quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A PRIMA (Parte 2)

Não eram nem sete da manhã, meu Deus, e a Dani já demonstrava em seus exercícios abdominais mais disposição que eu. Era lindo ver aquilo. Ela prendera os longos cabelos num coque, vestia a parte de cima de um biquíni bem discreto e o mesmo short da noite anterior. Seus movimentos fortes e sua respiração atlética me fascinavam. Meu Nescau esquentou, meu sanduíche perdeu a graça e eu nada mais fiz a não ser observá-la.

Após a série de abdominais, Dani se levantava, alongava os braços e caminhava de um lado para o outro da varanda. A menina respirava um pouco e começava então uma série de leves golpes com a ponta dos dedos em seu abdômen. Que corpo maravilhoso ela exibia. Foi automático o meu olhar crítico ao meu corpo magro e sem músculos definidos. Senti-me fraco, porém, determinado a uma aproximação.

À noite, como sempre, estávamos todos ao portão das irmãs. Ríamos muito, conversávamos, flertávamos... aquela coisa toda. Nenhum dos meninos falava nada a respeito, mas a verdade é que todos nós ali não víamos a hora de Dani aparecer.

Até que o Guga, o mais “saidinho”, perguntou:

- Carina, cadê sua prima?

- Ela já vem. Está vendo um DVD de surf, sei lá.

Alguns minutos depois, lá estava ela, a musa esportiva Dani. Usando apenas um vestidinho de malha verde limão e uma sandália branca, Dani deu o ar da graça com um sorriso que era um misto de timidez e simpatia. Os cabelos molhados acusavam um banho recente. Ela então se sentou na calçada. Foi quando eu me cheguei.

- Vi você pela manhã...

- Onde?

- Ali na varanda. Fazendo abdominais.

- Ah sim – dizia Dani a sorrir –, me bisbilhotando, né?

- Não, não!

- Estou brincando, bobo.

E começamos a conversar.

Era nítido o desvio de atenção dos meninos. Camila e Carina pareciam perder o encanto diante de Dani. Além do mais, embora as irmãs fossem garotas muito bacanas, elas estavam com o Guga e o Bernard. Era de se esperar que a disputa ali passasse a ser pelos lábios da prima recém chegada.

Aqueles que antes disputavam o coraçãozinho da Carina, os mais novinhos, não entraram na briga, claro. A batalha agora era entre eu e os três mais velhos, visivelmente. Ah, sim, o Bernard, por vezes fora visto com olhar de arrependimento. É, arrependimento mesmo. Imagine só o quanto ele gostaria de estar ao lado de uma menina gata como a Dani e que ainda pegava onda como ele.

Os papos rolaram até altas horas. Até que D. Kátia, mãe de Camila e Carina, resolveu chamar as meninas para dentro de casa. Então fomos cada um para sua casa. A noite terminara.

No dia seguinte, à tarde, Camila, batia à minha porta.

- Oi, Camila.

- Oi, Fred, tudo bom?

- Sim. O que manda?

- Então. Poxa, me diga uma coisa, mas com sinceridade, OK?

- Sim, claro.

- Ontem à noite, ali no portão, você notou algo de estranho no Bernard?

- Algo de estranho?

- Bem, serei mais direta. Você notou o Bernard olhando para a minha prima?

- Ah, sim... Quer dizer, não... Quer dizer...

- Você viu, não viu, Fred?

- Ah, Camila, eu não quero me meter...

- Olha só. Estou disposta a colocar a Dani na sua mão! Topa?

- Como?

- É isso mesmo que ouviu! Não quero o Bernard dando mole para a Dani, cara, eu estou gostando dele, sério!

- Acho que entendi...

Parece coisa de novela, eu sei, mas foi exatamente assim que aconteceu. Camila estava disposta a entregar os lábios de Dani aos meus na intenção de desaparecer com um possível interesse de Bernard em sua prima. Claro que topei. Que mal haveria?

À noite, Camila fez de tudo para que Dani e eu nos “entendêssemos” melhor. Chegou a sugerir que, no dia seguinte, eu levasse sua prima para conhecer as praias da cidade. Dani adorou a ideia e soltou logo um “jura que você me leva?” bastante animador. Eu aceitei, logicamente.

Depois de firmar tal compromisso, Dani só teve olhos a mim naquela calçada, é verdade, o que de nada adiantou em relação aos olhares tortos de Bernard – ele continuava a observar cada curva e cada gesto de Dani. Camila já estava nitidamente aborrecida, mas acreditava que um beijo entre Dani e eu serviria como água fria naquele lance. Ora, um beijo eu também queria, mas eu precisava de mais tempo.

No dia seguinte, conforme combinado, logo pela manhã, lá estava eu disposto a levar Dani a algumas praias da cidade. E assim fiz.

Foram horas maravilhosas. Durante as intermináveis viagens de ônibus, conversamos muito. Quando chegávamos às praias, eu dava um inexperiente mergulho enquanto Dani alongava os músculos. Depois do alongamento ela caía ao mar e demonstrava o quão boa ela era sobre uma prancha de bodyboard. Era demais observá-la a aproveitar o mar de maneira tão diferente da qual eu costumava. Enquanto a minha cultura era a de ir à praia flertar e pegar um bronzeado, Dani explorava o limite das ondas; entrava em contato total com a natureza. Era lindo de se ver.

Ao tomarmos o último ônibus – depois de visitarmos quatro praias –, já de volta para casa, Dani, completamente exausta, resolvia cochilar sobre meu ombro. Não pude deixar de fazer um carinho sobre aqueles fios loiros e de observar o quão doce era o seu sono. Senti-me muito atraído em beijá-la, mas não seria leal de minha parte naquele momento.

Foi quando chegamos ao nosso ponto. Eu a acordei com um leve carinho sobre seu nariz.

- Chegamos, Dani.

- Nossa. Eu dormi em você, Fred?

- Relaxa. Está tudo bem. Você estava exausta, menina.

- Que vergonha... – ela ria.

Vê-la falando tão próxima a mim fez minha vontade chegar ao extremo. Nossos olhos se encontraram com ternura até que, loucamente, a beijei. Beijei sem pensar. Apenas beijei. E foi demais. Dani tinha um beijo diferente. O jeito de se beijar varia muito de cidade para cidade, constatei. Ela mexia a língua mais devagar que as meninas que beijara até então. Foi delicioso.

Descemos do ônibus de mãos dadas, e assim seguimos rua adentro.

Todos estavam no portão das irmãs, inclusive Camila e Bernard. Ao nos verem de mãos dadas, aquele monte de jovens sorridentes emitia um sonoro “hummmmm”. Bernard ficou nitidamente chateado, contrastando drasticamente com o meu semblante feliz. Ao deixar Dani no portão, antes de ir para casa – afinal, antes de qualquer coisa, precisávamos de um banho –, nos beijamos mais uma vez, para delírio da garotada.

- Ai, que fofos! – dizia Camila numa felicidade ímpar.

Após o banho, me deitei na cama num misto de paixão e medo. A paixão foi fácil de entender, mas o medo não. Analisando um pouco mais o que sentia naquele momento, constatei que o meu medo era o de perdê-la tão brevemente como a conquistei. Até as ondas, que tanto abraçavam Dani em suas manobras, me pareciam concorrentes. O meu medo era a consequência daquela paixão.

Com o corpo quente por causa do sol e mais quente ainda por conta de Dani, adormeci.

[Continua]

5 comentários:

Anônimo disse...

to adorando, continua postandoooo!

bjs

Kayo Medeiros disse...

Conto de MULHERZINHA! XD

Mas continua sendo bom, ok? ;)

Nathalia disse...

AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI!
que lindooo! eeee!
=)

Vanessa Sagossi disse...

Isso!!!
êê!! Continua...
Safado esse Bernard!!

Lucas disse...

Muito bom esse!
Não acontece nada trágico, certo? Ô.ó

Até a parte 3...
Abraço Luciano.