
Mais próximo de casa, Marcos não agüentava mais. Então:
- Luana, eu vou indo para o supermercado, OK?
- O quê?
- Estou indo para o trabalho, Luana.
- Trabalho?
- Luana! Você está bem?
- Sim, papai. Estou sim. Eu entendi. Você vai para o trabalho, não é isso?
Marcos olhou fixamente para Luana e:
- Venha filha.
Marcos desligava o carro.
- Diga, papai.
- O que houve lá no cemitério? Estás estranha.
- O quê? Lá no cemitério? Nada, ora... Eu...
- Luana! Não quero que minta para mim. Eu não nasci ontem, se é que me entende.
- Ora, papai. O que você quer saber afinal?
- Rômulo. Enquanto eu estava próximo ao caixão eu vi a aproximação dele. Repito: Eu não nasci ontem, Luana. Ele tentou alguma coisa com você? Ou ao menos lhe jogou algum tipo de galanteio?
- Galanteio, papai?
Luana ria.
- Você entendeu, Luana.
Marcos mantinha-se sério.
- Nós... Nós... Nós nos beijamos, papai.
- Poxa Luana. No cemitério? O que deu em você? Foi tão forte assim? Meu Deus.
- Desculpe papai, mas é que você me pressionou, então eu disse, ora. E se disse é porque confio em você.
- Claro que sim, filha. Fico feliz por isso. Mas não sei o que pensar quanto ao seu beijo com um primo seu. Distante, mas primo. Quando eu chegar do trabalho, conversaremos, OK?
- Como quiser, papai.
- Deixe-me ir. Beijos.
Marcos ligava o carro, engatava a primeira marcha. Quando:
- Papai!
- Oi, filha.
- Não está bravo comigo, está?
Marcos não teve outra escolha a não ser sorrir para a filha.
- Claro que não, Luana. Claro que não. Eu já tive a sua idade e sei bem como as coisas funcionam. Só precisamos conversar. Só isso, está bem?
- Como quiser! Beijos, papai.
- Beijos.
* * *
Depois do almoço, Luana corria para o telefone em busca de Giovanna. Precisava contar à amiga sobre Rômulo, sobre o beijo, sobre tudo. Uma espécie de felicidade amedrontada tomava conta do coração de Luana. Não sabia o que pensar, não sabia como agir. Sentia-se sem chão, tamanha euforia e ansiedade. Mimi pulava em seu colo à espera de alguma confissão, mas, no momento, Luana preferia Giovanna.
- Alô.
- Giovanna?
- Oi, Luana!
- Você não sabe o que aconteceu, Giovanna!
- O que foi, amiga? Fala!
- Lembra do enterro que fiquei de ir com meu pai?
- Sim, claro, o da sua prima.
- Pois é. Conheci um primo distante lá. O nome dele é Rômulo.
- Pelo visto... É uma gracinha, não é?
- Como sabe?
- Pela sua respiração, Luana. Está nítida sua empolgação!
- Giovanna! Sim, ele é um gato! E você não sabe de mais.
- O que é que eu não sei?
- Ele me beijou. Quer dizer, nós nos beijamos!
- Amiga! Mas no cemitério?
- Não importa, Giovanna. O que importa é que não consigo parar de pensar nele!
- Pelo visto o beijo foi bom, então.
- Não podia ter sido melhor, Giovanna. Eu...
- Luana, sem querer lhe interromper, mas ainda está de pé aquele ensaio hoje, aí na sua casa?
- Claro que sim. Pode vir! Mas venha já!
- OK! Vou me arrumar e parto para aí.
- Estarei te esperando, Giovanna. Tchau!
- Tchau!
* * *
Luana e Mimi esperavam por Giovanna. Luana num ataque de risos e Mimi com os olhos arregalados sem nada entender sobre o comportamento eufórico de sua dona.
- Ai, Mimi. Estou tão feliz! Você já beijou algum gatinho? Claro que não. Não sabe o que é bom, Mimi... Meu Deus!
Mimi apenas a observava. Luana, deitada, vestia um jeans, uma camiseta e, como sempre, um Converse nos pés. A menina rolava de um lado para o outro devido à inquietação em que se encontrava. Giovanna, enfim, chegava.
- E aí, beijoqueira de cemitério, como está?
- Sem essa, Giovanna.
Elas riam.
- Vamos! Quero ensaiar bastante hoje!
Dizia Giovanna.
- Pode começar. Suba na cama e comece.
Giovanna recitava a primeira, a segunda e a terceira poesia. Quando começava a recitar a quarta, notava que Luana podia estar em qualquer lugar, menos naquele quarto.
- Luana?
- Oi!
- Está prestando atenção?
- Sim, estou sim, Giovanna.
- Não, não está. Quantas poesias eu já recitei?
- Ora – via-se sem saída Luana – umas duas?
- NÃO! Estou na quarta! Luana, eu vou parar. Você não está com a cabeça aqui.
- Desculpe-me, amiga.
- Tudo bem. O dia em que eu tiver o meu beijo, eu acho que também ficarei assim, estranha. Quer conversar?
- Quero, Giovanna.
As poesias tiveram de ficar de lado naquela tarde. Luana tinha umas oitenta horas de conversa sobre um beijo que durara poucos segundos. Era a vez de Giovanna ajudá-la.
[Continua]
* * *
Foto da capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana na série LUANA (Setembro de 2008).
8 comentários:
VOu ler os capítulos anteriores
owwwwwwwwwwwwwnnn... fofa! fofa!
ACHO que vou comprar uma mimi pra mim... mas uma cadelinha serve, né?
rsrs
vai que vai Luanaaaa!
heheh..
Que fofo!
^^
A Luana é tãoo fofa!
rssrs..
Ai q lindinho
Meio louco o primeiro beijo no cemitério, mas o mais importante é que Luana ta nas nuvens!!!
Q isso perdure!
aguardo os proximos capitulos
Nossaa, eu não tinha me tocado que esse tinha sido o primeiro beijo dela! Aaaah, que lindinhooo \o\ É, tá certo que um cemitério não é lá muito comum...mas primeiro beijo não pode ser comum mesmo! :)
Abraços
='-'=
adoro cada vez mais!!!
tomare que dê td certo pras duas, torço muito por elas! =)
beijos
Muito bonito o texto.
Adorei.
que bacana a história!!!! tbm curto escrever historias!
parabens.
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