segunda-feira, 2 de março de 2009

VERDADES DE LUANA

Última semana de férias. Luana vinha de um janeiro repleto de confusões e conclusões a respeito do que sentias por Rômulo, seu primo-namorado. Fevereiro se apresentava como um mês de retomada aos compromissos escolares e, por isso, talvez, de um afastamento, mesmo que parcial, das coisas maravilhosas que seu relacionamento com o Rômulo lhe proporcionava. A partir de então, apenas os fins de semana estariam reservados para o casal, dizia Marcos, pai de Luana.
- Você conhece as regras, não é, Luana?
Dizia Marcos.
- Claro, papai.
Respondia Luana com ar de tristeza.

A menina sentia saudades de Rômulo só de pensar em tal privação. Não era para menos. O casal passara as férias inteiras se vendo praticamente todos os dias.
- É, Rômulo. Nos veremos menos, a partir de segunda-feira.
- É, eu sei. Chato isso, mas...
- Pois é, mas temos que estudar. Não seria nada fácil dedicarmos aos estudos nos vendo todos os dias, não é?
- Não mesmo. Mas é que é tão bom, Luana, estar com você. Parece que nada que eu faça sem você faz sentido. Entende?
- Claro. Também sinto isso, Rômulo. Você podia ir estudar na minha escola!
- Ah! Seria ótimo. Mas ia ser uma luta voltar à sala depois do intervalo.
- Seria mesmo.
Luana ria.

* * *
Na segunda-feira, logo cedo, Luana tomava o caminho da escola. Pelo trajeto, pensava no quanto seria legal se Giovanna, sua melhor – e única, talvez – amiga estudasse na mesma classe que a dela. Àquela altura, Luana e Giovanna eram praticamente irmãs. As duas uniram-se ainda mais durante as férias.

Chegando à escola, Luana procurava a amiga pelo pátio. Meninas arrumadas como se fossem a uma festa lotavam toda a escola. Exibiam suas roupas da última moda e gargalhavam sobre as futilidades despejadas nas rodas. Luana era indiferente àquilo tudo. E diferente também, já que era uma das poucas ali que já trajavam o uniforme escolar. Até que uma voz vinha de trás:
- Luana!
Luana se virava a fim de constatar o que já lhe vinha em mente. A voz era familiar.
- Gisele?
- Isso. Gisele! Não um fantasma. Por que essa cara, Luana?
O deboche era nítido.
- Ah? Ora, é a minha cara. Só tenho essa.
Luana tentava disfarçar, mas estava espantada com a presença da prima atirada de Rômulo. Ela lhe trazia péssimas lembranças natalinas [vide Gisele].
- OK. Devo lhe informar que, pelo visto, seremos amigas de escola.
- Acho pouco provável, Gisele.
- Por quê? Por causa do que aconteceu no Natal? Mas eu só queria te alertar, Luana. Queria que entendesse que o Rômulo não presta, ora.
Dizia Gisele em tom ainda mais debochado.
- Não, Gisele. Não me venha falar do Rômulo, por favor. Nós estamos juntos e nos dando muito bem, se você quer saber.
- Hum. Que lindo isso. É incrível o que uma mentira é capaz de conservar, não acha?
- Do que está falando, Gisele? Eu não acreditei em nada do que você me falou naquele dia! O Rômulo não é um “aproveitador de primas”, como você disse.
- Não estou falando disso, Luana. Eu me refiro a tudo o que ocorreu naquele dia, após a sua saída.
- Como é? O que você quer dizer?
- Pergunte ao Rômulo, Luana. Ele vai saber explicar melhor do que eu. Digamos que eu estivesse um pouco alta demais naquele Natal. Sabe como é, não? Vinho.
- Eu não vou acreditar em você, Gisele. Você quer minar o meu namoro com o Rômulo. Eu sei disso.
- Olha, se me der licença, eu preciso ver em que sala eu vou estudar, OK? E, como eu disse, pergunte ao Rômulo o que aconteceu de verdade naquele Natal. Eu não posso ficar aqui explicando a maneira como ele pegou em minhas... Ops!
- Ah!
Luana era um misto de dúvida e nojo. Não queria acreditar em Gisele, mas também sabia que só ficaria em paz quando ouvisse tal versão dos lábios de Rômulo. A idéia de um dia feliz, para Luana, acabara ali.

Luana chegava à classe e, antes de poder lamentar o desencontro com sua amiga Giovanna, avistava Gisele sentada em uma das carteiras.
- Oi Luana! Não seremos amigas de escola, mas de classe! Isso não é ótimo?
Luana não sabia o que pensar. Gisele desestruturava Luana com tranqüilidade e malícia.
- Eu não posso acreditar...
Luana dizia a si mesma.

Luana permanecia quieta em sua carteira. Pensativa. Olhava para o nada. Abalada, coagida, nervosa e confusa. Em alguns momentos, notava o quanto Gisele era extrovertida. Em poucos minutos já falava com toda a classe, inclusive com Manoela, outra pedra no sapato de Luana. Manoela e Gisele juntas seria barra, pensava Luana.

Gisele e Manoela chegavam até Luana como se fossem velhas amigas. Uma vontade em comum de implicar com Luana acabava por unir as duas.
- Oi Luana – debochava Manoela –, não esqueci aquele dia da praia não, hein.
- Deixe-me em paz, Manoela. Não estou bem para as suas gracinhas.
- É Manoela – dizia Gisele –, melhor deixá-la em paz mesmo. Ela ficou sabendo de uma que não foi nada fácil.
- É? Qual foi o babado?
- Deixa eu te contar...
Gisele ia até o ouvido de Manoela e parecia contar com riquezas de detalhes o ocorrido entre Rômulo e ela, no Natal.
- Jura que ele fez isso? No Natal? Imagina no carnaval, hein?
Debochava ainda mais Manoela.
- Pois é.
Respondia Gisele aos risos.
- Ah, então me apresenta esse seu primo aí, Gisele. Pelo visto ele tem pegada.

Naquele instante, os olhos de Luana guardavam rios de lágrimas, mas o coração guardava uma raiva jamais sentida em sua vida. Luana levantava numa velocidade incrível e acertava a mão com força no rosto de Manoela.
- Ah?
Espantava-se Gisele.
- Sua vagabunda!
Dizia Manoela com a mão ao rosto.

Luana pegava sua mochila e saía da sala de aula. No corredor, encontrava-se, sem querer, com Giovanna.
- Amiga! Como você...
- Vem comigo, Giovanna!
- O que houve?
- Precisa mesmo assistir aula hoje?
- Ora, que pergunta é essa, Luana?
- Preciso conversar. E tem que ser agora, Giovanna, por favor.
Giovanna não tinha como negar. Notava uma fisionomia estranha na amiga. Estava claro que era sério.
- Sim, sim. Vamos aproveitar a confusão que está essa escola. Vamos para o pátio.
- Não. Vamos sair da escola, Giovanna.
- Como? Já entramos. Não há como sair agora. Só após as aulas.
- Pularemos o muro, então.
- Luana?
- Vem comigo?
- Sabe que estou contigo!
- Então, venha.

Luana e Giovanna, com muito esforço, conseguiam pular o muro dos fundos da escola. Corriam para a praça mais próxima e sentavam-se num dos bancos.
- Luana... [respira] Você pode me dizer o que está acontecendo?
- Sim... [respira] Deixe-me tomar fôlego...
- OK.

[Continua]

* * *
Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo.
Mais histórias sobre Luana em Luana, Duas, O Natal de Luana, Gisele e Janeiro Meu.

5 comentários:

Anônimo disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh!
meu Deeeeus, que garotas nojentas!
o pior é pensar que realmente existem pessoas assim...

luana, força!
principalmente qnd o assunto for um tapa muito bem dado ;)

Anônimo disse...

coitada da Luana.
Mal começam as aulas e ela ja esta com problemas! :/
tomare q de td certo

bjos

Yara Lopes disse...

nossa que raiva dessa Gisele

adoro seus contos pq vc passa muito sentimento

parabéns

Anônimo disse...

é, luana...

Lucas disse...

Eita!

Que menina idiota é essa Gisele.

Esperando a continuação pra saber se é verdade ou não. Ô.ó

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A parte do muro me lembrou minha oitava série. Eu e uma amiga pulavamos o muro quase todo dia pra ir pra uma praça. Aprendi a gostar de Vodca nessa praça. [rs]


Até mais.