segunda-feira, 2 de junho de 2008

TAPETE TESTEMUNHA II

Leia a primeira parte de TAPETE TESTEMUNHA aqui: http://muitosemum.blogspot.com/2008/05/tapete-testemunha.html

Quanto mais eu a conhecia mais eu percebia a importância de tê-la por perto. Não importavam as horas que eu perdia ali na frente do PC, pois na verdade eu só ganhava com aquilo. Ela era tão doce comigo. Eu retribuía. No ápice de nossa amizade eu nem lembrava mais como a tinha conhecido. Dela, até então, eu só tinha uma foto sorridente que ao aparecer no canto da tela me enchia de alegria. “Ela entrou”, eu pensava.

Eu contava todo o meu dia para ela. Gabriela era o seu nome. Aquilo parecia não acabar nunca. Apesar de morarmos basicamente perto um do outro, nunca nos vinha à cabeça nos conhecer pessoalmente. A idéia até vinha em mente, mas acho que nem eu nem ela tínhamos coragem para propor. Tínhamos o número do telefone um do outro, porém, jamais nos ligávamos. Na verdade eu preferia imaginar a voz de Gabriela e morria de medo de me decepcionar. Manter a idéia fictícia de uma voz doce como as suas atitudes era uma de minhas metas.

Mas chegava um dia em que nossa conversa já passava das seis horas de duração. Víamos que estávamos realmente envolvidos um no outro, não se podia negar.
- Está me dando uma vontade louca de te ver.
Ela dizia.
- Eu também, Gabriela.
- Douglas, por que não vem até aqui?
- Você nunca me fez esse convite.
- Estou fazendo agora. Cansei do Messenger.
- Eu também. A nossa escrita limitada acaba por podar as vontades que me dão quando converso com você.
- Então vem até aqui e use a fala. Prefere me ligar?
Aquela proposta estava vindo realmente dela? Eu, o homem, estava recebendo as propostas? Não era possível.
- Vem ou não vem?
Insistia Gabriela.
- Sim. Dê-me vinte minutos. Tomarei um banho e irei até aí.
- OK. Estarei esperando.
Ela desligava o Messenger e eu sentia as pernas tremerem. Tinha medo do que poderia acontecer. Meu coração batia muito forte.

Não conhecia aquela sensação. Nem na presença de Michele foi assim. Ia até o chuveiro e deixava uma água bem quente cair sobre mim. Ficava imaginando como ela realmente seria. Ela já havia me dado tudo sobre ela. Suas características, tudo, porém, a única foto que eu tinha visto era de metade de seu rosto sorridente. Mas o que isso importava? Ela falava coisas tão lindas e ta inteligentes. Pegava-me de jeito.
- Mãe.
- Oi.
- Vou sair.
- Vai onde?
- Dar uma volta.
- Mas está ventando muito, Douglas. Veste um casaco pelo menos.
- Está bem.
Vesti.

Pegava a bicicleta e descia a rua do me prédio feito um louco. O porteiro já conhecia minhas fugas alucinadas sobre as duas rodas e levantava a cancela dos carros.
- Vai devagar, garoto.
- Valeu, S. Oswaldo.
Ele ria enquanto mastigava um biscoito.

Eu já estava na principal na marcha pesada. O vento frio daquele inverno me fazia encher os olhos de lágrimas durante o trajeto. Por um instante jurava ter visto Michele conversando com um garoto na barraca de cachorro-quente. Nem ligava. O tapete já estava limpo no centro da minha sala como sempre havia sido. E era limpo da Michele que me sentia, porém, pronto para possivelmente me sujar novamente com Gabriela. Mas na minha mente seria impossível Gabriela ser como Michele. Ela já me havia conquistado à distância. Pessoalmente Gabriela devia ser um tornado.

Prendia a bicicleta num poste em frente à casa de Gabriela. Tocava a campainha. Uma senhora abre a porta.
- Quem é?
- É o Douglas. A Gabriela está?
- Não!
- Como?
Naquele exato momento, Gabriela aparecia na porta.
- Vovó? Eu estou em casa.
- Não me diga?
Retrucava a avó de Gabriela.
- Desculpe Douglas.
Eu não acreditava no que via. Ela era realmente linda. Mais linda do que a foto.
- Tudo bem.
Ficamos uns dois minutos mudos, olhando um para o outro.
- Você é linda.
- Obrigada. Agrada-me muito também o que vejo.

Ficávamos ali no portão de sua casa.
- Não ligue para minha avó. Ela implica com meus amigos, mas é gente boa.
- Está tudo bem.
- Espere um pouco. Vou apanhar um tapete que fica ali na sala para que possamos sentar aqui no portão sem nos sujarmos com o chão.
- Tapete?
- É.
- Não precisa.
- Por que?
- Eles ficam sujos.
- E?
- Esquece. Pegue o tapete.
Gabriela sorria sem entender nada. Trazia o tapete.
- Esse tapete me faz lembrar tanta coisa.
- Como o que?
- Para todos que vêm aqui no meu portão eu o ponho para sentar-se sobre ele, assim como você agora.
- Quer dizer, ex-namorados também?
- Sim. Por que não? O incomoda?
- Não.

A mãe de Gabriela chegava do trabalho.
- Oi mãe. Esse é o Douglas.
- Oi Douglas. Filha, esse tapete está imundo. Não tem vergonha? Dê-me aqui. Vou por para lavar. Que absurdo.
- É melhor assim.
Eu dizia.
- Por que?
Perguntava Gabriela.
- Tenho alergia.
Mentia.

Sem aquele tapete por perto, pegava Gabriela pela nuca e a beijava. Ela aceitava a condição com a mesma vontade louca de se despir ali mesmo. Foi o início de um inesquecível relacionamento.

7 comentários:

Anônimo disse...

....hj não.
rs


mas sempre me pergunto: como é que passamos a confiar e a gostar tanto de meias faces que surgem na janelinha do messenger??
Novamente volta a reafimar: o acaso é necessário.
O destino é sábio.....
E viva os encontros que a vida nos proporciona!

Grata!
Bj

Anônimo disse...

Quantos anos Gabriela tinha?
Essas garatos dos tapetes me assustam, sei lá.

HASUHuhsuhuhuahUHUa.
E eu que me achava ousada demais.

Aaah, bom, mas melhor foi o 1

;)

Anônimo disse...

gostei muito do conto...
acabou muito melhor do que o outro, né?!?!

muitobacana!



bjo.

Luciano Freitas disse...

Janu... Realmente, viva os encontros da vida.

Aline... Imaginei 15 anos para Gabriela, assim como para Douglas e para Michele. E poxa, Gabriela foi até bem comportada até então..rs

Fabi... Terminou melhor mesmo. Melhor para Douglas...rs

Anônimo disse...

Olha...o Lu responde os coments!rs

E pergunta: Terá "tapete testemunha 3"???
Quero saber mais sobre o "inesquecível relacionamento!rs

Bju

Anônimo disse...

Eu (do contra) preferi o primeiro ;)

quem é essa moça da capa? rs

Luciano Freitas disse...

uhahuauhahuauha
(do contra)
não foi só você que gostou mais do 1...hehehe

GENTE: quem está na capa é a Clarissa Marinho, amigona!

;)