domingo, 25 de janeiro de 2009

JANEIRO MEU III

Ao chegar em casa, Luana recebia de Marcos o recado de que Rômulo havia ligado à sua procura. Aquilo fazia com que a menina voltasse ao mundo real. Lembrava-se do namorado como que num susto. O semblante perfeito de Denis tomava cada canto de pensamento, até então.
- Você me ouviu, filha? O Rômulo ligou.
- Ah! Sim! Eu vou retornar.
- Eu disse a ele que você tinha ido dar uma volta lá fora, por conta do calor.
- OK, papai.

Luana estava nitidamente deslocada e pensativa. Saiu uma e voltou outra. Marcos percebia e, ao terminar de beber um copo de água, perguntava:
- Aconteceu alguma coisa lá fora, Luana?
- Ah?
- Perguntei se aconteceu alguma coisa lá fora. Estás estranha.
- Não, papai. Não aconteceu... Nada.
- Espero mesmo.

Luana subia até o seu quarto. Mimi encontrava-se dormindo sobre o tapete. Acariciava Mimi, deixava o vento forte tocar sua face e, enfim, pegava o telefone.
- Oi Luana!
- Oi Rômulo. Tudo bem?
- Tudo sim. Está com uma voz triste. O que houve?
- Triste? Eu? Não. É só esse calor. Fico desanimada.
- Entendi. Seu pai me disse que estava dando uma volta para se refrescar, não é?
- Sim.
- E então, nos vemos amanhã?
- Amanhã?
- Sim, Luana. Fiquei de aparecer aí amanhã, lembra?
- Ah! Sim! Amanhã! Sim, sim. Estarei te esperando.
- Você me parece esquisita, Luana. Está tudo bem?
- Sim, claro.
- Estou com saudades.
- Eu também, Rômulo.

O papo pelo telefone foi o mais sem sal de todos os tempos. Rômulo, no fundo, sabia que algo ocorrera com a namorada. Não sabia exatamente o quê, mas sentia no falar de Luana certa insegurança.

Ao desligar o telefone, Luana colocava a cabeça para o lado de fora de sua janela, a fim de enxergar Denis. Estranhava seu próprio comportamento. Negava dentro de si, mas sentia, sim, uma enorme vontade de voltar até lá e conversar um pouco mais com Denis.

Giovanna! Precisava conversar com Giovanna, lembrava Luana.
- Luana?
- Sou eu, Giovanna. Tudo bom?
- Tudo. E você?
- Mais ou menos, amiga.
- O que houve?
- Nem eu sei, mas eu lhe contarei tudo e você me ajudará a entender.
- Assim espero, Luana. Conte.

Luana contava tudo à Giovanna. Desde o assobio daquela tarde até aquele momento. Tudo o que sentira e tudo o que achara. Enfim, tudo. Giovanna ouvia tudo e analisava cada palavra da amiga. Juntava sua análise também ao estado emocional de Luana, que parecia estar nas nuvens.
- E isso é tudo, Giovanna. O que você acha?
- É claro que você está gostando desse tal de Regis.
- É Denis, Giovanna! Denis!
- Isso. Denis. É claro que você está gostando desse Denis.
- Mas não pode ser! Eu amo o Rômulo. Não posso estar atraída pelo Denis, que mal conheço.
- É. Talvez “gostando” seja a palavra errada, mas “atraída” sim. Você matou a charada.
- É sério, Giovanna. Estou ficando confusa.
- Se você está confusa, isso só confirma ainda mais a minha conclusão. Aceite, Luana. Estás atraída por esse Denis.
- Pior que eu acho que você está certa, amiga.
- E o que vai fazer?
- Nada. Isso vai passar. Uma atração boba. Ele é bonito. Só isso. Aposto que se tivermos cinco minutos de conversa, verei que ele não passa de um surfista sem nada na cabeça.
- Será?
- Quase certo.
- E se não for?
- Se não for? Ah, Giovanna, não me faça pergunta difícil. Eu sei que é! Pronto!
- Então conversará com ele.
- Não!
- Ora, e como saberá que ele não é nada mais que um rosto bonito?
- Ai, amiga, não sei. Não quero voltar a falar com ele. Se você visse os olhos desse menino, saberia do que estou falando.
- Eles hipnotizam?
- Exatamente. São verdes. Enormes. Eu não soube como agir quando estive frente a eles.
- Nossa! Então, ouça o que eu digo: Se não quer confusão, trate de esquecer esse Denis. Esses meninos que nos atraem assim, facilmente são um poço de encrenca.
- Estou percebendo.
- E outra: O Rômulo também é muito bonito, Luana. Além de ser inteligente, educado e romântico. Não é?
- Você tem razão. Tenho que esquecer o Denis. Tirá-lo de minha mente.
- Isso. Qualquer coisa é só me ligar, OK?
- Está bem Giovanna. Eu te adoro, sabia?
- Eu também te adoro. Força aí.
- Beijos!
- Beijos!

Luana desligava o telefone e, ao olhar pela janela, avistava Denis, desta vez sem o grupo de amigos, andando em frente a sua casa. A menina fechava a janela antes mesmo que Denis a visse. Mimi acordava com o barulho e miava parecendo reclamar do calor.
- Ah, Mimi, vai dormir, vai! Já se refrescou o bastante por hoje!
Mimi dava outro miado, levantava-se e descia.
- Isso! Vai lá para a sala. Deixe-me só. Estou precisando.
Luana, sem ao menos por a roupa de dormir, deitava-se em sua cama. Ali, permanecia com os olhos bem abertos e pensava se Denis ainda estava por perto. Numa constante luta entre o desejo e a razão, Luana acabava pegando no sono. Fora um dia quente e confuso para a menina.

[Continua]

* * *
Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana em: LUANA, DUAS, O NATAL DE LUANA e GISELE.

5 comentários:

Vanessa Sagossi disse...

Que coisa, hein, Luanaa!
Mas toda sorte! rsrs..

Anônimo disse...

concordo com a Giovanna...
mas entendo a luana..
=/

o pior é que isso n para por ai...

Anônimo disse...

ih, gente...
e agora?!

Livia Queiroz disse...

Imagino o turbilhão de emoções na kbça da Luaninha!!!
E aí???

Nussssssss espero q isso tenha um final felicissimo!

bjaum

Anônimo disse...

"É claro que você está gostando desse tal de Regis."

HAHAHAHAHA :P