segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

JANEIRO MEU VII (Final)

Giovanna e Luana chegavam à casa da última. Ainda na rua, passado o susto, as duas já sorriam e até falavam sobre aquele caminhar de Luana até a água. Luana ria sem graça aos elogios da amiga. Ao mesmo tempo, sentia-se segura por estar longe daquilo tudo e, aparentemente, livre do hipnotizar atraente de Denis.
- Juro, Luana! Você foi caminhando e os meninos não paravam de te olhar!
- Credo! Que vergonha, meu Deus! Onde eu estava com a cabeça? Você devia ter me segurado. Eu não queria tirar a roupa na frente daqueles amigos do Denis.
- É. Mas tirou. E tirou numa classe! [risos]
- Para, Giovanna.
- OK! Parei! Mas, cá entre nós...
- O quê?
- Você estava linda, amiga. A mais linda ali naquela praia. Palavra!
- Ai, Giovanna. Sabe o que eu sinto?
- O quê?
- Que fui uma tremenda idiota.
- Por ter deixado o pessoal daquele jeito?
- Não! Mas por ter ido àquela praia, por ter me encantado dessa forma pelo Denis, por ter te metido nisso tudo...
- Deixa disso, Luana. Quem iria imaginar que o Denis agiria daquela forma? Será que foi o efeito daquela porcaria que ele usou?
- Nada. Acho que a droga só serviu para mostrar o que ele realmente é. E eu achando ele super carinhoso. Ele deve agir assim com todas as que ele se interessa. Viu como ele pegou no meu braço? Olha! Está marcado! Que bicho!
- Fiquei com medo, sabia?
- E eu? Por que acha que corremos tanto? [risos]
- Pois é.

Luana abria a porta. Celeste ainda preparava o almoço. Camarão. Giovanna sentia o cheiro e lembrava de um jantar na casa da amiga [vide “Duas IV - Má Notícia”]. A comida de Celeste era celestial, pensava Giovanna.
- Meninas? Mas já voltaram?
Dizia Celeste.
- Sim, Celeste. Já voltamos.
- E então, como estava a praia? Não estava boa?
- A praia estava até bacana, mas as nossas companhias foram péssimas.
- Por quê? O que houve?
- Celeste, eu nem sei o que eu estava fazendo ali. Você acredita que, de uma hora para outra, todos ao nosso redor dividiam cigarros de maconha?
- Jesus! O Denis também?
- O Denis? Nem me fale em Denis, Celeste.
- (!!!) Olha, minha filha, desculpe-me por ter lhe dito aquelas coisas sobre sentimentos. Não devia ter me metido na sua história. Se algo acontecesse como você eu não iria me desculpar nunca!
- Está tudo bem, Celeste. Além do mais, não foi você quem me disse para ir à praia com o Denis. Fui eu mesma. E outra: Suas palavras foram muito bacanas. Nada tem a ver com o troglodita do Denis.
- E essa marca no seu braço? Foi ele?
- Foi. Mas não conta nada a papai, por favor Celeste.
- Mas minha filha...!
- Por favor, Celeste. Nem sei do que papai é capaz se souber. Foi só um apertão no braço. Já vai sumir.
- OK. Mas que isso não se repita, Luana. Não quero mais saber desse garoto por aqui.
- Não o verá mais. Assim eu espero.
- Bem, vão tomar um banho, meninas.
- OK.

Giovanna ia para o banho primeiro. Luana permanecia no quarto. Mimi, como sempre, dormia sobre a cômoda da menina. À medida que tirava a roupa, Luana pensava em tudo o que acontecera. Notara que a figura de Rômulo ficara bem distante de seus pensamentos nos últimos dois dias. Olhava a marca deixada por Denis em seu braço e enchia os olhos d’água. Já estava quase sumindo. Mas aquela cena parecia mais viva que tudo.

Ainda de biquíni, Luana deitava em sua cama e olhava para o teto. Olhava o telefone. Pela janela, olhava as folhas verdes das árvores de sua rua. Olhava o céu que, àquela altura, já se mostrava num azul forte e limpo. Olhava o telefone novamente e pegava-o. Discava um número. O de Rômulo.
- Alô.
- Oi Luana? Tudo bom?
- Agora sim. Está tudo ótimo.
- O que houve?
- Nada. Eu fui à praia com Giovanna, mas...
- Você? À praia? Mas você disse que nunca foi fã de praia!
- Pois é. E não sou mesmo. Fomos por puro tédio. Só isso. Mas não gostamos e acabamos voltando na mesma hora. Ela está aqui. Está no banho.
- Você não me parece bem, Luana. Desde ontem.
- Só estarei bem quando... A que horas você vem?
- Às quatro. Pode ser?
- Às três. Pode ser?
- Se quiser, vou até às duas.
- Uma, então.
- Menina, daqui a pouco eu estarei atrasado.
- E está! Quero te ver agora!
- Estou terminando de estudar uma peça de Chopin dificílima. Assim que eu terminar, parto para aí. Está bem assim?
- Sempre trocada pelo Chopin, não é? [risos]
- Claro que não, meu amor. Quer ouvir? Vou por o telefone perto do piano.
- Quero sim!

Rômulo executava um trecho da “Sonata nº 2” de Chopin para que Luana apreciasse. Luana ouvia as notas perfeitas do piano do namorado e não agüentava. Deixava as lágrimas rolarem aos montes. Luana viajava com aquele som e com as imagens de Rômulo que lhe vinha à mente. Entendia o que uma simples atração fora capaz de fazer com seus sentimentos. O gostar profundo que sentia por Rômulo se mostrava, ali, naquele momento, muito maior que qualquer hipnose apaixonante. Era tão oposto ao que acabara de vivenciar. Tão profundo.

* * *
Luana e Giovanna já haviam almoçado e assistiam à televisão na sala, quando a campainha soava.
- EU ATENDO!
Gritava Luana antes que Celeste se prontificasse.

A menina dava um salto do sofá às vistas de uma assustada Giovanna, que, mesmo assim, não tirava da boca um picolé de manga. Luana corria até o portão.
- Minha filha, mas se for o...
- NÃO É!
Corria Luana.

Rômulo encontrava-se de pé no portão. Trazia um sorriso que aumentava a cada passo de Luana em sua direção. A menina abria o portão como uma flecha. Pendurava-se sobre os ombros do namorado, quando:
- Luana, para que essa pressa? Eu...
- Não fala nada! Só me beija!
Os dois se beijavam como se estivessem longe um do outro há meses. Como se Rômulo voltasse da Segunda Guerra Mundial.
- Meu Deus, Luana. O que houve? Que... Que beijo!
- Só diz que me ama!
- Eu te amo, Luana. E você?
- Mais do que nunca!

Luana passava a guardar consigo um episódio longe da ciência de Rômulo, que por sua vez, também trancava ao peito momentos bem mais graves que o da namorada [vide
“O Natal de Luana” e “Gisele”]. Luana, embora não tenha agido de forma injusta em nenhum momento, não negava a fraqueza ao quase se ver rendida aos encantos de Denis.

* * *
O restante do mês de janeiro seria o suficiente para fazer com que Luana sequer lembrasse da existência de Denis. Rômulo, Giovanna, Mimi, seus livros e seus discos ocupariam todo o peito. Luana chegaria a esbarrar-se com Denis em suas idas à padaria, mas apenas uma troca de cumprimentos, um “oi”, se faria presente. A presença daquele menino dos cabelos em caracóis, concluía Luana, não surtia mais efeito. Os olhos de Denis não brilhariam mais. Não para Luana.

[Fim]

* * *
Foto da Capa: Ana Claudia Temerozo.
Montagem da Capa: Luana.
Mais histórias sobre Luana em: LUANA, DUAS, O NATAL DE LUANA e GISELE.

7 comentários:

Anônimo disse...

aeeeeeeeeeeeeeeeeee!!
aii que bom!!! que final gostoso de ler!!!
ADOREI! =)


Parabensssssssss!!!!
e que venham mais e mais contos com a nossa Luaninha! rsrs

Anônimo disse...

bom final... gostei!


bjo.

Livia Queiroz disse...

Adoreeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

E ja to com saudade de Luana!

Agora tanto ela qnto Rômulo tem um "segredo"... espero q isso n dÊ em nenhuma confusão futuramente


bjoksssssssss

ainda mais estórias disse...

Olá, passei para convida-lo para conhecer o Outras Estórias.

Bjos

Vanessa Sagossi disse...

êeee!!
Bom fim de janeiroo!
Tb já tô com saudades da Luana!!

Bjoo!

Vanessa Sagossi disse...

Ahhh, sim!!
A capa está perfeiiiita!
Ameii!
(Montagem da Capa: Luana.)
Foi a Luana mesmo que montou? rsrs

Anônimo disse...

que fofo *-*
a Luana é uma graça e agora até to começando a perdoar o Rômulo haha
afinal os dois erraram mas se arrependeram.
será que um dia eles vão descobrir esses segredos..

bejão, Lu ^^

ah, a capa fico linda, bem 'teen', diferente =)