quarta-feira, 12 de março de 2008

INÉDITO SINISTRO

Sem saber que estavam sendo perseguidos por dois elementos que se confundiam na escuridão, Douglas e Marcela caminhavam até as suas casas. O casal estava “alto” demais para perceber qualquer indício de perigo. Riam, falavam coisas sem sentido e se agarravam como se fossem os últimos seres de sexo oposto existentes no planeta. No meio a tantas frases tortas, Douglas dizia o quanto seria bom ver Marcela transar com Cléber e Robson, seus melhores amigos. Tentava convencê-la.
- Porra, Marcela. Eles topariam na hora. Vamos fazer. É minha tara (risos)!
- Seu louco. Sabe quando você vai me ver trepando com outros caras? Nunca (mais risos)!
- Olha que eu te vendo para eles (e mais risos).

E nessas conversas sem fim, seguiam rindo e gozando um com a cara do outro. O cenário de uma cidade imunda e vazia não tinha efeito contra o álcool e as drogas ilícitas consumidas pelo casal algumas horas antes em algum dos inferninhos que freqüentaram naquela noite. Era como se estivessem passeando no parque de diversões.

Douglas deixaria a namorada em casa e seguiria sozinho mais uns quinze minutos até a sua. Faltavam dois quarteirões para o destino de Marcela quando os bandidos resolveram abordá-los. Sem falar uma palavra, Douglas leva um tiro no peito. Marcela não teve tempo sequer de soltar o grito que lhe veio à mente, pois no mesmo instante foi imobilizada por um deles e teve sua boca calada à força por aquelas mãos sujas que cheiravam às piores coisas existentes na madrugada.
- Quieta garota! Se gritar vai ser pior.
Disse um.
- Pode soltá-la. Ela vai colaborar.
Ordenou o outro.

Ainda chorando muito, mas completamente dopada Marcela diz:
- O que querem de mim? Olhem o que vocês fizeram! O Douglas...
- Pois é, garota! Tá “chapada”, não é? Vamos brincar um pouco?
Ameaçou.
- Não. Por favor, me deixem ir embora!
Implorou Marcela.
- Você vai embora... Depois.

Marcela resistiu, lutou e apanhou muito. Toda a força que sobrara daquela noitada ela usara contra os dois brutamontes. Sentia aqueles corpos sobre o dela. No estado em que Marcela se encontrava, seus sentimentos se confundiam entre a dor da perda, o ódio e o prazer. Dividindo o mesmo chão de paralelepípedos com as baratas e os ratos que ali passavam, Marcela tinha instantes incompreensíveis de prazer. O sangue fresco de Douglas que escorria pela calçada encontrava agora seus seios desnudos e marcados pelo tato selvagem que a dominava. Ela gostou.

Para evitar os gritos, um deles voltara a calar Marcela, que por sua vez mordia os dedos grossos e rústicos daquele ser desprezível. Mas as mordidas se revezavam com uns beijos tímidos. Os gritos de dor se trocavam com os gemidos de um tesão a ponto de ser saciado. Marcela vivia aquele inédito sinistro de duas formas diferentes, odiando e amando ao mesmo tempo.

Marcela olhou para o cadáver e reparou que o mesmo se encontrava de olhos abertos e fixos nos olhos dela. Sentiu então seu corpo queimar de um prazer jamais sentido. Prazer este que deu forças suficientes para vencer aquela mão que a calava e logo depois soltar um berro repleto de satisfação somado a uma macabra gargalhada.

- Olhe aqui Douglas. Gosta do que vê? Não era isso que você sempre quis ter? Olhe!
Em total clímax.

Conto publicado originalmente em 28 de agosto de 2007 no fotolog.com/lucianofreitas.

2 comentários:

Anônimo disse...

é. já conheço!
=)
seu blog está agitado mesmo!
dedicação total!






beijocas e parabéns!

Luciano Freitas disse...

hehehe... sim sim,
dedicação!