sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

JANEIRO MEU VI

Ao sair da água, Luana encontraria Denis, que também seguia até o restante do pessoal. Ela, em sua serenidade, caminhava, passava a mão nos cabelos e ajeitava a parte de cima do biquíni. Denis corria com sua prancha até Luana.
- A água está uma delícia, não?
Dizia Denis.
- Sim, está.
- E sua amiga? Não vai cair na água?
- Disse que ia.
- Ela podia cair agora, pois queria conversar um pouco com você.
- A fim de?
- De lhe conhecer melhor, Luana.
- OK. Se a Manoela me deixar em paz, você quer dizer.
- Você a conhece?
- Sim. Infelizmente.
- Esquece a Manu. A gente se senta um pouco afastado do pessoal e conversa. Pode ser?
- Sim, claro.

Luana tinha em mente que a decepção estava próxima. Sentia que logo tiraria Denis da cabeça. Aqueles pensamentos que a perturbavam. Mas a cada frase trocada com Denis, a menina se sentia mergulhando num poço cada vez mais profundo.

- Luana – dizia Giovanna –, a água está muito gelada?
- Um pouco, mas está gostosa.
- OK! Vou lá.
Giovanna seguia até a água, deixando a canga livre para Denis e Luana.

Os dois se sentavam. A menina estava nervosa. Denis nem tanto. Ele passava carinhosamente as costas da mão sobre o rosto de Luana, a fim de tirar os fios que ficavam na frente dos olhos.
- Pode deixar, Denis. Eu me ajeito.
- Sabe por que venho tentado manter um contato maior com você?
- Não. Uma nova amizade, talvez?
- Também. Bem, eu sempre a vejo sair de casa para o colégio e tal. Sempre pensei que algum dia nós fossemos nos falar. Mas você quase não sai de casa, então...
- Bem, estamos nos falando, não?
- Sim. Mas depois daquele dia, em que assobiei para você, eu fiquei meio que...
- Meio que o quê?
- Não vai rir?
- Juro que não.
- Apaixonado. É sério!
Luana não sabia o que dizer, mas disse o que veio à mente:
- Eu já te disse, Denis, eu tenho namorado. Acho que terá de me esquecer. Pelo menos nesse sentido.
Mal sabia Denis da luta para Luana o tirar da mente. Ah, se soubesse....
- Eu sei disso. Não quero atrapalhar a relação de vocês, mas...
- Não está atrapalhando nada – imagina! –, te juro! Mas não posso corresponder a esse sentimento seu.
- Gosta do seu namorado?
- Sim! E muito!
- OK! Eu não vou mais tocar no assunto, então.
- Acho melhor. Melhor para todos.
- Não. Pode ser melhor para você, mas para mim não é.
- Bem, eu...
- DENIS!
Gritava um de seus amigos.
- OI!
Respondia Denis.
- NÃO VAI QUERER?
O amigo de Denis fazia um gesto levando a mão à boca.
- VOU SIM! SEGURA UM POUCO PARA MIM!
Dizia Denis.
- O que ele te ofereceu, Denis?
Perguntava Luana.
- Maconha. Você quer?
- (!!!) Eu não acredito que você...
- Qual o problema, Luana? Vai me dizer que nunca...
- NÃO! Nunca!
- Experimenta! É bom!
- NÃO! Não quero saber dessas porcarias!
- OK. Vou ali e já volto.
- (!!!)

Luana observava. Eles dividiam a droga entre eles. Os cigarros passavam de um a um. Um cheiro forte começava a incomodar Luana. Denis tragava, tapava o nariz, delatava as bochechas e, logo depois, soltava a fumaça. Dava um sorriso de satisfação e, num reflexo, acertava uma tapa nas nádegas de uma das amigas. Manoela dizia alto: “Eu também quero essa porra!” referindo-se à maconha, talvez, ou à tapa.

Giovanna chegava da água e:
- O que está havendo ali, Luana? É o que estou pensando?
- É sim, Giovanna. Acho melhor irmos embora.
- Que cheiro horrível, putz! E olha o Denis!
- Se fosse só o cheiro... Eu não tenho nada a ver com a vida deles, Giovanna, mas, sinceramente, não me sinto bem aqui. Podemos ir? Você se incomodaria?
- Claro que não, Luana! Vamos!

As meninas se vestiam rapidamente, quando:
- LUANA? VOCÊS JÁ VÃO?
Perguntava Denis.
- Sim, Denis. Vamos sim.
Denis chegava mais perto e:
- Mas por quê? Mal chegaram!
- Denis, na boa. Fica aí com a sua galera e aproveite a praia. Eu não curto essas coisas. Se eu chego em casa com o cheiro dessa porcaria, meu pai me mata! Ele nem sabe que estou com vocês, aliás.
- Então, me dá um beijo! Só assim te deixo ir.
- O quê? Ficou maluco?
- É isso mesmo! Eu sei que você está na minha!
Denis pegava com força no braço de Luana.
- Larga o meu braço, seu...
Luana movia o braço com força e soltava-se de Denis. Puxava consigo o braço de Giovanna. As duas correriam até saírem das vistas de Denis.
- VAI, FILHINHA DE PAPAI!
Gritava Denis.

* * *
Já no ônibus, Luana e Giovanna respiravam fundo. Ficavam mudas por um tempo. Apenas olhavam uma para a outra com os olhos arregalados. Até que:
- Amiga... [respira] Responde uma coisa... [respira]
Dizia Giovanna ofegante.
- Di... [respira] Diga... [respira]
- O que... [respira] O que houve com.... [respira] Denis?
- Sei lá... [respira] Só sei.... [respira] Só sei de uma coisa.... [respira]
- O... [respira] O quê?
- Os olhos... [respira] Os olhos de Denis... [respira]
- O que tem? [respira]
- Os olhos... [respira] Os olhos de Denis... [respira] Eles perderam... [respira] Eles perderam o brilho. Eu... [respira] Eu consegui! Não... [respira] Não me senti mais... [respira] Não me senti mais hipnotizada... [respira] Ele... [respira] Ele é um estúpido!

[Continua]

* * *
Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana em:
LUANA, DUAS, O NATAL DE LUANA e GISELE.

7 comentários:

Anônimo disse...

é o rômulo e não tem jeito! rsrsrs
denis, vc é ridiculooooooooo!!!!

agora so temos que saber o que o romulo fazia nesse tempo...haha

segunda tem maissss!!!!! obaaa!!!!

Anônimo disse...

isso vai render até "janeiro meu 725"

=))


beijos!

Pequeno Historiador Urbano . disse...

Nossa, demais essa história.
Além de envolvente, é super bem escrita.


www.a-setima-efervescencia.blogspot.com

Anônimo disse...

A-D-O-R-E-I. Vou agora ler os textos dos outros dias, porque tenho andado fora.

Abraço com amizade de Portugal.

Vanessa Sagossi disse...

Aff, que coisa...
É, Luana... É a vida... Vamos ver agora o que acontece com o Rômulo..

DL ;* disse...

aah to adorando!
doida pra 'janeiro meu VII'

:D

Anônimo disse...

aai que raiva!! poxa eu tava achando que ele era um cara legal, a Luaninha realmente não tem dado sorte!

vms ver o que esta reservado pra ela né..