sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ALEJANDRA Y EL VERANO Final

Enquanto Lysa, muda, chorava à cama, Gabriela, embora destruída por dentro, se mantinha decidida; arrumava suas coisas de volta nas malas. Não seria fácil voltar, com menos de um dia, para a casa de sua mãe.

Lysa estava arrasada, arrependida, mas também não encontrava palavras para um possível diálogo com Gabriela, pelo menos não naquele momento de sangue quente. Concluía que esperar seria o melhor a fazer. Assistir à Gabriela arrumando as malas causava sofrimento enorme em Lysa, ainda mais pelo motivo daquilo tudo.

De malas prontas:

- Obrigado, Lysa – dizia Gabriela –, por fazer eu sair da minha casa, causar uma verdadeira guerra com a minha mãe... Para isso! Serei eternamente grata! Vagabunda!

- ...

- Não vai dizer nada, não é?

- Dizer, Gabriela? Mas dizer o quê? Eu não sei o que dizer...

- Eu imaginava...

- Eu... Eu te amo, Gabriela. Muito.

- Sem essa, Lysa. Fui.

Gabriela pegava suas malas e saía. Com o rosto ainda inchado, a menina ganhava a rua rumo à casa de sua mãe – o inferno que a aguardava.

Lysa não saía da cama nem para trancar a porta deixada aberta por Gabriela. Estava confusa, chorosa; pensava muito nos pais dela e no que eles pensariam se soubessem um terço de toda aquela história.

Soa o telefone. Achando ser Gabriela, Lysa corre para atender. Mas por coincidência, ou sentido aguçado, era sua mãe.

- Alô!

- É a sua mãe, filha.

- Oi, mamãe...

- O que houve? Estava chorando?

- Eu? Não, não...

- Não minta para mim, Lysa! Eu liguei porque meu coração está apertado... Sinto essas coisas. O que foi que houve?

Lysa se assustava com a capacidade de sua mãe, mas como contar aquela história?

- Não houve nada...

- Pode me contar, Lysa! Ou você prefere que amanhã eu vá aí com seu pai?

Lysa pensava e via que não seria tão ruim assim contá-la, desde que omitisse partes da história.

- OK... Vou contar. Meu namorado... (...) Sim, mamãe, eu tenho um namorado. (...) Não, mamãe, não é o Fred (...). Sim, mas não é o Fred. A senhora vai deixar eu concluir? OK. Então... Meu namorado, ele terminou comigo. Gosto muito dele e estou sofrendo muito. É isso.

- Mas sabe por que está sofrendo, Lysa?

- Por quê?

- Porque não me escuta e não dá uma chance ao Fred! Por isso!

- Ah, mamãe, esqueça o Fred, vai. Ele está até namorando, se a senhora quer saber!

- Viu? Bobeou, dançou, Lysa. O Fred é que é o homem certo para você...

- Mamãe. A senhora quis saber o que havia de errado comigo e eu contei. É só isso?

- Bem... Promete que vai ficar bem?

- Prometo, mamãe. Isso vai passar, OK?

As duas se despediram e desligaram.

Lysa resolvia ligar para Fred, não para seguir os conselhos de sua mãe, claro, mas porque lembrava que tinha no rapaz um grande amigo. “Talvez ele possa me ajudar”, pensava.

- Alô, Fred?

- Lysa? Aconteceu alguma coisa? Está com uma voz...

- Mais ou menos, Fred. Onde você está?

- Acabei de deixar a Tatiana em casa e estou indo para a minha. Por quê?

- Poderia passar aqui? Estava precisando conversar.

Fred pensava por exatos dez segundos e:

- OK. Chego em dois minutos.

Fred chegava ao apartamento de Lysa e, logo de cara, um abraço apertado se fazia presente, na sala. Lysa ainda trajava o vestido que escolhera para a festa. O abraço fez com que Fred colasse seu peito no decote ousado de Lysa. A verdade é que ver a amiga vestida daquele jeito – diferente de como se veste normalmente, para o trabalho –, fazia o rapaz ficar “aflito”.

- O que houve, Lysa? Em que posso ajudar?

- Fiz a maior burrada da minha vida, Fred.

- Conte-me.

Lysa contava todo o ocorrido, para o espanto total de Fred. Lysa não se via muito à vontade em contar os detalhes, mas para quê? Fred possuía imaginação suficiente para imaginar cada movimento das mãos de Alejandra sobre o corpo de Lysa – isso o excitava.

-... e foi isso. O que eu faço, Fred? – concluía Lysa.

- Olha, Lysa, você quer saber mesmo o que eu acho disso tudo?

- Claro, diga-me.

- Acho que vir para a capital não foi uma boa escolha para você.

- Como não, Fred?

- Não estou falando profissionalmente. Refiro-me ao lado pessoal de sua vida. Acha mesmo que se estivesse com seus pais você teria essa atração por meninas?

- Acho que sim. Gabriela diz que essa coisa nasce com a gente, só é preciso que alguém venha e a faça aflorar.

- Bem, não acredito muito nisso, mas... Você já pensou em ir passar uns tempos com seus pais? Um mês, quem sabe? Eu ouvir dizer que você tirará férias daqui a uns dois meses. Que tal?

- Será?

- Ficar longe de tudo isso a fará repensar melhor nas coisas, além de dar tempo do sangue de Gabriela esfriar, se é o que deseja.

- É. Acho que você tem razão, Fred. Eu amo a Gabriela, e...

- Que desperdício... – interrompia-a Fred.

- O que disse?

- Não, nada...

- Disse desperdício, Fred! Eu ouvi!

- Porra, Lysa, já se olhou no espelho? Você é a menina mais linda que eu já vi na minha vida! – se solta Fred – Você sabe que sempre fui louco por você! E você acha que foi fácil te flagrar na cama com outra menina? [vide Lysa23 – Parte 10] A Tatiana é um amor de pessoa, a gente se dá bem, mas... É por você que meu coração dispara, Lysa. É por você que... É por você que meu pau está duro agora!

Fred se levantava e saía, enquanto Lysa ficava sem ação, porém, pensativa... e excitada, como jamais antes diante do rapaz.

* * *
O tempo passou – exatas três semanas em que Lysa sequer vira Gabriela, diga-se de passagem. Tempo de muito sofrimento e saudades por parte de Lysa, que procurou se isolar, evitando contatos até mesmo com Bruna e Joyce. Até que um novo encontro, entre Lysa e Gabriela, sem querer, ocorreu.

- Lysa... – dizia Gabriela ao encontrá-la num ponto de ônibus.

- Gabriela...

- Como vai?

- Tudo indo. E você?

- Indo também....

- Achei que nunca mais nos falaríamos, Gabriela.

- Eu também achei, Lysa. Mas não resisti quando te vi. A verdade é que estou te observando faz um tempinho, dez minutos, talvez – dizia Gabriela soltando um sorriso no canto da boca.

- Está me espionando, é? – dizia Lysa a sorrir.

As duas se abraçavam. E forte. Era o tempo, enfim, cuidando de tudo.

- Ainda está chateada comigo, Gabriela? – perguntava Lysa, pois precisava saber.

- Não mais, Lysa. Já passou...

- E... Você...

- E eu o quê? Pode perguntar, Lysa.

- Você encontrou outra pessoa? Tem outra pessoa em meu lugar?

- Sim, Lysa, eu... Eu encontrei sim.

Lysa sentia uma pontada no peito.

- Aliás – continuava Gabriela – estou esperando ela aqui.

- Ah... Bem, então é melhor o meu ônibus chegar logo, porque...

- Não precisa tanto, Lysa. Você a conhece.

- Co-conheço?

- Sim... Olhe ela vindo ali.

Lysa se espanta ao concluir que Gabriela estava agora com nada mais nada menos que Joyce.

- Mas... A Joyce, Gabriela?

- Sim, Lysa, a Joyce. Por que o espanto?

- Mas... E a Bruna?

- A Bruna está com a vagabunda da Alejandra, Lysa! – dizia sorrindo Joyce, que ouvira a pergunta de Lysa ainda distante.

O ônibus de Lysa chegava e, sem sequer se despedir, ela, atônita, o tomava. Sentava num dos bancos da frente e ainda pôde ver um beijo apaixonado entre Joyce e Gabriela. Chorou ao mesmo tempo em que decidiu seguir os conselhos de Fred; iria, sim, passar um tempo no interior do estado com seus pais.

Fora um verão confuso demais para Lysa, que, na mente, misturava lembranças fortes de Gabriela, Fred e, por incrível que pareça, Alejandra – ainda podia sentir a presença da chica em seu corpo, essa era a verdade.

Distante dali, em seu apartamento, Alejandra levava Bruna à loucura com um sexo oral – sua especialidade – matinal.

- Goze, Brunita, goze! Quiero su miel en mi boca, safada! – dizia Alejandra com o rosto entre as pernas de sua presa.

[Fim]

Bem, pessoal, é isso. Muito obrigado a todos os que, durante esses quase três anos de MUITOS EM UM, vêm aqui e me prestigiam com a leitura desses humildes contos. Conforme já anunciara no Facebook e no Twitter, o MUITOS EM UM entra, a partir de hoje, de férias por tempo indeterminado, por conta da dedicação à minha monografia de graduação em Publicidade e Propaganda, que apresentarei no final deste ano.

Muito obrigado pela leitura de sempre e, quando quiserem, sintam-se à vontade para lerem (ou relerem) os arquivos do MUITOS EM UM.

Até mais!

8 comentários:

Nathalia disse...

É com muita falsidade que eu digo que tá "tudo bem", que eu "entendo" o MEU entrar de férias... (RETICÊNCIAS)

Mas ó, é preciso que vc retorne com os contos da lysa, viu? queremos saber se ela fica com fred, com outro, com outra... hahahaha

Unknown disse...

UHAUHAUHAUHA... Nath, muito obrigado pelas leituras, pela força, enfim, por tudo o que vc representa para o MEU. E quanto à Lysa, sim, sei que preciso dar continuidade! rs

Yara Lopes disse...

Aii, gente, que final mais louco e emocionante!!!
Luciano, toda a sorte do mundo pra você na sua monografia
Espero que dê tudo certo, de verdade
Ficarei com saudades de vir no muitos em um ler contos novos, mas tentarei reler os antigos
E como sempre, parabéns, você é sensacional

Unknown disse...

Ah, Yara, obrigado, viu, por tudo! Fique à vontade por aqui! :D Beijos!

Yara Lopes disse...

Pode deixar qe virei sempre mesmo
^^

beeijos

Anônimo disse...

Adorei o final, acho que o melhor pra Lysa é tirar um tempo de tds essas loucuras, e nunca achei q Gabriela tivesse mt à ver com ela, acho q as vezes elas podem querer e fazer coisas parecidas mas no fundo são bem diferentes. Tbm qro saber como termina Lysa!

-

Seus contos farão falta, boa sorte com sua monografia!

bjs

Pequeno Historiador Urbano . disse...

Que triste ):

AAAI, que aperto no peito ao saber que o MUITOS EM UM entra em férias por tempo INDETERMINADO ):
Sou mto fã do blog e de vc Luciano, volte logo e muita sorte e felicidade na sua carreira!

Unknown disse...

Valeu, Aninha e Camis! Amo vocês!