segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O NATAL DE LUANA

Parte I:

No início de dezembro, Luana já pensava como seria o seu Natal. Não queria passar a data como nos anos anteriores, apenas com o pai, Marcos, e a madrasta, Patrícia. Rômulo, primo e, agora, namorado de Luana, tentava convencê-la a passar o Natal com ele, na casa de seus pais. Luana sabia do imenso corre-corre do pai na administração de seus supermercados, naquela época do ano. Ofício que sempre privou Luana de conhecer o restante daquela enorme família. Se não fosse a morte da prima de Marcos, a Arlete, talvez, Luana e Rômulo jamais tivessem se conhecido [vide série “Duas”].

- Acho que o primo Marcos não se importaria de você passar o Natal comigo.
Dizia Rômulo.
- Meu pai gosta muito de você, Rômulo, e vem aceitando nosso namoro como jamais pensei que fosse. Mas não sei até que ponto me autorizaria a passar o Natal longe dele.
- Pois é. Por isso queria que seus pais também fossem para lá.
- Isso seria ótimo, mas você não tem idéia da imensidão de trabalho que meu pai acumula nesse período do ano. Meu pai sai cedo de casa e só chega bem tarde. Às vezes, vira até a noite no escritório. Estou acostumada a vê-lo chegar em casa, no dia 24 de dezembro, quase às onze da noite. Trocamos os presentes, conversamos um pouco e vamos todos dormir. Sempre foi assim.
- Nossa. Um Natal meio chato, não?
- E como. Mas entendo o lado dele. É o trabalho dele. É o que nos mantém. Tenho muito orgulho de meu pai.
- Eu também teria, Luana.

Naquele dia, Rômulo insistia ficar na casa de Luana até a chegada de Marcos, a fim de conversar com o primo-sogro sobre seus planos para o Natal.
- Rômulo, meu pai chegará muito tarde e, provavelmente, muito cansado. Não sei se conseguirá. Outra: Celeste vai embora daqui a pouco. Não sei se meus pais vão gostar da idéia de nos encontrarem aqui sozinhos.
- É. Eu também acho. Farei o seguinte, Luana. Ficarei aqui até sua empregada ir embora. Caso ele chegue antes, ótimo. Caso contrário, darei um jeito de falar com ele em uma outra hora.
- Isso. Mas enquanto ele não chega...
- Ah?
Rômulo, rindo, fingia não entender.
- Vem me beijar, vem?
Luana e Rômulo caíam no sofá. Quase sem querer, Rômulo sobre Luana. Celeste logo aparecia na sala para uma interrupção.
- Luaaana!
O nome da menina, dito de forma séria por Celeste, já era o suficiente para que o clima fosse quebrado na hora.
- Rômulo, não faz isso.
Dizia Luana a brincar, dando uma leve tapinha no braço do namorado.
- Foi você quem me puxou, Luana.
Eles riam da situação e voltavam a conversar.

Marcos e Patrícia, para a sorte de Rômulo, chegavam em casa antes de Celeste sair.
- Oi filha! Oi Rômulo!
Diziam o casal.
- Chegou cedo, papai.
- Só passei aqui para pegar uns documentos. Patrícia irá ficar, mas eu ainda volto para o escritório.
- Você teria um tempo para mim, primo?
Perguntava Rômulo.
- Um tempo não, mas um tempinho sim. Pode dizer.
- É que estava conversando com a Luana sobre vocês passarem o Natal lá em casa, esse ano. O que acha?
- Olha, Rômulo, eu agradeço o convite, mas eu acho um pouco inviável. Luana já deve ter lhe explicado o porquê, não?
- Sim, sim. Explicou. Mas eu tenho uma idéia. A Luana podia ir antes lá para casa. O senhor e sua esposa poderiam chegar lá quando desocupassem do supermercado.
- A idéia me parece boa. Mas não queria chegar lá justo na hora da ceia. Seria um pouco desagradável.
- Que isso, primo? O senhor é da família! Não tem essa.
- OK! Fica combinado assim. Eu dou um jeito de levar Luana antes. Eu e Patrícia passamos por lá quando estivermos livres.
- Ótimo! Todos lá em casa adorarão a notícia de que passarão o Natal conosco, primo.
- Fico feliz, Rômulo. Agora me deixe ir. Até mais.

- Viu, Luana? Fácil.
- Você... Você tem um dom de convencer, sabia disso?
Dizia uma Luana tomada de felicidade.
- Eu? Quem me dera. Se eu tivesse mesmo, convenceria a lua a vir até aqui iluminar os nossos beijos. Bem aqui na sala.
- Fofo.
- Deixe-me ir, Luana. Missão cumprida. Beijos!
- Beijos!

* * *
No dia 24 de dezembro, tudo corria como combinado. Marcos deixava Luana na casa de Rômulo por volta de seis da tarde, na promessa de tentar retornar com Patrícia antes das onze.
- Luana, comporte-se por aí.
Dizia Marcos antes da menina saltar do carro.
- Eu sei, papai.
- Eles são nossa família, mas há anos não os vemos. Então, toda educação ao falar e ao tratar cada um deles, entendido?
- Fala como se eu fosse uma mal-educada. Cruzes!
- Sei que não és. Mas não custa ressaltar. Se tu és bem-educada é porque eu lhe friso isso todo o tempo.
- Pode deixar, papai. Estarei lhe esperando, OK? Beijo!
- Beijo, filha. Fica com Deus. Até mais tarde.
- Até.

Parte II (Final):

À noite, a família de Rômulo já estava toda presente para a ceia. Luana era paparicada a todo tempo pelas tias, primas etc. “Mas olha só que linda!” “É a filha de Marcos? Nossa! Mas está uma gracinha!” “É! Eu a vi no enterro de Arlete. Está uma menina linda!” “Está namorando o Rômulo? Mas esses jovens de hoje...”.

- Todos te adoram, Luana! Viu? Não fico surpreso com o sentimento que sinto por ti. Não se apaixonar por você é coisa impossível a qualquer ser humano.
- Pára, Rômulo. Assim eu não sei o que dizer. Fico sem graça. Pára.
- Não tem motivos para isso, Luana. Você exala simpatia pelos poros. O que posso fazer a não ser lhe comprovar isso através do que sinto?
- Vem me beijar, vem.
Luana aproveitava o momento em que estavam sozinhos à varanda.
- Que bonito!
Uma voz vinha de trás do casal. Era Gisele, também prima de Rômulo.
- Oi Gisele.
Cumprimentava Rômulo.
- Podem continuar. O beijo de vocês, assim, sob as estrelas dessa noite tão especial, está de emocionar. Vamos, continuem!
- Não entendo o que quer dizer, Gisele. É deboche?
- Não vai me apresentar nossa nova prima, Rômulo?
- Para início de conversa, Luana sempre foi nossa prima. Apenas andou afastada.
Luana arregalava os olhos. Assustada e sem entender nada da entonação de voz com que os dois se falavam, ficava calada.
- Luana, essa é a Gisele. Nossa prima.
Apresentava Rômulo.
- Muito prazer, Luana. Mas para a ocasião, acho que não devo ser apresentada como prima, mas como ex-namorada!
- FICOU MALUCA?
Rômulo gritava.
- Como é?
Questionava Luana.
- É isso mesmo, Luana. O seu namoradinho aí parece querer colecionar primas em seu currículo. Você não é a primeira, Luana. Fique sabendo. E nem eu fui! Abra seu olho!
Gisele se retirava da varanda com ar de missão cumprida.

Rômulo não sabia o que dizer, a princípio. Luana ficava estática. Não sorria, não chorava. Não dizia absolutamente nada.
- Luana, não acredite nessa garota, por favor. Eu posso lhe explicar tudo.
- Rômulo, não precisa me explicar nada. Eu não tenho nada com o seu passado. Mas também não gostaria de ser mais uma prima que o Rômulo pegou. Você tem noção do que você significa para mim? Do que seu beijo foi para mim?
- Ela é maluca, Luana. Sempre se insinuou para mim. Eu nunca tive nada com ela. Acredite em mim. Ela está com ciúmes de você.
- Olha, Rômulo, seja lá o que for, ouvir aquilo tudo não foi nada fácil. Quero ir embora.
- Não! Por favor! Não vou te perder por causa dessa mentira. Nem que eu faça a Gisele vir aqui e desmentir tudo.
- Não estou terminando nosso namoro, Rômulo. Só quero ir para casa.
- Mas...
- Por favor. Amanhã, se quiser, você passa lá em casa para conversarmos.
- Como vai fazer?
- Vou ligar para o meu pai e pedir que venha me buscar.

* * *
Sem entender nada, Marcos e Patrícia buscavam Luana, que se encontrava cabisbaixa, completamente o oposto da menina que Marcos ali deixara horas antes.
- O que houve, minha filha?
- Nada, papai.
- Nada? Você me liga com uma voz péssima, me pede para buscá-la antes da hora e agora me diz que não houve nada?
- Marcos – interrompia Patrícia –, a gente se despede de seus familiares, dá alguma desculpa e pronto. Em casa, sim, se Luana quiser, conversaremos.
- OK.

Já em casa, Marcos desabava sobre o sofá. Patrícia assistia Luana subir calada até o seu quarto.
- Não quer conversar, Luana?
Perguntava Patrícia.
- Quero. Só vou trocar de roupa.
- OK. Estaremos aqui.

Minutos depois, Luana descia com Mimi, sua gata, no colo. Vestia roupas de dormir e parecia mais exausta que o pai e a madrasta.
- O que aconteceu, filha?
Perguntava Marcos.
Luana contava todo o ocorrido. Parecia prender um choro que acumulava forças.
- Então quer dizer que o Rômulo é o pegador da família.
Dizia Marcos furioso.
- Não, papai. Quer dizer, eu ainda não sei. Eu não quis que ele explicasse nada na hora. Só quis vir embora. Senti-me muito mal.
- Mas se esse garoto pensa que isso vai ficar assim...
- Marcos – dizia Patrícia –, ainda não ouvimos o Rômulo. Calma.
- E precisa? Bem que eu desconfiava. Muito educado e todo cheio de palavras... É por essas e outras que não faço a mínima questão de me unir a eles. Família. Argh! Luana, eu não quero mais saber de você com o Rômulo. Estamos entendidos?
- LUANA!
Rômulo gritava do portão.
- Era só o que me faltava. O que mais esse garoto quer? Mande-o embora, Patrícia.
Dizia Marcos.
- Não. Deixe o garoto entrar. Para todos os efeitos, nem trair a Luana ele traiu. Vamos ouvi-lo.
Dizia Patrícia, que ia até o portão recebê-lo.

* * *
- É tudo mentira da Gisele, Luana. Por favor, acredite em mim! Primo! – dirigia-se a Marcos – Você é homem e sabe como age uma mulher tomada pelo ciúme...
- Opa! Tire-me dessa, Rômulo. Eu não vou ajudá-lo em seus argumentos. Eu não.
- Rômulo e Luana, Marcos e eu estaremos na cozinha. Fiquem aí e conversem.
Aconselhava Patrícia.

- O que tem para me dizer, Rômulo?
Perguntava Luana.
- Olha, Luana, eu posso sair daqui sem o seu amor, sem o seu carinho, sem a sua confiança. Eu posso sair daqui sabendo que nunca mais a terei como a tive. Posso sair daqui tendo você apenas como prima novamente. Mas precisa acreditar que nada do que a Gisele disse é verdade. Como já lhe falei, a Gisele é doida por mim. Sempre foi. Ela não aceitou toda a forma carinhosa como meus familiares lhe trataram. Ela não tem nem um décimo de sua simpatia e de sua beleza. Mais: Ela não tem um centésimo da importância que tu tens na minha vida! Luana, eu te amo! E me dei mais conta disso ao vê-la partir lá de casa. Acredite em mim! Eu nunca tive nada com aquela louca e nem com prima alguma!
- Isso também não importa, Rômulo. Acredito em você. E passado todos nós temos. O mais importante de tudo isso foi o que acabou de me dizer. Que me ama. Só não quero mais ter que cruzar com aquela menina novamente. Só isso. E espero estar fazendo a coisa certa.
- Provarei com o tempo que está, Luana.
- Como largou sua família no meio da ceia? O disse a eles?
- Não disse nada.
- E eles?
- Não me importa. Só você me importa.
- Ai, Rômulo! Vem me beijar, vem.

Marcos e Patrícia ouviam tudo da cozinha.
- Ah! Fizeram às pazes! Que lindos!
Dizia Patrícia sorridente.
- Vou respeitar a decisão de Luana, Patrícia. Mas ficarei de olho nesse garoto.
- Bem, feliz Natal, meu amor.
- Feliz Natal, Patrícia.

Na sala:
- Feliz Natal Rômulo – desejava Luana.
- Feliz Natal, Luana. Eu te amo.
- Eu também.
Eles se beijavam.

* * *
Foto da capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana nas séries "Luana" e "Duas".

6 comentários:

Anônimo disse...

ahhh .. o amor...

Unknown disse...

romântico...

Anônimo disse...

estou com o Marcos, tbm vo ficar de olho no Rômulo. uhauhauha
Feliz natal pra Luana :)

bjos

Livia Queiroz disse...

Aaaaaaaaaaai q fofo!!!

Só espero q Romulo esteja sendo sincero...Luaninha merece um amor verdadeiro!

adoreeeeeeeeei

Volto pra comentar nos outros depois!
To numa correria danada, e vim doidinha pra ver esse de Luana!
hehee

bjoks

Janaina W Muller disse...

Nossa, não adianta: eu não gosto desse Romulo...meloso demais, educadinho demais, perfeitinho demais HAUhauHUAHuA. Essa da Gisele só aumentou ainda mais as minhas já gigantescas suspeitas XDD~

Abraços.
='-'=

Vanessa Sagossi disse...

"Ela não tem um centésimo da importância que tu tens na minha vida!" Isso é muiiito fofo!! Mas sei lá ainda concordo com a Jana, suspeitas do Rômulo. E você, Lu, coloca mais fogo... heheh
Muiiito bom!
Esperando a Luana voltar...
Vai ter o natal da Giovanna?

beijos!
(: