terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

QUATRO MAIS UM II

Às quatro da tarde, Ciro se despedia de seus funcionários e desejava um bom feriado para todos. Olhava diretamente para Carlos e soltava: “Para você também, garoto”. Carlos retribuía meio sem graça. Seu pensamento não mais estava em sua viagem, mas no que diabos Ciro quis com aquele convite esquisito. E, agora, com aquela frase direcionada a sua pessoa.

Faltava apenas uma hora para Carlos largar do trabalho. Como bom funcionário que sempre foi, deixava suas tarefas todas encaminhadas e preparadas para terça-feira. Afrouxava a gravata, esticava as pernas e ficava ali, sentado e olhando para o relógio e para a foto de Caroline no porta-retrato.

Quinze minutos para a saída. Tocava o celular. Era Caroline aos prantos.
- Carlos.
- Oi amor, o que houve? Está chorando?
- Carlos, por favor, me tire daqui, faça o que eles estão mandando...
- Eles quem? O que está acontecendo?
Uma voz rouca e nervosa de um homem tomava o lugar do choro de Caroline.
- É o Carlos não é?
- Sim sou eu. Quem é você?
- Não interessa quem sou. A única coisa que lhe interessa no momento é a vida da gostosa aqui. É o seguinte, a menina está aqui conosco e pra você tê-la de volta é bom seguir exatamente o que eu mandar. OK?
- Sim, sim.
Respondia Carlos nervoso.

O homem lhe passava um endereço e o valor do resgate. Cinqüenta mil reais. Queria o dinheiro até a meia noite no local indicado.
- Eu não tenho esse dinheiro, cara. Seqüestraram a pessoa errada, por favor, solte a Caroline e eu não envolverei ninguém nisso.
- Ah! Não tem o dinheiro? Então não tem a menina. Você escolhe, meu irmão.
- OK! Façam novo contato em uma hora. Mas antes, deixe-me falar com Caroline.
- Não! Arrume o dinheiro. E nem pense em polícia! Entendeu?

Pensando se tratar de um golpe, ligava para o celular de Caroline. O mesmo homem atendia.
- Está pensando que estou de brincadeira? Quanto mais você demorar mais será prazeroso para os meus amigos aqui.
Carlos imediatamente ligava para a primeira pessoa que lhe vinha à mente; Ciro, que atendia com imensa satisfação.
- Olha só! Eu sabia que você pensaria melhor na minha proposta, Carlos. Como vai?
- Escuta, Dr. Ciro. Caroline foi seqüestrada. Querem cinqüenta mil reais pelo resgate. Por favor, me ajude. O que eu faço?
- O que é isso? Isso é muito grave. Já chamou a polícia?
- Não! Nem pense nisso. Eles matam a Caroline.
- E em que posso ajudar, Carlos?
- Você não poderia me emprestar esse dinheiro, Dr. Ciro? Tu és a única pessoa que conheço que poderia ter essa quantia.
- OK! Onde entregaremos essa grana?
- Eles ligarão em uma hora.
- Aguarde-me na frente do prédio. Estou passando aí para lhe pegar. Vamos juntos entregar esse dinheiro. Fique calmo, garoto.
- Tudo bem.

Tempo depois, Carlos descia correndo pelas escadas. Não queria que ninguém soubesse, a princípio, do que estava acontecendo. Ciro aparecia em seu carro blindado com seu motorista. Abria a porta de trás para que Carlos entrasse. Carlos entrava, e dizia o endereço.
- Mas esse bairro é barra pesada, patrão.
Dizia assustado o motorista.
- Não interessa, Ronaldo. Corre para lá, agora!
Carlos ficava mudo.
Durante o trajeto, o seqüestrador voltava a ligar.
- E aí, playboy? Arrumou a grana?
- Sim arrumei. Estamos chegando no local.
- Certo. Estarei esperando por você.

Vinte minutos depois, Carlos, Ciro e Ronaldo chegavam ao local. Uma estrada de terra os levava a uma casa na total escuridão. Já se passavam das seis horas.
- Fique no carro, garoto.
- Eles são perigosos, Dr. Ciro. O que pensa em fazer?
- Pegar sua garota e entregar o dinheiro do resgate. Nessa hora é preciso muita calma e você não está nada calmo.
Carlos mais uma vez emudecia.
- Ronaldo, fique com ele.
- Sim, patrão.
Carlos e Ronaldo viam Ciro sumir na escuridão em direção a casa. Não falavam uma só palavra.

Uns trinta minutos depois, Ciro voltava com Caroline nos braços. Entrava no carro e assistia com um sorriso sem graça ao reencontro de Carlos e Caroline, que nada diziam, apenas choravam.

[Continua]

Conto publicado originalmente entre 09 e 13 de outubro de 2007, no fotolog.com/lucianofreitas.

3 comentários:

Anônimo disse...

(sete)

HAHAHAHAHHAHAHAHA
vc vai entender!

Anônimo disse...

aiaiai ...

:x

Anônimo disse...

que doidera..