quarta-feira, 15 de julho de 2009

BANANA COM AVEIA AO LEITE

Pela manhã, antes de ir para o escritório, costumo tomar meu “café” numa lanchonete próxima – um copo de banana com aveia ao leite. Durante os goles da vitamina eu penso no dia e nos afazeres que terei pela frente; uma espécie de organização mental pré-expediente.

Os barulhos dos talheres, as vozes das pessoas ali na lanchonete, tudo aquilo acabava ajudando nessa minha “meditação”. Era como se tudo aquilo ali fosse gravado e posto para tocar todas as vezes que eu me sentava num daqueles bancos do balcão.

Certo dia, aquele ambiente sonoro foi interrompido por uma voz que dizia:

- Tem fogo?

Era uma mulher linda. Nunca tinha a visto por ali, nem mesmo pelo Centro da cidade, nunca. Ela estava bem vestida e praticamente banhada de um perfume que me fazia pouco ligar para o exagero; estava cheirosa demais. Os seus cabelos negros iam até o meio das costas. Seu rosto fino e levemente maquiado possuía como característica principal os lábios. Que lábios! Eram carnudos e brilhavam muito.

- Eu não fumo – eu dizia.
- Tudo bem...
- Ali no caixa tem um isqueiro.
- Você pega para mim?
- Pois não.

Eu estava bem próximo ao isqueiro, então fiz a gentileza. Entreguei em sua mão.

- Pensei que acenderia meu cigarro – ela dizia.
- Ah!
- Tudo bem. Ando me acostumando com a atual falta de cavalheirismo. Principalmente vinda de jovens como você.
- Jovens? Não sou tão jovem assim, moça!
- E quantos anos você tem? Dezenove?
- Quase vinte!
- Jovem!
- E você?
- Trinta e cinco!

“Nossa!”, pensei. Ela parecia ter no máximo vinte e quatro.

- Enfim! Dei o isqueiro em sua mão! O que mais queria? – eu dizia.
- Já disse! Que acendesse meu cigarro!
- Ora, acenda você essa porcaria!
- Porcaria que tanto lhe seduz!
- O quê? Acha que o cigarro me seduz?
- Não, menino! Eu fumando lhe seduzo!
- Acho que você fumou algo a mais, não?
- Quer pagar para ver?
- Para ver o quê?
- Que lhe seduzo com apenas uma tragada.
- Essa é boa...

A mulher acendia seu cigarro e, por Deus, tragava-o como jamais vi alguém tragar. Ela, apesar de naquele momento estar enchendo o meu saco, era a mais exótica sensualidade em pessoa. Era impossível não pensar em sexo diante dela.

Depois de tragar e passar alguns segundos de boca fechada, a mulher soltava a fumaça como que em câmera lenta. Ela tinha o controle total daquela coisa. A fumaça saía de sua boca num formato cônico perfeito.

- Fecha a boca, menino! – ela dizia.

Eu estava realmente de boca aberta. Que mole!

- A que horas pega no serviço, menino?
- É... às oito.
- E a que horas sai?
- Às dezessete. Por quê?
- Estarei por aqui.
- OK.

Aconteceu! Exatamente como ela anunciara momentos antes. Ela me seduzira com apenas uma tragada naquele cigarro dos infernos!

Passei todo aquele dia pensando na noite que teria aos braços daquela mulher tão misteriosa. Não dissemos sequer os nossos nomes um para o outro. Foi uma coisa tão louca. Parecia estar num desses filmes onde o mocinho ganha as mulheres mais fantásticas sem emitir palavra. Senti-me bem, embora apreensivo, naquele dia de trabalho.

Às cinco da tarde, saía do escritório e ia direto para a lanchonete à procura daquela mulher. Ela não estava lá. Sentei-me no mesmo banco de sempre e pedi um pastel de queijo com um refresco de manga. Assim a esperei.

Minutos depois:

- Demorei? – dizia ela com a mão no meu ombro.
- Não! Imagina!
- Para onde vamos?
- Bem, eu não sei... Eu...
- Meninos...
- Ah?
- Vem comigo, vem.

Ela me levava até o seu carro.

- Conheço um lugar ótimo – ela me dizia enquanto dirigia pelas ruas mais vazias do Centro.
- O que você viu em mim? – eu perguntava – Parece sempre tão descrente nos homens mais jovens, mas estamos aqui, prontos para nos divertir! Não entendo!
- Exatamente! Nos divertir!

Ela freava o carro bruscamente numa esquina deserta.

- O que houve? – eu perguntava.
- Está assustado?
- Um pouco, confesso.
- Adoro quando vocês ficam assim... Assustados!
- O que pretende? Pensei que iríamos a um motel... Não?
- Não! Previsível demais, você não acha?

Ela inclinava o meu banco e, num movimento rápido e nitidamente comum na vida daquela mulher, pulava sobre mim a levantar o vestido.

- Eu quero aqui! – ela dizia ao meu ouvido.
- Meu Deus...
- Será que eu preciso dar outra tragada daquelas para que você fique novamente como pela manhã?
- Não... Mas acho que não foi bem a sua tragada que me conquistou!
- E o que foi? – ela perguntava aparentemente assustada.
- Acho que algo em mim LHE conquistou primeiro.

Ela saía de cima de mim; voltava para seu banco e:

- Está bem, eu confesso! Tenho tara em meninos que tomam banana com aveia ao leite! Pronto!
- Ah?

Eu não podia acreditar no que aquela louca dizia! Como assim? Tara por meninos que tomam banana com aveia ao leite?

- Satisfeito?
- Bem...
- Satisfeito, menino?
- Ainda não, mas acho que pode me satisfazer! Venha cá!

Naquele momento eu a tomava em meus braços e acertava a mão de leve em sua face.

- Você quer um menino ou um homem? – afrontava-a o mais sensualmente que pude.
- Não quero mais nada! Vamos embora! Você acabou de agir como um homem! Não quero mais!
- Mas...

Ela me levava até o meu ponto de ônibus sem dar sequer um pio.

Até hoje não me conformo de não ter transado com aquela mulher pelo simples fato de ter agido como um homem! Eu continuo tomando a mesma vitamina de sempre, porém, nunca mais vi aquela mulher.

7 comentários:

Kayo Medeiros disse...

que triste...

Janaina W Muller disse...

'oaisoaisoaisoaisoasios
Mas que mulher bem biruta hein?
Achei engraçado. Beeem feito O/
XD

Abraços.
='-'=

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
bem feito, gostei muito!!!
pra ele aprender! :D


bjo

Unknown disse...

hahaha

Livia Queiroz disse...

haha taradona!

Vai entender os desejos mais misteriosos que passam pela cabeça do ser humano!

dorei o conto!

bjoks

CAMILA de Araujo disse...

Luciano, te indiquei mais uma vez a 2 selinhos...tá no post 'SELOS E AFINS' pega lá depois com as regras.ok?

www.teoria-do-playmobil.blogspot.com

Vanessa Sagossi disse...

AHahhaha.
Bem-feito!
homens!...
hauhauhauhu