segunda-feira, 10 de maio de 2010

A DECLARAÇÃO SEGUNDO DANIELE


Ora, era um curso de inglês, somente isso. A confiança que depositava em Caio não me deixava pensar em ciúmes, não por conta de um simples curso de inglês. Caio sempre foi um rapaz muito estudioso; a fim de se aprimorar cada vez mais, sempre fez vários cursos, e não seria eu quem o iria impedir, mesmo. Aliás, quando pensava em Caio estudando, automaticamente pensava em um futuro melhor ao lado dele. É, estávamos juntos havia cinco anos. Nada mais justo eu pensar dessa forma, não?

O que eu mais gostava no Caio? Acho que a seriedade com a qual ele encarava tudo em sua vida, inclusive o nosso namoro. Quando a desconfiança de um possível deslize em sua fidelidade me bateu à porta – sim, em cinco anos, Luiza foi a primeira a, digamos, atrapalhar o nosso caminho –, tive que tomar uma atitude. Entendo perfeitamente uma atração física de um homem, mesmo comprometido, por uma mulher. Mas entendo também que uma simples atração pode se desenvolver e se tornar a mais ardente das paixões. Daí, para o amor é um pulo. E o amor de Caio era meu.

Tudo começou quando o Caio se mostrou desatento durante um jantar. Eu falava e falava, mas o Caio não interagia; mantinha-se quieto, apenas concordando com o balançar de uma cabeça que não estava ali naquela mesa. Poderia contar nos dedos quantas vezes o Caio me olhou nos olhos naquela noite. Ah, quando a gente está com uma mesma pessoa há cinco anos fica muito fácil notar essas coisas.

- Aconteceu alguma coisa, Caio? – eu dizia.

- Não, não. Nada – ele respondia, mas não me convencia.

Mudo, naquela noite Caio apenas comeu, o que estava muito longe de parecer com um jantar entre nós. Tempos antes aquela mesa seria pequena para tantas trocas e demonstrações de amor. Mal sabia que os efeitos de Luiza já o tomavam.

Depois do jantar, mesmo estando Caio tão longe, insisti numa noite de amor. Fomos para a cama. Eu, a fim de trazê-lo de volta, ou ao menos entender o que ocorria; e ele, nitidamente, a fim de cumprir com um protocolo já tedioso e gasto.

O que se deu foi um sexo tão monótono quanto o jantar. Meus olhos miravam o teto enquanto Caio se movimentava de maneira automática e fria sobre meu corpo. Até que, de repente, o clima esquentou. Senti Caio ressurgir das cinzas no que eu realmente entendia como sexo entre nós. Ofegante, próximo ao orgasmo, Caio comete seu maior erro: diz o nome de Luiza ao meu ouvido. No momento pensei em explodir. Mas, não sei o que me deu, preferi manter a calma e esperar pelo que Caio me diria. Mas ele não disse nada. Na certa nem percebeu o deslize.

Como eu já tinha o ouvido falar na tal “Luiza lá do curso de inglês”, que era “assim”, que era “assada”, não precisei de muito tempo para entender tudo.

No dia seguinte, com as poucas características que tinha de Luiza, fui atrás dela no curso de inglês do Caio. Logo no primeiro piso, na lanchonete, vi exatamente o que imaginava ser Luiza: uma menina linda, num vestido lindo e com um olhar tão cativante que por pouco não me fez desistir da abordagem. Eu sou sincera, ora, a Luiza é uma menina linda, fazer o quê?

- Luiza? – eu dizia.

- Sim.

- Conhece o Caio?

- Que estuda aqui?

- Sim. Ele mesmo.

- Sim, o conheço. Por quê?

- Eu sou a Daniele, namorada dele, e precisava lhe entregar um bilhete.

Eu entregava um pedaço de papel escrito à caneta.

O Caio pensa que eu não sei. Fique longe dele, Luiza. Está me causando problemas.

Daniele.

* * *
À noite, Caio foi até minha casa com o bilhete na mão.

- O que significa isso, Daniele? – dizia Caio.

- Um bilhete, ora.

- Mas por quê?

- Caio, você lembra do que você me chamou na cama, ontem?

- Ah?

- Luiza! Você me chamou de Luiza!

Caio, paralisado, resolve se abrir:

- Desculpe-me, Daniele. Não gostei da sua atitude com Luiza, mas preciso confessar que, sim, eu estou completamente apaixonado por ela. Pronto, falei.

- Isso eu já sabia, Caio. Só que eu não vou desistir de você assim tão fácil.

- Esqueça. Não há mais nada entre nós, OK?

- O quê? É assim que você termina um namoro de cinco anos, Caio?

- Daniele, entenda, eu não consigo tirar a Luiza da cabeça, merda! E não se preocupe! Eu acabei de me declarar para ela, mas ela não sente nada por mim, OK?

- Cretino!

- Basta! Adeus.

Dessa forma tola, Caio partiu e não mais me procurou. Eu ainda o amo, mas sei que o perdi para aquela menina. Embora Caio tenha se declarado e, segundo ele, sido rejeitado, sei que o perdi.

Se tudo o que ele disse for mesmo verdade, Luiza nos separou e eu tratei de os separar também.

6 comentários:

Letícia Machado disse...

Adooorei... Mas não pode terminar assim...minha mente romantica não aceitaria um final tão trágico e solitário...rs!

Aguardo o último capítulo de "A Declaração".


P.S: Nãoi vá deixar a Daniele terminar sozinha hein...hauhsuahs!

Beijos!

Yara Lopes disse...

Aiii meu Deus
Tadinha de Daniele
=(

Preciiiso de um continuação, por favor hein Luciano

Nathalia disse...

gente, que absurdo!
continuo com "pena" de todos, mas, como namoro, tenho uma peninha maior da danielle... rsrs

bjssssssssssssss

Anônimo disse...

Ah, poxa, todo mundo ficou mal :(
Algo de bom tem que acontecer, e para todos!!
Tbm qro continuação *----* uahuahuaha

bjs

Vanessa Sagossi disse...

Que coisa triste.
Mas essa Luiza é um tanto fria, não?
Não esboça reações de verdade, legitimas, tudo é calculado!
Que trio!!
Parabéns, Luciano!! Adorei a história!!!:)
Beijo,

Letícia Machado disse...

Tá bem...aceito o fim na condição de vc postar o quanto antes o próximo post...rs!

Bjs