sexta-feira, 21 de novembro de 2008

DUAS VII - Rotação Interrompida

Naquele dia, depois de muito conversar com Giovanna, à noite, era a vez de Luana conversar, como combinado, com seu pai. Luana esperava uma ligação de Rômulo, mas, até então, nada. Resolvia seguir os conselhos inexperientes de Giovanna, que dizia para que ela não ligasse, e sim, esperasse primeiro um sinal dele. Assim Luana fez, embora morresse de vontade de telefoná-lo. Mal se continha em si.

Marcos e Patrícia chegavam em casa. Patrícia subia as escadas rapidamente até o quarto de Luana. Marcos falava com Celeste sobre o jantar e ao mesmo tempo observava a atitude de Patrícia com breve sorriso.
- Luana?
Chamava Patrícia à porta do quarto da menina.
- Entra.
- Estou sabendo que você e um tal de Rômulo...
Dizia Patrícia em tom de brincadeira. Luana ria e corria para abraçar Patrícia.
- Papai te contou, não foi?
- Foi. Mas me conta. Como foi isso?
Patrícia sentava-se na cama com Luana, que logo contava tudo o que acontecera naquela capela.

As duas conversaram bastante. Patrícia deu alguns conselhos à enteada como se fosse filha dela. Luana sentiu bastante à vontade ao conversar assunto tão íntimo com Patrícia. Havia muita cumplicidade entre as duas.
- Papai disse que quer conversar comigo.
- Ele me disse, mas preferiu transferir essa conversa para mim.
- Então, quer dizer que a conversa que eu tanto temia foi essa que acabamos de ter?
- Sim. Veja bem, Luana. O que seu pai e eu queremos é que caso você e esse seu primo venham a namorar mesmo, que seja sob os nossos olhos, entende? Não queremos saber de encontros às escondidas por aí. Combinado?
- Claro que sim! Mas o Rômulo ainda nem me ligou. Acha que ele já se esqueceu de mim?
- Bem. O conselho que lhe dou é de deixar que ele tome a iniciativa. Não ligue.
- Mas e se ele não me ligar?
- Sinal de que ele não merece mesmo a sua ligação.
- Giovanna falou o mesmo.
- Viu?
- Entendi.
- Está gostando dele, não é?
- Ai... Nem sei explicar o que me passa. É tão estranho. Uma vontade louca de vê-lo, de ouvi-lo. Você precisava escutar as coisas que ele me disse. Parecia cena de filme.
- Eu posso imaginar.
Respondia Patrícia feliz pela fase de Luana.

* * *
Mais tarde, Luana tentava pregar os olhos, sem sucesso. Mimi já se encontrava profundamente nos braços de Morfeu, quando o celular de Luana tocava. Já passava das dez horas. A menina levantava assustada e olhava o visor do aparelho a fim de identificar quem a ligava. Era Rômulo. Suas pernas tremiam, Luana toda tremia. Um pulsar acelerado tomava seu coração e um nervosismo gostoso de sentir lhe possuía por completa.
- Alô!
- Luana?
- Oi... Rômulo.
- Oi. Estava dormindo?
- Estava. Quer dizer, não. Quer dizer, estava quase dormindo, mas não tem problema.
- Desculpe-me. Quer que eu ligue outra hora?
- NÃO! Imagina. Pode falar.
- Que bom. Eu ia lhe telefonar mais cedo, mas depois da escola eu tive curso. E depois do curso eu tive grupo de estudo e...
- Nossa! Estudioso você, não?
- Um pouco. É que estou me preparando para o vestibular. Aí já viu...
- Imagino como deva ser. Faz curso de quê?
- Piano clássico.
- Nossa! E vai prestar vestibular para qual curso?
- Música!
- Claro. Que idiota eu sou.
Eles riam.

Depois daquela breve explicação sobre os motivos que não o deixaram ligar mais cedo para Luana, Rômulo despejava uma série de frases que Luana tanto sonhara ouvir. Ele sabia usar as palavras a seu favor. Educado e muito romântico, Rômulo fazia – sem saber – as lágrimas de Luana chegarem aos olhos por diversas vezes. Luana ainda não acreditava que tudo aquilo era real.
- Sinto por morar um pouco longe de você.
Dizia Rômulo.
- Eu também sinto.
- Eu seria capaz de unir nossas cidades no mapa, Luana, a fim de segurar a sua mão nesse exato instante.
- Eu ia adorar! Por que não une?
- Porque sou fraco. Sou fraco porque estou longe de ti, Luana. Desde ontem, não penso em outra coisa se não nesses seus lábios delicados.
- Ai, Rômulo, eu também não paro de pensar. Preciso lhe confessar uma coisa.
- Diga.
- Aquele foi o meu primeiro beijo.
- Não brinca!
- Juro.
- Não sei o que pensar, Luana.
- Por quê? Não gostou de saber?
- Muito pelo contrário. Perco a cabeça em pensar que estarei marcado em sua vida até o seu último suspiro. Estarei, não é?
- Claro que sim! Foi do jeitinho que eu sempre sonhei.
- Eu preciso lhe beijar novamente, Luana.
- Eu também preciso, Rômulo. Ah! Meu pai já sabe de tudo.
- O primo Marcos? Que vergonha, meu Deus. E o que ele acha disso tudo?
- Disse que, desde que seja sob os olhos dele, está tudo bem.
- Que bom. Então quer dizer que podemos nos ver mais vezes sem temer.
- Sim!

O casal ainda conversaria por alguns minutos até que a mãe de Rômulo o mandasse largar do telefone por conta do custo de uma ligação para celular.
- Eu preciso desligar, Luana. Minha mãe implica.
- Tudo bem, Rômulo.
- Quando nos vemos?
- Nesse fim de semana, pode ser?
- Contarei os minutos, linda.
- Eu também!
- Beijos!
- Beijos!

Luana desligava o telefone e sentia que só então o planeta voltava a girar normalmente. Durante a conversa, o mundo parava para Luana. Deitava-se com o aparelho no colo e o olhava como se fosse o Rômulo. Sorria. Ria de sua própria alegria. Ria de seu próprio riso. O coração aos poucos voltava ao seu batimento normal. A menina contaria cada passo do ponteiro de seu relógio até o sábado. Planejava recebê-lo em casa. Seguiria a finco às condições de Marcos e Patrícia. “Esperar meu namorado”, ela pensava.

[Continua]

* * *
Foto da capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana na série LUANA (
Setembro de 2008).

10 comentários:

Anônimo disse...

aaaaii adorei a parte que a Luana olhava para o aparelho como se fosse o Rômulo... eu sempre faço isso quando to morrendo de saudades do meu namorado! hahahahhaa

adoreeeeeeeeeeeiii

Anônimo disse...

haha ! mto legaal ! adoreei !
bjos

Anônimo disse...

legal al al al!

Livia Queiroz disse...

Aaaaiaaaaaiii que lindo!
Saudades de amar assim... rsrsrsrs


Adoreiiiiiiii

Kayo Medeiros disse...

brrrrrr...

correndo o risco de ser meio machista, mas... a pequena mal beija o cara e já rola esse "esperar meu namorado"? Sei não hein...

Além disso, esse "ele sabia usar as palavras a seu favor" é muuuuuuuuito suspeito.

Veremos, veremos... =P

Anônimo disse...

muito fofo os dois.
que bom que a Luana esta feliz, tomare que dê td certo pra ela!

aguardo o próximo ;)

bjos

Vanessa Sagossi disse...

Também concordo que a Luana é muito fofa... Mas não posso discordar do Kayo. Vai com calma, Luana, porque as coisas não são assim.

Ah, e você não foi machista, kayo. Só foi realista.. rsrs

Luciano Freitas disse...

hehehe... Entendo a preocupação de Kayo e Vanessa diante do relacionamento de Luana e Rômulo, porém, vale ressaltar que ambos são criaturas dotadas de valores bem diferentes dos que costumamos ver por aí. Não me estranha um "namoro" surgir de tal forma, vindo de Luana ou Rômulo. O conto tenta resgatar um romantismo e ao mesmo tempo uma credibilidade maior na família e nas pessoas que nos cercam. As duas últimas partes da história já estão escritas. Eu espero que curtam!!!

Muito obrigado por estarem sempre deixando suas impressões aqui! ;)

Vanessa Sagossi disse...

Ah, sim..
Então eles podem ser diferentes. A Luana, eu sabia que era; mas como não conhecia o Rômulo... E do jeito que esses homens dos contos têm se revelado (rsrs)..

Janaina W Muller disse...

Hm...é mesmo, concordo cm o pessoal. A Luana tá seguindo uma linha de pensamento um tanto rápida XD E aah, eu desconfio...esse Rômulo tá perfeito demais; bonito, romantico, sabe falar as coisas certas nos momentos certos, toca piano..aaaahn, aí tem coisa :x

Abraços
='-'=