terça-feira, 13 de janeiro de 2009

VOYEUR V

A polícia, enfim, chegava ao estúdio fotográfico da Cia. Zero. Uma viatura com alguns peritos. Olga permanecia próxima ao corpo. Ainda chorava muito. Eu sentia que os policiais olhavam fixos à bunda de Olga. Ainda não tinham visto a filha da beldade. Provavelmente eles acreditariam em qualquer história que uma das duas contasse, eu pensava. Como naqueles filmes policiais, onde os tiras se encantam com as vítimas, as assassinas etc.

Antes da chegada da polícia, numa boa oportunidade, Isadora me chamava num canto.
- Fábio, aconteça o que acontecer, não diga nada sobre nossa transa.
- Claro que não. Diremos toda a verdade à polícia, mas omitiremos o sexo. Mas Isadora, mesmo que contássemos sobre o sexo, não teremos culpa. Sexo não é crime. A menos que você fosse menor de idade.
- Pois é. Aí é onde mora o problema.
- Como? Mas... Seu pai me disse que tinha dezenove, Isadora! Dezenove! Não é?
- Ele disse?
- Sim! Por isso – eu mentia –, lhe propus o ensaio nu.
- Eu tenho dezessete, Fábio.
- Meu Deus! Mas isso é terrível. Eu...
- Fábio, por que o meu pai mentiu para você? Por que ele disse que eu tinha dezenove? Não entendi!
- Ora, e por que você não me disse que era menor de idade, Isadora? Por que aceitou fazer o ensaio nu?
- Sempre tive vontade de fazer, Fábio! Eu me senti segura diante de ti. Talvez por ser amigo de meu pai, sei lá. Estou confusa com isso tudo. E isso não vem ao caso.
- Mas claro que vem, Isadora. Se a polícia descobrir que transamos, eu posso estar bem encrencado!
- Não vão descobrir. Nossa transa nada teve a ver com a morte de meu pai, Fábio.
- Eu espero mesmo que não. Como espero.

O detetive Cosme foi o primeiro a abrir a boca.
- Bem, eu quero saber quem estava aqui no momento do crime.
- Não houve crime algum, detetive!
Respondia Olga.
- OK! Eu vou perguntar novamente – dizia Cosme. Quem estava aqui no momento da morte?
- Isadora e eu.
Eu respondia.
- Vocês viram alguma coisa?
- Não. Eu sou fotógrafo e...
- NUNCA FOI!
Berrava Olga.
- Senhora, acalme-se. Nós vamos ouvir a todos, OK? Primeiro os que estavam presentes. Prossiga, senhor... senhor...
- Fábio. Meu nome é Fábio.
- Sim. Prossiga, Fábio.
- Então. Estávamos Isadora, filha da vítima, e eu, fazendo algumas fotos. Durval, a vítima, havia nos deixado aqui, às três da tarde, e disse que nos pegaria às seis. Somente às sete horas foi que demos falta de Durval. Isadora ligou para o celular dele, a fim de saber onde ele estava, e, através do toque do aparelho, para nossa surpresa, encontramos o corpo. Foi assim que tomamos conhecimento do ocorrido. Isso é tudo.
- OK – dizia Cosme. Você, Isadora, confirma a versão do Fábio?
- Confirmo, sim, senhor.

Cosme olhava para os outros agentes, que examinavam o corpo de Durval, com cara que quem não engolira muito bem tal história.
- Bem, a senhora é...
- Esposa. Meu nome é Olga e sou esposa de Durval.
- Viúva, a senhora quer dizer.
- Que seja!
- Pois bem, conte-me o que sabe.
- Eu não estava aqui na hora, mas sou esperta o suficiente para saber que Fábio e minha filha estavam transando nesse estúdio. Durval flagrou os dois e, como sofria do coração, não resistiu. É a minha versão.
- Mas o que a faz acreditar que sua filha e o fotógrafo estavam...
- Olha, senhor detetive, eu não nasci ontem! Esse lugar fechado é capaz de manter odores por muito tempo. Quando cheguei aqui, esse lugar estava cheirando à vagina e suor!
- Meu Deus.
Dizia Cosme, que parecia imaginar a cena. Olhava para Isadora como se dissesse “seria mesmo uma foda de matar o pai”.

- Cosme!
Dizia um dos peritos.
- Diga!
- Há sinais de estrangulamento, senhor.
- Certeza?
- Como dois e dois são quatro.
- Então, senhorita Olga, acho que sua versão não tem muito fundamento.
Olga ficava com cara de babaca. Não sabia o que pensar nem o que dizer.

- Cosme!
Dizia outro perito.
- O que foi?
- Dê uma olhada aqui nessa câmera.
O perito mostrava a Cosme as fotos recém tiradas por mim. Eu esquecia de apagar as fotos. Merda! Estava arruinado, eu pensava.
- Isadora! Desculpe perguntar, mas qual a sua idade?
Eu estava definitivamente encrencado. Isadora gelava, mas não poderia mentir. Não a idade.
- Dezessete.
- Seu pai tinha ciência dessas fotos?
- Sim, senhor.
- Refiro-me às nuas, Isadora.
- Fábio me disse que sim...
- Muito estranho.
Dizia Cosme.

Olga chorava.
- Meu Deus, Isadora! Como foi capaz disso? Posar nua?
- Mas mãe... Foram só umas fotos...
- Mas você é menor de idade, Isadora. O que você pretendia com isso? Ou devo fazer essa pergunta ao Fábio?
- EU SENTI TESÃO, MÃE! PRONTO!
- Meu Deus...
- E outra: Meu pai havia dito a Fábio que eu já tinha dezenove e que podia, sim, me fotografar nua!
Ufa, eu pensava.
- Como é?
Indignava-se Olga.
- Esperem aí, gente! – Dizia Cosme. – O que temos aqui? Uma reunião de mistérios? Um pai que mente a idade da filha para um fotógrafo sem propósitos claros. Um fotógrafo que tira fotos sensuais de uma menor de idade, a princípio, sem saber. Agora o pai aparece estrangulado, embora tudo leve a crer que o falecido assistira a tudo.
- Tudo o quê?
Perguntavam Isadora e Olga ao mesmo tempo.
- Bem, não entrarei em detalhes. Esse estúdio será lacrado para que possamos investigar. O corpo vai para o IML e a investigação seguirá o seu devido rumo. Peço que voltem para casa e, caso sejam convidados a prestarem depoimentos à polícia, atendam nosso chamado. Meus pêsames e até breve.

Eu tinha certeza de minha inocência quanto a tudo ali. Somente me arrependia amargamente por ter aceitado entrar nessa confusão. Eu saía dali sob os insultos de Olga, o silêncio de Isadora, a desconfiança de Cosme e o martelar de uma dúvida. Quem matou Durval?

[Continua]

5 comentários:

Anônimo disse...

:O
nossa... uma baita confusão mesmo!
mas o pior de tudo isso é que o mais safado (Durval) já bateu as botas...
(tá.. a Isadora nunca foi santa... nem de longe...)
to confusaaaaaaaaaaaaa

Anônimo disse...

ta doido.....

o cara ter um infarto até explicaria sua morte, mas estrangulado, então tem uma 4º pessoa nessa cena de crime....To confuso Tb....

obs: ...Quando cheguei aqui, esse lugar estava cheirando à vagina e suor!...


uahauhauha

E amanha o ultimo capitulo!

Anônimo disse...

UAU! Na parte que Isadora diz que sentiu tesão, ela praticamente desinibui sua personalidade.

Anônimo disse...

ai.

Anônimo disse...

que confusão..