sexta-feira, 5 de setembro de 2008

ELES IV

Durante o intervalo da apresentação de Mônica, o bar voltava a ter cara de bar. Falatório, bebidas, exageros etc. Oscar e Charles olhavam-se como que numa disputa de conhecimentos sobre minha pessoa. Um verdadeiro quiz. O papo tomava um rumo que eu não imaginava. Oscar era só elogios a mim. Eu via que Charles ocupava a boca com petiscos para não atacar Oscar.
- Mas e você, Valéria? O tempo esqueceu de você. Continuas tão jovial.
Elogiava-me Oscar.
- Não diga isso, Oscar. Está querendo me agradar. Só pode. Você é quem está melhor por aqui.
Charles assistia aquela seda sendo rasgada com o olhar fulminante. Oscar continuava:
- Veja a Mônica.
Ai. Sempre a Mônica.
- Ela é bem mais nova que nós. Parece? Está meio acabada. Não acha?
- Eu não acho!
Interrompia Charles. Sempre o Charles.
- Não? Por que? Olhe para Valéria e olha para Mônica. Daria uns sete anos a mais para Mônica.
- Você só pode estar brincando, Oscar. Olhe bem. Olhe a pele da Mônica!
Charles tentava mostrar provas a suas opiniões. O que me fazia diminuir centímetro a centímetro naquela cadeira.
- Charles! Olhe a pele de Valéria! Aparenta ter... ter...
- 32.
Eu lembrava minha idade a Oscar.
- Isso. 32. A pele de Valéria aparenta ter 32 anos?
- Obrigada Oscar, mas Charles parece preferir as peles que cheiram a leite. Se é que me entende.
- Valéria! Não é isso. Também lhe acho muito bonita e jovial, mas não precisamos lhe comparar com a Mônica. Ela é bem mais nova que você. Hoje mesmo, antes de virmos para cá, o que eu lhe disse?
- Disse que eu estava linda.
Eu tinha que reconhecer.
- E o que mais?
- Que eu estava linda sempre.
- Viu? Fim de papo.
Oscar e eu calávamos-nos.

Pela primeira vez na noite, Charles parecia estar a favor de quem “ama”. Evitar a comparação de minha aparência com a de uma mocinha alegando que cada uma possuía a sua beleza correspondente chamava a minha atenção de volta a Charles. Como um homem podia ser tão seco e ao mesmo tempo tão cuidadoso? Esses seus mistérios são os maiores responsáveis pela atração que Charles provoca. Ele sabia dar uma tapa, mas parecia também saber dar um bom carinho. Dupla personalidade? Podia até ser, mas me atraía.

Logo Mônica voltava ao palco para a segunda parte de sua apresentação. Oscar insinuava uma permanência em nossa mesa. Ia se ajeitando e pedindo mais uma bebida. Eu gostava muito do Oscar, como pessoa, mas não gostava da idéia de sua companhia naquela noite. A chegada de Oscar havia feito com que Charles se tocasse a respeito de meu querer. Charles pegava na minha mão. Eu retribuía acariciando-o. Oscar já tinha feito a sua parte, acendia a chama de Charles, através do ciúme, eu tinha ciência disso, mas acendia. Charles fazia questão de ser o menos discreto possível em seus carinhos à minha mão direita. Logo Oscar nos acenava em despedida e levantava-se da mesa. Charles mal olhava para Oscar. Eu lhe abria um sorriso e mencionava em voz baixa um “depois nos vemos”. Oscar confirmava com um polegar firme. “Jóia”.

Eu chegava minha cadeira para mais perto de Charles e entrelaçava meu braço no dele. Recostava minha cabeça em seu ombro e rapidamente recebia um carinho inesperado. Engraçado. A partir daquele momento, o show de Mônica parecia muito mais agradável. O timbre de sua voz realmente inundava o ambiente de emoções e tensões estranhas. Pela primeira vez eu sentia o calor de um Charles que eu não conhecia. Um Charles que mudava a cada instante, mas um Charles que me tocava. Pedaço de pedra. Pedaço de homem. Pedaço de mim.

Eu tinha noção de meu grau de carência. Fazia uns bons meses que não me aproximava de alguém daquela forma. Charles, pelo menos até aquele episódio cômico em julho, era a última pessoal pela qual eu pensaria um dia ter sentimento tão confuso e tão gostoso. Desde o momento em que me pegara em casa até acariciar-me a nuca eu havia me decepcionado, me irritado e me apaixonado por aquele homem.

O show de Mônica se findava. Aplausos e mais aplausos de pé por parte de Charles. Eu também levantava e aplaudia.
- Lindo, não?
- Sim. Lindo demais!
A imagem que eu tinha de Mônica era de uma concorrente. Que tola eu era. Bastava uma atenção de Charles e eu já passava a vê-la como apenas uma excelente cantora da qual eu também deveria admirar.
- Vamos nos reunir com o pessoal?
Ele sugeria. Mas eu não queria deixar ele se transformar em pedra novamente.
- Eu tinha outros planos, Charles.
- E quais eram esses planos, senhorita?
Ele perguntava coberto de malícia enquanto me pegava pela cintura num puxão.
- Irmos para casa. O que acha?
- Qual delas?
- A sua, a minha... Tanto faz. Não seria legal?
- Agora entendo o que você chama de clima.
Enfim, me beijava. Sua mão apertava ainda mais a minha cintura. Aos poucos sentia seus dedos puxando o passador de minha calça a fim de avistar onde minha pele era mais alva. Com a outra mão, Charles acariciava com destreza o meu abdômen. Eu só conseguia puxar as mangas de sua jaqueta contra o meu corpo. Dava-me conta de que nossa conversa em si na verdade não acontecera. Estaria eu teorizando demais um simples “pega”? Mesmo com todos os seus erros, Charles conseguia o que queria, ou melhor, o que queríamos. Íamos direto para sua casa.

Logo em sua sala, Charles me mostrava toda sua experiência em despir uma mulher sem a desgrudar de sua boca. Segundo minhas amigas, eu havia acabado de “ligar a máquina”. Quando estava apenas de roupas íntimas, desprendia-me de suas garras. Ia até a porta de seu quarto e lhe chamava com uma maldade no olhar que nem eu mesma sabia que possuía.
- Venha, Charles! Domine-me. O amanhã que nos espere!
- Larissa, sua safadinha...
Pronto. Ele tinha que estragar tudo novamente!
- LARISSA? Larissa, Charles? É a Larissa quem você quer, não é? Que MERDA!
- Calma Valéria, não precisamos estragar esse momento por causa disso, precisamos?
- Não. De fato não precisamos estragar nada. VOCÊ JÁ ESTRAGOU TUDO!

[Continua]

4 comentários:

Anônimo disse...

lucianoooooooooo, isso não se fazzzz!!!!
não acredito nissoo.. esse cara é um maluco - não leve isso como pessoal a sua grtande imaginação/criatividade.
to mto p***...

valéria, de um "pega" no oscar AGORA!
hahahahahaha

to amandooooo esse conto, amanhã tem mais, né???
precisa ter mais...de verdade!

beijooooooooooo
Nathalia - UCAM

Anônimo disse...

Pow,tava bom de mais pra ser verdade esse cara nao é uma pedra nao esse cara é um completo idiota...
ta sendo otimo ler esse conto afinal a maioria dos homens hj em dia sao assim ne,infelizmente.

uhul,amanha estarei aqui de novo lendo essa hiper historia.....
bjs

Unknown disse...

ihhh, charles...
estragou tudo, hein?! aí fica difícil torcer pelo casal, po!
rs.

mas vai acabar tudo bem.
tenho esperança... HAHAHA



beijos.

Anônimo disse...

Eu ainda torço!