
Faltava apenas uma hora para Carlos largar do trabalho. Como bom funcionário que sempre foi, deixava suas tarefas todas encaminhadas e preparadas para terça-feira. Afrouxava a gravata, esticava as pernas e ficava ali, sentado e olhando para o relógio e para a foto de Caroline no porta-retrato.
Quinze minutos para a saída. Tocava o celular. Era Caroline aos prantos.
- Carlos.
- Oi amor, o que houve? Está chorando?
- Carlos, por favor, me tire daqui, faça o que eles estão mandando...
- Eles quem? O que está acontecendo?
Uma voz rouca e nervosa de um homem tomava o lugar do choro de Caroline.
- É o Carlos não é?
- Sim sou eu. Quem é você?
- Não interessa quem sou. A única coisa que lhe interessa no momento é a vida da gostosa aqui. É o seguinte, a menina está aqui conosco e pra você tê-la de volta é bom seguir exatamente o que eu mandar. OK?
- Sim, sim.
Respondia Carlos nervoso.
O homem lhe passava um endereço e o valor do resgate. Cinqüenta mil reais. Queria o dinheiro até a meia noite no local indicado.
- Eu não tenho esse dinheiro, cara. Seqüestraram a pessoa errada, por favor, solte a Caroline e eu não envolverei ninguém nisso.
- Ah! Não tem o dinheiro? Então não tem a menina. Você escolhe, meu irmão.
- OK! Façam novo contato em uma hora. Mas antes, deixe-me falar com Caroline.
- Não! Arrume o dinheiro. E nem pense em polícia! Entendeu?
Pensando se tratar de um golpe, ligava para o celular de Caroline. O mesmo homem atendia.
- Está pensando que estou de brincadeira? Quanto mais você demorar mais será prazeroso para os meus amigos aqui.
Carlos imediatamente ligava para a primeira pessoa que lhe vinha à mente; Ciro, que atendia com imensa satisfação.
- Olha só! Eu sabia que você pensaria melhor na minha proposta, Carlos. Como vai?
- Escuta, Dr. Ciro. Caroline foi seqüestrada. Querem cinqüenta mil reais pelo resgate. Por favor, me ajude. O que eu faço?
- O que é isso? Isso é muito grave. Já chamou a polícia?
- Não! Nem pense nisso. Eles matam a Caroline.
- E em que posso ajudar, Carlos?
- Você não poderia me emprestar esse dinheiro, Dr. Ciro? Tu és a única pessoa que conheço que poderia ter essa quantia.
- OK! Onde entregaremos essa grana?
- Eles ligarão em uma hora.
- Aguarde-me na frente do prédio. Estou passando aí para lhe pegar. Vamos juntos entregar esse dinheiro. Fique calmo, garoto.
- Tudo bem.
Tempo depois, Carlos descia correndo pelas escadas. Não queria que ninguém soubesse, a princípio, do que estava acontecendo. Ciro aparecia em seu carro blindado com seu motorista. Abria a porta de trás para que Carlos entrasse. Carlos entrava, e dizia o endereço.
- Mas esse bairro é barra pesada, patrão.
Dizia assustado o motorista.
- Não interessa, Ronaldo. Corre para lá, agora!
Carlos ficava mudo.
Durante o trajeto, o seqüestrador voltava a ligar.
- E aí, playboy? Arrumou a grana?
- Sim arrumei. Estamos chegando no local.
- Certo. Estarei esperando por você.
Vinte minutos depois, Carlos, Ciro e Ronaldo chegavam ao local. Uma estrada de terra os levava a uma casa na total escuridão. Já se passavam das seis horas.
- Fique no carro, garoto.
- Eles são perigosos, Dr. Ciro. O que pensa em fazer?
- Pegar sua garota e entregar o dinheiro do resgate. Nessa hora é preciso muita calma e você não está nada calmo.
Carlos mais uma vez emudecia.
- Ronaldo, fique com ele.
- Sim, patrão.
Carlos e Ronaldo viam Ciro sumir na escuridão em direção a casa. Não falavam uma só palavra.
Uns trinta minutos depois, Ciro voltava com Caroline nos braços. Entrava no carro e assistia com um sorriso sem graça ao reencontro de Carlos e Caroline, que nada diziam, apenas choravam.
[Continua]
Conto publicado originalmente entre 09 e 13 de outubro de 2007, no fotolog.com/lucianofreitas.
3 comentários:
(sete)
HAHAHAHAHHAHAHAHA
vc vai entender!
aiaiai ...
:x
que doidera..
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