
Às 8h, saía o primeiro grupo, o do bloco D, com Letícia, Carolzinha, Amanda, Layana, Bruninha e Fernanda. Todas lindas demais. Era difícil focar apenas uma, já que naquele grupo tinha quase todo o tipo de menina. Duas louras, uma morena, uma nipônica, uma ruiva e uma mulata. Eu chegava a fazer uma espécie de rodízio no qual eu procurava dar atenção especial a apenas um daqueles corpos em cada dia da semana, mas em vão. Exibindo as cores de seus biquínis elas conseguiam confundir tudo aquilo que eu julgava organizado. Oswaldo, o porteiro, que o diga.
Às 9h, o grupo do bloco C dava o ar da graça. Naquele espetáculo de time tinha Bianca, Monique, Yasmin, Débora, Ludmila, Cecília, Paulinha e Thayssa. Oito coisinhas. O mesmo esforço aplicado para conseguir observar cada uma das meninas do primeiro grupo me era preciso com este segundo. Desciam a ladeira até a portaria com charme, risadas e uma predominância de cachos em seus cabelos. Das oito, apenas duas possuíam os fios lisos, os quais seguiam a direção do vento forte, porém, o cuidado capilar de todas era nítido por conta do brilho intenso em reação àquele sol escaldante.
Findada a passagem de ambos os grupos, algo me fazia permanecer na janela até às 10h. Era a vez da solitária Lívia, também vinda do bloco C, descer rumo à dose diária de areia, sal e sol. Lívia tinha um par de pernas que minha avó chamaria de “pernocas”, por serem bem torneadas. Usava shorts curtos, cada dia numa cor diferente e sempre combinando com a sandália. Os cabelos eram negros, cacheados e não menos tratados que os do grupo que saía uma hora antes. A sua pele morena ela sabia bronzear. A Lívia tinha o jeito certo de fazer, pois ela estava sempre na cor ideal. Era impressionante. Os fones no ouvido na certa não a deixavam perceber o barulho que fazia em cada passada forte, porém, sensual, em direção à portaria. Assim seguia Lívia em seu rebolar.
Na janela mais próxima à minha, Cabeção, um grande amigo.
- Tira o olho da morena, Douglas!
Ele brincava.
- Há quanto tempo está aí?
Perguntava-lhe.
- Desde de oito.
- E como não te vi?
- Na certa estava muito ocupado com as meninas, não?
- Com certeza. Você também, pelo visto.
- Claro.
- São lindas, não? No verão elas parecem estar mais lindas do que em outras estações.
- É verdade. Tem a sua preferida?
Perguntava-me Cabeção.
- Difícil dizer.
- Vamos, diga. Qual a mais gata de todas?
- Difícil, já disse.
- Eu tenho a minha!
- Qual?
Eu perguntava.
- A ruivinha do bloco D, a...
- Bruninha.
- Isso. Um filé! Mas qual é a sua, Douglas?
- Bem, eu acho que fico com a Lívia. Essa última que desceu.
- Eu sei quem é a Lívia. E quem não sabe?
- Por quê?
- Ora, Douglas, essa menina já ficou com todo o condomínio.
- O quê? Cite um!
- Cito trinta se quiser. Sandro, Orelha, Cacá, Matheus, Leandro Lelé, Chupeta...
- Porra! Chupeta? Ela ficou com Chupeta? Mas ele é feio que dói! Que menina em sua sanidade beijaria aquele ser?
- Cito uma, meu caro Douglas!
- Quem?
- Lívia.
- Vai à merda!
Eu fechava a janela e custava a acreditar nas frases de Cabeção. Mas ele dizia com tanta convicção. Queria saber mais sobre os fatos. Chamava-o então para jogarmos videogame. Era o que restava aos duros. Jogar videogame.
- Mas diga. Estava falando sério sobre Chupeta e Lívia?
- Sim, cara.
- Não posso crer.
- Olha, Douglas. Quer ficar com essa menina?
- Depois dessa? Acho que não.
- Dizem que vale a pena.
- OK. O que devo fazer, mestre Cabeção?
- Simples. Vá até ela e diga que quer beijá-la.
- Vai à merda, Cabeção!
- É sério! Cara, pensa em Chupeta! Se ele conseguiu, quem não conseguirá?
- Vai ver ele é bom de papo.
- Chupeta? Ele tem a língua presa, Douglas. Esqueceu?
- É mesmo. Quer saber? Eu sei a hora em que ela costuma chegar da praia. Vou cercá-la.
- Faça isso! Mas antes...
- O quê?
- Ligue esse videogame e vamos jogar. Antes que fiquemos loucos com essas meninas!
- Ah sim. OK!
Às 15h, Lívia apontava na portaria. Eu descia correndo e me posicionava frente ao seu prédio. Ela chegava e:
- Oi Lívia.
- Oi Douglas. Beleza?
- Beleza. Precisava falar com você.
- Diga.
- Depois que você tirar esse sal do corpo e descansar a sua beleza, sei lá, por volta de umas oito horas, poderíamos nos ver aqui em baixo?
- Era isso o que queria me falar ou falará à noite?
- À noite.
- Pode me adiantar o assunto?
- Sua boca.
- O que tem minha boca, Douglas?
- Quero beijá-la.
Lívia olhava para os lados, dava um passo à frente e alcançava meus lábios numa doçura sem igual.
- Oito horas então?
Eu perguntava.
- Sim. Tchau.
- Tchau.
* * *
Às 20h, Lívia e eu, recostados na enorme pilastra de seu prédio, éramos quase que um só. Seu corpo ainda estava quente da praia, o que contrastava com o frescor de sua boca tomada da ação de um creme dental fortíssimo, me causando uma sensação inexplicável ao beijá-la. Mas algo me incomodava. Nada me fazia aceitar que Chupeta também vivera, talvez, aquele mesmo momento.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pode. O que foi?
- É verdade que... É verdade que...
- Fala logo, Douglas.
- É verdade que você já ficou com Chupeta?
Lívia se distanciava de meu corpo. Puxava um elástico do bolso e ao prender seus cachos esticava os músculos de seus membros de forma estonteante. Ela respirava forte e parecia irritada com a pergunta.
- Por que quer saber?
- Curiosidade.
- É porque o acha feio, não é?
- Bem, eu...
- Pois vou lhe dizer uma coisa. Se você já ouviu falar por aí que já beijei quase todo o condomínio, tome como uma verdade. Mas saiba que o motivo é muito simples.
- Qual é?
- Não sei dizer “não” a cantadas.
- O quê? Como assim? Quer me dizer que fica com as pessoas por não conseguir dizer “não”? É isso?
- Exatamente. Mas não acontece em todos os casos. Quando o cara tem um bom papo, ele me ganha. Quando não, eu sinto pena e acabo ficando.
- E no caso do Chupeta?
- Ele me ganhou.
Eu não podia acreditar!
- E no meu caso?
- Foi pena mesmo. Até mais, Douglas.
Ela subia até o seu apartamento deixando para trás um frango. Assim que me sentia. Um frango.
* * *
Mais histórias sobre Douglas em Tapete Testemunha I e II.
14 comentários:
Ótimo blog, execelente texto.
Comenta lá no meu, um abraço.
http://tchannannan.blogspot.com/
hahaha, o Douglas só se fode tadinho.
muito bom!
até o próximo conto.
esqueci de comentar sobre a capa, ficou muito boa!
me acabava no super nintendo! huahauhaua :D
Opa...
ví lá no orkut
MAAAAARA mesmo seu BLOG
ehhee
mas agora estou no trabalho e quando chegar em casa eu leio tudinho hauahuahua
:* bjão
Aaah, acho que estou sendo malvada...mas olha, beeeem feito pra ele. haUHAUhauHAU :D Não pude evitar de começar a gargalhar quando eu li "Foi pena mesmo". hauHAUhuah XD
Abraços.
='-'=
Ptz!
Rachei de rir;
Ótimo!!!!!!!!
Queria ter tempo de ler todos os seus contos.
Quem sabe um dia não os encontro em uma livraria. :)
Abraço;
Inté.
Eita
essa minha xará n eh flor que se cheire hein??
aff
e coitado do Douglas, mas tbm kem pergunta ker saber! hauhauhaua
oi, voce recebeu uns memes passa lah no meu blog http://zcolmeia.blogspot.com/
"foi pena mesmo"
SIFU!
XP
cara, viajei no texto... como se eu estivesse presente, observando tudo.
abraços!
um frango có có...
:O
não creio...
agora dizer 'não" é desculpinha.. hahahahaahhaha
otimooooo!
parabéns
bom demais!!!
parabéns
e que lívia é essa
até que fiquei com pena do douglas tadinho
Huahua...
Ficou achando que o outro cara era ruim. Mas era pior.
Mas fala sério. Essa Lívia...
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