quarta-feira, 19 de novembro de 2008

DUAS VI - Sua Vez, Giovanna!

No caminho de volta para casa, Luana era o silêncio em pessoa. Marcos não demorava muito para entender ou pelo menos desconfiar do que tinha ocorrido naquela capela enquanto esteve longe da filha. O rosto de Luana dizia tudo, porém, Marcos, num misto de ciúme e zelo, preferia não comentar nem fazer perguntas sobre as impressões da menina em relação a Rômulo. Marcos dirigia e Luana olhava o efeito daquela primavera. Luana avistava muitas flores pelo caminho, mas talvez metade delas era fruto do sentimento inédito que sentia. Um beijo inesquecível como aquele num coração sensível como o dela só podia dar naquilo.

Mais próximo de casa, Marcos não agüentava mais. Então:
- Luana, eu vou indo para o supermercado, OK?
- O quê?
- Estou indo para o trabalho, Luana.
- Trabalho?
- Luana! Você está bem?
- Sim, papai. Estou sim. Eu entendi. Você vai para o trabalho, não é isso?
Marcos olhou fixamente para Luana e:
- Venha filha.
Marcos desligava o carro.
- Diga, papai.
- O que houve lá no cemitério? Estás estranha.
- O quê? Lá no cemitério? Nada, ora... Eu...
- Luana! Não quero que minta para mim. Eu não nasci ontem, se é que me entende.
- Ora, papai. O que você quer saber afinal?
- Rômulo. Enquanto eu estava próximo ao caixão eu vi a aproximação dele. Repito: Eu não nasci ontem, Luana. Ele tentou alguma coisa com você? Ou ao menos lhe jogou algum tipo de galanteio?
- Galanteio, papai?
Luana ria.
- Você entendeu, Luana.
Marcos mantinha-se sério.
- Nós... Nós... Nós nos beijamos, papai.
- Poxa Luana. No cemitério? O que deu em você? Foi tão forte assim? Meu Deus.
- Desculpe papai, mas é que você me pressionou, então eu disse, ora. E se disse é porque confio em você.
- Claro que sim, filha. Fico feliz por isso. Mas não sei o que pensar quanto ao seu beijo com um primo seu. Distante, mas primo. Quando eu chegar do trabalho, conversaremos, OK?
- Como quiser, papai.
- Deixe-me ir. Beijos.
Marcos ligava o carro, engatava a primeira marcha. Quando:
- Papai!
- Oi, filha.
- Não está bravo comigo, está?
Marcos não teve outra escolha a não ser sorrir para a filha.
- Claro que não, Luana. Claro que não. Eu já tive a sua idade e sei bem como as coisas funcionam. Só precisamos conversar. Só isso, está bem?
- Como quiser! Beijos, papai.
- Beijos.

* * *
Depois do almoço, Luana corria para o telefone em busca de Giovanna. Precisava contar à amiga sobre Rômulo, sobre o beijo, sobre tudo. Uma espécie de felicidade amedrontada tomava conta do coração de Luana. Não sabia o que pensar, não sabia como agir. Sentia-se sem chão, tamanha euforia e ansiedade. Mimi pulava em seu colo à espera de alguma confissão, mas, no momento, Luana preferia Giovanna.
- Alô.
- Giovanna?
- Oi, Luana!
- Você não sabe o que aconteceu, Giovanna!
- O que foi, amiga? Fala!
- Lembra do enterro que fiquei de ir com meu pai?
- Sim, claro, o da sua prima.
- Pois é. Conheci um primo distante lá. O nome dele é Rômulo.
- Pelo visto... É uma gracinha, não é?
- Como sabe?
- Pela sua respiração, Luana. Está nítida sua empolgação!
- Giovanna! Sim, ele é um gato! E você não sabe de mais.
- O que é que eu não sei?
- Ele me beijou. Quer dizer, nós nos beijamos!
- Amiga! Mas no cemitério?
- Não importa, Giovanna. O que importa é que não consigo parar de pensar nele!
- Pelo visto o beijo foi bom, então.
- Não podia ter sido melhor, Giovanna. Eu...
- Luana, sem querer lhe interromper, mas ainda está de pé aquele ensaio hoje, aí na sua casa?
- Claro que sim. Pode vir! Mas venha já!
- OK! Vou me arrumar e parto para aí.
- Estarei te esperando, Giovanna. Tchau!
- Tchau!

* * *
Luana e Mimi esperavam por Giovanna. Luana num ataque de risos e Mimi com os olhos arregalados sem nada entender sobre o comportamento eufórico de sua dona.
- Ai, Mimi. Estou tão feliz! Você já beijou algum gatinho? Claro que não. Não sabe o que é bom, Mimi... Meu Deus!
Mimi apenas a observava. Luana, deitada, vestia um jeans, uma camiseta e, como sempre, um Converse nos pés. A menina rolava de um lado para o outro devido à inquietação em que se encontrava. Giovanna, enfim, chegava.
- E aí, beijoqueira de cemitério, como está?
- Sem essa, Giovanna.
Elas riam.
- Vamos! Quero ensaiar bastante hoje!
Dizia Giovanna.
- Pode começar. Suba na cama e comece.

Giovanna recitava a primeira, a segunda e a terceira poesia. Quando começava a recitar a quarta, notava que Luana podia estar em qualquer lugar, menos naquele quarto.
- Luana?
- Oi!
- Está prestando atenção?
- Sim, estou sim, Giovanna.
- Não, não está. Quantas poesias eu já recitei?
- Ora – via-se sem saída Luana – umas duas?
- NÃO! Estou na quarta! Luana, eu vou parar. Você não está com a cabeça aqui.
- Desculpe-me, amiga.
- Tudo bem. O dia em que eu tiver o meu beijo, eu acho que também ficarei assim, estranha. Quer conversar?
- Quero, Giovanna.

As poesias tiveram de ficar de lado naquela tarde. Luana tinha umas oitenta horas de conversa sobre um beijo que durara poucos segundos. Era a vez de Giovanna ajudá-la.

[Continua]

* * *
Foto da capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana na série LUANA (
Setembro de 2008).

8 comentários:

Danilo Cruz disse...

VOu ler os capítulos anteriores

Anônimo disse...

owwwwwwwwwwwwwnnn... fofa! fofa!
ACHO que vou comprar uma mimi pra mim... mas uma cadelinha serve, né?
rsrs

vai que vai Luanaaaa!

Vanessa Sagossi disse...

heheh..
Que fofo!
^^
A Luana é tãoo fofa!
rssrs..

Livia Queiroz disse...

Ai q lindinho
Meio louco o primeiro beijo no cemitério, mas o mais importante é que Luana ta nas nuvens!!!
Q isso perdure!


aguardo os proximos capitulos

Janaina W Muller disse...

Nossaa, eu não tinha me tocado que esse tinha sido o primeiro beijo dela! Aaaah, que lindinhooo \o\ É, tá certo que um cemitério não é lá muito comum...mas primeiro beijo não pode ser comum mesmo! :)

Abraços
='-'=

Anônimo disse...

adoro cada vez mais!!!
tomare que dê td certo pras duas, torço muito por elas! =)

beijos

Victor Aguiar disse...

Muito bonito o texto.
Adorei.

kilder disse...

que bacana a história!!!! tbm curto escrever historias!
parabens.