quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A PRIMA (Final)

No dia seguinte, logo cedo, fui direto ao portão lá de casa. E lá estava Dani em mais uma de suas intermináveis séries de abdominais. Eu tinha de tirar o chapéu para ela; era realmente uma menina muito forte e disciplinada. Ao mesmo tempo em que ela subia e descia seu tronco, fazendo aquele abdômen lindo trabalhar, eu imaginava a minha incapacidade de fazer sequer o terço daquele exercício.

Mas, mesmo assim, sorri. Sorri porque imaginei o tamanho de minha sorte naquele momento. Ter Dani aos meus lábios na noite anterior fazia de mim mais feliz, sei lá. Só sei dizer que me sentia muito bem, apesar do medo precoce de perdê-la.

Vendo Dani se exercitar, não me contive:

- Psiu!

Ela sequer olhou. Então repeti:

- Psiu!

Nada.

Desisti, mas continuei a observá-la. Observava cada gota de suor minada de seu corpo. Observava cada sopro, cada movimento dos fios de cabelo que teimavam em lhe cair sobre a face. Observava Dani por completa e, consequentemente, em minha cabeça surgiam situações entre ela e eu, mas que não passavam de réplicas de algumas das mais clássicas e lindas cenas de amor do cinema.

Enfim, Dani se levantava e, de sua varanda:

- Fred!

- Ah, me viu agora? – eu brincava – Fiz “psiu”, mas você nem olhou.

- Desculpe, Fred, eu o ouvi. Mas é que não paro meu exercício por nada, entende?

- Ah, sim, tudo bem, Dani.

- Desculpe. Mas diga lá!

- Não, nada. Quer dizer, você vai pegar onda hoje de novo?

- Ué, eu pensei que já estivesse combinado contigo, não?

- Não, mas... Ora, vamos!

E assim foi durante quase toda a estadia de Dani na casa de Carina e Camila: de manhã, praia; de tarde, beijos; e à noite mais beijos.

A cada dia que passava nos apegávamos mais e mais. Pode ser clichê dizer isso, mas era um sonho de verão mesmo. Dani parecia se interessar por mim como nenhuma outra menina antes. Carinhosa, amiga, divertida e linda. O que mais eu poderia querer? Como não se apaixonar por uma menina assim? E logo na estação mais propícia! A verdade é que eu estava “de quatro”.

Até que certo dia fui acordado pelo telefone.

- Alô.

- Fred, é a Camila!

- Diga, Camila, o que houve?

- A Dani foi à praia sem você.

- Ah? E daí? Eu estou ferrado no sono, ela gosta mesmo de ir bem cedo e...

- Fred, a Dani foi à praia com o Bernard!

- Com o... Bernard?

- É! E os dois nem me disseram nada. E, pelo visto, para você também não.

Dani e Bernard juntos na praia. Ambos tendo o amor pelo surf como um princípio de uma união que, na minha opinião, parecia mais sólida que aquela em que eu vivia.

- Sim, mas o que você quer que eu faça, Camila?

- Vamos até lá, ora!

- Para quê?

- Esteja pronto em cinco minutos, Fred!

E lá fomos nós para a praia que Bernard mais gostava de pegar onda.

Durante o caminho, sentia que o medo me tomava o peito, mas o sono me tomava o corpo inteiro. Camila falava sem parar, estava disposta a romper relações com a própria prima se descobrisse algum envolvimento da mesma com Bernard.

Podia até parecer que eu estava “cagando” para a situação – meus bocejos eram terríveis –, porém, sentia o coração bastante apertado; um misto de dúvida e medo.

Ao pisarmos na praia, não precisamos procurar muito. Logo avistamos Dani sentada na areia a apreciar as manobras de Bernard ao mar. Tive um impulso de ir até Dani, mas Camila me segurou pelo braço. “Não seja idiota, Fred. Vamos esperar aqui”, dizia-me Camila.

Debaixo de uma barraca, ficamos a observar. Bernard, depois de uma sequência de ondas, vinha até Dani. Ele arremessava sua prancha na areia e logo estava sentado ao lado dela. Os dois conversaram um pouco sobre as ondas e, minutos depois, se beijaram.

Deu pena de Camila, que deixava correr um fio de lágrima no canto do olho esquerdo. Confesso que me senti em pedaços, mas, não sei o porquê, senti mais foi dó de Camila. Tive vontade de voar no pescoço de Bernard, mas sentia que não era bem pela Dani – que, àquela altura, parecia perder todo o encanto –, e sim por Camila.

- Não fique assim, Camila – eu dizia.

- Como não? Minha própria prima, Fred! E o Bernard? Que cachorro!

- Venha, vamos sair daqui. Para mim já deu.

Camila me seguia, mas parte dela parecia querer ficar e ver até que ponto a traição chegaria.

* * *
À tardinha, sentados no portão das irmãs, Camila e eu conversávamos, mas procurávamos não tocar no ocorrido pela manhã. Os assuntos eram vagos e passageiros como as nuvens que por vezes se formaram sobre nós.

Até que, no início da rua, surgiam Bernard e Dani. E, ao contrário do que pensara, os dois caminhavam como “amigos”, ou seja, sem mãos dadas ou gestos que acusassem algo a mais. Vinham com eles dois sorrisos que, embora Camila e eu já soubéssemos de tudo, pareciam esconder alguma coisa.

- Lá vem eles, Fred – dizia-me Camila – O que a gente faz?

- Vamos esperar eles chegarem mais perto.

- Para quê?

- Bem, eu espero que esteja pronta.

- Pronta para quê?

No momento em que Bernard e Dani pisaram na calçada e esboçaram um beijo em seus referidos pares, eu tive a coragem que muitas vezes me faltara. Puxei o pescoço de Camila e alcancei seus lábios como um louco. Camila retribuiu o beijo como se já soubesse de minha ação. E mais: senti seus braços quentes me laçarem as costas com força paixão.

Depois do beijo:

- Onde foram os dois? – dizia Camila.

- Não sei, Camila. Devem ter...

- Ai, me beija de novo, vai.

4 comentários:

Anônimo disse...

ADOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORO!
que prima, hein... credo! haha

Vanessa Sagossi disse...

Hauhauhauh!!!
Adorei!
:)

Fabi Romeo disse...

cruz credo! rs


*finalmente consegui comentar aqui!!!

beijos

Yara Lopes disse...

COm uma prima dessas....

Adoreeeei Luciano

=D