terça-feira, 10 de junho de 2008

OS BRAGA EM GUERRA

Todos na vizinhança já sabiam do modo de vida da família Braga. Uma verdadeira guerra entre paredes, onde valores como respeito eram totalmente ignorados. O Sr. Dorival Braga, a esposa D. Olga Braga e a filha do casal, Raquel. Bastava o chefe de família chegar em casa com suas doses a mais de whisky para que o vasto vocabulário de xingamentos fosse exibido pelos três em alto e bom som. Dorival chegava, fazia o mesmo discurso de sempre contra Raquel, Olga se metia e a confusão estava iniciada. Sempre. Diariamente nessa mesma ordem de fatos.

Raquel, 16 anos, estudava numa boa e caríssima escola de classe alta, porém, estudar era o que a menina menos fazia. Colecionava admiradores, fofocas, horas de papo no celular e na Internet com amigos e outros que ela nem se quer tinha visto na vida. Enfim, Raquel estava na escola para aumentar o seu ciclo de amizade e exibir suas roupas adquiridas semanalmente com ajuda da mãe que não dispensava um único sábado de shopping.

Na família Braga era Dorival contra Olga e Raquel. A Olga era uma madame. Não lavava sequer um copo. Tinha quem fizesse tudo naquela casa. Vivia sob as de Dorival, empresário bem sucedido, porém infeliz com a família que possuía. Se já não bastasse uma filha que não dava o mínimo valor ao seu suor, tinha ainda a esposa, eterna protetora de Raquel. Isso o levava à fraqueza. Saia do escritório já encharcado de whisky. Talvez assim fosse mais fácil, entre outras tarefas, fazer vista grossa à mão maliciosa do namorado de Raquel, Pedro, que insistia em apalpar os pequeninos seios de Raquel no meio da sala. Dorival reclamava, discursava, era ignorado pelo casal e ainda tinha que escutar a voz irritante de Olga a lhe passar a conversa de que na idade de Raquel os namoros eram assim mesmo. Pronto. Mais guerra.

Um certo dia, Pedro propôs a Raquel que pusessem em prática uma transa a três com Tadeu, amigo do casal. Raquel, fácil demais, aceitou na hora.
- O lance é o seguinte. Eu e Tadeu entraremos no motel no meu carro, como se fossemos um casal de gays. Você, por ser menor de idade, virá no porta-malas. Quando entrarmos na garagem do quarto e descermos a lona, ninguém vai lhe ver e estaremos prontos para brincar.
- Caralho, Pedro. Muito safado, pensou em tudo!
- Claro. Será amanhã.
- Está bem.

No dia seguinte, seguem os três para um motel barato na beira da estrada. Raquel no porta-malas vinha imaginando as loucuras que fariam juntos. Pedro e Tadeu riam com toda aquela situação. Raquel não podia imaginar – e também não podia ver – é que o recepcionista do motel era um ex-amigo dela, o Jorge, que conhecia o Pedro de vista e sabia que era namorado dela. Pedro e Tadeu encenaram de forma brilhante. Jorge, sem palavras, entregou a chave do quarto e ria sem parar por dentro. Na mesma hora, capturou aquela cena através da câmera de segurança da entrada do motel e não teve pena, divulgou no maior site de vídeos da Internet com o título de “Raquel – a cega”.

Devido ao excelente trabalho de divulgação de Jorge entre os amigos de Raquel, o video foi um sucesso estrondoso. Na semana seguinte, Raquel teve que lembrar das orgias estonteantes que fizera com Pedro e Tadeu como um pesadelo. Ela estava sendo ridicularizada pelos os amigos por namorar uma bicha daquela. Pedro e Tadeu então, não tinham o que dizer. Contaram a verdadeira história para os amigos, mas ninguém levou a sério. Não tiveram escolha:
- Raquel, viu a merda que deu?
- Vi, Pedro. Culpa sua, seu idiota. Por que eu fui cair na sua conversa?
- Calma. Temos um jeito. Você fará um video contando toda a verdade e colocaremos na Internet, simples!
- Simples? Vocês ficaram malucos? Você acha que eu estou disposta a me expor dessa forma?
- Você é quem sabe, Raquel. Ou faz por bem ou faz por mal.
- O que? Estão me ameaçando?
- Sim! É contigo agora.

Sem saber o que fazer, Raquel contou toda a história para sua mãe, que logicamente, achou super normal e achou melhor pedir proteção a Dorival. Raquel não aceitou, mas à noite, Olga contou tudo para Dorival.
- Foi isso Dorival. E agora, Raquel está correndo perigo. Faça alguma coisa.
- Essa vagabunda vai ver só.

Dorival partiu em disparada para o quarto da filha na intenção de dar-lhe uma surra. Chegando lá, encontrou Raquel com uma arma apontada para ele.
- Se tocar a mão em mim eu juro que atiro.
- Raquel.
- Eu juro.
- Eu não vou fazer nada. Vamos conversar.
- Você contou a ele, não foi, mamãe?
- Contou sim, filha. Ela contou e precisamos fazer alguma coisa. Abaixe essa arma.
- Eu vou fazer o video confessando toda a verdade. Vou livrar eu, Pedro e Tadeu dessa vergonha e assumir de vez o tesão que tenho nos dois juntos. Sabe por que? As mãos de Pedro dentro da minha blusa são pouco para me saciar, papai e o meu tesão você não pode reprimir. Entendeu?

Dorival teve um ataque repentino, tamanha quantidade de sentimentos de uma vez só. Raquel matou o pai sem disparar sequer um tiro.

Conto publicado originalmente em 13 de novembro de 2007 no fotolog.com/lucianofreitas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que putinha!
;O

Anônimo disse...

me lembro dele...

Anônimo disse...

Oo