segunda-feira, 24 de novembro de 2008

DUAS VIII - Luana Nas Nuvens

A Semana de Novos Talentos batia à porta. Os eventos teriam início na próxima segunda-feira. Giovanna prosseguia com seus ensaios em sua casa mesmo. Sabia do estado emocional de Luana e sabia também que a imagem de Rômulo não a deixaria prestar atenção nos versos. Entendia que Luana precisava “diminuir o gás” e isso levaria ainda alguns dias.

Na sexta-feira, no mural da escola, estavam as datas e horários das apresentações, jogos, exposições, etc. Giovanna agarrava-se nos braços de Luana a procurar seu nome na programação.
- Achou algo, Luana?
- O quê?
- Acorda! Procure meu nome na programação, Luana.
- Ah sim. Estou procurando.
Na certa todos os nomes ali presentes deveriam aparecer para Luana como “Rômulo”. Era só nisso que parecia pensar.
- ACHEI!
Gritava Giovanna.
- Onde?
- Ali. Segunda-feira às sete da noite.
- Vai arrasar. Terá mais gente a recitar poesia?
- Sim. Mais duas meninas e um menino.
- UM MENINO?
Perguntavam-se as duas ao mesmo tempo.
- Não conheço meninos por aqui que curtem poesia.
Dizia Giovanna.
- Rômulo disse que gosta.
- Luana, eu disse POR AQUI. Tudo agora é Rômulo?
- Foi só um comentário, Giovanna.
- Sei.
Elas riam.

Não houvera aula naquela sexta-feira. Na verdade a semana toda fora uma baderna. Mas na próxima semana, toda a escola estaria enfeitada e pronta para os eventos. Uma faixa enorme na portaria já anunciava a SNT. Isso deixava Giovanna um pouco nervosa.
- Vamos embora?
Sugeria Giovanna.
- Vamos sim.
- A semana que vem promete, Luana.
- O fim de semana também.
- Por quê?
- Rômulo vai lá em casa.
- Jura? E você nem me fala nada.
- Desculpa. Estou falando agora. Ele vai lá em casa no sábado.
- Que sortuda! Depois quero ver esse seu primo. Precisa passar pela minha aprovação.
Elas riam mais.

* * *
Sábado à tarde. Luana tomara um banho demorado. Um Converse novinho, um jeans e uma blusa de malha a esperavam sobre a cama. Desde o beijo na capela, Luana e Rômulo só se falavam por telefone. Revê-lo era a coisa que Luana mais sonhava naquela semana. Rômulo também deixara exposto nos telefonemas o quanto queria tê-la por perto novamente. Sob o chuveiro, Luana cantava “Paquetá” às vistas arregaladas de Mimi. A felina jamais andara tão por fora do comportamento de sua dona. “Sem você sou pá furada”, cantava a menina.

Arrumada, Luana esticava-se sobre o sofá da sala e ali permanecia a observar uma peça decorativa da mesa de centro. Uma pequena escultura de um casal se abraçando. Imaginava-se ali com Rômulo. A campainha tocava. Num salto, Luana avistava o primo no portão. Celeste ia atendê-lo.

Rômulo trazia bombons e o CD Live Au Trianon da cantora francesa Camille. Rômulo já sabia de alguns de dos gostos musicais de Luana.
- Para mim?
Perguntava Luana ao perceber o esticar de braços de Rômulo.
- Para quem mais poderia?
- Rômulo, não precisava de nada disso.
Dizia uma Luana totalmente sem jeito. Celeste observava cautelosamente da cozinha com sorriso de admiração.
- E do que precisava?
Perguntava Rômulo.
- Só de você. Somente.
Os dois beijavam-se um pouco desconfortáveis com a presença de Celeste à entrada da sala.
- Vocês vão querer um lanche?
Interrompia Celeste.
- Agora não, Celeste. Mais tarde, sim?
- Está bem.

O casal sentava-se no sofá. Luana, sem jeito, ensaiava ligar a TV.
- Não. Não ligue a TV.
- Não gosta?
- Gosto.
- Então?
- Mas é que só faço o que gosto quando não há nada que gosto mais para competir. E você, Luana, é hors concour.
Beijavam-se. E dessa vez se deixavam levar pelo calor dos braços um do outro. Era impossível resistirem. O casal estava completamente cego um pelo outro. Apaixonados.

À noite, com a chegada de Marcos e Patrícia, Rômulo, sempre muito educado, levantava-se do sofá a fim de cumprimentá-los.
- Boa noite primo Marcos. Boa noite D. Patrícia.
- Boa noite, Rômulo. Pode ficar à vontade.
Dizia Patrícia.

Marcos cumprimentava o pretendente a genro com certa seriedade. Nem rude nem simpático. Apenas sério, porém, bem natural. No quarto do casal, Marcos mostrava-se inquieto.
- O que foi, Marcos?
Perguntava Patrícia.
- Eu não sei. Minha filha. Meu bebê. Trocando beijos com um rapaz. É difícil para mim, entende?
- Eu entendo sim. Coisa de pai mesmo. Mas tente aceitar que mais cedo ou mais tarde isso teria que acontecer.
- Eu estou tentando. Juro que estou.
- Outra: Sua filha se tornou uma moça linda, meu amor. Devia se sentir feliz por isso. Imagina se Luana fosse uma dessas meninas que, Deus que me perdoe, espantam os meninos.
Eles riam.
- Você tem razão, Patrícia. Notou como Luana estava ainda mais linda, por conta do namorado?
- Claro que notei. E digo mais: Esse Rômulo é uma gracinha de menino. Um gatinho.
- Olha, já sinto ciúmes por conta de Luana. Você não quer que eu sinta por conta de você também, não é?
Dizia Marcos em tom de brincadeira.
- Pára com isso, bobo. É um menino. Além do mais...
- O quê?
- Estou bem resolvida com o homem que tenho.
Patrícia o fitava com olhar malicioso. Marcos ria.

Mais tarde, Rômulo se despedia de Luana e sua família prometendo retornar no domingo, para delírio de Luana.
- Estarei te esperando, Rômulo.
- E eu morrendo de saudades, Luana.
Um beijinho, sob os olhares curiosos de Marcos, Patrícia e Celeste, pela janela da cozinha, marcava a meiga despedida do casal, no portão. Os três sorriam com cena tão linda. Luana voltava sorrindo e nitidamente "nas nuvens".

[Continua]

* * *
Foto da capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana na série LUANA (
Setembro de 2008).

9 comentários:

Antonio L. disse...

Contos =D Gostei bastante do layout e do estilo de escrita. \o/ Parabéns.

Anônimo disse...

owwwnnn cada vez mais fofa! =)
a Luana so não pode esquecer do dia da amiga né.. do jeito que ela anda.... rsrsrs

aaaaaaahhh o amor!

Unknown disse...

é o aaamoooooooooorrr!
hahaha

Anônimo disse...

owwww muito fofos!
to adorando, cadaz vez mais interessante.. rs

bjos

Livia Queiroz disse...

aaaaaaaaaaaaaai que lindo!!!!

deu até vontade de me apaixonar de novo!!

bjaum adorei

Marcelo disse...

Sensacional!
Parabéns, amanhã estarei aqui pra ler o próximo texto.

http://papodomarcelo.blogspot.com/

Janaina W Muller disse...

Hmmm...acho que o romance me abandonou de vez. Não consigo confiar nesse Rômulo! Acho que sou neurótica XD Mas como eu sempre digo: quando tudo tá muito perfeito é porque algo terrível vai acontecer em breve. Pessimismo 100% HAUhuahU :x

Abraços
='-'=

Vanessa Sagossi disse...

Nossa, Jana que pessimismo!
huauau...
Mas eu também sempre fico com o pé atrás.
Porém, está tão fofo!!!
"meiga despedida", que liindo!

Vanessa Sagossi disse...

Oi. Escolha o melhor dos contos do muitos em um (do Luciano)
vota lá:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=60423677

bjuh!