segunda-feira, 9 de março de 2009

VERDADES DE LUANA III

Assim que Rômulo chegava à casa de Luana, Celeste, numa espécie de espanto, abria a porta já olhando de forma estranha ao rapaz. Rômulo, já imaginando que Celeste tinha conhecimento de pelo menos parte da história, corava-se. Numa frase rápida e sem olhar fixo, soltava:
- A Luana está?
- Sim, mas, pelo que sei, não é dia de se verem, não é?
- Não, não é mesmo. Mas é que preciso falar com Luana. É importante. Ela me espera.
- Imaginava. – dizia Celeste com ar de reprovação.

Ao entrar na cozinha, Rômulo encontrava Mimi sobre a mesinha de centro da sala. Aquela gatinha parecia sentir o que Luana sentia. Olhava fixamente para Rômulo e emitia um miado longo e sonolento.
- LUANA – gritava Celeste –, RÔMULO ESTÁ AQUI!
- Já vou....
- Sente-se, Rômulo. Já almoçou?
- Já sim, Celeste. Obrigado.
Rômulo sentava-se e esperava por uma Luana que descia as escadas lentamente. No peito do rapaz, um medo voraz. Seu coração batia fortemente no triplo da velocidade do caminhar da namorada à sua direção.

Luana sentava-se no sofá, bem ao lado de Rômulo. Não diziam palavra. Luana simplesmente desabava aos prantos sobre o ombro do namorado.
- Calma, Luana. O que foi que houve?
- O que foi que você fez, Rômulo? O que foi? – dizia às lágrimas.
- Mas como assim, Luana?
- A sua prima, Rômulo! A Gisele! Ela, eu sei lá o porquê, está na minha classe! Ela me disse coisas em pedaços, mas que pareciam ser horríveis. Eram coisas sobre o Natal. Sobre o momento que eu não mais estava lá. O que você tem para me dizer, Rômulo?
- Bem. Eu devo confessar que omiti, sim, essa história, mas... Prefiro que saiba disso por mim.
- Eu também prefiro. Conte-me, por favor!

Rômulo, num temor terrível, gaguejava nas primeiras palavras. Não sabia por onde começar. Se pela sua própria fraqueza ou se pela malícia de Gisele. Aos poucos, o rapaz ia contando – sem entrar em detalhes que só fariam a pobre Luana sofrer ainda mais – todo o ocorrido. A cada frase rumo ao final da história, lágrimas de tristeza e raiva desciam como cachoeira sobre o rosto alvo da menina. A essa altura, Celeste estava longe. Procurara o que fazer no quintal da casa.
- Meu Deus, Rômulo! Como você foi capaz?
- Eu não queria, Luana! Eu juro!
- Como não? Você acaba de me dizer que a beijou! Como se beija sem querer? Como?
- Ela me provocou, Luana!
- Sem essa, Rômulo, por favor! Como faço agora? Sabe o que eu fiz?
- O quê?
- Ao ver Gisele e Manoela – outra menina insuportável que só quer o meu mal – zombando da minha cara por conta dessa história louca, acertei uma tapa no rosto da última!
- Mas... Por que fez isso, Luana?
- Porque não agüentei! Estava morrendo de raiva diante de tudo aquilo. Uma história que envolvia a minha infelicidade, nas bocas daquelas duas!
- Mas... Você pode ser expulsa, Luana!
- Eu sei! Mas isso não vem ao caso, Rômulo.
- E o que vem?
- Você e eu. Está tudo acabado, Rômulo.
- Luana, você está se precipitando!
- Não, não estou.
- Mas eu te amo!
- Como me ama? Beijando aquela sua prima oferecida, Rômulo?
- Foi uma fraqueza! Depois daquilo eu vim até aqui e disse o quanto te amo, lembra?
- Lembro! O que faz de sua atitude ainda mais nojenta!

Rômulo se viu forçado a pausar seus argumentos. Não tinha mais nada a dizer. Não conseguiria, não naquele momento, convencer Luana de seus reais sentimentos. A menina era um misto de preocupações. Manoela, Gisele, Rômulo, sua situação na escola... Por fim, vinha frase que Rômulo já esperava:
- Por favor, Rômulo, vá embora.
Com lágrimas nos olhos:
- Sim, Luana. Como quiser. A gente se fala?
- Dê-me um tempo, sim? Por enquanto, não quero mais lhe ver ou sequer ouvir sua voz.
- OK. Adeus.
Luana não respondia. Permanecia de cabeça baixa.

Rômulo cruzava o portão e nem sequer despedia-se de Celeste. Estava ainda mais branco que já era. Os passos do rapaz eram vagarosos e sem destino. Caminhava por aquela rua a pensar que poderia ser a última vez que por ali passasse.

Dentro de casa, Luana era rios. Seu acento naquele sofá já se encontrava coberto de gotas que não cessavam. O telefone tocava e Celeste entrava correndo. Antes de atender:
- Luana, minha filha, pare de chorar.
E, então, atendia ao telefone:
- Alô.
- Quem fala?
- Celeste.
- É da casa da Luana?
- Sim, mas...
Celeste já diria que a menina não estava em condições de falar com ninguém.
- OK. O Sr. Marcos ou a Sra. Patrícia estão?
- Não. De onde fala?
- É da escola onde Luana estuda. Passe um recado para os dois, por gentileza?
- Claro.
- Peça que um dos dois ou até mesmo os dois compareçam à escola e procure pela diretora, a Dra. Leda, para uma conversa.
Celeste já imaginava o motivo e:
- Tudo bem. Eu dou o recado.
- Obrigada.
- Por nada.

Luana nem prestara a atenção na conversa de Celeste ao telefone. Continuava cabisbaixa e chorando.
- Luana – dizia Celeste –, ligaram da escola.
Luana só faltava pular do sofá:
- Meu Deus! O que eles queriam?
- Conversar com seus pais, minha filha.
Luana trocava o rosto triste por um aflito. Os olhos, ainda inchados, nunca estiveram tão arregalados. Pensava: “Estou perdida”.

[Continua]

* * *
Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana em Luana, Duas, O Natal de Luana, Gisele e Janeiro Meu.

6 comentários:

Anônimo disse...

a raiva me consome, não posso comentar agora...

Anônimo disse...

eita!

Livia Queiroz disse...

Aff q raivaaaaaaaaaaaaaa dessa corja: Gisele, Manoela e RÔMULO.
Putzzz, como ele pôde?
Tadinha da Luana, e o pior, os problemas sempre vêm acompanhados, ainda tem esse pepino da escola.

Ai ai ai ai ai
ô Luciano, dá um desconto pra Luana vai!!! A coitadinha ta sofrendo tanto por causa da sacanagem do namorado(ou ex, n sei nem mais o que ele é)


Passa no Clube da Luluzinha e vê lá a parte II de "O ENSAIO(OU ANSEIO) DE CHICO", com direito a capa e tudo rsrsrs
http://liu-loren008.blogspot.com/

Anônimo disse...

agora ta interessante! :9
tadinha da Luana, sofre mais que Maria do Bairro, mas no fim sempre consegue superar, tomare q ela tbm consiga dessa vez!

DL ;* disse...

eiiiitá ta pegando fooogo! e eu com raiva de gisele e manoela.. affe! oeieoioei

;*

Fonseca disse...

Nossa!
Que intenso!
Adorei..vou te seguir.

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