
Sua posição era privilegiada, pois tinha uma boa vista do palco, estava protegido da fina chuva e, o melhor, estava próximo da geladeira e do banheiro. Daquela janela Eduardo podia ver com detalhes a performance de todos aqueles músicos formidáveis, os quais tanto admirava. Entre uma cerveja e outra, o rapaz cantarolava os temas de Bossa Nova ali apresentados com tanta precisão. Eduardo sorria de tão confortável que era a situação.
Tudo estava perfeito. Até que a campainha soa, interrompendo aquele momento de quase meditação. “Puta merda! Quem será?”, dizia a si mesmo Eduardo, que, ao abrir a porta, toma um susto. “Andréia? O que faz aqui?”, dizia pasmo.
Andréia era uma ex-namorada de cinco anos atrás, que lhe aparecia trazendo um par de olhos fundos e uma magreza de dar pena – aquilo que parecia um bracelete estava junto ao seu relógio de pulso. Vestindo uma calça skinny – que deixava à mostra uma terrível cicatriz abaixo do umbigo –, uma camiseta amarelada e uma jaqueta jeans surrada, Andréia lhe fazia pedido: “Preciso de um lugar, Dudu”.
- O quê? – dizia Eduardo.
Andréia adentrou ao apartamento como se fosse uma estranha que nunca estivera naquele lugar – o que não condizia com os altos gemidos durante as longas noites de sexo protagonizadas pelo casal anos antes.
- O que está acontecendo, Andréia?
- Perdi tudo, Dudu! Tudo!
- O que quer dizer com isso?
- Eu me meti numa furada, Dudu. Numa furada de merda, você sabe. Agora eles querem me matar. Eles já mataram meu irmão, a única pessoa que eu tinha por aqui. A minha irmã sumiu no mapa, nunca mais a vi. Aquela vagabunda... Só me restou você.
- Não fale assim da Andressa! E espere aí! Essa “furada de merda”... Você não está falando do Cola, está?
Há quatro anos Andréia deixara Eduardo para se envolver com um traficante de drogas, o Cola, de uma favela próxima dali. Eduardo sofreu muito com a situação na época, mas apenas por algumas semanas, pois logo entendeu que a atitude de Andréia não valia uma lágrima sequer. Tocou sua vida.
- Sim. Eu me envolvi com um filho de uma puta lá do movimento, o Zeca, que resolveu dar uma “volta” no Cola. Ele deu mole e o Cola descobriu. Mas o Zeca foi falar para o Cola que me comia...
- Entendi, e no meio dessa confusão toda você lembrou que eu existo? Você me abandona para viver dando para um bando de vagabundos sob um telhado de amianto e, agora, que a “casa caiu”, você vem me procurar? Era só isso que me faltava!
- Eu sei que errei, Dudu!
- Não me chame de Dudu!
- Eu sei que errei! Mas eu estou a fim de começar vida nova, entende?
- Entendo, sim, mas longe de mim, por favor. Vamos, saia do meu apartamento, daqui a pouco sou eu que acordo com a boca cheia de formiga. Vamos, saia!
- Quem está aí? – uma voz feminina vinha do quarto.
- Uma amiga, mas ela já está de saída, amor – dizia Eduardo fazendo sinal à desconfiada Andréia para que saísse.
- Quem é essa mulher? – perguntava Andréia.
- Não te interessa, OK? É uma pessoa com quem estou desde que você se foi! Nós nos amamos! O que te interessa é que aqui você não vai ficar! Vamos, saia!
- Eu quero saber quem é essa mulher! Eu a conheço?
- Saia da minha casa, Andréia!
- Eu quero saber! Quem é?
Até que a dona daquela voz aparece na sala. Andréia olhava para a mulher num misto de ódio e de confusão. Para o espanto de Andréia, a mulher que lhe direcionava olhar de repulsa era Andressa, sua irmã.
6 comentários:
noooossa!
babado, confusão e gritaria! haha
(to achando que to falando com o neolabaque)
"nossasenhora"
Ahh, minha nossaaa!!
Heheheh!
Maneiro! :)
"Não fale assim da Andressa!" só podia ter coisa aí..
Eitaaaaaaaaaaaa!!!
Senti o tom de histeria... srsrs
Andréia se fu...
A vida eh assim, tem gente q n dá mesmo valor ao que tem.
E pior, gente q dá valor ao q n presta!!
ô Dóóó!
heheeh
bjoks Lu
Dollei
Queisso o.o
Ahhhh... Tadinha da Andreia, sabe.
Apesar de tudo, propria irmã dela!
tsc..tsc...
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