sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

FÉRIAS, MAS SEM DEIXAR DE ESCREVER...

Olá, caro leitor. O MUITOS EM UM está de férias por tempo indeterminado. É que preciso me dedicar à minha monografia, aí já viu, né? Mas fique à vontade para ler (ou reler) contos do meu arquivo.

Obrigado pela leitura de sempre!

ALEJANDRA Y EL VERANO Final

Enquanto Lysa, muda, chorava à cama, Gabriela, embora destruída por dentro, se mantinha decidida; arrumava suas coisas de volta nas malas. Não seria fácil voltar, com menos de um dia, para a casa de sua mãe.

Lysa estava arrasada, arrependida, mas também não encontrava palavras para um possível diálogo com Gabriela, pelo menos não naquele momento de sangue quente. Concluía que esperar seria o melhor a fazer. Assistir à Gabriela arrumando as malas causava sofrimento enorme em Lysa, ainda mais pelo motivo daquilo tudo.

De malas prontas:

- Obrigado, Lysa – dizia Gabriela –, por fazer eu sair da minha casa, causar uma verdadeira guerra com a minha mãe... Para isso! Serei eternamente grata! Vagabunda!

- ...

- Não vai dizer nada, não é?

- Dizer, Gabriela? Mas dizer o quê? Eu não sei o que dizer...

- Eu imaginava...

- Eu... Eu te amo, Gabriela. Muito.

- Sem essa, Lysa. Fui.

Gabriela pegava suas malas e saía. Com o rosto ainda inchado, a menina ganhava a rua rumo à casa de sua mãe – o inferno que a aguardava.

Lysa não saía da cama nem para trancar a porta deixada aberta por Gabriela. Estava confusa, chorosa; pensava muito nos pais dela e no que eles pensariam se soubessem um terço de toda aquela história.

Soa o telefone. Achando ser Gabriela, Lysa corre para atender. Mas por coincidência, ou sentido aguçado, era sua mãe.

- Alô!

- É a sua mãe, filha.

- Oi, mamãe...

- O que houve? Estava chorando?

- Eu? Não, não...

- Não minta para mim, Lysa! Eu liguei porque meu coração está apertado... Sinto essas coisas. O que foi que houve?

Lysa se assustava com a capacidade de sua mãe, mas como contar aquela história?

- Não houve nada...

- Pode me contar, Lysa! Ou você prefere que amanhã eu vá aí com seu pai?

Lysa pensava e via que não seria tão ruim assim contá-la, desde que omitisse partes da história.

- OK... Vou contar. Meu namorado... (...) Sim, mamãe, eu tenho um namorado. (...) Não, mamãe, não é o Fred (...). Sim, mas não é o Fred. A senhora vai deixar eu concluir? OK. Então... Meu namorado, ele terminou comigo. Gosto muito dele e estou sofrendo muito. É isso.

- Mas sabe por que está sofrendo, Lysa?

- Por quê?

- Porque não me escuta e não dá uma chance ao Fred! Por isso!

- Ah, mamãe, esqueça o Fred, vai. Ele está até namorando, se a senhora quer saber!

- Viu? Bobeou, dançou, Lysa. O Fred é que é o homem certo para você...

- Mamãe. A senhora quis saber o que havia de errado comigo e eu contei. É só isso?

- Bem... Promete que vai ficar bem?

- Prometo, mamãe. Isso vai passar, OK?

As duas se despediram e desligaram.

Lysa resolvia ligar para Fred, não para seguir os conselhos de sua mãe, claro, mas porque lembrava que tinha no rapaz um grande amigo. “Talvez ele possa me ajudar”, pensava.

- Alô, Fred?

- Lysa? Aconteceu alguma coisa? Está com uma voz...

- Mais ou menos, Fred. Onde você está?

- Acabei de deixar a Tatiana em casa e estou indo para a minha. Por quê?

- Poderia passar aqui? Estava precisando conversar.

Fred pensava por exatos dez segundos e:

- OK. Chego em dois minutos.

Fred chegava ao apartamento de Lysa e, logo de cara, um abraço apertado se fazia presente, na sala. Lysa ainda trajava o vestido que escolhera para a festa. O abraço fez com que Fred colasse seu peito no decote ousado de Lysa. A verdade é que ver a amiga vestida daquele jeito – diferente de como se veste normalmente, para o trabalho –, fazia o rapaz ficar “aflito”.

- O que houve, Lysa? Em que posso ajudar?

- Fiz a maior burrada da minha vida, Fred.

- Conte-me.

Lysa contava todo o ocorrido, para o espanto total de Fred. Lysa não se via muito à vontade em contar os detalhes, mas para quê? Fred possuía imaginação suficiente para imaginar cada movimento das mãos de Alejandra sobre o corpo de Lysa – isso o excitava.

-... e foi isso. O que eu faço, Fred? – concluía Lysa.

- Olha, Lysa, você quer saber mesmo o que eu acho disso tudo?

- Claro, diga-me.

- Acho que vir para a capital não foi uma boa escolha para você.

- Como não, Fred?

- Não estou falando profissionalmente. Refiro-me ao lado pessoal de sua vida. Acha mesmo que se estivesse com seus pais você teria essa atração por meninas?

- Acho que sim. Gabriela diz que essa coisa nasce com a gente, só é preciso que alguém venha e a faça aflorar.

- Bem, não acredito muito nisso, mas... Você já pensou em ir passar uns tempos com seus pais? Um mês, quem sabe? Eu ouvir dizer que você tirará férias daqui a uns dois meses. Que tal?

- Será?

- Ficar longe de tudo isso a fará repensar melhor nas coisas, além de dar tempo do sangue de Gabriela esfriar, se é o que deseja.

- É. Acho que você tem razão, Fred. Eu amo a Gabriela, e...

- Que desperdício... – interrompia-a Fred.

- O que disse?

- Não, nada...

- Disse desperdício, Fred! Eu ouvi!

- Porra, Lysa, já se olhou no espelho? Você é a menina mais linda que eu já vi na minha vida! – se solta Fred – Você sabe que sempre fui louco por você! E você acha que foi fácil te flagrar na cama com outra menina? [vide Lysa23 – Parte 10] A Tatiana é um amor de pessoa, a gente se dá bem, mas... É por você que meu coração dispara, Lysa. É por você que... É por você que meu pau está duro agora!

Fred se levantava e saía, enquanto Lysa ficava sem ação, porém, pensativa... e excitada, como jamais antes diante do rapaz.

* * *
O tempo passou – exatas três semanas em que Lysa sequer vira Gabriela, diga-se de passagem. Tempo de muito sofrimento e saudades por parte de Lysa, que procurou se isolar, evitando contatos até mesmo com Bruna e Joyce. Até que um novo encontro, entre Lysa e Gabriela, sem querer, ocorreu.

- Lysa... – dizia Gabriela ao encontrá-la num ponto de ônibus.

- Gabriela...

- Como vai?

- Tudo indo. E você?

- Indo também....

- Achei que nunca mais nos falaríamos, Gabriela.

- Eu também achei, Lysa. Mas não resisti quando te vi. A verdade é que estou te observando faz um tempinho, dez minutos, talvez – dizia Gabriela soltando um sorriso no canto da boca.

- Está me espionando, é? – dizia Lysa a sorrir.

As duas se abraçavam. E forte. Era o tempo, enfim, cuidando de tudo.

- Ainda está chateada comigo, Gabriela? – perguntava Lysa, pois precisava saber.

- Não mais, Lysa. Já passou...

- E... Você...

- E eu o quê? Pode perguntar, Lysa.

- Você encontrou outra pessoa? Tem outra pessoa em meu lugar?

- Sim, Lysa, eu... Eu encontrei sim.

Lysa sentia uma pontada no peito.

- Aliás – continuava Gabriela – estou esperando ela aqui.

- Ah... Bem, então é melhor o meu ônibus chegar logo, porque...

- Não precisa tanto, Lysa. Você a conhece.

- Co-conheço?

- Sim... Olhe ela vindo ali.

Lysa se espanta ao concluir que Gabriela estava agora com nada mais nada menos que Joyce.

- Mas... A Joyce, Gabriela?

- Sim, Lysa, a Joyce. Por que o espanto?

- Mas... E a Bruna?

- A Bruna está com a vagabunda da Alejandra, Lysa! – dizia sorrindo Joyce, que ouvira a pergunta de Lysa ainda distante.

O ônibus de Lysa chegava e, sem sequer se despedir, ela, atônita, o tomava. Sentava num dos bancos da frente e ainda pôde ver um beijo apaixonado entre Joyce e Gabriela. Chorou ao mesmo tempo em que decidiu seguir os conselhos de Fred; iria, sim, passar um tempo no interior do estado com seus pais.

Fora um verão confuso demais para Lysa, que, na mente, misturava lembranças fortes de Gabriela, Fred e, por incrível que pareça, Alejandra – ainda podia sentir a presença da chica em seu corpo, essa era a verdade.

Distante dali, em seu apartamento, Alejandra levava Bruna à loucura com um sexo oral – sua especialidade – matinal.

- Goze, Brunita, goze! Quiero su miel en mi boca, safada! – dizia Alejandra com o rosto entre as pernas de sua presa.

[Fim]

Bem, pessoal, é isso. Muito obrigado a todos os que, durante esses quase três anos de MUITOS EM UM, vêm aqui e me prestigiam com a leitura desses humildes contos. Conforme já anunciara no Facebook e no Twitter, o MUITOS EM UM entra, a partir de hoje, de férias por tempo indeterminado, por conta da dedicação à minha monografia de graduação em Publicidade e Propaganda, que apresentarei no final deste ano.

Muito obrigado pela leitura de sempre e, quando quiserem, sintam-se à vontade para lerem (ou relerem) os arquivos do MUITOS EM UM.

Até mais!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ALEJANDRA Y EL VERANO #5

Gabriela e Bruna se viam diante de duas portas; dois quartos, um de frente para o outro. Em um daqueles cômodos, acreditava Gabriela, estavam Alejandra e Lysa. Joyce observava, apenas observava.

- Qual das duas nós arrombaremos, Bruna? – dizia Gabriela furiosa.

- Ficou maluca? Acalme-se, Gabi!

- Como? Essa filha de uma puta armou para cima de mim!

- Argh! Que raiva! – soltava Bruna.

Joyce então puxa Bruna pelo braço e:

- Tem raiva de quê? Não é a sua namorada quem está lá dentro com Alejandra! Você está com raiva pela Alejandra, não é?

- Joyce! Isso é hora de ciúmes? – revidou Bruna.

- Ah, quer saber? Foda-se! – disse Joyce a sumir na multidão.

- O que houve? – perguntou Gabriela.

- Joyce é maluca! Esqueça! Então? Qual das duas portas nós arrombaremos, Gabi!

Gabriela sentia firmeza na ajuda de Bruna e dizia: “Essa aqui!”.

Gabriela escolhia, por sorte, a porta certa! Mas após a primeira pancada com os ombros – para o espanto de todos – Gabriela e Bruna viam que não seria tão fácil assim. Então começaram a chutar a porta. Chutaram. Mas chutaram tantas vezes e com tanta força que, do lado de dentro do quarto:

- Deve ser Gabriela, Alejandra, deixe-me ir – dizia Lysa, quase que em êxtase –, por favor... Alejandra... Deixe-me...

- Agora? Ah, Lysita, agora não... Deixe a Gabriela para lá!

- Não... Não posso... – dizia Lysa com dificuldades, já que entre as pernas guardava a mão direita de Alejandra, a tocar suas partes com agilidade.

Lysa não se deu conta, tamanho tesão que a tomava, mas sua calcinha, branca e levemente umedecia, já repousava sobre seus pés; estava entregue, completamente entregue.

Alejandra era como uma jibóia que possui sua presa, só que sem usar a força. Eram apenas os lábios, as mãos e os esverdeados olhões que faziam todo o trabalho de manter Lysa quase que fora de si.

Do lado de fora, um dos convidados, um homem alto e forte, completamente tomado pelo efeito das drogas que usara, resolvia ajudar as meninas, achando, no mínimo, se tratar de uma brincadeira. “Carlão”, ele se apresentava.

- Vai, Carlão! Mete o pé nessa porra! – animava-o Gabriela.

- Agora! – dizia Carlão, que em apenas uma pesada, na direção da maçaneta, abria a porta.

O barulho do arrombamento assustou Alejandra, mas sequer atrapalhou o exato momento do orgasmo de Lysa, que gemia levando a cabeça para trás. Com os seios à mostra, o vestido erguido e a calcinha ao chão, Lysa ainda levaria alguns segundos até entender o flagrante.

- VAGABUNDA! – gritava Gabriela, que corria em direção aos cabelos de Alejandra.

Bruna, por sua vez, não teve tempo de reação; foi atropelada pela multidão que resolveu entrar no quarto para assistir a confusão.

Gabriela e Alejandra entravam numa briga de puxões de cabelo, arranhões e tapas. Lysa, já recomposta, vestia-se ao mesmo tempo em que tentava separar as meninas.

- Pelo amor de Deus, Gabriela – dizia Lysa – solte Alejandra! – em vão.

Depois de muito esforço, Lysa conseguia, enfim, separá-las. Com os rostos ensanguentados, Gabriela e Alejandra estavam irreconhecíveis. Lysa pegava Gabriela pelo braço e tratava de sumir do local.

* * *
Lysa e Gabriela entravam num táxi, até então, mudas.

Alguns minutos se passaram e:

- Vagabunda... – sussurrava, chorosa, Gabriela, olhando para o nada.

- Gabriela...

- Cale a sua boca, Lysa! Vagabunda! É isso que você é! E eu achando que... Que idiota! Achando que íamos viver juntas, Lysa! Juntas, sob o mesmo teto! Você tem noção, Lysa? Não, você não tem!

- Gabriela, me escute....

- Escutar o quê? Escutar o que, quando eu vi? Eu vi, Lysa! Você lá, gozando, meu Deus! Gozando! Que vagabunda!

- ...

Lysa não tinha o que dizer. “Ela tem razão. Eu devo ser mesmo uma vagabunda...”, pensava.

As duas chegavam em casa. Gabriela ia direto para o chuveiro; precisava retirar do rosto inchado o sangue e o suor. Só queria tomar um banho, arrumar suas coisas e, infelizmente, voltar para a casa de sua mãe, o quanto antes.

Lysa chegava até a porta do banheiro e:

- Eu... Eu sinto muito, Gabriela...

- Sai daqui, Lysa!

Lysa a atendia. Ia para a cama. Deitava-se e, inevitavelmente, começava a pensar em tudo o que acontecera desde que descobriu seu gosto por meninas. Começou então a lembrar dos “inocentes” beijos que trocava com Gabriela, ainda no início de tudo. E terminou lembrando de alguns minutos atrás, do orgasmo mais vexaminoso do mundo. Se arrependia, sim, mas queria ainda entender o porquê de não ter resistido aos encantos de Alejandra, já que, no fundo, sentia que amava Gabriela, profundamente. Chorava.

[Continua]

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ALEJANDRA Y EL VERANO #4

O apartamento de Alejandra, diferente do que ela mesma havia dito, não era pequeno, notava Lysa. A porta estava aberta, dando a impressão de que qualquer pessoa poderia entrar, sem nenhum controle. Bruna e Joyce já estavam no local, difícil seria encontrá-las em meio a tanta gente.

- Não é melhor ligarmos para as meninas? – sugeria Lysa à Gabriela.

- Daqui a pouco a gente as acha, Lysa, relaxe...

Em toda parte, casais se pegavam como se o mundo fosse acabar a qualquer minuto. Não demorou muito para que os corpos de Lysa e Gabriela fossem vistos e cobiçados pelos ali presentes. Também pudera; ambas trajavam vestidos ousados em comprimento e decote. Lysa sabia valorizar os seios pequenos que possuía, enquanto Gabriela se focava nas pernas. Estavam vestidas uma para a outra, verdade, mas para matar.

- Onde será que se meteram Bruna e Joyce? – questionava Lysa com Gabriela.

- Deixe as duas para lá, Lysa! Vem aqui...

Gabriela logo entrava no clima daquela festa, agarrando firme Lysa pelas mãos e a levando até um canto – um dos poucos vagos naquele apartamento. Com os lábios já colados aos de Lysa, Gabriela diz:

- Vamos, enfim, comemorar?

Lysa sorri e se deixa levar pela pegada da namorada, que, já mergulhada naquele ambiente, apalpa com força a nádega de Lysa.

- Gabriela! – exclama Lysa.

Um beijo enlouquecido, que chama a atenção de muitos, se faz presente. Até que...

- Chicaaaaaaaaaaaaaaaas! – grita Alejandra ao se deparar com Lysa e Gabriela.

Alejandra carregava numa mão uma garrafa de vodka, e na outra um cigarro de maconha pronto para ser aceso. Estava inegavelmente linda. Com a pele bronzeada da praia, contrastando com o vestido claro, os olhos esverdeados da mexicana pareciam brilhar ainda mais.

- Brunita e Joycita estão ali, venham! – dizia Alejandra.

Gabriela não gostou nada nada da maneira como Alejandra interrompera aquele amasso, mas...

Pelo caminho, Alejandra, Lysa e Gabriela se esbarravam em todo tipo de casal. O som estava alto, porém, inidentificável; era uma mistura de música eletrônica e uma guitarra ensurdecedora. Gabriela ia à frente, guiada pela mão de Alejandra em suas costas, enquanto Lysa seguia atrás, puxada pela mexicana.

Foi quando, de repente, Alejandra empurra Gabriela para frente e puxa Lysa para dentro de um dos quartos do apartamento.

- O que é isso? – pergunta Lysa sem entender.

- Como así, Lysita? Não te mostrei nada ainda!

- Abre esse quarto, Alejandra! Que porra é essa? Gabriela deve estar me procurando!

- A Gabriela se vira, Lysita! Venha cá!

Alejandra pegava Lysa pela cintura, encaixava-a entre suas pernas e, bem próxima ao rosto da presa:

- Estoy locamente tarada por ti, Lysita!

Lysa, logicamente, desaprovava aquela atitude de Alejandra, mas, inevitavelmente, se encantava com os olhões de Alejandra tão próximos aos dela. Os lábios da chica se movimentavam de uma maneira sedutora naquele falar. Lysa, ainda que se preocupasse com Gabriela, se desmanchava.

Do lado de fora, Gabriela olhava ao seu redor a fim de encontrar Lysa e Alejandra – já tinha noção do golpe da mexicana –, mas nada. Sem querer, encontrava Bruna e Joyce.

- Gabi! – dizia Bruna.

- Puta que pariu, Bruna, me ajude! Alejandra sumiu com Lysa!

- O quê? Que porra é essa? – perguntava Bruna.

- Isso mesmo que você ouviu! Essa filha de uma puta me empurrou e, sei lá como, sumiu com a Lysa! Dá para acreditar nisso? Eu mato!

- Ela deve estar num desses quartos, não?

- Argh! Sim! Vamos entrar nessa merda!

Joyce apenas observava a atitude de Gabriela e Bruna. “Só assim Alejandra deixa Bruna em paz”, pensava.

- Você vem com a gente, Joyce? – perguntava Gabriela.

- Sim, claro...

Dentro do quarto:

- Diga que no me quer, Lysita! Diga!

- Pare com isso, Alejandra, deixe-me sair!

- Deixo! Por un beso! Un beso!

A respiração de Alejandra encontrava a de Lysa, que, nitidamente, lutava contra tamanha sedução. Mas apenas por alguns instantes... Após muito lutar, sem mais pensar em nada, Lysa se entrega ao beijo alcoólico de Alejandra. E que beijo! As mãos de Alejandra passavam por todo o corpo de Lysa, como se tivesse apenas alguns segundos para matar toda aquela vontade que a consumia.

Lysa a beijava e se deixava possuir pelas mãos ágeis de Alejandra. Em poucos segundos, já era nos delicados seios de Lysa que Alejandra movimentava sua língua ácida.

[Continua]

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ALEJANDRA Y EL VERANO #3

- Hoje, la fiesta es en mi apartamento! – disse Alejandra, logo que Gabriela e Lysa chegaram da água.

A animação de Alejandra trouxe quatro diferentes sentimentos naquela areia; Lysa se animou, Gabriela desconfiou, Joyce soprou em descontentamento e Bruna ficou confusa. Após o anúncio inesperado de uma festa, a jovem mexicana sequer disfarçou; olhou fixamente, de cima a baixo, o corpo molhado de Lysa. Gabriela, que não é boba nem nada, tratou de puxar a namorada até o guarda-sol.

- Porra, Lysa, essa Alejandra parece que te quer, merda!

- De onde você tirou isso, Gabriela?

- De onde? Como assim “de onde”, Lysa? Essa mexicana dos infernos não tira o olho de você! Ou você não percebeu?

- Ei, ei, ei! Qual é, Gabriela? E se tiver mesmo de olho em mim? Você me viu de olho nela? Viu?

- Não...

- Então, por favor... Nunca brigamos! Vamos brigar logo hoje? Logo hoje?

- Você está certa...

Nenhuma das quatro ali sabia, mas as festas no apartamento de Alejandra costumavam ser regadas a drogas e orgias. Por mais loucas que fossem Lysa, Gabriela, Joyce e Bruna, com certeza, se chocariam num primeiro instante.

Mas elas não sabiam ainda, porque logo Alejandra tratou de contar um episódio.

- Vocês ainda no foram en una fiesta en mi apartamento, mas, provavelmente já ouviram falar! Es una doideira! Mis amigos son todos los pervertidos... Safados, como dizem aqui! Una vez... Más de cuarenta personas... Y mi apartamento es muy pequeño. Sexo en banheiro!
Más de ocho mujeres...

Aquele papo deixava as meninas ora excitadas, ora apreensivas. Os olhinhos de Lysa brilhavam, talvez pela inexperiência. Mas Gabriela, sempre séria – apesar de arder por dentro –, mantinha a cabeça funcionando, a fim de ver até onde iria as intenções de Alejandra com aquele papo.

- Esqueçam... No quiero que pensem cosas malas sobre mí! – emendava a mexicana.

- Nada a ver, Alejandra! Ninguém pensará nada de errado sobre você! Relaxe! – dizia Lysa.

- Que fofa, Lysa! Es una fofa! Y me encanta este “nada a ver”!

Durante todo o dia na praia foi assim; Alejandra jogando seus encantos para cima de Lysa, enquanto Gabriela – e agora Bruna –, emburradas, não gostando nada daquilo. Joyce parecia neutra naquela história, mas na verdade torcia por um distanciamento de Alejandra e sua namorada Bruna.

Na hora de irem embora, não poderia ser diferente: Alejandra oferece uma carona às quatro meninas – era a única de carro. Antes mesmo que Gabriela pudesse recusar, Lysa solta um animado:

- Claro que aceitamos! Estou morta de cansaço!

Gabriela não gostou nadinha, e ia gostar menos ainda do que viria a seguir.

- Quem vem na frente? – perguntava Alejandra.

As quatro permaneceram caladas, mas como Joyce e Bruna se adiantaram no banco traseiro, sobraram Lysa e Gabriela para a decisão. Até que Lysa, sem sequer pensar:

- Eu vou no banco da frente, pronto.

Para chateação total de Gabriela.

Alejandra deixou primeiro Bruna e Joyce em casa, que desceram confirmando, ainda que de forma inibida, presença na festa de Alejandra, à noite. Por educação, Lysa permaneceu ao banco da frente. Seguiram.

No caminho, Alejandra pediu para que Lysa retirasse do porta-luvas um CD de capa preta.

- Esse aqui? – perguntava Lysa.

- Sí, sí! Já ouviu?

Era na verdade o EP “Seis da Tarde”, de
Luciano Freitas.

- Não, não conheço!

- Es un artista independiente... Y brasileiro!

- Coloca aí, então.

Alejandra deixava rolar o som, que era uma mistura espécie de Bossa Nova, mas com uma série de influências mais.

- Este sonido me encanta, Lysa!

Gabriela permanecia séria, enquanto Lysa ria diante do cantar embolado de Alejandra, que se empolgava no refrão:

- Beso en alto-mar / Brisas a soprar / Y los pies descalzos a molharem (...) / Prefiero acreditar no entardecer...

- Gostei. Legalzinho esse som! – dizia Lysa – O que achou, Gabriela?

- É, dá para escutar.

Lysa explicava o endereço de seu apartamento à Alejandra. Gabriela permanecia quieta; não via a hora de chegar, não aguentava mais aquele falar da mexicana. Mas, mesmo engasgada com a chica, Gabriela não conseguia parar de observar aqueles olhos verdes, pelo retrovisor. “São lindos... Ela é toda linda, essa mexicana de uma figa!”, pensava.

Após mais alguns minutos, enfim, chegaram.

- Vocês vão a mi fiesta, não vão? – perguntava Alejandra.

E mais uma vez Lysa era mais rápida que os pensamentos de Gabriela:

- Sim! Vamos com Bruna e Joyce!

- OK! Besos!

* * *
Gabriela e Lysa, enfim, arrumavam as coisas da primeira no guarda-roupas. Durante a arrumação, Lysa não parou de falar em Alejandra por um só minuto.

- Que menina doida, não, Gabriela?

- É...

- Posso imaginar essa festa de hoje... Meu Deus, se os amigos dela forem loucos como ela... Sei não... E aqueles olhos, Gabriela? Por alguns minutos pensei que fossem lentes! São verdes e lindos demais. Eu a achei divertidíssima, e você?

- Também...

- Sei lá, mas acho que não teria coragem de fazer com ela o que Bruna e Joyce fizeram. Acho estranho, ainda mais com uma menina que você mal conhece... Mas que elas se divertiram, ah, se divertiram! Você acredita que Alejandra bebeu tequila no corpo das duas? Que doideira! Ela também disse que...

- CHEGA! – alterou-se Gabriela.

- Que isso, Gabriela?

- Desculpe-me, Lysa... Desculpe-me... Mas é que... É que você não para de falar na Alejandra, Alejandra e Alejandra!

- Nhommmmm, está com ciúmes, Gabriela?

- Sem essa, Lysa.

- Ai, que fofa! Nunca ninguém sentiu ciúmes de mim, eu acho... Vem cá, vem...

- Temos que arrumar essas coisas, Lysa...

- Ah, rapidinho, vem...

Lysa puxava Gabriela para cama e:

- Não vai ser uma mexicanazinha que me fará esquecer de nós duas, Gabriela!

- Promete?

- Já te disse que te amo?

- Não...

- Eu te amo, sua louca!

Diante de todo aquele carinho de Lysa, mais tarde, Gabriela acharia que não havia mal algum em irem à festa de Alejandra. “Lysa está comigo. A gente se gosta. Nada tenho a temer. Nada!”, pensava Gabriela.

[Continua]

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ALEJANDRA Y EL VERANO #2

O verão mostrava a sua força nas areias de Ipanema, e, a dourar os corpos, lá estavam Lysa, Bruna e a recém-apresentada Alejandra, deitadas sobre suas cangas. Sob o guarda-sol estavam Gabriela e Joyce, por serem as mais branquinhas. Joyce, de tão quieta, parecia ainda dormir, mas na verdade lia um livro do Nelson Motta. Sob o sol, o papo rolava solto entre as outras três.

Gabriela se via tentada a perguntar à Joyce sobre a noite anterior, na qual, na companhia de Bruna, conhecera a tal Alejandra. Mas, conhecendo o mal-humor matinal da amiga, resolveu calar-se. Por pouco tempo. Apenas alguns minutos se passaram até que:

- Joyce, qual é a dessa Alejandra, hein? – dizia Gabriela.

- Como assim, Gabi? – respondia Joyce sem tirar o rosto do livro.

- Ah, sei lá, a Bruna nos contou sobre ontem, Vocês três e tal...

- Sim, e?

- Porra, Joyce, me conte! Quero saber o que rolou, ora!

Joyce esticou o pescoço na intenção de averiguar se Alejandra e Bruna tinham condições de ouvi-la. Constatou que não; estavam papeando alto demais.

- Gabi, a noite de ontem foi boa. Eu estava na maior fissura, havia meses, de fazer algo a três... Daí a gente conheceu a Alejandra, na festa da Fê, e... Acho que foi a Bruna quem conversou mais com ela e, sabe-se lá Deus como, a chica resolveu sair com a gente.

- Sim, Joyce, isso eu já sei. Quero saber o que roloooooou! Na cama, Joyce!

- Gata, numa boa... Eu achei bom, mas...

- Mas o quê?

- Fiquei meio que assistindo às duas se pegarem... Foi meio decepcionante.

- E você não tem ciúmes das duas?

- Claro, porra! Acha o quê? Fico de olho. Mas convenhamos que a mexicana é muito gata, Gabi, fala sério. Acha que se a Bruna resolver mesmo ir fundo com ela eu tenho alguma chance? Nunca...

- Ah, Joyce, você viajou agora! Você é linda! Sim, a Alejandra é uma delícia, confesso, mas não é isso tudo também não.

Diante daquela amizade, Gabriela mentia duas vezes. Uma: em termos de beleza física, Joyce não teria mesmo a menor chance contra Alejandra. Joyce era uma branquinha que tinha lá os seus atrativos. Seios fartos, já o bumbum nem tanto. Ela era capaz de atrair quem ela quisesse. Assim como Gabriela, Joyce sabia ser fatal quando queria. E duas: Alejandra era “aquilo tudo”, sim!

Sob o sol o papo estava nitidamente mais animado. Quando Lysa perguntara à Bruna sobre a noite anterior:

- Conte você, Alejandra! – respondia Bruna demonstrando intimidade.

- Caliente! Muy caliente! Las chicas me dio una... canseira! – respondia Alejandra em seu “portunhol”, às gargalhadas.

Alejandra, desinibida, contava, então, com detalhes – alguns até fugiam da memória de Bruna – toda aquela aventura sexual da noite anterior. Lysa, atenta a cada palavra e a cada gesto das mãos de Alejandra, excitava-se.

- ...así! Una canseira! – terminava Alejandra.

Era impossível não se excitar com o falar de Alejandra, ainda mais com o conteúdo daquele falar. E os olhos verdes? Ainda mais verdes por conta do sol, aqueles olhos eram um convite à paixão.

- Vamos na água, Lysa? – chamava Gabriela.

- Sim, vamos!

A caminho da água, Gabriela pegava firme na mão de Lysa e:

- O que achou dessa menina, Lysa?

- A achei bacana. Divertida. E você?

- Ainda não conversei com ela, mas me pareceu isso aí mesmo... A Joyce está meio mordida com a proximidade dessa chica com a Bruna.

- Sério? Mas, pelo que a Alejandra contou, as três se deram muito bem ontem à noite, viu?

- Joyce me disse que praticamente assistiu às duas.

- Estranho...

Gabriela e Lysa mergulhavam seus corpos perfeitos nas águas de Ipanema, enquanto, ao longe, um comentário de Alejandra tratava de quebrar um pouco o clima.

- Essa Lysa es una gracinha, hein!

- A Gabriela é namorada dela, hein! – alertava Bruna – Estão morando juntas e tudo!

- Existe una manera para tudo, Brunita!

Bruna se calava, enquanto, do guarda-sol, Joyce, quieta, as observavam.

Voltando para a areia, Gabriela pôde notar o olhar de Alejandra para o corpo de Lysa, mas preferiu não levar a sério; pelo menos não naquele momento.

[Continua]

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ALEJANDRA Y EL VERANO #1

As malas não eram muitas; apenas duas. Mas sua vontade de começar uma nova vida era enorme e não caberia nem mesmo em duzentas malas. A caminho do apartamento de Lysa, Gabriela carregava, além de roupas, um coração a mil, que quase lhe saltava pela boca. Ao tocar a campainha, cessou a espera de Lysa, que, eufórica, a atendeu dizendo:

- Não acredito, Gabriela! Conseguiu!

- Quase rolou porrada, Lysa, mas, enfim, consegui sair de casa! Minha mãe ficou uma fera, mas... Seu convite ainda está de pé, não é?

- Claro que está, meu amor, claro que está! – dizia Lysa antecedendo o beijo, ainda na porta do apartamento, selando a união das duas.

Lysa e Gabriela haviam assumido o namoro fazia alguns meses [vide Lysa23 – Parte Final], para o choque de muitos – na verdade, as únicas que não se chocaram foram as suas inseparáveis amigas Bruna e Joyce, porque de resto... Havia também aqueles que ainda não sabiam, que era a família de Lysa, do interior do estado. “Papai e mamãe se souberem, das duas uma: ou morrem do coração, ou me buscam aqui Rio”, dizia Lysa.

No emprego de Lysa todos já sabiam – e chocavam –, mas havia um que, além disso, ainda não aceitara a opção sexual da amiga: o Fred, que, embora não sentisse mais nada por Lysa [vide Lysa23 – Parte 4], carregava terrível preconceito.

- Vamos até o quarto, Gabriela, que já deixei um espaço para você no armário – dizia Lysa.

Era um domingo de muito calor e, chegando ao quarto, Lysa acabou tendo uma outra ideia:

- Gabriela, é o seguinte: deixe suas malas aqui. Vamos à praia!

- Mas assim, do nada?

- Por que não?

- Então preciso achar um biquíni nessa bagunça primeiro, Lysa.

- Use um dos meus, ora!

Lysa, abria uma gaveta repleta de biquínis – tornara-se uma verdadeira fã das praias do Rio. Na gaveta havia peças de tudo que era cor e estampa. Como Lysa e Gabriela vestiam praticamente o mesmo tamanho, não houve problema algum.

Ambas escolhiam seus biquínis, shorts, blusas e acessórios, tudo de Lysa.

- Um banho? – sugeria Lysa.

- Juntas! – provocava Gabriela.

- Claro!

Após o delicioso e quase eterno banho, Gabriela pegava o celular a fim de ligar para as amigas Bruna e Joyce.

- Bruna?

- Fala, Gabi.

- Lysa e eu vamos à praia! Está a fim?

- Nossa, mal acordei...

- Bruna? Fala sério! Ipanema, topa?

- Ai... minha cabeça... bebi todas, ontem...

- Ipanema, OK?

- OK, Gabi, OK...

- Joyce está aí?

- Sim, na cama...

- Chame ela também!

- OK, a gente se liga lá...

Gabriela desligava o telefone.

- Elas vão? – dizia Lysa ainda a se secar.

- Vão!

Dez da manhã.

As duas preferiram não encarar o ônibus, mas um táxi. De mãos dadas, livres de qualquer tipo de medo, Lysa e Gabriela ganhavam, graciosamente, o calçadão. O caminhar e os sorrisos do casal eram como uma celebração dos dias que estavam por vir; da nova vida que pensavam juntas.

Já na areia, o celular de Gabriela soava; era Bruna:

- Onde vocês estão, suas vacas?

- Perto do Posto 9.

- Ah, já vi daqui a sua pele reluzente – brincava Bruna com a cor branca de Gabriela.

- Vai à merda! Beijo!

Alguns minutos depois, chegavam Bruna, Joyce e mais uma menina. Menina que, até então, Lysa e Gabriela não conheciam.

- Vacas, Alejandra. Alejandra, vacas! – apresentava às gargalhadas Bruna – Brincadeira, Alejandra. Estas são Lysa e Gabriela. Lysa, Gabriela, esta aqui é a Alejandra.

Alejandra era uma jovem mexicana que vivia no Brasil há dois anos. Não dominava o nosso português, mas já fazia suas misturas na hora de se comunicar. A chica era magra porém “no ponto”. Seu tom de pele moreno claro e seus olhos esverdeados... uma loucura. Seus cabelos eram artificialmente louros e lisos; gostava de tranças.

Gabriela fitou os seios – pequenos e lindos, como os de sua namorada –, enquanto Lysa mirou as belas pernas de Alejandra. Gabriela e Lysa logo puxaram Bruna e:

- Onde a conheceram? – interrogou Gabriela.

- Foi ontem – disse Bruna –, numa festa muuuuuuuito louca na casa da Fê! Lembram da Fê, né?

- Sim, lembro... Mas a conheceram ontem e já são... amigas?

- Quase isso, Gabi. A Joyce estava tarada num lance a três, entende? A Alejandra apareceu na hora certa e...

- Quer dizer que dormiram com ela?! – perguntou agora Lysa.

- Dormimos não, né, Lysa? Quem dorme com uma mulher dessa na cama?

Gabriela e Lysa se olharam num misto de espanto e excitação. Não disseram nada uma para a outra, mas, logicamente, imaginaram a cena erótica protagonizada pelas três.

Algo dizia às duas que aquele dia de praia renderia...

[Continua]