terça-feira, 14 de outubro de 2008

LAURA

Na TV, apenas as noticias ruins de todos os dias. Alberto desligou-a. Subiu até o segundo andar, abriu a porta bem devagar e constatou que sua filha, Lorena, já se encontrava nos braços do mais profundo sono. Fechou a porta no mesmo cuidado que abrira e em passos lentos se dirigiu até seu quarto. Sua esposa, Laura, também se encontrava dormindo. Apagou o abajur, deitou-se como uma pluma, mas não adiantou.

- Vamos conversar?
Disse Laura, que fingia dormir.
- Ora, Laura, não temos o que conversar a essa hora da noite.
Esquivou-se Alberto.
- Não. Vamos conversar agora, homem. Não conseguirei dormir sequer mais uma noite sem antes você me explicar tudo o que houve no fim de semana.
Disse Laura muito nervosa voltando a acender o abajur.
- Está bem. O que você quer saber, Laura?
- Foi você quem matou aquela mulher, não foi?
- Não acredito que você esteja pensando que... Não, Laura, nem venha com isso. Eu encontrei aquela mulher no chão com sei lá quantas facadas no peito. Chamei a policia e eles fizeram o trabalho deles. O que mais você queria que eu fizesse? Desde domingo que você chora e não fala comigo direito. O que lhe deixou tão abalada? A gente nem conhecia aquela mulher.

Laura ficou muda e tornou a chorar. Dando socos no travesseiro e em Alberto também. Gritava - Assassino, assassino! - Alberto arregalava os olhos numa tremenda confusão de pensamentos e conclusões.
- Por que achas que matei aquela mulher? Que motivo eu teria? Não sei de onde tiraste essa idéia, Laura. Estás maluca?
- Você estava esquisito naquele dia, Alberto. Saiu de manha e só voltou àquela hora da tarde com a roupa cheia de sangue...
- Eu tentei ajudar a vitima, Laura. Pelo o amor de Deus!
- E por que você veio até em casa trocar de roupa antes de chamar a policia?
- Ah! Você queria que eu fosse o principal suspeito? Eu tentei ajudá-la, mas se a policia chegasse e me visse com aquela roupa cheia de sangue, como eu faria para provar a minha inocência, Laura?

Cinco minutos se passaram. Ambos em silencio. Até que Laura ataca.
- Alberto! Eu vi a faca suja de sangue que você deixou cair quando veio trocar de roupa! O que você quer que eu pense?
Alberto se viu encrencado e abriu o jogo.
- Laura! Eu vi durante meses você me traindo com essa vagabunda! O que você queria que eu fizesse?

Laura arregalou os olhos e sentiu o peito queimar de tristeza, mas não menos que o rosto de vergonha. Jamais poderia imaginar que seu marido sabia de seu caso homossexual com Sara, assassinada por ele com quinze facadas no peito, naquele domingo. Laura apagou o abajur e deitou-se.

* * *
Conto publicado originalmente em 25 de setembro de 2007 no fotolog.com/lucianofreitas.

7 comentários:

Kayo Medeiros disse...

Rapaz... só digo uma coisa:

O.o

Anônimo disse...

aaaaaaaaaaaaaaahhh esse eu já li!
hahahaha.. =)
mto bom!

Unknown disse...

huasuhah

O_o

voce escreve cada texto xD

http://zcolmeia.blogspot.com/

Janaina W Muller disse...

Meee
Repetindo o que a maioria já colocou aqui; esse texto só há um jeito de classificar : O_O

hauHAU, nossa, vc vai lendo com a expressão normal e quando acaba, tá assim! Os olhos arregalados e a boca tensa :D

Abraços.
='-'=

Victor Aguiar disse...

Que triste.
Seria uma bela novela.

Vanessa Sagossi disse...

Eita..

camys disse...

oO

Deixou um gosto de quero mais.