero à
esquerda estava próxima, mas muito próxima do fim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
<!--EndFragment-->Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-42564480126850326542012-07-30T07:28:00.000-03:002013-05-22T11:24:13.583-03:00OS BASTIDORES DOS BASTIDORES: A minha história numa banda de Heavy Metal – Parte I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga9tuUxyxEMXAdZTBKSqJmpngyCz95Q3B1cl7tDEUqA4MmJxuGwFqWgJwNwaoUtGH-YRyU5j-b0FUMtSWjllUAPPdZqKn_v84u_gX3kff0QYERFslPEVrUpZwiRFEX0q3GerfjP8DNjG8s/s1600/OVER+ACTION+1-01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga9tuUxyxEMXAdZTBKSqJmpngyCz95Q3B1cl7tDEUqA4MmJxuGwFqWgJwNwaoUtGH-YRyU5j-b0FUMtSWjllUAPPdZqKn_v84u_gX3kff0QYERFslPEVrUpZwiRFEX0q3GerfjP8DNjG8s/s320/OVER+ACTION+1-01.jpg" width="240" /></a></div>
Quem
me conhece sabe que sempre fui apaixonado por música. Sempre. Desde muito
pequeno me via encantado com a arte de combinar sons e silêncios. E quem me
conhece sabe também que quase tudo que gosto eu acabo me arriscando a fazer.
Não sei se isso é bom, mas – com exceção do basquetebol – tem funcionado.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
poderia escrever sobre como a música entrou na minha vida, mas aí teríamos que
voltar aos primeiros anos da década de 80, o que seria longe demais. A ideia
aqui é contar, de forma bem resumida, uma parte da história da extinta banda de
<i>heavy metal</i> Over Action. Pelo menos a
parte em que estive presente. E para começar, devo definir como marco zero o
ano de 1997.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
tinha uns quinze para dezesseis anos. E naquele ano eu iniciava, na Escola
Técnica Estadual Henrique Lage, o então chamado 2<sup>o</sup> grau, hoje
conhecido como ensino médio. É quando você se sente mais próximo do fim daquela
longa escada que é a escola, mas sente também que os degraus vão ficando mais
difíceis de serem superados. Foi quando conheci o primeiro personagem dessa
história: Renato Ferraz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Eu
já havia me esbarrado com Renato no ano anterior, em uma aula de Eletrônica que
chamávamos de “oficina”. A gente estudava no turno da tarde, mas era obrigado a
aparecer na escola em algumas manhãs para aprender coisas interessantes como...
Como enrolar uma bobina e construir um radinho que não funcionava. Um tédio.
Mas foi em 1997 que de fato dividimos a mesma sala de aula, oficialmente,
digamos assim. Não me lembro de que forma nos aproximamos, mas sei que foi por
conta de algo relacionado à música, com certeza. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Renato
já tocava violão e contrabaixo e, se não me engano, nessa época já rolavam os
primeiros ensaios da Dark Side (o primeiro nome da Over Action). Não sei
precisar se isso foi em 1997 ou 1998, mas, devido à minha facilidade com os
desenhos...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Cara – disse-me Renato –, a gente arrumou uma casa que faremos de estúdio de
ensaio. Você podia desenhar algo nas paredes, o que acha?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Tratava-se
de uma casa da família de Henrique Pacheco, então guitarrista da Dark Side. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
–
Claro! – eu disse. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Levei
alguns lápis e o que saiu foram as logomarcas do Iron Maiden e do Metallica em
uma das paredes. Mas não tínhamos tinta, e a coisa ficou só no esboço mesmo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Nesse
mesmo dia conheci o Henrique, que tirava um som de guitarra enquanto eu
desenhava. Tudo o que sabia de Henrique é que havia aprendido todas as (dificílimas)
linhas de guitarra base do famoso <i>Kill
‘Em All</i> (primeiro disco do Metallica, de 1983). De fato Henrique já
demonstrava uma habilidade absurda para o meu entendimento. Palhetadas rápidas
e um som de guitarra animal, que nunca tinha presenciado. O som vinha de uma
guitarra Samick junto a um pedal Zoom 505, uma combinação que hoje me causaria
apenas boas risadas. E ao Henrique também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Foi
quando surgiu o convite para eu assistir a um ensaio da banda. “Claro! Vai ser
demais!”, eu pensei. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
No
dia do ensaio cheguei cedo ao apartamento de Renato. Logo apareceu o Henrique e
descemos. Presenciei tudo. A chegada dos caras àquela casa fedendo a mofo, a
montagem da parafernália, a passagem de som. Fui apresentado ao restante da
banda, o guitarrista Rodrigo Santos e o baterista Leonardo de Andrade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A
diferença entre uma banda ensaiando em uma casa “própria” e uma banda que aluga
um estúdio é apenas uma: a preocupação com o tempo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Do
momento em que chegaram à casa até o primeiro acorde do ensaio, sabe-se lá
quantas horas se passaram. Tudo era assunto. “Já ouviu o novo disco do Judas
Priest?”, “Cara, dá uma escutada nesse riff”, “Olha o som que consegui com esse
pedal...”. Eu também devo ter dado meus palpites e ajudado em todo aquele
atraso, mas seria um idiota se não me enturmasse logo com aquele pessoal. Eles
estavam fazendo aquilo que há anos tive vontade de fazer!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Depois
de muito papo, lá estava a Dark Side tocando músicas do Black Sabbath,
Metallica, Iron Maiden, Ramones... Curiosamente, no meio do ensaio, fui
convidado a cantar “Palhas do Coqueiro”, dos Raimundos. Foi bacana cantar pela
primeira vez. O problema foi que eu gostei. E muito!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Quando
o ensaio terminou já era noite e tudo o que eu ouvia era um zumbido forte, o
que não era para menos; a casa não possuía qualquer tratamento acústico e os
caras tocavam alto! Muito alto! Eu me posicionei próximo à bateria e quem já
viu o Leonardo atacar os pratos pode imaginar o que passei durante aquelas
horas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Lembro
de ter chegado em casa morto de cansaço, como se eu tivesse ensaiado também. Mas
sentia que algo havia mudado em relação ao que sentia pela música. A ideia de
aprender a tocar violão me vinha desde os dez anos, se não me engano. Mas foi
naquele dia que disse a mim mesmo: "Foda-se! Vou aprender essa merda!" Bem, desse
“foda-se” até eu realmente aprender algo levou um certo tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
[Continua]<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-53255043825352945862012-02-07T11:48:00.002-02:002012-02-07T11:49:53.174-02:00JÁ DOZE<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Vjsh8ENxdOE/TzEr2ns_ppI/AAAAAAAAAv0/R6XIw1xSJqY/s1600/blog.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 241px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-Vjsh8ENxdOE/TzEr2ns_ppI/AAAAAAAAAv0/R6XIw1xSJqY/s320/blog.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5706390420225762962" /></a><div style="text-align: justify;">Os garçons ainda ajustavam detalhes de algumas mesas e o barulho de talheres e copos podia ser ouvido no momento em que chegávamos ao restaurante. Era aniversário de uma velha amiga minha, a Nina, que para comemorar suas vinte e seis primaveras marcara um discreto jantar entre os mais chegados. Como meu pai estava viajando e eu não tinha com quem deixar a Daniela, minha irmã mais nova, resolvi levá-la.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, não quero ir a jantar nenhum, mano! – dizia-me Daniela horas antes de irmos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E você lá tem querer, Dani? Eu não quero perder esse jantar e eu não tenho com quem a deixar! Sendo assim...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Eu posso ficar em casa, mano! Por favor! Eu já tenho doze anos!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Como se fosse muito responsável, Dani... Você irá comigo e está decidido. Já para o banho!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E assim foi.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Assim que nos acomodamos na mesa reservada por Nina, Dani emburrou a cara e disse:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Que legal, somos os primeiros a chegar...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como uma menina de doze anos já tinha tão formada a ideia de que chegar ao local antes do aniversariante é um mico? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– A Nina já deve estar chegando, Dani. Deixe de ser enjoada!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Daniela me fazia uma careta, enquanto Nina apontava na porta do restaurante.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Viu só? Ela chegou! – eu dizia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nina estava bronzeada de praia. Estonteante! Fazia calor naquele fim de tarde e, por isso, ela vinha com um vestido bem leve, deixando um dos ombros e boa parte do tórax à mostra. O cabelo, castanho e cacheado, vinha preso num simples – e lindo! – rabo de cavalo. Trazendo aquele sorriso inconfundível no rosto, Nina se aproximava de nossa mesa como se estivesse em um desfile de moda, com aquele longo par de pernas abrindo caminho.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Carlinhos, que bom que você veio! – dizia-me Nina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não deixaria de vir, Nina! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Amigão, que saudade “d’ocê"! – ela brincava, fazendo referência ao tempo em que nos conhecemos, ainda na adolescência, quando Nina estava recém-chegada ao Rio, vinda do interior de Minas Gerais.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Também, Nina, muita saudade!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E quem é essa...? Ah, não! Não vai me dizer que é a...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, é a Dani! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meu Deus, Carlinhos, mas está uma moça!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É, ela cresceu.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Você lembra de mim, Dani?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não... – respondia Daniela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Está uma gatinha, né, Carlinhos? – brincava Nina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Gatinha? Ainda não, claro. Daniela era só uma criança. Mas uma criança linda, isso é verdade. Embora naquele momento fizesse cara de zangada, Daniela era dona do sorriso mais cativante do mundo! Agraciada por uma singela pintinha abaixo do olho esquerdo, minha irmã era capaz de hipnotizar os adultos, que se agachavam para dizer o de sempre: </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ela tem um sinalzinho abaixo do olhinho, que graça – continuava Nina. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Tratamos de nos sentar. E eu queria aproveitar o atraso dos outros amigos de Nina para matar a saudade, saber o que ela havia feito da vida, enfim, colocar o assunto em dia. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esclarecendo, antes que o leitor pense, não, nunca houve de minha parte segundas intenções em relação à amizade de Nina, que morava, sim, no meu coração. Era uma verdadeira amiga.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nina, então, me contava tudo o que vinha feito. Seus empregos, seus namoros, suas mudanças após a faculdade, suas brigas com os pais... Minha atenção estava <i>quase</i> toda voltada ao que Nina me dizia, porque parte desta rumava ao estranho olhar de Daniela em direção à minha amiga. Como irmão mais velho, sempre procurei observar suas ações, a fim de protegê-la e educá-la.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No momento em que Nina pedia licença para ir ao toalete, eu pude notar a direção exata das vistas de Daniela: os seios erguidos de minha amiga. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mamãe morrera quando Daniela tinha apenas três anos, e a falta de uma referência feminina lá em casa parecia estar surtindo efeitos no desenvolvimento da menina. Meu pai era ausente demais. Restava a mim esse papel delicado de mãe. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Dani, há alguma coisa em Nina que te incomoda?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah? Não, não... Nada... – Daniela respondia meio assustada.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Enquanto eu estava conversando com Nina vi que você não tirava os olhos dela. É feio ficar observando as pessoas, viu?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ih, mano, deixa de ser chato! Só tava olhando os peitos dela! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meu Deus, Dani! Por que ficou olhando os seios da Nina?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– São bonitos!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Dani, não quero mais saber de você olhando os seios da Nina, OK? Nem de ninguém! Isso é feio! Se ela vir que você está olhando, vai ficar chateada com você!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ela já ficou chateada com você, mano?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, por quê?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Porque você também olha os peitos dela!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Dani, fim de papo! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nina voltava. E dizia:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meus amigos são uns furões! Oito horas já, e nada! Marquei às sete! Vamos pedir alguma coisa, Carlinhos? A Dani deve estar com fome! Chega de esperar...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, claro – eu dizia. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * *</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O jantar se resumiu a nós três mesmo. Ninguém apareceu, além de Daniela e eu, deixando Nina nitidamente muito triste. Um fio de lágrima chegou a brotar de seu olho direito, mas ela disfarçou e o secou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Continuamos a conversar e lá estava Daniela com seus olhinhos brilhantes sobre os seios de Nina. Por conta disso e da língua afiada de minha irmã, eu não queria, nem por um segundo, deixar as duas sozinhas. Mas não consegui aguentar e precisei ir ao toalete.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Enquanto minha urina cortava o gelo que cobria o ralo do mictório, eu pensava se Daniela não estava falando alguma besteira para Nina, ao mesmo tempo em que me preocupava com o que aquela observação estranha de Daniela poderia significar. Como eu queria a minha mãe viva naquele momento...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Voltei à mesa e as duas estavam às gargalhadas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– O que houve? – eu dizia – Qual foi a piada que eu perdi?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não fala, Nina! Não fala! – insistia Daniela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ih, Carlinhos, é segredo... Não posso dizer... – dizia Nina ainda a gargalhar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, agora vocês vão me dizer! É sobre mim, não é? – eu perguntava com medo da resposta.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, Carlinhos – dizia Nina – é sobre a Dani mesmo! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Gelei.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– O que foi que você disse à Nina, Dani! – perguntava de forma séria.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Vou no banheiro – fugia Daniela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– O que ela te disse, Nina? O que exatamente ela te disse?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, Carlinhos, ela só disse assim: “Nina, você acha que quando eu crescer os meus peitos vão ficar como os seus, bonitos?”. Só isso. E eu comecei a rir, nem deu tempo de respondê-la. Ela riu também. Foi isso. Relaxe... </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Relaxe? Você acha isso normal, Nina? Ela tem doze anos!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, acho! Exatamente por isso, Carlinhos. Ela já tem doze anos.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-75595847243998720942012-01-23T16:18:00.003-02:002012-01-23T17:13:28.599-02:00INFERNO D'ÁGUA<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qVJ_Oqy9JjE/Tx2k95W8nAI/AAAAAAAAAvk/CT4Ucpg7OAU/s1600/blog.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 241px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-qVJ_Oqy9JjE/Tx2k95W8nAI/AAAAAAAAAvk/CT4Ucpg7OAU/s320/blog.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5700894086596959234" /></a><div style="text-align: justify;">As nuvens negras, que há horas apontavam no horizonte, ameaçavam agora, mais perto, despejar sobre a praia a pior de todas as tempestades. Os mais seguros já haviam partido, mas os que acreditavam em mais um sonho de verão ficaram para viver um pesadelo composto por vento, areia e água, mas muita água.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Minha namorada, Silvinha, linda, se banhava sob minhas vistas no momento do primeiro estrondo. Um trovão que parecia estar ali, tomando cerveja conosco, de tão perto. Só então, sem aquele sorriso comum da estação mais quente, a areia voltava seus olhares para o céu. “Fudeu!”, gritava um. “Carai, véi!”, dizia outro. E como se estivéssemos na boca de um furioso tornado, presenciamos guarda-sóis e cangas voando sem destino. Era possível ouvir as ordens dos donos dos quiosques: “Não deixem ninguém sair sem pagar!”. Mas isso era impossível para os garçons, que eram derrubados com facilidade pelas rajadas de areia e vento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu tentava avistar Silvinha na água, mas naquela altura uma confusão de gente se misturava às nuvens de areia, o que dificultava muito a minha visão. Eu não sabia para onde olhar, e meus berros por Silvinha pareciam não sair da garganta; era como se eu estivesse mudo. Até que senti a mão macia que me ganhou pelo pulso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Vamos! – ela me dizia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Num misto de alívio e medo, segui com ela rumo ao estacionamento, a uns trezentos metros de onde estávamos. Os pingos grossos da chuva já nos golpeavam as costas ardidas. Todos gritavam de dor, nunca vi coisa igual! Parecíamos ser expulsos da natureza por ela mesma, chicoteados! A maioria, desesperada, atravessava a rua principal sem atenção. E, por isso, muitos foram parar sob as rodas dos carros velozes.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Consegui avistar o portão do estacionamento sendo fechado às pressas pelo dono. Corri e cheguei a tempo de entrar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Por que está fechando? – eu perguntava – Tem um monte de gente querendo entrar! Não está vendo a tempestade?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Vão sair sem pagar! Não tenho nada com a chuva!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em questão de segundos, ainda olhando para o chão, puxei do bolso uma nota de vinte e o entreguei.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Agora abra esta merda de portão! Queremos sair daqui!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Corremos para o carro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Abri as portas e praticamente nos jogamos para dentro do veículo. Só então percebi que...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– QUEM É VOCÊ? – eu perguntava àquela mulher.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Perdão, moço, mas é que não sabia para onde ir! Peguei na mão do primeiro que vi!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meu Deus! Eu pensei que fosse minha namorada, sua doida! Argh! Precisamos ir atrás dela!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não podemos! Não com essa tempestade!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O pior é que aquela mulher tinha razão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O estacionamento já tinha água cobrindo quase três quartos dos nossos pneus. O portão, ainda fechado, balançava. Eu achava que fosse a força do vento, mas era o poder da massa, que empurrava o portão a fim de arrombá-lo. O barulho da chuva não me deixava ouvir, mas com certeza aquela multidão gritava ainda mais de dor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até que o portão veio abaixo. As pessoas, com água na canela, quase no joelho, se atropelavam em busca de seus carros. Não era a quantidade de chuva que assustava, mas sim o peso com a qual ela caía sobre nós. Eu ligava o limpador de para-brisas a fim de enxergar melhor, porque era bem capaz de Silvinha estar entre aquelas pessoas que agora invadiam aquele estacionamento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ela vai aparecer! Confie! – dizia aquela mulher.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Por favor, cale a sua boca! Era Silvinha quem deveria estar segura, aí onde você está!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Perdão...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Rapidamente aquela multidão ocupou seus respectivos veículos. Alguns até davam partida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas e Silvinha?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meu Deus! Ela não veio! Eu vou até lá! – eu dizia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, por favor! É perigoso! Olha o nível da água! Espere a chuva acalmar!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Acalmar? Você está louca? Preciso salvar Silvinha! E você fique aqui, OK?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Saí do carro e segui em direção a sei lá o quê. Não sabia para onde ir. Só sei que atravessei a rua alagada e cheguei até a areia – sabe Deus como. Os golpes da chuva pareciam ainda mais fortes sobre minhas costas. Não era possível avistar quase nada. Estava tudo “branco” à minha frente. Comecei a gritar o nome de Silvinha.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em vão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sem pistas de onde poderia estar Silvinha, voltei ao estacionamento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Nada, não é? – perguntava-me a mulher.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– O que acha? Está vendo a Silvinha aqui comigo, por acaso?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Também não precisa ser um grosso!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Argh... Não vamos sair daqui, OK? Essa chuva é de verão, vai passar! E assim que isso acontecer, VOCÊ vai me ajudar a encontrar Silvinha!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É o mínimo que posso fazer pela sua ajuda...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todos os carros já haviam saído do estacionamento, menos o meu. Ali ficamos, aquela mulher desconhecida e eu, esperando pelo fim daquela tempestade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Depois de pelo menos uns quinze minutos de silêncio:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Qual o seu nome? – eu perguntava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Olívia. E o seu?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Maurício. Estava com alguém na praia?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, com uns amigos. Mas me perdi deles naquela confusão. Espero que tenham conseguido abrigo...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Você conseguiu, não é mesmo? Eles também conseguiram. Aposto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Assim espero...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Só espero que Silvinha esteja bem. Que tenha se abrigado...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Chorei calado. Olívia apenas observou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * *</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Após quase uma hora de chuva forte, tivemos condição de sair em busca de Silvinha. Havia destruição para onde olhávamos. Vários quiosques vieram abaixo, árvores tiveram suas raízes arrancadas e até alguns corpos de pessoas atropeladas foram parar na areia da praia. Tive que vestir o manto da frieza e encarar aquela difícil missão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Olívia, vamos verificar aqueles corpos. Silvinha é morena, tem cabelo curto, veste um biquíni azul marinho e...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Por que vamos começar pelos mortos, Maurício? Sua namorada está viva! E deve estar abrigada em algum lugar!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não sei... Apenas faça o que eu digo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela não estava entre os corpos, graças a Deus. E, pelo visto, nenhum dos amigos de Olívia também.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E agora? – Olívia me perguntava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não sei... E se ela se afogou?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Você não crê mesmo, né?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não é isso! Eu tenho que levantar todas as hipóteses!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Mas só levantou hipóteses negativas até agora, Maurício!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E você tem ideia melhor?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Tenho! Vamos voltar para o estacionamento!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E desistir? Nunca!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ela está lá te esperando!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, então és uma vidente?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sem me responder, Olívia seguia para o estacionamento. Eu ia junto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No caminho pensei em tudo o que havia vivido com Silvinha até então. Ao mesmo tempo em que pensava em como explicar o ocorrido aos pais dela. Seria difícil...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas chegando ao estacionamento, Silvinha estava lá, em pé, ao lado do meu carro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– SILVINHA! – eu gritava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nós nos abraçamos como se não nos víssemos há séculos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Silvinha, que bom que você está bem! Eu me perdi de você, e...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, eu sei disso, meu amor! Mas consegui me abrigar em um quiosque que, graças a Deus, não caiu. Fiquei pensando se você tinha se salvado...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Nossa, que susto... Bem, essa aqui é a Olívia... Olívia?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O que pude ver no local onde Olívia se encontrava foi um clarão seguindo em direção às folhas de uma amendoeira. Antes que aquele feixe de luz se apagasse por completo, já acima das árvores, ainda pude ouvir a voz de Olívia dizendo:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não sou vidente, Maurício, mas quase isso.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-7160673382277332522012-01-13T20:07:00.001-02:002012-01-13T20:11:03.420-02:00NOVA<a href="http://4.bp.blogspot.com/-JULcAtEFRKU/TxCr2H853SI/AAAAAAAAAvU/Dhk887BTMXE/s1600/blog.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-JULcAtEFRKU/TxCr2H853SI/AAAAAAAAAvU/Dhk887BTMXE/s320/blog.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5697242474959461666" /></a><div style="text-align: justify;">Ela estava doida pela noite daquela sexta-feira. Queria cair na balada. E isso estava muito claro no balançar de seus cabelos loiros e curtíssimos. Embalada pelo som emitido por um aparelho de som portátil, ela simulava estar no meio de uma pista de dança, ao mesmo tempo em que contava o meu troco, ali, apertadinha na cabine do caixa, no depósito de doces próximo ao meu escritório.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meu troco está errado... – eu disse.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ahn? – ela respondia, ainda sem olhar nos meus olhos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– O meu troco. Está errado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, sim, desculpe-me! Quanto você me deu mesmo?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Dez.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Foi um chiclete e dois amendoins, certo?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Certo... – eu respondia já perdendo a paciência.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela refazia suas contas, de cabeça. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Está certo agora? – ela perguntava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, agora está.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– OK! Próximo!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * * </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Chovia muito naquela noite. O meu relógio marcava oito da noite quando lembrei que combinara um <i>chopp</i> com um amigo no Jazz Bar. Corri para lá, debaixo de uma água tremenda. Fazendo o paletó de guarda-chuva, consegui chegar até a primeira mesa do lado de dentro do estabelecimento. Passei a vista pelas outras mesas e constatei que meu amigo Charles ainda não havia chegado. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Um Black Label, <i>cowboy</i>, por favor – eu pedia ao garçom.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Gosto de beber <i>whisky</i> antes do <i>chopp</i>. É como se o primeiro me preparasse para o segundo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Enquanto aguardava meu amigo aparecer, observava o comportamento dos presentes. Oitenta por cento ali era amante do bom e velho Jazz, que aguardavam pela voz da Mônica Lisboa. A minoria restante não passava de um bando de adolescentes fazendo um “esquenta” antes de cair para as <i>boites </i>vizinhas. E foi observando esses adolescentes é que avistei aquela doida que me atendera à tarde no depósito de doces.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela estava acompanhada de alguns rapazes. Eles riam muito. E bebiam bastante também. Na mesa deles havia uma quantidade enorme de latas de cerveja barata. “Como eles conseguem beber essa merda?”, eu pensava. Mas algo fazia com que eu não tirasse o olho daquela garota. Lembrar-me dela se enrolando com o meu troco causava-me grande irritação, mas ao mesmo tempo causava-me também uma curiosidade estranha; queria saber até que ponto ia o seu jeito abobalhado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Chamei o garçom e:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ei! Está vendo aquela loirinha ali, perto daqueles rapazes de preto?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, senhor!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ofereça um <i>chopp</i> Guinness a ela. Diga que é por minha conta.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, claro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O garçom entregou o “presente” e apontou para mim. Disfarcei. Fingi que não estava aguardando sua reação. Quando virei o rosto em direção a ela...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Oi! – dizia-me aquela menina, já puxando uma cadeira em minha mesa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Oi... Você é rápida!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Eu? Acho que não... Eu me lembro de você. Mas... Por que o <i>chopp</i>?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É... Eu não sei. Gosto de proporcionar ao próximo alguns dos prazeres dessa vida. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Beber uma Guinness, por exemplo?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, claro! Esse é apenas um dos prazeres.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É algum tipo de publicitário, fazendo testes com pessoas?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, não. Deixe eu me apresentar. Meu nome é Gilberto, mas pode me chamar de Gil. Sou contador. E você?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Eu me chamo Norma, e minha profissão você já sabe, não é?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, claro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Norma bebia a Guinness com tanto prazer. Meu Black Label sumira do meu copo, então a acompanhei no <i>chopp</i>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela me parecia mais centrada e mais “cabeça” também. Vestia uma jaqueta de couro sobre uma malha branca. A calça jeans era surrada, mas um charme só. Pude notar uma pequena tatuagem sobre a nuca.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Quantos anos o senhor tem? – ela me perguntava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Trinta e oito.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Um pouco velho para mim. Casado?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Desquitado. E você?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Solteira. Vinte e dois anos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Muito nova para mim.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Imaginava mais?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, uns vinte e três.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Algum problema com o número dois?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Talvez...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Completo vinte e três amanhã, às duas da madrugada.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Hummm... Não estará mais tão nova para mim.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Assim como você não estará mais tão velho. Para mim.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Vai comemorar com seus amigos? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, quer vir?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não. Marquei com um amigo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ele não vem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Como sabe?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não sei. Só digo isso porque quero que venha comigo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Depois dessa frase só me lembro de estar rodando o paletó em meio a uma pista de dança repleta de jovens loucos. Norma beijava seus amigos na boca, o que fazia com que eu me sentisse um velho de noventa anos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Por que beija seus amigos na boca? – eu perguntava à Norma.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ciúmes?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não há motivos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E se eu te beijar?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Aí haverá motivos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Para ciúmes?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Também. Mas me referia aos motivos que terei para te levar para cama. Já passam das duas e você já não é tão nova assim.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É verdade. O que está esperando?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * *</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Para onde você vai? – eu perguntava à Norma, ainda deitado na cama do motel.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Para o trabalho, ora. O depósito abre aos sábados.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Chefes... Feliz aniversário, menina. E se cuide. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Já tenho vinte e três, Gil. Sei me cuidar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sei que sabe. Eu te vejo na segunda?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Claro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sinto-me estranho... Sabe qual a diferença entre a sua idade e a minha, Norma?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sei... Deixe-me ver... É...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela se atrapalhava com as contas, de novo. Mas aquilo não me irritava mais. Eu concluía que Norma nascera para me irritar durante o dia. Mas enlouquecer-me por toda a noite. </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-38564487331622218482011-12-14T14:26:00.001-02:002011-12-14T14:28:09.013-02:00SONHOS & SONHOS<a href="http://2.bp.blogspot.com/-qumS6MAZ-kg/TujOavwdgPI/AAAAAAAAAus/PTfHE4yfv_Y/s1600/blog.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 239px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-qumS6MAZ-kg/TujOavwdgPI/AAAAAAAAAus/PTfHE4yfv_Y/s320/blog.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5686021488446898418" /></a><div style="text-align: justify;">Trabalhar em uma loja especializada em gravatas nunca fora o meu sonho – e acho que o de ninguém ali –, mas até que tinha sua vantagem: na época de Natal, enquanto todos os outros lojistas do shopping dobravam seus expedientes com apenas um sanduíche na barriga, nós da Gravataria Di Paula podíamos tirar uma (longa) hora de almoço sem nos preocupar – o movimento era fraquíssimo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ganhávamos pouco, logicamente, mas eu, pelo menos, não ligava muito para isso; era o suficiente para pagar o curso de desenho e me vestir – eu ainda morava com meus pais, o que facilitava. Éramos um bando de acomodados, essa é a verdade. Mas a nossa paz teve seus dias contados quando o dono da loja, o Sr. Aurélio Di Paula, faleceu, deixando tudo nas mãos de seu filho Laurêncio Di Paula.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– A moleza acabou, rapazes! – disse-nos Laurêncio no dia em que assumiu a loja – Meu pai estava acomodado a vender apenas gravatas, o que o encheu de dívidas! A partir de dezembro vamos vender roupa social também! E nesse Natal vocês terão meta, OK? Serão comissionados, claro! Vocês progridem, eu progrido! Fechado?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E o que pretende fazer para chamar a atenção dos clientes, Sr. Laurêncio? – eu perguntei.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Já tenho tudo planejado, senhor... senhor...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Emerson, senhor – eu o ajudava a recordar do meu nome.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Isso! Já tenho tudo planejado, Sr. Emerson! A partir de segunda-feira esta loja será outra! E espero que vocês sejam outros também! Se é que me entendem...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na segunda-feira seguinte, como Laurêncio prometera, lá estava a Gravataria Di Paula com araras repletas de roupas sociais. No estoque não cabia uma mosca, de tanta caixa empilhada. O astral na loja estava péssimo, pois o trabalho que nos esperava fungava os nossos cangotes.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Enquanto eu vestia o novo uniforme, em um dos novos provadores, pude ouvir a voz doce de uma mulher dizendo:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, Sr. Laurêncio, pode deixar comigo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Saí do provador num misto de medo e curiosidade. E lá estava Ísis, a menina que de tão linda parecia estar em nossa loja por engano.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Emerson! – chamou-me Laurêncio – Essa aqui é a Ísis. Ela ficará de Mamãe Noel aqui na loja, para chamar a atenção dos clientes durante o período de Natal, OK? Como um dos mais novos aqui, auxilie Ísis no que precisar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu deveria questionar o fato do mais novo ser o responsável por tal tarefa, mas não tive coragem, porque logo pensei em todos os segundos que passaríamos juntos, sempre que Ísis tivesse algum tipo de dúvida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Claro, Sr. Laurêncio!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Que bom. Então, gente – disse-nos Laurêncio –, ao trabalho!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Tratei de chegar até Ísis, mas sem antes repará-la. Um metro e setenta, eu acho. A pele alva exibia uma singela tatuagem: um anjo, na nuca. As medidas eram delicadas e estonteantemente pequenas, exceto o busto, que, talvez por fugir um pouco à regra daquele corpo, causava ainda mais atração aos olhos. Ainda tinha um rostinho de beleza rara, coberto de sardas, que deixava, diante de competição acirrada, sobressair um par de olhos, grandes e castanhos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Olá, Ísis. Eu sou o Emerson. Qualquer coisa, é só chamar!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Obrigada, Emerson!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Nada!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Após exatos três segundos:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Emerson? – chamou-me Ísis.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Oi.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– A que horas eu lancho?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Bem... – eu pensava um pouco e – No mesmo horário que eu, pode ser?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Claro!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * *</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ideia brilhante a minha! Às três da tarde, tive a honra de descer para a praça de alimentação ao lado de Ísis vestida de Mamãe Noel – linda, diga-se de passagem. Sentamos em um café e pedimos um desses lanches baratos, para duas pessoas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Gostando do trabalho, Ísis? – eu perguntei.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Odiando!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Nossa! É tão ruim assim?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Quer experimentar? – ela ria, mesmo diante da desgraça.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, obrigado. Eu fico melhor de pinguim.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Acha que está adiantando, pelo menos?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Acho sim. Nunca tivemos tanto movimento. Infelizmente, mas...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Preferia o marasmo, não é?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sinceramente, Ísis? Sim. Detesto trabalhar lá...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E o que gostaria de fazer?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Desenhar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sabe desenhar?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Estou aprendendo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Pode me desenhar?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Aqui, agora?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ísis pegava um guardanapo e uma caneta no balcão do café.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim! Temos dez minutos, não é?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Mas...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Vamos! Comece!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu fiquei nervoso com a pressão de Ísis, mas pensei que seria ótimo se eu conseguisse desenhá-la naquelas condições. E consegui.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Após alguns minutos:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Pronto! O que acha?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ísis pegou o desenho e, boquiaberta, o observou. Até que:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Cara! Você é demais! O que está fazendo vendendo gravatas?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Roupas sociais, na verdade...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Que seja! Está perdendo tempo! Eu pediria as contas agora e correria atrás do meu sonho!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não posso...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Por que não, Emerson?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não larguei esse emprego até agora, porque meu pai sempre me disse para eu aguentar firme na Di Paula, que o que é meu estava por vir. E acho que estou começando a entender isso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Então acha que vai desenhar gravatas para a Di Paula, ao invés de vendê-las?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não é mais sobre desenho que estou falando. É sobre você! – eu disse.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-77247652476403644782011-12-06T16:33:00.002-02:002011-12-06T16:35:24.932-02:00INTERNO<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Yq3rHG0WIYk/Tt5gVKqNaoI/AAAAAAAAAug/UkwXxG-S-dI/s1600/capa.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 241px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-Yq3rHG0WIYk/Tt5gVKqNaoI/AAAAAAAAAug/UkwXxG-S-dI/s320/capa.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5683085696543058562" /></a><div style="text-align: justify;">Ela nunca fez meu tipo. Não mesmo. Diria até que Carina é o oposto daquilo que sempre busquei em uma mulher, pelo menos no que diz respeito à aparência. Mas basta ela dizer um “oi”. Pronto. A coisa muda de figura.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu conheci Carina em uma festa de fim de ano, na casa de um amigo. Não era bem uma festa, confesso, e sim uma reunião de músicos frustrados, como eu. A gente juntava alguns engradados de cerveja, os cobria com tábuas de trinta centímetros e fazíamos daquilo o “nosso palco”. Era divertido, para não dizer cômico.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Algumas pessoas levavam seus convidados, e a Carina era uma das convidadas do Nelson.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Olá, Nelson. Espero que toque suas músicas antes de beber! – eu dizia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Júlio – dizia-me ele –, você sabe que minhas músicas sem álcool não têm a mínima graça!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Por isso mesmo, Nelson! Eu quero que as minhas sobressaiam! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Júlio, você é um fanfarrão! Mas como gosto de você mesmo assim, vou te apresentar uma pessoa muito especial! Essa aqui é a Carina!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aquela menina reluzente de tão branca e de rosto quase sem expressão me estendia sua mão como que quisesse apertar a minha em um cumprimento “masculino”. Porém, mesmo sem me interessar pelo que via, tomei, com classe, aqueles dedos delicados de Carina e os beijei. Ela sorriu de forma singela e tímida. Na certa não esperava ação tão cordial de um sujeito cujas calças apresentavam rasgos sobre o joelho.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Carina, não caia na conversa desse cretino, OK? – dizia Nelson em tom de brincadeira – Eu vou ali pegar umas cervejas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, não, ele vai beber, Carina! – eu brincava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E ela sorria. Dessa vez um pouco menos tímida. Tirava da direção dos olhos uma mecha de fios negros, longos, quase ondulados, e sussurrava:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Engraçado...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Engraçado? Eu? – eu perguntava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Você ainda não viu o Nelson no palco, Carina...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nelson não voltou com as cervejas que prometera, e foi bem melhor assim. Carina e eu pudemos conversar e... Meu Deus... Cada palavra dita por aquela menina me provava o quão apaixonante ela era. Minhas frases eram imensas, gagas e cheias de ramificações a assuntos que nada tinham a ver com o momento. Enquanto isso, Carina era a síntese perfeita; ela soltava apenas as palavras necessárias, ora para o meu entendimento, ora para o desenvolvimento de uma paixão que já me transbordava pelos ouvidos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Você não vai tocar? – ela me perguntava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim. Estou escalado para subir ao palco depois do Nelson.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Palco... – ela dizia a sorrir.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não zombe do nosso palco, Carina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, imagina! Eu acho tão lindo isso que vocês fazem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Acha mesmo? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim. De verdade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aquela frase foi de fato a cereja do bolo, porque enquanto as meninas mais lindas da rua nos olhavam como se fôssemos assaltar suas casas e estuprar suas irmãs mais novas, Carina achava linda a nossa tarde natalina de rock n’ roll. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É a primeira menina que escuto elogiar – eu dizia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Que isso... – dizia Carina levando o copo de cerveja aos lábios com as duas mãos, como se alimentasse de uma caneca de Nescau.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– JÚLIO, VENHA ATÉ AQUI! – gritava Nelson de cima do palco, bêbado feito uma porca – LARGUE O PESCOÇO DA CARINA, DESEJE UM FELIZ NATAL AOS PRESENTES E FAÇA O SEU MELHOR, SEU GUITARRISTA DE MERDA! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meu Deus, acho que ele bebeu demais, Júlio – dizia-me Carina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Desculpe-me pelo Nelson, Carina. E pelo “pescoço” também. Ele está bêbado...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Que isso... A parte do pescoço eu gostei – dizia Carina sem muito bem me encarar, dividindo seu olhar entre o meu tórax e o chão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela tinha um jeito todo seu de ser tímida e descolada, “sem sal” e encantadora, tudo ao mesmo tempo. Isso me deixava confuso e cada vez mais a fim de alcançar seus lábios.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– E que parte você não gostou?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Da parte que você vai subir ao palco e me deixar aqui sem ter com quem conversar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O que dizer a uma menina como a Carina numa hora dessas? Não disse nada. Só a beijei.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– LARGA A MENINA, SEU CRETINO HAHAHAHAHAHA! – gritava ainda mais o Nelson.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * *</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No dia 24, antes de ir para o Espírito Santo passar o Natal com a família do meu pai, marcamos de nos ver. Eu, atrasado, cheguei ao local com a sorte de vê-la de longe, ainda a me esperar. Ela vestia flores, da sapatilha ao singelo arco. Carina olhava para o céu e sorria, mesmo sob as negras nuvens, que anunciavam a tempestade de verão que estava por vir.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Desculpe a demora, Carina. Eu...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Carina não me deixou completar. Acolheu-me em seus braços e me beijou o pescoço com doçura. Mesmo com a boca desocupada não emiti palavra. Quieto eu fiquei, até que cessasse toda aquela sensação estranha em meu corpo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Feliz Natal, Júlio – ela me disse a sorrir.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Foi o beijo mais prazeroso que já recebi, Carina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Mas foi só um beijinho, no pescoço. Foi tão bom assim?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sim, porque, no meu pescoço, foi o único!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mesmo não fazendo meu tipo, mesmo sem eu saber ao certo que de fato me atrai, sigo com Carina. Acho que quando alguém te acende uma paixão, das duas uma: ou esta pessoa seguiu todas as regras e padrões de conquista – agindo como uma “pessoa de série” –, ou foi simplesmente ela mesma. E é na segunda opção que a paixão tem mais chances de se candidatar ao posto de amor.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-80556268526657706692011-11-18T09:56:00.006-02:002011-11-18T10:03:36.771-02:00VINHO BRANCO<a href="http://2.bp.blogspot.com/-OP4TK3Uvw_w/TsZJMgJ3LuI/AAAAAAAAAuM/JVXTzg9KBUE/s1600/blog.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-OP4TK3Uvw_w/TsZJMgJ3LuI/AAAAAAAAAuM/JVXTzg9KBUE/s320/blog.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5676304859485646562" /></a><div style="text-align: justify;"><p class="MsoNormal">Na janela, a chuva que teimava em cair. Na agulha, um velho disco do John Coltrane. Não era bem tristeza o que me tomava, mas um vazio. Imenso. O término do namoro era duro para mim, mas pior fora a infeliz descoberta de não ser o único a beijar os pequenos lábios de Sofia. Uma traição que não se apresentava asquerosa unicamente por sua existência, mas também por sua forma – era sob os carinhos de um primo meu que Sofia se contorcia com mais vontade.</p></div><div style="text-align: justify;">O calor esperado naquele mês de dezembro só daria as caras em meados de janeiro, o que fez com que o clima de Natal me abraçasse com um pouco mais de romantismo. Enquanto o jazz de Coltrane soava por cada metro quadrado de minha sala, eu degustava um delicioso Romeo y Julieta, meu charuto predileto. Na taça de vinho, que repousava sobre a mesa de centro, sequer toquei, já que tudo naquela bebida me lembrava Sofia – havia duas taças e uma garrafa vazia no local onde a flagrara com meu primo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pensei em ligar para alguns amigos, precisava espairecer a mente, me divertir... Mas o telefone tocou alto, logo após alcançá-lo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Alô... – eu disse.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– George? Sou eu, Letícia, tudo bem?</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Oi, Letícia... Nem tanto, mas e você?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Péssima... Mas diga, o que houve?</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pensei em me abrir. Afinal, Letícia era uma das minhas melhores amigas. Mas confesso que morri de vergonha. Imagine! Traído pela namorada e pelo primo de uma só vez! Eu não merecia aquilo, muito menos me expor à Letícia dessa forma. Resolvi ser breve, mas sem mentir:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Sofia e eu... Nós terminamos, Letícia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Nossa, George, que chato isso...</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– É...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Bem, então deixe. Não vou te atrapalhar...</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não, que isso?, está tudo bem, Letícia. Diga-me. Por que está “péssima”?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Ai, George, você não vai acreditar... O Rodrigo terminou comigo...</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Putz...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Rodrigo era um canalha. A verdade é que Letícia não fazia ideia do mal que acabara de se livrar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Pois é, amigo, perdi meu chão. Estou desesperada!</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ora, Letícia, também não é para tanto... Isso passa, não acha?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Não, George. Acho que vou morrer sofrendo pelo Rodrigo, essa é a verdade.</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Besteira...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nós éramos muito amigos, mas nossos antigos relacionamentos haviam nos deixado um pouco longe um do outro. Abandonados, estávamos, então, em solidão igual. Ela precisava desabafar com seu amigo aqui, assim como eu precisava muito do ombro dela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como era de se esperar, nos ligamos bastante nos dias seguintes. Ela e eu, já de férias na faculdade, tínhamos algum tempo livre para isso, geralmente à noite, após o expediente de ambos – ela estagiava em uma empresa de papéis, eu em um jornal de bairro. Morávamos um pouco longe um do outro, por isso quase não nos víamos pessoalmente. Perdíamos horas ao telefone ou no <i>messenger</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até que um dia:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Onde passará o Natal, George?</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Em casa, ora. Onde mais?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Por que não passa aqui em casa? Seus pais ficariam chateados?</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Meus pais dormem o Natal inteiro.</div><i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>– Jura? Meu Deus... Então, George, mais um motivo para você vir para cá!</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Mas e os seus familiares? Eu me sentiria meio <i>out</i> por aí.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– George, o que menos quero é encarar minha família. Vão me encher de perguntas sobre o Rodrigo, e...</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Entendo...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Então, você vem?</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Ah, Letícia...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><i><div style="text-align: justify;"><i>– Por favor, Georginhoooo!!! </i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– OK, eu vou, eu vou!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">* * *</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No dia 24, lá estava eu, cumprimentando os poucos familiares presentes na casa de Letícia. Cheguei a ver alguns deles cochichando sobre eu ser um possível substituto do Rodrigo, mas não liguei, nem comentei com Letícia. O que menos precisávamos naquela noite era de problemas. Tudo o que queria era beber algumas taças de vinho – sim, eu já havia superado um pouco a lembrança que tal bebida me trazia de Sofia – e jogar conversa fora com uma amiga que eu não abraçava havia meses.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Fomos para uma varanda. Conversamos muito e rimos mais ainda. Se no início da noite Rodrigo e Sofia dominavam os nossos assuntos, minutos depois pareciam nunca terem existido em nossas vidas. Devo confessar que assistir Letícia sorrindo daquela forma me fazia um bem enorme.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ela estava tão linda naquela noite. Trajava calça jeans, camiseta de malha e um leve casaquinho por cima. Um rosto sem maquiagem deixava claro que Letícia não esperava ninguém especial para ceia de Natal. Mas quem disse que precisava desse tipo de vaidade? Uma boca e um narizinho de traços finos somados àqueles longos, ondulados e negros fios ajudavam a eleger Letícia a menina mais linda em um raio de quilômetros.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Já se passavam das duas da madrugada, quando seus pais e alguns tios se preparavam para dormir. Um amontoado de colchões – que tomava quase toda a sala – já se encontrava devidamente forrado para os já desanimados hóspedes de Letícia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Preciso ir, Letícia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Já, George?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Já são duas e vinte...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não acha que bebeu demais para sair dirigindo por aí? Por que não fica por aqui?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Letícia, um pouco mais baixa que eu, olhava para mim fazendo, cômica e propositalmente, aquela carinha de criança triste, como se quisesse me pedir algo, mas lhe faltasse coragem suficiente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Imagine, Letícia! Não, não... Nem há espaço para mim nessa cama aí – eu dizia apontando para os colchões na sala.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Não o convidei para dormir ali com eles, George...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sem que combinássemos nada, sem que ao menos ela me revelasse onde eu dormiria de fato, fomos aproximando nossos rostos, lentamente. A cada centímetro mais próximo de seus lábios, mais nervoso eu ficava. Ora, era da minha amiga Letícia aquela respiração ofegante que arrebatava meu pescoço.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até que, enfim, nos beijamos. Como se estivesse preso há anos, um beijo longo e com suave gosto de vinho branco.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É incrível como um beijo é capaz de mudar totalmente o seu ponto de vista sobre a pessoa beijada, logo após, ao abrir dos olhos. Não era mais a minha amiga Letícia quem estava ali à minha frente, mas a mulher que me fez relacionar o vinho às mais belas e prazerosas recordações.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-91309998994104717572011-02-25T21:59:00.004-03:002011-02-25T22:09:16.929-03:00FÉRIAS, MAS SEM DEIXAR DE ESCREVER...<a href="http://1.bp.blogspot.com/-RQQucGD4KXE/TWhSqZFh0lI/AAAAAAAAAm8/OldH-fvE_MQ/s1600/Monografia.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 353px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5577799026740417106" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-RQQucGD4KXE/TWhSqZFh0lI/AAAAAAAAAm8/OldH-fvE_MQ/s400/Monografia.jpg" /></a> <div><a href="http://2.bp.blogspot.com/-hnCC5BaYATc/TWhRDm4RRWI/AAAAAAAAAm0/p7_nvmLCLow/s1600/Monografia.jpg"></a><div align="justify"><span style="font-family:arial;"><em></em></span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;"><em>Olá, caro leitor. O MUITOS EM UM está de férias por tempo indeterminado. É que preciso me dedicar à minha monografia, aí já viu, né? Mas fique à vontade para ler (ou reler) contos do meu arquivo. </em></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;"><em></em></span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;"><em>Obrigado pela leitura de sempre!</em></span></div></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-49314678959363422412011-02-25T08:42:00.003-03:002011-02-25T08:57:23.407-03:00ALEJANDRA Y EL VERANO Final<div align="justify"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Kt_RMBUdwrs/TWeV1ZsaELI/AAAAAAAAAmQ/ELU848pt0Ew/s1600/blog.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 241px; FLOAT: left; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5577591408184398002" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-Kt_RMBUdwrs/TWeV1ZsaELI/AAAAAAAAAmQ/ELU848pt0Ew/s320/blog.jpg" /></a><span style="font-family:arial;">Enquanto Lysa, muda, chorava à cama, Gabriela, embora destruída por dentro, se mantinha decidida; arrumava suas coisas de volta nas malas. Não seria fácil voltar, com menos de um dia, para a casa de sua mãe.<br /><br />Lysa estava arrasada, arrependida, mas também não encontrava palavras para um possível diálogo com Gabriela, pelo menos não naquele momento de sangue quente. Concluía que esperar seria o melhor a fazer. Assistir à Gabriela arrumando as malas causava sofrimento enorme em Lysa, ainda mais pelo motivo daquilo tudo.<br /><br />De malas prontas:<br /><br />- Obrigado, Lysa – dizia Gabriela –, por fazer eu sair da minha casa, causar uma verdadeira guerra com a minha mãe... Para isso! Serei eternamente grata! Vagabunda!<br /><br />- ...<br /><br />- Não vai dizer nada, não é?<br /><br />- Dizer, Gabriela? Mas dizer o quê? Eu não sei o que dizer...<br /><br />- Eu imaginava...<br /><br />- Eu... Eu te amo, Gabriela. Muito.<br /><br />- Sem essa, Lysa. Fui.<br /><br />Gabriela pegava suas malas e saía. Com o rosto ainda inchado, a menina ganhava a rua rumo à casa de sua mãe – o inferno que a aguardava.<br /><br />Lysa não saía da cama nem para trancar a porta deixada aberta por Gabriela. Estava confusa, chorosa; pensava muito nos pais dela e no que eles pensariam se soubessem um terço de toda aquela história.<br /><br />Soa o telefone. Achando ser Gabriela, Lysa corre para atender. Mas por coincidência, ou sentido aguçado, era sua mãe.<br /><br />- Alô!<br /><em><br />- É a sua mãe, filha.<br /></em><br />- Oi, mamãe...<br /><br /><em>- O que houve? Estava chorando?</em><br /><br />- Eu? Não, não...<br /><br /><em>- Não minta para mim, Lysa! Eu liguei porque meu coração está apertado... Sinto essas coisas. O que foi que houve?<br /></em><br />Lysa se assustava com a capacidade de sua mãe, mas como contar aquela história?<br /><br />- Não houve nada...<br /><br /><em>- Pode me contar, Lysa! Ou você prefere que amanhã eu vá aí com seu pai?</em><br /><br />Lysa pensava e via que não seria tão ruim assim contá-la, desde que omitisse partes da história.<br /><br />- OK... Vou contar. Meu namorado... (...) Sim, mamãe, eu tenho um namorado. (...) Não, mamãe, não é o Fred (...). Sim, mas não é o Fred. A senhora vai deixar eu concluir? OK. Então... Meu namorado, ele terminou comigo. Gosto muito dele e estou sofrendo muito. É isso.<br /><br /><em>- Mas sabe por que está sofrendo, Lysa?</em><br /><br />- Por quê?<br /><br /><em>- Porque não me escuta e não dá uma chance ao Fred! Por isso!</em><br /><br />- Ah, mamãe, esqueça o Fred, vai. Ele está até namorando, se a senhora quer saber!<br /><br /><em>- Viu? Bobeou, dançou, Lysa. O Fred é que é o homem certo para você...</em><br /><br />- Mamãe. A senhora quis saber o que havia de errado comigo e eu contei. É só isso?<br /><br /><em>- Bem... Promete que vai ficar bem?</em><br /><br />- Prometo, mamãe. Isso vai passar, OK?<br /><br />As duas se despediram e desligaram.<br /><br />Lysa resolvia ligar para Fred, não para seguir os conselhos de sua mãe, claro, mas porque lembrava que tinha no rapaz um grande amigo. “Talvez ele possa me ajudar”, pensava.<br /><br />- Alô, Fred?<br /><br /><em>- Lysa? Aconteceu alguma coisa? Está com uma voz...</em><br /><br />- Mais ou menos, Fred. Onde você está?<br /><br /><em>- Acabei de deixar a Tatiana em casa e estou indo para a minha. Por quê?</em><br /><br />- Poderia passar aqui? Estava precisando conversar.<br /><br />Fred pensava por exatos dez segundos e:<br /><br />- OK. Chego em dois minutos.<br /><br />Fred chegava ao apartamento de Lysa e, logo de cara, um abraço apertado se fazia presente, na sala. Lysa ainda trajava o vestido que escolhera para a festa. O abraço fez com que Fred colasse seu peito no decote ousado de Lysa. A verdade é que ver a amiga vestida daquele jeito – diferente de como se veste normalmente, para o trabalho –, fazia o rapaz ficar “aflito”.<br /><br />- O que houve, Lysa? Em que posso ajudar?<br /><br />- Fiz a maior burrada da minha vida, Fred.<br /><br />- Conte-me.<br /><br />Lysa contava todo o ocorrido, para o espanto total de Fred. Lysa não se via muito à vontade em contar os detalhes, mas para quê? Fred possuía imaginação suficiente para imaginar cada movimento das mãos de Alejandra sobre o corpo de Lysa – isso o excitava.<br /><br />-... e foi isso. O que eu faço, Fred? – concluía Lysa.<br /><br />- Olha, Lysa, você quer saber mesmo o que eu acho disso tudo?<br /><br />- Claro, diga-me.<br /><br />- Acho que vir para a capital não foi uma boa escolha para você.<br /><br />- Como não, Fred?<br /><br />- Não estou falando profissionalmente. Refiro-me ao lado pessoal de sua vida. Acha mesmo que se estivesse com seus pais você teria essa atração por meninas?<br /><br />- Acho que sim. Gabriela diz que essa coisa nasce com a gente, só é preciso que alguém venha e a faça aflorar.<br /><br />- Bem, não acredito muito nisso, mas... Você já pensou em ir passar uns tempos com seus pais? Um mês, quem sabe? Eu ouvir dizer que você tirará férias daqui a uns dois meses. Que tal?<br /><br />- Será?<br /><br />- Ficar longe de tudo isso a fará repensar melhor nas coisas, além de dar tempo do sangue de Gabriela esfriar, se é o que deseja.<br /><br />- É. Acho que você tem razão, Fred. Eu amo a Gabriela, e...<br /><br />- Que desperdício... – interrompia-a Fred.<br /><br />- O que disse?<br /><br />- Não, nada...<br /><br />- Disse desperdício, Fred! Eu ouvi!<br /><br />- Porra, Lysa, já se olhou no espelho? Você é a menina mais linda que eu já vi na minha vida! – se solta Fred – Você sabe que sempre fui louco por você! E você acha que foi fácil te flagrar na cama com outra menina? [<em>vide <a href="http://muitosemum.blogspot.com/2010/06/lysa23-parte-10.html">Lysa23 – Parte 10</a></em>] A Tatiana é um amor de pessoa, a gente se dá bem, mas... É por você que meu coração dispara, Lysa. É por você que... É por você que meu pau está duro agora!<br /><br />Fred se levantava e saía, enquanto Lysa ficava sem ação, porém, pensativa... e excitada, como jamais antes diante do rapaz.<br /><br />* * *<br />O tempo passou – exatas três semanas em que Lysa sequer vira Gabriela, diga-se de passagem. Tempo de muito sofrimento e saudades por parte de Lysa, que procurou se isolar, evitando contatos até mesmo com Bruna e Joyce. Até que um novo encontro, entre Lysa e Gabriela, sem querer, ocorreu.<br /><br />- Lysa... – dizia Gabriela ao encontrá-la num ponto de ônibus.<br /><br />- Gabriela...<br /><br />- Como vai?<br /><br />- Tudo indo. E você?<br /><br />- Indo também....<br /><br />- Achei que nunca mais nos falaríamos, Gabriela.<br /><br />- Eu também achei, Lysa. Mas não resisti quando te vi. A verdade é que estou te observando faz um tempinho, dez minutos, talvez – dizia Gabriela soltando um sorriso no canto da boca.<br /><br />- Está me espionando, é? – dizia Lysa a sorrir.<br /><br />As duas se abraçavam. E forte. Era o tempo, enfim, cuidando de tudo.<br /><br />- Ainda está chateada comigo, Gabriela? – perguntava Lysa, pois precisava saber.<br /><br />- Não mais, Lysa. Já passou...<br /><br />- E... Você...<br /><br />- E eu o quê? Pode perguntar, Lysa.<br /><br />- Você encontrou outra pessoa? Tem outra pessoa em meu lugar?<br /><br />- Sim, Lysa, eu... Eu encontrei sim.<br /><br />Lysa sentia uma pontada no peito.<br /><br />- Aliás – continuava Gabriela – estou esperando ela aqui.<br /><br />- Ah... Bem, então é melhor o meu ônibus chegar logo, porque...<br /><br />- Não precisa tanto, Lysa. Você a conhece.<br /><br />- Co-conheço?<br /><br />- Sim... Olhe ela vindo ali.<br /><br />Lysa se espanta ao concluir que Gabriela estava agora com nada mais nada menos que Joyce.<br /><br />- Mas... A Joyce, Gabriela?<br /><br />- Sim, Lysa, a Joyce. Por que o espanto?<br /><br />- Mas... E a Bruna?<br /><br />- A Bruna está com a vagabunda da Alejandra, Lysa! – dizia sorrindo Joyce, que ouvira a pergunta de Lysa ainda distante.<br /><br />O ônibus de Lysa chegava e, sem sequer se despedir, ela, atônita, o tomava. Sentava num dos bancos da frente e ainda pôde ver um beijo apaixonado entre Joyce e Gabriela. Chorou ao mesmo tempo em que decidiu seguir os conselhos de Fred; iria, sim, passar um tempo no interior do estado com seus pais.<br /><br />Fora um verão confuso demais para Lysa, que, na mente, misturava lembranças fortes de Gabriela, Fred e, por incrível que pareça, Alejandra – ainda podia sentir a presença da <em>chica</em> em seu corpo, essa era a verdade.<br /><br />Distante dali, em seu apartamento, Alejandra levava Bruna à loucura com um sexo oral – sua especialidade – matinal.<br /><br />- Goze, Brunita, goze! <em>Quiero su miel en mi boca</em>, safada! – dizia Alejandra com o rosto entre as pernas de sua presa.<br /><br />[Fim]<br /><br /><em>Bem, pessoal, é isso. Muito obrigado a todos os que, durante esses quase três anos de MUITOS EM UM, vêm aqui e me prestigiam com a leitura desses humildes contos. Conforme já anunciara no Facebook e no Twitter, o MUITOS EM UM entra, a partir de hoje, de férias por tempo indeterminado, por conta da dedicação à minha monografia de graduação em Publicidade e Propaganda, que apresentarei no final deste ano.<br /><br />Muito obrigado pela leitura de sempre e, quando quiserem, sintam-se à vontade para lerem (ou relerem) os arquivos do MUITOS EM UM.<br /><br />Até mais!</em></span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-69040269181216800662011-02-23T09:30:00.003-03:002011-02-23T09:34:13.545-03:00ALEJANDRA Y EL VERANO #5<div align="justify"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-QFPMdXzhL4c/TWT-meesMgI/AAAAAAAAAmI/WrVXCihHSBY/s1600/blog.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 241px; FLOAT: left; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5576862175561789954" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-QFPMdXzhL4c/TWT-meesMgI/AAAAAAAAAmI/WrVXCihHSBY/s320/blog.jpg" /></a><span style="font-family:arial;">Gabriela e Bruna se viam diante de duas portas; dois quartos, um de frente para o outro. Em um daqueles cômodos, acreditava Gabriela, estavam Alejandra e Lysa. Joyce observava, apenas observava.<br /><br />- Qual das duas nós arrombaremos, Bruna? – dizia Gabriela furiosa.<br /><br />- Ficou maluca? Acalme-se, Gabi!<br /><br />- Como? Essa filha de uma puta armou para cima de mim!<br /><br />- Argh! Que raiva! – soltava Bruna.<br /><br />Joyce então puxa Bruna pelo braço e:<br /><br />- Tem raiva de quê? Não é a sua namorada quem está lá dentro com Alejandra! Você está com raiva pela Alejandra, não é?<br /><br />- Joyce! Isso é hora de ciúmes? – revidou Bruna.<br /><br />- Ah, quer saber? Foda-se! – disse Joyce a sumir na multidão.<br /><br />- O que houve? – perguntou Gabriela.<br /><br />- Joyce é maluca! Esqueça! Então? Qual das duas portas nós arrombaremos, Gabi!<br /><br />Gabriela sentia firmeza na ajuda de Bruna e dizia: “Essa aqui!”.<br /><br />Gabriela escolhia, por sorte, a porta certa! Mas após a primeira pancada com os ombros – para o espanto de todos – Gabriela e Bruna viam que não seria tão fácil assim. Então começaram a chutar a porta. Chutaram. Mas chutaram tantas vezes e com tanta força que, do lado de dentro do quarto:<br /><br />- Deve ser Gabriela, Alejandra, deixe-me ir – dizia Lysa, quase que em êxtase –, por favor... Alejandra... Deixe-me...<br /><br />- Agora? Ah, Lysita, agora não... Deixe a Gabriela para lá!<br /><br />- Não... Não posso... – dizia Lysa com dificuldades, já que entre as pernas guardava a mão direita de Alejandra, a tocar suas partes com agilidade.<br /><br />Lysa não se deu conta, tamanho tesão que a tomava, mas sua calcinha, branca e levemente umedecia, já repousava sobre seus pés; estava entregue, completamente entregue.<br /><br />Alejandra era como uma jibóia que possui sua presa, só que sem usar a força. Eram apenas os lábios, as mãos e os esverdeados olhões que faziam todo o trabalho de manter Lysa quase que fora de si.<br /><br />Do lado de fora, um dos convidados, um homem alto e forte, completamente tomado pelo efeito das drogas que usara, resolvia ajudar as meninas, achando, no mínimo, se tratar de uma brincadeira. “Carlão”, ele se apresentava.<br /><br />- Vai, Carlão! Mete o pé nessa porra! – animava-o Gabriela.<br /><br />- Agora! – dizia Carlão, que em apenas uma pesada, na direção da maçaneta, abria a porta.<br /><br />O barulho do arrombamento assustou Alejandra, mas sequer atrapalhou o exato momento do orgasmo de Lysa, que gemia levando a cabeça para trás. Com os seios à mostra, o vestido erguido e a calcinha ao chão, Lysa ainda levaria alguns segundos até entender o flagrante.<br /><br />- VAGABUNDA! – gritava Gabriela, que corria em direção aos cabelos de Alejandra.<br /><br />Bruna, por sua vez, não teve tempo de reação; foi atropelada pela multidão que resolveu entrar no quarto para assistir a confusão.<br /><br />Gabriela e Alejandra entravam numa briga de puxões de cabelo, arranhões e tapas. Lysa, já recomposta, vestia-se ao mesmo tempo em que tentava separar as meninas.<br /><br />- Pelo amor de Deus, Gabriela – dizia Lysa – solte Alejandra! – em vão.<br /><br />Depois de muito esforço, Lysa conseguia, enfim, separá-las. Com os rostos ensanguentados, Gabriela e Alejandra estavam irreconhecíveis. Lysa pegava Gabriela pelo braço e tratava de sumir do local.<br /><br />* * *<br />Lysa e Gabriela entravam num táxi, até então, mudas.<br /><br />Alguns minutos se passaram e:<br /><br />- Vagabunda... – sussurrava, chorosa, Gabriela, olhando para o nada.<br /><br />- Gabriela...<br /><br />- Cale a sua boca, Lysa! Vagabunda! É isso que você é! E eu achando que... Que idiota! Achando que íamos viver juntas, Lysa! Juntas, sob o mesmo teto! Você tem noção, Lysa? Não, você não tem!<br /><br />- Gabriela, me escute....<br /><br />- Escutar o quê? Escutar o que, quando eu vi? Eu vi, Lysa! Você lá, gozando, meu Deus! Gozando! Que vagabunda!<br /><br />- ...<br /><br />Lysa não tinha o que dizer. “Ela tem razão. Eu devo ser mesmo uma vagabunda...”, pensava.<br /><br />As duas chegavam em casa. Gabriela ia direto para o chuveiro; precisava retirar do rosto inchado o sangue e o suor. Só queria tomar um banho, arrumar suas coisas e, infelizmente, voltar para a casa de sua mãe, o quanto antes.<br /><br />Lysa chegava até a porta do banheiro e:<br /><br />- Eu... Eu sinto muito, Gabriela...<br /><br />- Sai daqui, Lysa!<br /><br />Lysa a atendia. Ia para a cama. Deitava-se e, inevitavelmente, começava a pensar em tudo o que acontecera desde que descobriu seu gosto por meninas. Começou então a lembrar dos “inocentes” beijos que trocava com Gabriela, ainda no início de tudo. E terminou lembrando de alguns minutos atrás, do orgasmo mais vexaminoso do mundo. Se arrependia, sim, mas queria ainda entender o porquê de não ter resistido aos encantos de Alejandra, já que, no fundo, sentia que amava Gabriela, profundamente. Chorava.<br /><br />[Continua] </span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-54242562841681598712011-02-21T10:45:00.001-03:002011-02-21T10:48:01.116-03:00ALEJANDRA Y EL VERANO #4<div align="justify"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5viRNF6g38I/TWJs9iGTqVI/AAAAAAAAAmA/CM3Tpf86vNc/s1600/blog.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 241px; FLOAT: left; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5576139093019175250" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-5viRNF6g38I/TWJs9iGTqVI/AAAAAAAAAmA/CM3Tpf86vNc/s320/blog.jpg" /></a><span style="font-family:arial;">O apartamento de Alejandra, diferente do que ela mesma havia dito, não era pequeno, notava Lysa. A porta estava aberta, dando a impressão de que qualquer pessoa poderia entrar, sem nenhum controle. Bruna e Joyce já estavam no local, difícil seria encontrá-las em meio a tanta gente.<br /><br />- Não é melhor ligarmos para as meninas? – sugeria Lysa à Gabriela.<br /><br />- Daqui a pouco a gente as acha, Lysa, relaxe...<br /><br />Em toda parte, casais se pegavam como se o mundo fosse acabar a qualquer minuto. Não demorou muito para que os corpos de Lysa e Gabriela fossem vistos e cobiçados pelos ali presentes. Também pudera; ambas trajavam vestidos ousados em comprimento e decote. Lysa sabia valorizar os seios pequenos que possuía, enquanto Gabriela se focava nas pernas. Estavam vestidas uma para a outra, verdade, mas para matar.<br /><br />- Onde será que se meteram Bruna e Joyce? – questionava Lysa com Gabriela.<br /><br />- Deixe as duas para lá, Lysa! Vem aqui...<br /><br />Gabriela logo entrava no clima daquela festa, agarrando firme Lysa pelas mãos e a levando até um canto – um dos poucos vagos naquele apartamento. Com os lábios já colados aos de Lysa, Gabriela diz:<br /><br />- Vamos, enfim, comemorar?<br /><br />Lysa sorri e se deixa levar pela pegada da namorada, que, já mergulhada naquele ambiente, apalpa com força a nádega de Lysa.<br /><br />- Gabriela! – exclama Lysa.<br /><br />Um beijo enlouquecido, que chama a atenção de muitos, se faz presente. Até que...<br /><br />- <em>Chicaaaaaaaaaaaaaaaas</em>! – grita Alejandra ao se deparar com Lysa e Gabriela.<br /><br />Alejandra carregava numa mão uma garrafa de vodka, e na outra um cigarro de maconha pronto para ser aceso. Estava inegavelmente linda. Com a pele bronzeada da praia, contrastando com o vestido claro, os olhos esverdeados da mexicana pareciam brilhar ainda mais.<br /><br />- Brunita e Joycita estão ali, venham! – dizia Alejandra.<br /><br />Gabriela não gostou nada nada da maneira como Alejandra interrompera aquele amasso, mas...<br /><br />Pelo caminho, Alejandra, Lysa e Gabriela se esbarravam em todo tipo de casal. O som estava alto, porém, inidentificável; era uma mistura de música eletrônica e uma guitarra ensurdecedora. Gabriela ia à frente, guiada pela mão de Alejandra em suas costas, enquanto Lysa seguia atrás, puxada pela mexicana.<br /><br />Foi quando, de repente, Alejandra empurra Gabriela para frente e puxa Lysa para dentro de um dos quartos do apartamento.<br /><br />- O que é isso? – pergunta Lysa sem entender.<br /><br />- Como <em>así</em>, Lysita? Não te mostrei nada ainda!<br /><br />- Abre esse quarto, Alejandra! Que porra é essa? Gabriela deve estar me procurando!<br /><br />- A Gabriela se vira, Lysita! Venha cá!<br /><br />Alejandra pegava Lysa pela cintura, encaixava-a entre suas pernas e, bem próxima ao rosto da presa:<br /><br />- <em>Estoy locamente </em>tarada <em>por ti</em>, Lysita!<br /><br />Lysa, logicamente, desaprovava aquela atitude de Alejandra, mas, inevitavelmente, se encantava com os olhões de Alejandra tão próximos aos dela. Os lábios da <em>chica</em> se movimentavam de uma maneira sedutora naquele falar. Lysa, ainda que se preocupasse com Gabriela, se desmanchava.<br /><br />Do lado de fora, Gabriela olhava ao seu redor a fim de encontrar Lysa e Alejandra – já tinha noção do golpe da mexicana –, mas nada. Sem querer, encontrava Bruna e Joyce.<br /><br />- Gabi! – dizia Bruna.<br /><br />- Puta que pariu, Bruna, me ajude! Alejandra sumiu com Lysa!<br /><br />- O quê? Que porra é essa? – perguntava Bruna.<br /><br />- Isso mesmo que você ouviu! Essa filha de uma puta me empurrou e, sei lá como, sumiu com a Lysa! Dá para acreditar nisso? Eu mato!<br /><br />- Ela deve estar num desses quartos, não?<br /><br />- Argh! Sim! Vamos entrar nessa merda!<br /><br />Joyce apenas observava a atitude de Gabriela e Bruna. “Só assim Alejandra deixa Bruna em paz”, pensava.<br /><br />- Você vem com a gente, Joyce? – perguntava Gabriela.<br /><br />- Sim, claro...<br /><br />Dentro do quarto:<br /><br />- Diga que no me quer, Lysita! Diga!<br /><br />- Pare com isso, Alejandra, deixe-me sair!<br /><br />- Deixo! Por <em>un beso</em>! <em>Un beso</em>!<br /><br />A respiração de Alejandra encontrava a de Lysa, que, nitidamente, lutava contra tamanha sedução. Mas apenas por alguns instantes... Após muito lutar, sem mais pensar em nada, Lysa se entrega ao beijo alcoólico de Alejandra. E que beijo! As mãos de Alejandra passavam por todo o corpo de Lysa, como se tivesse apenas alguns segundos para matar toda aquela vontade que a consumia.<br /><br />Lysa a beijava e se deixava possuir pelas mãos ágeis de Alejandra. Em poucos segundos, já era nos delicados seios de Lysa que Alejandra movimentava sua língua ácida.<br /><br />[Continua]</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-11243880416617416272011-02-18T08:33:00.002-02:002011-02-18T08:40:54.513-02:00ALEJANDRA Y EL VERANO #3<div align="justify"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ZKPCSMqjPMA/TV5MjOeoTCI/AAAAAAAAAl4/lsgcBoKrKeE/s1600/blog.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 241px; FLOAT: left; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5574977556796951586" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-ZKPCSMqjPMA/TV5MjOeoTCI/AAAAAAAAAl4/lsgcBoKrKeE/s320/blog.jpg" /></a><span style="font-family:arial;">- Hoje, <em>la fiesta es en mi</em> apartamento! – disse Alejandra, logo que Gabriela e Lysa chegaram da água.<br /><br />A animação de Alejandra trouxe quatro diferentes sentimentos naquela areia; Lysa se animou, Gabriela desconfiou, Joyce soprou em descontentamento e Bruna ficou confusa. Após o anúncio inesperado de uma festa, a jovem mexicana sequer disfarçou; olhou fixamente, de cima a baixo, o corpo molhado de Lysa. Gabriela, que não é boba nem nada, tratou de puxar a namorada até o guarda-sol.<br /><br />- Porra, Lysa, essa Alejandra parece que te quer, merda!<br /><br />- De onde você tirou isso, Gabriela?<br /><br />- De onde? Como assim “de onde”, Lysa? Essa mexicana dos infernos não tira o olho de você! Ou você não percebeu?<br /><br />- Ei, ei, ei! Qual é, Gabriela? E se tiver mesmo de olho em mim? Você me viu de olho nela? Viu?<br /><br />- Não...<br /><br />- Então, por favor... Nunca brigamos! Vamos brigar logo hoje? Logo hoje?<br /><br />- Você está certa...<br /><br />Nenhuma das quatro ali sabia, mas as festas no apartamento de Alejandra costumavam ser regadas a drogas e orgias. Por mais loucas que fossem Lysa, Gabriela, Joyce e Bruna, com certeza, se chocariam num primeiro instante.<br /><br />Mas elas não sabiam ainda, porque logo Alejandra tratou de contar um episódio.<br /><br />- Vocês ainda <em>no</em> foram <em>en una fiesta en mi</em> apartamento, mas, provavelmente já ouviram falar! <em>Es una</em> doideira! <em>Mis amigos son todos los pervertidos... </em>Safados, como dizem aqui! <em>Una vez... Más de cuarenta personas...</em> <em>Y mi</em> apartamento <em>es muy pequeño</em>. Sexo <em>en</em> banheiro! </span><span style="font-family:arial;"><em>Más de ocho mujeres...<br /></em><br />Aquele papo deixava as meninas ora excitadas, ora apreensivas. Os olhinhos de Lysa brilhavam, talvez pela inexperiência. Mas Gabriela, sempre séria – apesar de arder por dentro –, mantinha a cabeça funcionando, a fim de ver até onde iria as intenções de Alejandra com aquele papo.<br /><br />- Esqueçam... <em>No quiero</em> que pensem <em>cosas malas sobre mí</em>! – emendava a mexicana.<br /><br />- Nada a ver, Alejandra! Ninguém pensará nada de errado sobre você! Relaxe! – dizia Lysa.<br /><br />- Que fofa, Lysa! <em>Es una</em> fofa! <em>Y me encanta este</em> “nada a ver”!<br /><br />Durante todo o dia na praia foi assim; Alejandra jogando seus encantos para cima de Lysa, enquanto Gabriela – e agora Bruna –, emburradas, não gostando nada daquilo. Joyce parecia neutra naquela história, mas na verdade torcia por um distanciamento de Alejandra e sua namorada Bruna.<br /><br />Na hora de irem embora, não poderia ser diferente: Alejandra oferece uma carona às quatro meninas – era a única de carro. Antes mesmo que Gabriela pudesse recusar, Lysa solta um animado:<br /><br />- Claro que aceitamos! Estou morta de cansaço!<br /><br />Gabriela não gostou nadinha, e ia gostar menos ainda do que viria a seguir.<br /><br />- Quem vem na frente? – perguntava Alejandra.<br /><br />As quatro permaneceram caladas, mas como Joyce e Bruna se adiantaram no banco traseiro, sobraram Lysa e Gabriela para a decisão. Até que Lysa, sem sequer pensar:<br /><br />- Eu vou no banco da frente, pronto.<br /><br />Para chateação total de Gabriela.<br /><br />Alejandra deixou primeiro Bruna e Joyce em casa, que desceram confirmando, ainda que de forma inibida, presença na festa de Alejandra, à noite. Por educação, Lysa permaneceu ao banco da frente. Seguiram.<br /><br />No caminho, Alejandra pediu para que Lysa retirasse do porta-luvas um CD de capa preta.<br /><br />- Esse aqui? – perguntava Lysa.<br /><br />- <em>Sí, sí!</em> Já ouviu?<br /><br />Era na verdade o EP “Seis da Tarde”, de </span><a href="http://www.myspace.com/lucianofreitas"><span style="font-family:arial;">Luciano Freitas</span></a><span style="font-family:arial;">.<br /><br />- Não, não conheço!<br /><br />- <em>Es un artista independiente... Y</em> brasileiro!<br /><br />- Coloca aí, então.<br /><br />Alejandra deixava rolar o som, que era uma mistura espécie de Bossa Nova, mas com uma série de influências mais.<br /><br />- <em>Este sonido me encanta</em>, Lysa!<br /><br />Gabriela permanecia séria, enquanto Lysa ria diante do cantar embolado de Alejandra, que se empolgava no refrão:<br /><br />- <em>Beso en</em> alto-mar / Brisas a soprar / <em>Y los pies descalzos</em> a molharem (...) / <em>Prefiero</em> acreditar no entardecer...<br /><br />- Gostei. Legalzinho esse som! – dizia Lysa – O que achou, Gabriela?<br /><br />- É, dá para escutar.<br /><br />Lysa explicava o endereço de seu apartamento à Alejandra. Gabriela permanecia quieta; não via a hora de chegar, não aguentava mais aquele falar da mexicana. Mas, mesmo engasgada com a <em>chica</em>, Gabriela não conseguia parar de observar aqueles olhos verdes, pelo retrovisor. “São lindos... Ela é toda linda, essa mexicana de uma figa!”, pensava.<br /><br />Após mais alguns minutos, enfim, chegaram.<br /><br />- Vocês vão a <em>mi fiesta</em>, não vão? – perguntava Alejandra.<br /><br />E mais uma vez Lysa era mais rápida que os pensamentos de Gabriela:<br /><br />- Sim! Vamos com Bruna e Joyce!<br /><br />- OK! <em>Besos</em>!<br /><br />* * *<br />Gabriela e Lysa, enfim, arrumavam as coisas da primeira no guarda-roupas. Durante a arrumação, Lysa não parou de falar em Alejandra por um só minuto.<br /><br />- Que menina doida, não, Gabriela?<br /><br />- É...<br /><br />- Posso imaginar essa festa de hoje... Meu Deus, se os amigos dela forem loucos como ela... Sei não... E aqueles olhos, Gabriela? Por alguns minutos pensei que fossem lentes! São verdes e lindos demais. Eu a achei divertidíssima, e você?<br /><br />- Também...<br /><br />- Sei lá, mas acho que não teria coragem de fazer com ela o que Bruna e Joyce fizeram. Acho estranho, ainda mais com uma menina que você mal conhece... Mas que elas se divertiram, ah, se divertiram! Você acredita que Alejandra bebeu tequila no corpo das duas? Que doideira! Ela também disse que...<br /><br />- CHEGA! – alterou-se Gabriela.<br /><br />- Que isso, Gabriela?<br /><br />- Desculpe-me, Lysa... Desculpe-me... Mas é que... É que você não para de falar na Alejandra, Alejandra e Alejandra!<br /><br />- Nhommmmm, está com ciúmes, Gabriela?<br /><br />- Sem essa, Lysa.<br /><br />- Ai, que fofa! Nunca ninguém sentiu ciúmes de mim, eu acho... Vem cá, vem...<br /><br />- Temos que arrumar essas coisas, Lysa...<br /><br />- Ah, rapidinho, vem...<br /><br />Lysa puxava Gabriela para cama e:<br /><br />- Não vai ser uma mexicanazinha que me fará esquecer de nós duas, Gabriela!<br /><br />- Promete?<br /><br />- Já te disse que te amo?<br /><br />- Não...<br /><br />- Eu te amo, sua louca!<br /><br />Diante de todo aquele carinho de Lysa, mais tarde, Gabriela acharia que não havia mal algum em irem à festa de Alejandra. “Lysa está comigo. A gente se gosta. Nada tenho a temer. Nada!”, pensava Gabriela.<br /><br />[Continua]</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8026263145241984364.post-33053671001729026352011-02-16T08:21:00.002-02:002011-02-16T08:25:42.258-02:00ALEJANDRA Y EL VERANO #2<div align="justify"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-TkfbomIl2aE/TVumCeUZWHI/AAAAAAAAAlw/YMX9kbQstLc/s1600/blog2.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 241px; FLOAT: left; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5574231525229680754" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-TkfbomIl2aE/TVumCeUZWHI/AAAAAAAAAlw/YMX9kbQstLc/s320/blog2.jpg" /></a><span style="font-family:arial;">O verão mostrava a sua força nas areias de Ipanema, e, a dourar os corpos, lá estavam Lysa, Bruna e a recém-apresentada Alejandra, deitadas sobre suas cangas. Sob o guarda-sol estavam Gabriela e Joyce, por serem as mais branquinhas. Joyce, de tão quieta, parecia ainda dormir, mas na verdade lia um livro do Nelson Motta. Sob o sol, o papo rolava solto entre as outras três.<br /><br />Gabriela se via tentada a perguntar à Joyce sobre a noite anterior, na qual, na companhia de Bruna, conhecera a tal Alejandra. Mas, conhecendo o mal-humor matinal da amiga, resolveu calar-se. Por pouco tempo. Apenas alguns minutos se passaram até que:<br /><br />- Joyce, qual é a dessa Alejandra, hein? – dizia Gabriela.<br /><br />- Como assim, Gabi? – respondia Joyce sem tirar o rosto do livro.<br /><br />- Ah, sei lá, a Bruna nos contou sobre ontem, Vocês três e tal...<br /><br />- Sim, e?<br /><br />- Porra, Joyce, me conte! Quero saber o que rolou, ora!<br /><br />Joyce esticou o pescoço na intenção de averiguar se Alejandra e Bruna tinham condições de ouvi-la. Constatou que não; estavam papeando alto demais.<br /><br />- Gabi, a noite de ontem foi boa. Eu estava na maior fissura, havia meses, de fazer algo a três... Daí a gente conheceu a Alejandra, na festa da Fê, e... Acho que foi a Bruna quem conversou mais com ela e, sabe-se lá Deus como, a <em>chica</em> resolveu sair com a gente.<br /><br />- Sim, Joyce, isso eu já sei. Quero saber o que roloooooou! Na cama, Joyce!<br /><br />- Gata, numa boa... Eu achei bom, mas...<br /><br />- Mas o quê?<br /><br />- Fiquei meio que assistindo às duas se pegarem... Foi meio decepcionante.<br /><br />- E você não tem ciúmes das duas?<br /><br />- Claro, porra! Acha o quê? Fico de olho. Mas convenhamos que a mexicana é muito gata, Gabi, fala sério. Acha que se a Bruna resolver mesmo ir fundo com ela eu tenho alguma chance? Nunca...<br /><br />- Ah, Joyce, você viajou agora! Você é linda! Sim, a Alejandra é uma delícia, confesso, mas não é isso tudo também não.<br /><br />Diante daquela amizade, Gabriela mentia duas vezes. Uma: em termos de beleza física, Joyce não teria mesmo a menor chance contra Alejandra. Joyce era uma branquinha que tinha lá os seus atrativos. Seios fartos, já o bumbum nem tanto. Ela era capaz de atrair quem ela quisesse. Assim como Gabriela, Joyce sabia ser fatal quando queria. E duas: Alejandra era “aquilo tudo”, sim!<br /><br />Sob o sol o papo estava nitidamente mais animado. Quando Lysa perguntara à Bruna sobre a noite anterior:<br /><br />- Conte você, Alejandra! – respondia Bruna demonstrando intimidade.<br /><br />- <em>Caliente! Muy caliente! Las chicas me dio una</em>... canseira! – respondia Alejandra em seu “portunhol”, às gargalhadas.<br /><br />Alejandra, desinibida, contava, então, com detalhes – alguns até fugiam da memória de Bruna – toda aquela aventura sexual da noite anterior. Lysa, atenta a cada palavra e a cada gesto das mãos de Alejandra, excitava-se.<br /><br />- <em>...así! Una</em> canseira! – terminava Alejandra.<br /><br />Era impossível não se excitar com o falar de Alejandra, ainda mais com o conteúdo daquele falar. E os olhos verdes? Ainda mais verdes por conta do sol, aqueles olhos eram um convite à paixão.<br /><br />- Vamos na água, Lysa? – chamava Gabriela.<br /><br />- Sim, vamos!<br /><br />A caminho da água, Gabriela pegava firme na mão de Lysa e:<br /><br />- O que achou dessa menina, Lysa?<br /><br />- A achei bacana. Divertida. E você?<br /><br />- Ainda não conversei com ela, mas me pareceu isso aí mesmo... A Joyce está meio mordida com a proximidade dessa <em>chica</em> com a Bruna.<br /><br />- Sério? Mas, pelo que a Alejandra contou, as três se deram muito bem ontem à noite, viu?<br /><br />- Joyce me disse que praticamente assistiu às duas.<br /><br />- Estranho...<br /><br />Gabriela e Lysa mergulhavam seus corpos perfeitos nas águas de Ipanema, enquanto, ao longe, um comentário de Alejandra tratava de quebrar um pouco o clima.<br /><br />- Essa Lysa <em>es una</em> gracinha, hein!<br /><br />- A Gabriela é namorada dela, hein! – alertava Bruna – Estão morando juntas e tudo!<br /><br />- Existe <em>una manera</em> para tudo, Brunita!<br /><br />Bruna se calava, enquanto, do guarda-sol, Joyce, quieta, as observavam.<br /><br />Voltando para a areia, Gabriela pôde notar o olhar de Alejandra para o corpo de Lysa, mas preferiu não levar a sério; pelo menos não naquele momento.<br /><br />[Continua]</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06026853452466624975noreply@blogger.com4