
A camiseta de Cecília era amarela e trazia um enorme rosto do Paul McCartney estampando à frente. Seus seios, tão firmes e ao mesmo tempo tão singelos, me chamavam mais atenção que o próprio beatle, mas tratei de desviar o olhar, que aos poucos ia se tornando mais fixo e abobalhado.
A presença de Cecília me fazia tremer as bases. Por que ela tinha de carregar aquele sorriso sempre? Sorriso este que me tomava as manhãs, as tardes, as noites, os sonhos e todo o resto. Olhando para o chão, notava o quão limpo era o seu par de tênis, que por sinal combinava muito cruelmente com a camisa; uma covardia. Subia-lhe com os olhos escalando cada detalhe de suas pernas vestidas naquele jeans novo e de tonalidade escura; estava impecável.
Um tênis verde chegava até o nosso banco. Tratei de subir a vista até a face do intrometido. Para a minha revolta instantânea, tratava-se de um rapaz muito bonito. Os olhos dele eram tão verdes quanto o seu calçado. Trazia na mão esquerda uma pequena margarida recém retirada do jardim da praça. Delicadamente – de forma que eu jamais serei um dia –, aquele rapaz depositou a pequena flor entre os cabelos negros de Cecília. Uma pontada em meu peito se fez presente naquele mesmo momento – uma flor ali e uma faca aqui.
Esperei pela reação daquela menina, mas não por muito tempo – na verdade não cheguei nem a esperar. Cecília se levantou como uma flecha a pendurar-se no pescoço daquele rapaz. “Você aqui”, dizia ela na ponta dos pés.
- Que saudade, Cecília! – dizia aquele ser.
- Você está um gato! – dizia a acariciar o rosto do rapaz – Mamãe precisa te ver! – continuava numa empolgação inédita.
Ela, puxando o bonitão pelos braços, atravessava a rua até o seu condomínio. Os dois falavam sem parar, como se quisessem pôr todo aquele assunto aparentemente atrasado em dia.
Mudo, no mesmo lugar fiquei. O assento ao meu lado ficava vago e ao mesmo tempo muito gelado. Eu estava tão próximo de ensaiar o primeiro “oi” de nossas vidas, mas um par de olhos verdes tratou de adiar tal acontecimento histórico. De lá, através da janela do apartamento de Cecília, pude notar as silhuetas dela, de sua mãe e do rapaz a se abraçarem. “O genro perfeito chegara, talvez, de uma longa viagem”, eu pensava. Aquele cara devia ter tanta história para contar, tantas vantagens, tantas experiências mirabolantes.
Foi quando, da janela, Cecília gritou para uma amiga que passava pela portaria do condomínio.
- CARLA, MEU IRMÃO VOLTOU DE MADRID! SOBE AQUI!
Meu coração então voltou aos poucos a bater de forma tranquila. “Irmão”, eu repetia como se quisesse convencer a mim mesmo da palavra que Cecília anunciara instantes antes. Respirei fundo e me senti com o bolso cheio de fichas novamente. “Ela ainda pode ser minha”, eu pensava enquanto repunha os meus fones.
“I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand…”
9 comentários:
Faltou um [Continua ... ] hehe
Bacana a história.
Não entendi direito o fim - se é que tem um fim - mas acho que pelo começo bacana, não deveria ter o final assim.
De qualquer forma, ficou bem escrita.
Abraço.
poxa, estava legal, também acho que precisa de continuação, queremos saber o que irá acontecer..
;)
esqueci de comentar que essa capa esta linda! :D
bacana! bacana!
gostei!
bjos
Lucianooo, eu AMEI!
fiquei tão empolgada! haha
aaaaaaaaaah bem que podia continuar heeeeein? ^^
rsrs
beeeeeeeeeijos
Luciano, amei, amei, amei, amei *-*
Beatles, conto genial.
Praça, pés, bancos..Não exatamente em cima, mas sempre me fazem feliz.
hehehehe...
E aguardo a continuação!
Ain, que bonitinho
*.*
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