
Antes da chegada da polícia, numa boa oportunidade, Isadora me chamava num canto.
- Fábio, aconteça o que acontecer, não diga nada sobre nossa transa.
- Claro que não. Diremos toda a verdade à polícia, mas omitiremos o sexo. Mas Isadora, mesmo que contássemos sobre o sexo, não teremos culpa. Sexo não é crime. A menos que você fosse menor de idade.
- Pois é. Aí é onde mora o problema.
- Como? Mas... Seu pai me disse que tinha dezenove, Isadora! Dezenove! Não é?
- Ele disse?
- Sim! Por isso – eu mentia –, lhe propus o ensaio nu.
- Eu tenho dezessete, Fábio.
- Meu Deus! Mas isso é terrível. Eu...
- Fábio, por que o meu pai mentiu para você? Por que ele disse que eu tinha dezenove? Não entendi!
- Ora, e por que você não me disse que era menor de idade, Isadora? Por que aceitou fazer o ensaio nu?
- Sempre tive vontade de fazer, Fábio! Eu me senti segura diante de ti. Talvez por ser amigo de meu pai, sei lá. Estou confusa com isso tudo. E isso não vem ao caso.
- Mas claro que vem, Isadora. Se a polícia descobrir que transamos, eu posso estar bem encrencado!
- Não vão descobrir. Nossa transa nada teve a ver com a morte de meu pai, Fábio.
- Eu espero mesmo que não. Como espero.
O detetive Cosme foi o primeiro a abrir a boca.
- Bem, eu quero saber quem estava aqui no momento do crime.
- Não houve crime algum, detetive!
Respondia Olga.
- OK! Eu vou perguntar novamente – dizia Cosme. Quem estava aqui no momento da morte?
- Isadora e eu.
Eu respondia.
- Vocês viram alguma coisa?
- Não. Eu sou fotógrafo e...
- NUNCA FOI!
Berrava Olga.
- Senhora, acalme-se. Nós vamos ouvir a todos, OK? Primeiro os que estavam presentes. Prossiga, senhor... senhor...
- Fábio. Meu nome é Fábio.
- Sim. Prossiga, Fábio.
- Então. Estávamos Isadora, filha da vítima, e eu, fazendo algumas fotos. Durval, a vítima, havia nos deixado aqui, às três da tarde, e disse que nos pegaria às seis. Somente às sete horas foi que demos falta de Durval. Isadora ligou para o celular dele, a fim de saber onde ele estava, e, através do toque do aparelho, para nossa surpresa, encontramos o corpo. Foi assim que tomamos conhecimento do ocorrido. Isso é tudo.
- OK – dizia Cosme. Você, Isadora, confirma a versão do Fábio?
- Confirmo, sim, senhor.
Cosme olhava para os outros agentes, que examinavam o corpo de Durval, com cara que quem não engolira muito bem tal história.
- Bem, a senhora é...
- Esposa. Meu nome é Olga e sou esposa de Durval.
- Viúva, a senhora quer dizer.
- Que seja!
- Pois bem, conte-me o que sabe.
- Eu não estava aqui na hora, mas sou esperta o suficiente para saber que Fábio e minha filha estavam transando nesse estúdio. Durval flagrou os dois e, como sofria do coração, não resistiu. É a minha versão.
- Mas o que a faz acreditar que sua filha e o fotógrafo estavam...
- Olha, senhor detetive, eu não nasci ontem! Esse lugar fechado é capaz de manter odores por muito tempo. Quando cheguei aqui, esse lugar estava cheirando à vagina e suor!
- Meu Deus.
Dizia Cosme, que parecia imaginar a cena. Olhava para Isadora como se dissesse “seria mesmo uma foda de matar o pai”.
- Cosme!
Dizia um dos peritos.
- Diga!
- Há sinais de estrangulamento, senhor.
- Certeza?
- Como dois e dois são quatro.
- Então, senhorita Olga, acho que sua versão não tem muito fundamento.
Olga ficava com cara de babaca. Não sabia o que pensar nem o que dizer.
- Cosme!
Dizia outro perito.
- O que foi?
- Dê uma olhada aqui nessa câmera.
O perito mostrava a Cosme as fotos recém tiradas por mim. Eu esquecia de apagar as fotos. Merda! Estava arruinado, eu pensava.
- Isadora! Desculpe perguntar, mas qual a sua idade?
Eu estava definitivamente encrencado. Isadora gelava, mas não poderia mentir. Não a idade.
- Dezessete.
- Seu pai tinha ciência dessas fotos?
- Sim, senhor.
- Refiro-me às nuas, Isadora.
- Fábio me disse que sim...
- Muito estranho.
Dizia Cosme.
Olga chorava.
- Meu Deus, Isadora! Como foi capaz disso? Posar nua?
- Mas mãe... Foram só umas fotos...
- Mas você é menor de idade, Isadora. O que você pretendia com isso? Ou devo fazer essa pergunta ao Fábio?
- EU SENTI TESÃO, MÃE! PRONTO!
- Meu Deus...
- E outra: Meu pai havia dito a Fábio que eu já tinha dezenove e que podia, sim, me fotografar nua!
Ufa, eu pensava.
- Como é?
Indignava-se Olga.
- Esperem aí, gente! – Dizia Cosme. – O que temos aqui? Uma reunião de mistérios? Um pai que mente a idade da filha para um fotógrafo sem propósitos claros. Um fotógrafo que tira fotos sensuais de uma menor de idade, a princípio, sem saber. Agora o pai aparece estrangulado, embora tudo leve a crer que o falecido assistira a tudo.
- Tudo o quê?
Perguntavam Isadora e Olga ao mesmo tempo.
- Bem, não entrarei em detalhes. Esse estúdio será lacrado para que possamos investigar. O corpo vai para o IML e a investigação seguirá o seu devido rumo. Peço que voltem para casa e, caso sejam convidados a prestarem depoimentos à polícia, atendam nosso chamado. Meus pêsames e até breve.
Eu tinha certeza de minha inocência quanto a tudo ali. Somente me arrependia amargamente por ter aceitado entrar nessa confusão. Eu saía dali sob os insultos de Olga, o silêncio de Isadora, a desconfiança de Cosme e o martelar de uma dúvida. Quem matou Durval?
[Continua]
5 comentários:
:O
nossa... uma baita confusão mesmo!
mas o pior de tudo isso é que o mais safado (Durval) já bateu as botas...
(tá.. a Isadora nunca foi santa... nem de longe...)
to confusaaaaaaaaaaaaa
ta doido.....
o cara ter um infarto até explicaria sua morte, mas estrangulado, então tem uma 4º pessoa nessa cena de crime....To confuso Tb....
obs: ...Quando cheguei aqui, esse lugar estava cheirando à vagina e suor!...
uahauhauha
E amanha o ultimo capitulo!
UAU! Na parte que Isadora diz que sentiu tesão, ela praticamente desinibui sua personalidade.
ai.
que confusão..
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