segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

VOYEUR IV

Isadora despia-me. Não podia ser virgem. Isso eu concluía logo nas primeiras poses do ensaio nu. E acertava! Ela tinha dentro de si uma vontade imensa. Um tesão que parecia ter sido libertado pela lente da câmera. Sabe o gênio da lâmpada? Quase isso. Isadora gemia ofegante sobre mim. Por alguns minutos esquecia-me da presença de Durval naquele estúdio. Fazia com Isadora o que faria com qualquer outra mulher. Mas algo ali estava diferente. Pela primeira vez sentia-me profundamente desejado. Nem com as namoradas mais quentes que tive em minha vida me sentira assim.

O estúdio fotográfico tornava-se palco de um sexo sem muitos fundamentos. Animal. Causal. Voraz. Isadora gemia cada vez mais alto. Durval devia estar se esbaldando atrás daquelas coisas, eu pensava. Como um pai poderia, sei lá, masturbar-se ao ver a própria filha sendo enrabada por um amigo de infância? Eu não agüentaria. Juro que não.
- Nossa Fábio! Vai Fábio! Vai Fábio!
Gemia Isadora.
Eu estava dividido entre o tesão e a razão. Tinha ciência de que não estava cometendo pecado algum. O errado ali era o Durval. Eu não podia dispensar aquela coisinha. Pensava nisso enquanto a via de costas. Que nádegas! Eu estava em plenos quarenta e cinco anos, mas esbanjava vigor. E com uma Isadora nua e pedindo mais e mais, quem vigor não faria nascer? Das cinzas até!

Durante uns vinte minutos, transamos como se o mundo fosse inundar-se.
- Meu Deus. O que acabamos de fazer?
Eu dizia deitado ao chão, de barriga para cima.
- Nem eu sei. Posar nua me acendeu um tesão que... Ai, meu Deus, me desculpe, Fábio. É que...
- Não se preocupe, Isadora. Foi muito bom. Mas o que seu pai acharia disso?
- Fábio, você não vai falar para ele, vai?
- Claro que não. Acho que ele me mataria.
Eu mentia.
- E a mim também, Fábio. Deus me livre. Será nosso segredo.
- Sim. Nosso segredo.
Eu confirmava. Que mentiroso eu era.
- Segredo gostoso. Puta merda!
Ela dizia. Isadora me surpreendia a cada frase e a cada atitude. Quem diria? Aquela menina tímida era uma máquina de sexo.
- Ainda vai tirar mais fotos?
Ela perguntava.
- Acho que por hoje chega.
- Posso ver como ficaram?
- Pode sim.
Eu nem me preocupava mais com o que ela acharia do resultado. Provavelmente estaria uma porcaria. Não usara nenhuma daquelas luzes nem nada. Apenas a câmera.

Ela pegava a câmera digital e começava a passar as fotos pelo visor.
- Nossa! Ficaram ótimas, Fábio!
- É mesmo? Ficaram?
- Eu quero todas essas que fiz nua!
- Serão todas suas, Isadora.
Eu ainda respirava fundo.
- Nossa. Ver-me em certas posições me dá um calor...
- Não vai me dizer que...
- Quero mais!
Isadora montava novamente sobre mim. Eu não neguei. Também quis mais.

* * *
Já se passavam das sete da noite. Estávamos dormindo no chão do estúdio. Pingando de suor, nossos corpos encontravam-se completamente esgotados. Foram três ao todo! Há tempos não chegava a tanto. Eu olhava para o relógio e...
- Isadora!
- Oi...
Respondia sonolenta Isadora.
- Seu pai não viria lhe buscar?
- Sim...
- Que horas?
- Às seis.
- Mas já são sete e meia!
- Nossa! Vou ligar para ele!
- Ligue.
Eu dizia. Na certa Durval já devia estar a caminho.

Um telefone celular tocava aos fundos do estúdio.
- É o seu?
Eu dizia à Isadora.
- Não! Estou ligando para o meu pai. Deve ser o seu.
- Eu não trouxe meu telefone.
- Espere aí. Esse toque é o do telefone de meu pai. Está vindo lá dos fundos.
Mas será que Durval havia esquecido o aparelho dele no estúdio? Que mancada!

Isadora seguia o barulho do telefone até que:
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Isadora dava um berro!
- O que houve?
Eu perguntava assustado.
- Meu pai! Ele está caído aqui nos fundos, Fábio!
Dizia a menina aos prantos.
- Mas... Como?
Fazia-me de desentendido. De certa forma eu só entendia o fato de Durval estar ali, mas não o fato de estar caído.
- Eu não sei! Vamos levá-lo a um hospital. Anda!

Eu checava a respiração e os batimentos de Durval. Estava morto. Seu corpo não apresentava ferimentos ou sinais que pudessem ser notados à simples vista de um leigo. Não fazia idéia de sua causa mortis.
- Isadora, seu pai está morto. Eu sinto muito...
- O QUÊ? NÃO PODE SER!
- Mas é, Isadora. Ele está morto. Acalme-se.
- MEU DEUS! O QUE ELE ESTAVA FAZENDO AQUI?
- Eu não sei, Isadora. Vamos chamar a polícia ou os bombeiros, sei lá.
- VOU LIGAR PARA MINHA MÃE!
- NÃO!
- POR QUE NÃO?
- Não. Nada. Pode ligar.

* * *
Olga chegava ao estúdio. Deparava-se com Isadora e eu de pé, próximos ao corpo de Durval.
- Filha o que foi que houve?
Olga chorava bastante.
- Eu não sei, mãe. Eu estava aqui fazendo umas fotos com o Fábio. Meu pai havia me deixado aqui mais cedo e disse que me buscaria por volta das seis e...
Isadora contava tudo à Olga. Omitia a parte do sexo, claro. As duas choravam muito.
- Mas... Desde quando você, Fábio, é fotógrafo?
Olga, apesar do desespero, questionava-me.
- Faz um bom tempo, Olga. Mas acho que isso não vem ao caso agora, não é mesmo? O Durval faleceu de maneira misteriosa e...
- Olha aqui, Fábio. Eu não sou criança. Esse estúdio está cheirando a sexo. Você e Isadora não...
- Não?
Perguntava Isadora.
- Vocês dois não estavam transando aqui, estavam?
- O que é isso mãe? Ficou louca?
- Não estou louca, filha! Seu pai sempre sofreu do coração! Aposto que Durval flagrou vocês dois em pleno ato e não agüentou cena tão grave!
- Mamãe! Isso é hora para delirar? Pelo amor de Deus!

Olga podia ter razão, eu pensava. Embora tenha cavado sua própria cova, Durval poderia, sim, ter morrido da exata forma descrita por sua esposa. Eu fingia estar mais preocupado com o corpo do que com as hipóteses desesperadas de Olga.

- Gente, essa discussão não tem cabimento. Vamos pensar no falecido, por favor!
Eu dizia.
- Eu já liguei para a polícia.
Dizia Isadora.
- Meu Deus... Meu Durval...
Olga ajoelhava-se sobre o corpo de Durval.

Eu sentia a presença de uma grande encrenca. Uma encrenca das boas.

[Continua]

6 comentários:

Anônimo disse...

geeeeeeeeeeeenteee!!!!
luciano e essa imaginação surpreendente ... e como!
aii to curiosa!!!!

Anônimo disse...

e o durval?!
e o durval?!

PIMBA, EMPACOTOU!
hahahahahhahahaha

Lucas disse...

PQP!

Durval morreu!
Ó céus.

E agora?

Kayo Medeiros disse...

que merda, hein? XP

Anônimo disse...

agora senta chora....

Anônimo disse...

ih fudeu agora hein.
Fábio em que merda vc se meteu?!
agora as coisas vão ficar mais interessantes!
aguardo a continuação! *-*