quinta-feira, 25 de março de 2010

ENCANTO (Parte Final)

No dia seguinte, Patrícia e Marcos seguiam para o escritório. Pelo caminho, uma longa conversa. Marcos estava determinado a manter sua decisão de demitir Matheus, porém, Patrícia insistia em tentar fazer com que Marcos separasse mais as coisas. A verdade é que Patrícia não viu mal algum nas atitudes de Matheus, levando em consideração de ser ele apenas um jovem, um jovem apaixonado, talvez.

Depois de muito ouvir Patrícia, Marcos decide repensar o assunto e, consequentemente, manter Matheus na empresa. Mas com a condição do rapaz se manter longe de Luana. Patrícia não concordou muito com tal condição, mas viu progresso na situação.

Chegando ao escritório, Marcos avistou Matheus no balcão do setor de RH, como ele mesmo ordenara na noite anterior.

- Matheus! – disse Marcos ao vê-lo.

- Sim, Marcos.

- Venha até a minha sala, por favor.

- OK.

Matheus, sem expressar o mínimo de tristeza diante da demissão, se sentava frente a Marcos e cruzava as pernas com elegância.

- Matheus, eu queria te pedir desculpas por ontem. Acho que passei dos limites diante da situação e...

- Está tudo bem, Marcos.

- Você não agiu certo, convenhamos, mas eu não soube dividir as coisas. Então desconsidere a demissão. Você tem se mostrado um excelente funcionário e não quero perdê-lo.

- Fico grato, Marcos.

- Mas tem uma condição, Matheus. Vou lhe pedir que se mantenha...

- Longe da Luana, não é? Eu sabia!

- Não foi legal o que você fez, Matheus! Nós temos regras aqui. Você violou uma delas e...

- A regra é não mentir ou não chegar perto de sua filha, Marcos?

- Para você? As duas!

- OK. Vou voltar ao RH para concluir o processo de demissão!

- Já disse que é para você ficar!

- Mas dessa forma eu não quero!

- Ah! Então está me dizendo que, fora daqui, continuará a se aproximar de Luana?

- Por que não? Lá fora não há “regras”.

Matheus saiu da sala de Marcos e foi direto ao RH. Marcos o assistiu sair e pensou: “Ele me desafia enquanto minha filha diz que está gostando dele...”.

* * *
À tarde, Celeste já havia recebido uma ligação de Marcos na qual frisava a proibição de Matheus naquela casa.

- Ele não trabalha mais comigo, mas deixou claro que continuará atrás de Luana, Celeste. Não deixe esse garoto entrar! E se ele aparecer por aí, me ligue imediatamente, OK?

- Sim, Marcos, pode deixar!

O que Celeste não sabia é que Luana já estava no portão com Matheus.

- O que você está fazendo aqui, garoto? – dizia Luana sorrindo.

- Vim te ver! Preciso!

Luana então ouvia de Matheus as palavras mais bem pensadas que um homem poderia dizer num momento de conquista. Luana sentia uma vontade enorme de saltar nos braços de Matheus. Essa era a verdade.

Matheus conseguia o que queria: deixar Luana num estado de paixão talvez jamais vivido por ela. E de fato Luana sentia que o desejo que sentia por Matheus se mostrava muito mais intenso que quando por Rômulo.

Concluía ali que seu relacionamento com Rômulo, apesar de digno de um conto de fadas, comparado a este, era como uma criança inocente. O que Luana sentira por Rômulo foi um amor muito forte, mas o que chegava a sentir agora por Matheus era um misto de paixão e tesão até.

Depois de falar bastante:

- Quero um beijo seu! – dizia Matheus.

- Eu também quero...

Os dois se beijaram.

Matheus a beijava com a experiência de um adulto, claro, o que deixava Luana com os lábios completamente entregues aos dele. Até que:

- Estou te amando – dizia Matheus – Estou te amando de novo, Beatriz!

- Beatriz? – dizia Luana sem entender.

- Ah?

- Você me chamou de Beatriz, Matheus!

- ...

- Que belo começo, Matheus!

- Calma, calma! Eu posso explicar.

Matheus então contava sua história:

- Luana, desde a primeira vez que a vi, não te tirei da mente um só minuto! Houve uma Beatriz na minha vida, sim, mas não há mais! É... Eu tenho uma foto dela aqui, deixa eu te mostrar...

- Não quero ver, Matheus! Ficou maluco?

- Se eu te mostrar vai me entender!

Matheus então retirava da carteira a foto de sua ex-namorada Beatriz. Para a surpresa de Luana, a menina era “a cara” dela. A cor da pele, os olhos puxadinhos, os lábios, o cabelo, tudo.

- Mas... – não sabia o que dizer Luana.

- Pois é. Parece contigo, não? Então... Beatriz faleceu faz uns dois anos. Estávamos namorando na época, e...

- Eu também perdi um namorado para a morte, Matheus! Mas eu não saio por aí procurando um outro Rômulo! Não quero ser sua nova Beatriz! Você não se apaixonou por mim, mas pela minha aparência! Vá embora!

- Por favor, Luana...

- Não estou pronta para isso, Matheus! Por favor, vá embora.

Sem dizer palavra, Matheus dava meia volta. Levava de Luana apenas um beijo. O beijo mais intenso que já dera em alguém, mas apenas um.

Após ver Matheus sumir no horizonte, um sol voltava a brilhar para Luana. É que seu celular vibrara no bolso do short jeans a trazer uma mensagem de Giovanna.

Deu tudo errado aqui na Bahia, Luana!
Estamos voltando na semana que vem, amiga!

Beijos!

Luana esquecia os arrepios causados pelo beijo de Matheus. A amizade de Giovanna quebrava de vez aquele encanto.

Luana dava um salto de alegria.

Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo
Mais contos de Luana
aqui.

segunda-feira, 22 de março de 2010

ENCANTO (Parte 5)

Patrícia chegava até seu quarto e encontrava um Marcos bastante bravo, que andava para lá e para cá em volta da cama. O sentimento de ter sido enganado por Matheus o incomodava ainda mais do que o fato de seu presente ter sido “sabotado”. As possíveis intenções de Matheus com Luana, na verdade, ocupavam o menor espaço na cabeça de Marcos. A ira era mesmo pela mentira de seu estagiário. Sentia-se um tolo.

Patrícia chegava até Marcos com calma. Entendia perfeitamente o lado de seu marido, mas entendia também as atitudes de Matheus – achava-o corajoso e romântico até. Não seria fácil acalmá-lo, mas Patrícia era, talvez, a pessoa mais centrada daquela casa; a única capaz de tal tarefa.

- Marcos, também não é para tanto, vai – dizia Patrícia.

- Como não, Patrícia? Como não? Aquele moleque me engana daquela forma! E a fim de dar em cima da minha filha! Era só o que me faltava.

- Marcos, o Matheus é jovem e, no meu ponto de vista, está, sei lá, apaixonado por Luana. O que você queria que ele fizesse? Se ele abrisse o jogo contigo, você o deixaria vir e presenteá-la?

- Por que não?

- Ah, Marcos, conte outra...

- Queria que ele agisse como homem, Patrícia! Depois dessa, eu não sei se quero um moleque namorando minha filha. E vou além: não sei se quero esse mesmo moleque resolvendo a parte jurídica de meus negócios!

- Aí você está indo longe demais, Marcos. O Matheus tem se mostrado um excelente funcionário. Não misture as coisas.

- Excelentes funcionários não mentem como ele mentiu!

- Mas Marcos, pelo amor de Deus, você não vê o lado bacana disso tudo? Analise o que esse rapaz fez! Ele só deu sinais de que realmente gosta de sua filha, Marcos! Outro cara, ou melhor: um “moleque”, como você mesmo diz, não teria atitude tão romântica.

- Romântica? Ah, Patrícia...

Luana escutava da sala algumas palavras do diálogo entre o pai e Patrícia. Não se lembrava de ter visto o pai tão bravo alguma vez. Sentia medo, mas não do que poderia acontecer a si – até porque não teve culpa alguma do que ocorrera –, mas ao Matheus.

No quarto:

- Eu vou ligar para o Matheus é agora – dizia Marcos.

- Para quê?

- Ora, quero ouvir o que ele tem a dizer!

Marcos pegava o celular e discava com a força de um leão.

- Alô.

- Matheus?

- Sim, Marcos, pode falar.

- Soube que você esteve aqui em casa, é verdade?

- É... – Matheus pensava um pouco – Sim, Marcos, estive. Peço desculpas se...

- Olha aqui, rapaz, eu não gostei nem um pouco de sua atitude! Para mim, você não passa de um moleque! Onde já se viu? Contar-me uma mentira para sair mais cedo a fim de dar em cima da minha filha! Onde já se viu?

- Desculpe-me, Marcos, é que...

- Você mostrou que não merece estar na minha equipe, rapaz. Muito menos ser namorado de minha filha! Amanhã, Matheus, por favor, vá direto ao RH e resolva sua papelada de estagiário, OK? Passar bem!

- Você não vai me ouvir? Eu o ouvi. Pode me ouvir também?

- Sim, claro – dizia Marcos respirando fundo.

- Não quero me defender. Sei que errei e assumo isso. Mas errei apenas no que diz respeito à empresa! Menti, sim, porque, naquele momento, vi apenas a mentira a favor do que sinto pela sua filha, Marcos.

- Não me venha...

- Eu ainda não terminei. Vou lhe fazer uma pergunta, Marcos, mas você, por favor, não me responda. Quero apenas que reflita. Você nunca usou de uma mentirinha para conseguir o que quer?

- Eu...

- Não responda! Apenas se lembre que o setor jurídico da empresa acata as suas vontades, Marcos. E, de vez em quando, a sua vontade é pela nossa mentira. Passar bem.

Matheus desligava o telefone.

Marcos ficava sem palavras diante daquilo. Não esperava tamanha maturidade de Matheus. Sentou-se na cama e começou, com calma, a analisar as atitudes de Matheus desde o dia em que ele pisou em seu supermercado. Concluía aos poucos que Matheus era um excelente funcionário e que tal mentira teria um peso muito inferior para competir com os serviços por ele prestados. Sentiu-se mal.

- O que foi que ele disse? – perguntava Patrícia.

- Nada demais. Vamos jantar.

* * *
Durante o jantar, ninguém emitia palavra. Até que Luana, morta de curiosidade, resolvia perguntar:

- Ainda está bravo, papai?

- Vai passar. Só não quero mais saber desse rapaz aqui em casa, OK?

- Mas papai, ele foi tão...

- Luana, se você me disser que ele foi romântico, assim como a Patrícia disse, eu vou me retirar dessa mesa.

- OK, papai, não precisa se retirar. Só escute uma coisa: eu ia dizer que ele foi sincero e que me respeitou todo o pequeno tempo que esteve por aqui. E eu acho que estou realmente gostando dele. Com licença.

Luana deixava a mesa sob o olhar assustado de Marcos.

- O que está acontecendo com Luana, Patrícia? – dizia Marcos – Ela não era assim!

- Marcos, a Luana cresceu. Nada mais óbvio de se esperar que ela comece a correr atrás de seus desejos.

Marcos respirava fundo.


[Continua]

Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo
Mais contos de Luana aqui.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ENCANTO (Parte 4)

Marcos se despedia de seus funcionários e passava então na sala de Patrícia. Com muito cuidado para que sua esposa não visse o presente, bateu na porta e abriu apenas uma fresta.

- Vamos, amor? – dizia Marcos.

- Sim, vamos.

- Te espero no carro.

Marcos descia pela escada dos fundos do supermercado e se dirigia até o carro. Com a intenção de presenteá-la assim que ela descesse, posicionou o embrulho sobre o banco do carona.

Alguns minutos se passaram e Patrícia finalmente chega até o carro de Marcos. Ao abrir a porta:

- Meu Deus, hoje foi um dia cheio... – dizia Patrícia até notar o embrulho sobre seu assento – O que é isso, Marcos?

- Feliz aniversário de casamento, Patrícia.

- Ah, Marcos, que lindo! Você é um amor. E eu nem comprei nada...

- Não precisa, meu amor.

O casal se beija e segue para casa.

No caminho, Patrícia abria o presente e agradecia pelo perfume quando seu celular tocava. Era Luana.

- Diga, Luana!.

- Patrícia, você está perto do papai?

- Sim, por quê?

- Então não dê bandeira. Preciso te contar uma coisa, mas tem que ser agora!

- Sim, diga.

- Sabe o Matheus? O estagiário de vocês...

- Sim, claro.

- Ele esteve aqui hoje e me trouxe um perfume! Ele disse que papai não sabia de nada!

- E?

- Eu quero saber de você o que é que eu faço! Escondo do papai ou conto a ele? Responda “sim” para eu esconder ou “não” para eu contar tudo ao papai.

- Sim! Claro que sim, Luana! Estamos indo para aí. Beijos.

- Mas...

Patrícia desligava o telefone sem dar chances para maiores dúvidas por parte de Luana e esboçava um sorriso de admiração pela atitude de Matheus. Mas logo se desfazia do semblante animado para não dar brechas a possíveis perguntas de Marcos – que mesmo assim:

- O que Luana queria, Patrícia? – perguntava Marcos.

- Nada. Besteira. Uma opinião sobre corte de cabelo. Queria saber se eu aprovaria.

- Essa menina...

Luana, do outro lado da linha, ficava com o telefone na mão a pensar onde esconderia o presente de Matheus, mesmo sem saber se era ou não uma boa ideia. “No meu quarto, lógico, mas onde?”, pensava Luana.

A menina então corria até o seu quarto e escondia o perfume, com embrulho e tudo, debaixo da cama. O quarto de Luana é um território no qual Marcos dificilmente pisa. E quando pisa, é incapaz de vasculhar as coisas de sua filha.

Já chegando na rua de casa, Marcos dizia à Patrícia:

- Eu acabei comprando um perfume também para Luana. Essa semana eu a ouvi dizendo que seu perfume estava no fim. Eu pedi ao Matheus que comprasse. Você nem percebeu, não é?

- Ah! – respondia Patrícia pensativa – Eu? Não, não, nem percebi nada... – começava a juntar as peças do presente de Matheus.

- O Matheus só conseguiu comprar um, mas acabei dando uma fugidinha até a outra filial da perfumaria, no shopping, e consegui.

- Ah, que ótimo, amor! Ela vai... Vai adorar...

* * *
Luana descia as escadas com o semblante de uma menina que não conseguia conviver com a mentira. Seus olhos levemente puxados davam lugar a esbugalhados círculos. Patrícia, ao avistar o rosto assustado da enteada, foi rapidamente até ela e:

- Tudo bem?

- Tudo, Patrícia – respondia Luana ainda insegura.

- Filha – dizia Marcos –, trouxe uma coisa para você.

- O que é, papai?

- Seu perfume estava acabando não é?

- Sim, sim. Eu acho que sim... - respondia Luana num auge de aflição.

- Então tome aqui – Marcos lhe entregava o perfume à filha.

- Ah, papai, obrigada!

Foi quando Marcos avistou, próximo ao sofá da sala, um cordão decorativo idêntico ao dos embrulhos dos presentes dados à Patrícia e Luana.

- Ué! Que terceiro cordão é este no chão? – perguntava a si mesmo, em voz alta, um observador Marcos.

- Não tem “terceiro cordão”, Marcos – dizia Patrícia –, foi o meu que caiu.

- Não, não! O seu está aí com o seu presente, assim como o de Luana. Aquele ali é um terceiro cordão! Luana, alguém... esteve aqui?

- Não, papai... Que dizer... Sim, mas...

Marcos não tinha conclusão alguma sobre aquilo, mas passou a mão sobre a cabeça e começou a pensar.

- O que está acontecendo, Luana? – perguntava Marcos.

Patrícia olhava para a menina com um olhar que dizia “que bandeira, Luana”. Vendo-se em tal situação, Luana abria o jogo:

- Foi Matheus, papai. Ele... Ele também me trouxe um perfume. Mas foi só isso, papai. Ele esteve aqui e me deu o perfume. Só.

- Só? Mas... – Marcos ficava nervoso – Mas quem esse moleque pensa que é? Espere aí... Agora eu entendi tudo! O fato dele não achar o seu perfume quando o pedi para comprá-lo... O fato de pedir para sair mais cedo... Mas que filho da mãe!

- Não foi nada demais também, papai! Foi só um presente...

- Sim, filha, mas a forma como ele agiu foi ridícula e mentirosa! Ele vai se ver comigo amanhã!

Marcos saía da sala em direção ao seu quarto cuspindo fogo. Patrícia olhava para Luana e:

- Luana! Que bandeira! Não notou o cordão no chão?

- Como ia notar, Patrícia? Estava tão nervosa! O será que papai vai fazer?

- Não sei, Luana. Não sei. Vou lá tentar acalmá-lo.

[Continua]

Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo
Mais contos de Luana aqui.

segunda-feira, 15 de março de 2010

ENCANTO (Parte 3)

Matheus esperava por Luana num misto de medo e ansiedade. Mal conseguia se manter sentado naquele sofá, é verdade. Queria, com a vontade de mil apaixonados, rever o semblante daquela menina. Nas mãos, um presente resultante de uma aventura, de um risco até mesmo de perder sua vaga de estagiário. Mas quem se importaria com isso naquele momento?

Mais cedo não pensara; agira unicamente com o coração. Mas agora, passado um tempo, refletia sobre sua atitude e pensava no quão bravo Marcos poderia ficar se soubesse de tamanha audácia. Durante aquele momento de angústia, alguns segundos de esperança lhe tocavam o peito ao avistar pela janela a quantidade enorme de árvores que sombreava a rua em frente.

Uns passos eram ouvidos por Matheus. E eles vinham da escada. Era Luana que descia, mas antes dela, chegava a Matheus o cheiro de um cabelo bem lavado. A pele de Luana, sempre muito bem cuidada, espalhava pela casa um cheiro de banho e, ainda mais que isso: de paixão ensolarada.

Na medida em que Luana se aproximava, os cheiros e sentidos agiam como uma espécie de encanto sobre Matheus. Aquele dia, pouco antes do Natal, no qual ambos se viram pela primeira (e única) vez, vinha à mente do rapaz com uma riqueza de detalhes absurda.

Gaguejou:

- Lu... Luana.

- Matheus.– dizia Luana sob uma blusa rosa pink e uma bermuda jeans. Nos pés, as sandálias de borracha de sempre – Tudo bom?

- Melhor agora. Eu... Eu te trouxe um presente. Eu... Eu espero que não repare...

- Presente? Mas...

- Por favor, aceite, Luana!

Luana recebia o embrulho, mas não o abria.

- Abra, por favor – insistia Matheus.

- OK.

Luana abria o presente e:

- Mas... Como sabes a marca do meu perfume? Quem te contou?

- É uma história engraçada, que, assim que tiver uma oportunidade, eu te conto.

- Obrigada, Matheus. Eu nem sei o que dizer. Eu...

Matheus chegou a dar um passo à frente, na intenção de alcançar os lábios de Luana, mas foi atingido no peito por um passo para trás dado pela jovem. Sem graça, o rapaz enfiou a mão no bolso e sorriu.

- Papai sabe que está aqui? – perguntava Luana.

- Não. Concorde que eu não poderia chegar para o Marcos e dizer “sairei mais cedo para presentear sua filha com um perfume”.

- Você tem razão, mas acontece que não tenho o costume de fazer nada longe dos olhos de papai. Ele saberá, mais cedo ou mais tarde, que esteve aqui. Como explicarei o perfume?

- Ora, Luana, uma mentirinha de vez em quando não faz mal a ninguém, vai.

- Olha, Matheus, eu não sou mais criança, nem você. Nós dois sabemos o motivo que nos levou a estarmos aqui de frente um para o outro. E se esse motivo tem realmente valor, não será segredo para meus pais, entende?

Matheus tremia por dentro “Que menina”, pensava.

- Então você quer dizer que você sabe sobre o que sinto por você, Luana?

- Posso não ter noção da profundidade de seus sentimentos, Matheus, mas, sim, claro que sei o que sentes.

“Que menina”, pensava novamente Matheus.

- Sinto encanto, Luana! Mas e você? O que sente?

- Ora, Matheus, eu mal o conheço...

- Mas o que sentes por este que mal conhece?

- ...

- Diga!

- Não sei. Não sei, ainda...

Silêncio.

- OK – dizia Matheus a olhar o relógio – Eu vou indo, Luana. Não quero que seu pai saiba que estive aqui. Não com ele cruzando aquela porta. Darei um tempo a ti. Mas se quer mesmo saber sobre a profundidade de meus sentimentos, pense no mar. Beijo.

Luana, muda e com o presente sobre os braços, assiste Matheus seguindo sozinho até o portão e, de lá, lhe mandar um beijo. O rapaz passou tão depressa que, na cozinha, nem Celeste o viu. A jovem permaneceu de pé a pensar se realmente precisaria de um tempo para entender o que sentia por Matheus. Um sorriso discreto se faz presente no cantinho da boca.

[Continua]

Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo
Mais contos de Luana
aqui.

quinta-feira, 11 de março de 2010

ENCANTO (Parte 2)

As amigas passaram a tarde inteira juntas, mas um telefonema da mãe de Giovanna tratava de apressar a partida da filha, já que havia “muita coisa a se encaixotar” para a mudança. A despedida das meninas, testemunhada pela profunda tristeza de Celeste, tomou aquele quintal de emoção. As lágrimas rolaram e a promessa mútua de futuros contatos por carta ou por Internet se fez presente. As duas se abraçaram forte. Luana abriu o portão e ali, na mesma posição, permaneceu até que Giovanna sumisse no horizonte.

Chegando na cozinha:

- É, Celeste, ela se foi – dizia Luana.

- Não fique triste, minha filha. Hoje em dia vocês podem se falar pelo computador, não é mesmo?

- É, claro, mas nunca será a mesma coisa.

Luana subia até o seu quarto e se deparava com Mimi a olhar fixamente para o celular, como se o mesmo tivesse acabado de tocar. E realmente tocara. Era uma nova mensagem de Matheus.

Não me respondeu, Luana. Estou sendo inconveniente?

Matheus.


Luana então o respondia.

Estava com uma amiga minha aqui em casa. Você não está sendo inconveniente, de forma alguma – Luana então pensou se realmente escreveria o que tinha em mente. Até que escreveu –
Também gostaria de te ver.

Beijos.

Luana.

* * *
Matheus, em meio a um monte de papeis e tarefas que só um estagiário é designado a se responsabilizar, recebia a mensagem de Luana no exato momento em que era solicitado à sala de Marcos – seu chefe e pai de Luana.

- Pois não, Marcos – dizia Matheus.

- Matheus, eu sei que não é responsabilidade sua, nem de seu setor, mas gostaria que me fizesse um favor.

- Pode dizer.

- Hoje eu faço aniversário de casamento e fiquei de comprar um perfume para Patrícia, mas estou atolado por aqui. Então, assim que tiver um tempinho, dê um pulinho naquela perfumaria ali em frente e me compre um frasco desse perfume – Marcos entregava a Matheus o dinheiro e um papelzinho com o nome da fragrância – Não esquece?

- Não, Marcos, pode deixar!

- Ah! Faz melhor: compre dois. A minha filha usa o mesmo perfume e...

- A Luana?

- Sim, só tenho uma filha. Você a conhece?

- Sim. Estive na sua casa no final do ano, não se lembra?

- Ah, é mesmo! – dizia pausadamente Marcos, com ar de desconfiança – Bem, estão é isso. Assim que comprar, me traga aqui, mas sem que Patrícia desconfie, OK?

- Pode deixar, Marcos.

Sem querer, Matheus descobria a marca do perfume de Luana, uma informação valiosíssima para a conquista que investia. Embora o rapaz já tivesse ouvido falar na superstição de não se dar tal presente à pessoa amada, com o risco de perdê-la ao fim do frasco, pensou que seria, mesmo assim, excitante.

Matheus então largou seus afazeres e foi correndo à perfumaria. O rapaz comprou, sim, os dois frascos, porém, um com a quantia de Marcos e o outro com o seu próprio dinheiro. Estava disposto a mentir para o chefe. Diria que havia apenas um frasco na loja e lhe entregaria o troco. No poder de um outro frasco, Matheus presentearia Luana.

No caminho até o escritório, Matheus pensava que teria de ser rápido na entrega do presente, já que Marcos poderia muito bem, naquela mesma tarde, ir até outra perfumaria e adquirir a fragrância de Luana.

Chegando à sala de Marcos:

- Marcos, trouxe o perfume – dizia Matheus.

- Ah, sim! Comprou os dois?

- Infelizmente, Marcos, só tinha um. Aqui está o troco.

- Puxa... Bem, fazer o quê? Obrigado, Matheus.

- Por nada – dizia Matheus que logo emendou – Marcos, eu poderia sair um pouco mais cedo hoje? É que tenho umas coisas para resolver na secretaria da faculdade.

- Sim, tudo bem. Só avise ao Dr. Castro que eu o liberei, OK?

- OK. Obrigado, Marcos.

Matheus então pegava seu paletó na cadeira e a embalagem que deixara sobre a mesa e partia em disparada para a casa de Luana.

Sem sequer saber como seria recebido – se é que seria recebido – por Luana, Matheus seguia no ônibus a calcular suas chances com a ausência de Marcos e Patrícia. O rapaz pensava que horas antes dissera à menina que somente apareceria por lá sob solicitação de Marcos, mas se via quebrando as regras e movido simplesmente pela vontade louca de rever o rosto de Luana – vontade esta que se tornou incontrolável ao descobrir a fragrância da menina. Matheus lembrava com detalhes o endereço do chefe, não foi difícil chegar até lá.

Ao pisar frente ao portão de Luana, ajeitou o nó da gravata, passou a mão sobre o paletó e chamou:

- LUANA!

Celeste avistava o rapaz pela janela da cozinha.

- Luana – dizia Celeste –, tem um rapaz de terno lhe chamando.

- De terno?

- É, vem ver só.

Luana tremia as pernas ao constatar o que já imaginava: Matheus estava lá a lhe chamar.

- Celeste, ele é um estagiário lá do supermercado de papai. Será que o papai sabe que ele está aqui? O que eu faço?

- Bem, parece que ele traz um presente. Acho melhor que o atenda, minha filha.

- Ai, meu Deus, eu preciso de um banho. Estou puro suor. Mande-o entrar, Celeste. Eu já desço.

Celeste segue as ordens de Luana e acomoda o rapaz na sala.

- Ela já desce, está bem? – dizia Celeste – Aceita um suco, ou uma água?

- Eu aceito uma água.

No banho, Luana era um misto de tudo ao mesmo tempo. Não conseguia se concentrar no que realmente estava acontecendo.

- Por que ele está aqui? Por que apareceu sem avisar? Por que estou tão nervosa com a presença dele, meu Deus? – perguntava-se Luana a se ensaboar.

Luana não sabia sequer como se comportar diante de Matheus. E se já não bastassem as mil dúvidas, ainda havia o medo de estar recebendo o rapaz em casa sem a ciência de seus pais – ainda mais por ser Matheus um empregado deles.

Enquanto isso, na sala, ansiosamente, Matheus a esperava.

[Continua]

Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo
Mais contos de Luana
aqui.

segunda-feira, 8 de março de 2010

ENCANTO (Parte 1)

O mês de janeiro, em forma de sorrisos e alegrias contagiantes, já jogava o seu charme pré-carnavalesco pela janela do quarto de uma Luana aparentemente anestesiada. É que um diferente bater no coração, uma espécie de flerte ensolarado, bem no finalzinho daquele dezembro passado, lhe deixara num misto de confusão e desejo. Atenta aos movimentos sutis de um pedacinho de papel que voava próximo à janela de seu quarto, Luana soltava alguns sorrisos confusos enquanto pensava na vida. Pensava em Matheus, é verdade.

O calor era insuportável, mas Luana, como de costume, apenas observava da janela as imensas sombras que as árvores de sua rua proporcionavam aos muitos outros jovens que por ali residiam. Estes, ao contrário de Luana, pareciam aproveitar o verão do início ao fim. Não adiantava o quanto Celeste, a empregada da casa, suplicasse, pois dificilmente Luana sairia de casa; sentia-se bastante à vontade na companhia de sua gatinha Mimi, de seus livros e CDs. É ali, naquele pequeno quarto situado no segundo andar da casa, que Luana gosta de permanecer e de pensar na vida. E como pensa na vida essa menina...

O ventilador ligado na velocidade máxima soprava forte, fazendo bailar a pelagem de Mimi e os cabelos de Luana – pelo menos os poucos fios que ainda permaneciam livres do suor. A larga camiseta de mangas e golas cortadas – uma das preferidas de Luana –, era ideal para que o vento percorresse todo aquele corpo livre de elásticos ou sutiã. As pernas descobertas da menina davam num fino quadril coberto por um pequenino short jeans – na verdade uma calça com as pernas cortadas um pouco abaixo da virilha. Assim, à vontade (afinal estava em seu quarto e na presença apenas de Mimi), Luana seguia em suas reflexões e conclusões – mesmo que ainda sem muitos fundamentos.

O celular de Luana tinha um toque especial quando a ligação era de sua amiga Giovanna. Assim que o aparelho soava os acordes de “The Next Time Around”, do Little Joy, a menina o atendia prontamente.

- Luana, tudo bom?

- Tudo, Giovanna! E você?

- Mais ou menos, amiga. Tenho uma notícia não muito boa. Na verdade, péssima.

- O que houve?

- Papai foi transferido. Vamos nos mudar, Luana, em poucos dias.

- Mas... Se mudar? Para onde? Muito longe?

- Bahia, amiga. Dá para acreditar?

- Ah, eu não acredito, Giovanna! E a gente? Como vou viver sem você por aqui?

- Nem me pergunte isso, Luana. E eu lá na Bahia?

- Pode vir aqui em casa agora?

- Sim, mas, provavelmente, já será para me despedir, Luana.

- Meu Deus...

Quase uma hora depois, Giovanna chegava à casa de Luana. Um abraço repleto de ternura já se fez presente logo no portão. Ambas choraram durante aquele carinho mútuo, pareciam não acreditar no que estava acontecendo. Giovanna, a mais velha, secava as lágrimas de Luana numa tentativa de demonstrar algum lado bom naquilo tudo, mas, diante de tamanha tristeza, falhava.

- Eu não sei o que dizer a ti, Luana, não sei mesmo... – dizia Giovanna a chorar.

- Ai, amiga, eu só tenho você – dizia Luana aos prantos.

Luana talvez só chorara daquela forma uma vez na vida, quando seu primo namorado Rômulo faleceu, em meados do ano anterior [vide Opus 1]. É que o sentimento de perda em relação à Giovanna era tão grande quanto fora em relação a Rômulo. Giovanna teve, sem dúvida alguma, importância ímpar na vida de Luana. Muito além de “melhor”, Giovanna era a única amiga de Luana.

As amigas foram direto para o quarto. Mas antes, na cozinha, Giovanna recebia um caloroso abraço de Celeste.

- Que Deus te abençoe, minha filha. Tudo de bom para você lá na Bahia – dizia a empregada com os olhos em lágrimas.

Chegando ao quarto, as duas conversaram bastante. Relembraram momentos marcantes de amizade tão sólida, riram muito e, claro, choraram muito também.

No meio daquela conversa repleta de emoções, o celular de Luana dava sinal de que uma mensagem de texto acabava de chegar. Luana, meio envergonhada e já sabendo o remetente, leu a mensagem com os olhos brilhantes e, ao fim, sorriu.

- Que sorriso é esse, amiga? – perguntava Giovanna.

- Ai, Giovanna, ainda nem te contei. É que, pouco antes do Natal, um estagiário que trabalha para o meu pai esteve aqui em casa [vide Um Natal Para Luana]. Foi uma visita rápida, a trabalho mesmo. Mas ele foi tão fofo, Giovanna! Eu confesso que não estava aberta a uma nova pessoa, pois a morte de Rômulo ainda é muito recente para mim. Mas o Matheus foi tão... sutil...

- E rápido também, pelo visto – dizia Giovanna a esboçar malicioso sorriso.

- É... – respondia Luana a morder os lábios com ar de sapeca.

- Posso ler a mensagem?

- Pode, claro.

Queria muito ver você. Mas acho melhor esperar que seu pai solicite minha presença por aí, como naquele dia. Não esqueci de cada detalhe seu, Luana.

Saudades já.

Matheus.


- Menina! – dizia Giovanna levando as mãos à boca – Está podendo, hein! Gata desse jeito também!

- Para! – Luana ria.

As meninas pulavam sobre a cama às gargalhadas. Mas embora estivessem as duas momentaneamente cobertas por certa euforia, depois de alguns minutos de sorriso seus olhares se encontraram de maneira séria.

- Vou sentir sua alta, Luana. Nem sei o quanto.

- Eu também vou, Giovanna. Meu coração já dói.

[Continua]

Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo
Mais contos de Luana aqui.

quinta-feira, 4 de março de 2010

2 ANOS DE VIDA

Hoje é uma data especial para o Muitos Em Um, caros leitores. O blog completa nesta data 2 anos de muitos contos, personagens, comentários, elogios, críticas etc. Não poderia deixar esse dia passar em branco por aqui.

O blog ganhou um novo layout. As frutas coloridas do verão (que, de tão infernal, por vezes me desanimou de sentar para escrever) dão lugar a um background mais maduro. Muitos livros – como se estivéssemos numa imensa livraria – farão fundo para as próximas leituras de vocês.

Lembrando que no dia 08 de março, segunda-feira que vem, estreia “Encanto”, a nova série de contos de Luana. Nada mais justo que comemorar esse mês de aniversário do MEU com a personagem mais lida e comentada desse blog, né? Mais abaixo, segue uma entrevista que fiz com Ana Claudia Temerozo, a menina que estampa as capas dos contos de Luana. Espero que curtam.

Bem, gostaria de agradecer a TODOS os leitores, seguidores, visitantes e curiosos que frequentam ou já frequentaram um dia o MEU. Um agradecimento especial para a Nathalia Costa, a Fabiana Romeo, o Kayo Medeiros, a Vanessa Sagossi, a Camila “Amilac”, o Lucas Moratelli e a Ana Claudia Temerozo, que, direta ou indiretamente, contribuem muito para a existência desse humilde cantinho de leitura bissemanal.

Muito obrigado pela leitura de sempre, pessoal!

Luciano Freitas


Muitos Em Um: Ana, conte para os leitores como começou essa história de você sair nas capas dos contos da Luana?

Ana Claudia Temerozo: O Luciano entrou em contato comigo pelo Orkut, falando sobre minhas fotos. Logo depois conversamos um pouco e ele me apresentou o MEU e falou sobre a ideia de Luana. Disse que gostaria de usar minhas fotos para estampar as capas e me enviou o primeiro conto de Luana, se não me engano, com minha foto já na capa, para ver o que eu achava. Logo de cara eu gostei e aceitei participar.

MEU: Bem, muitos não sabem, mas o conto "Luana" não teria uma continuação. Somente depois, com os pedidos dos leitores, é que resolvi dar continuidade à Luana. Como você reagiu ao saber que mais fotos suas voltariam a estampar o blog?

ACT: Muito bem. Assim como os outros leitores de seu blog, eu também adoro a Luana. Fico contente em fazer parte disso.

MEU: É verdade que há muita semelhança entre a Luana e você? Você pode citar algumas?

ACT: Sim, muitas. A personalidade de Luana é muito parecida com a minha. Acho nossos valores muito parecidos também, seu jeito sonhador se encaixa bem a mim. Ela também é bem fechada, mas no bom sentido; prefere ler ou ouvir música a estar no meio de um monte de gente, que muitas vezes nada tem a nos acrescentar.

MEU: Alguns personagens já passaram pela história de Luana até agora. Você, como leitora, possui algum preferido?

ACT: Giovanna, claro, e o Rômulo, que era uma graça! Como você pode matá-lo? (Risos)

MEU: Sendo suas fotos usadas pelo MEU sem um devido planejamento, o seu visual na foto acaba, de certa forma, influenciando a minha escrita em relação à Luana. Como você vê isso? As suas fotos tendo uma importância direta no conteúdo dos contos.

ACT: Eu acho normal. Acaba sendo legal para a personagem também. As mudanças que ocorrem na personagem – na sua descrição e também nas fotos – ficam mais naturais, no meu ponto de vista; não fica aquela coisa de ter que forçar uma mudança.

MEU: Que você influencia a "vida" de Luana nós já sabemos. E a Luana? Até que ponto ela influencia a sua vida? Se é que influencia de alguma forma.

ACT: (Pensa um pouco) Acho que ela não me influencia, mas parando para pensar, acho que acaba influenciando (Risos). É que eu acabo ficando na espera de um novo conto. É sempre bom ler sobre ela. Eu às vezes também acabo tirando uma foto já pensando em como ela ficaria na capa.

MEU: Você costuma divulgar o MEU entre seus amigos?

ACT: Já cheguei a comentar contigo, mas a maioria dos meus amigos não liga muito para leitura. Infelizmente eu não tenho uma Giovanna (Risos).

MEU: Das mais de 40 capas já estampadas, qual foi a que mais gostou?

ACT: Difícil essa, hein! Acho que as capas de “Opus 1”, porque, coincidentemente, combinaram bem com o tema. As de “Verdades de Luana” eu também gostei muito. As de “Duas” também... Ai, difícil, né? Sou suspeita para falar (Risos). As primeiras capas também são tão bonitinhas – estava vendo agora, eu novinha (Risos).

MEU: Para finalizar essa nossa pequena conversa, deixe um recado para as leitoras conhecidas como "as tias de Luana", que não perdem um capítulo sequer.

ACT: Que continuem participando sempre. E se conformem com a morte de Rômulo – é o que eu estou tentando fazer. (Risos).